Vista da parte histórica de Ouro Preto |
A viagem para Minas surgiu do nada há duas semanas atrás. O. tinha que ir para Belo Horizonte e fez a proposta irrecusável de emendar a passagem pela capital mineira com dois dias em Ouro Preto. Fomos de carro, somando ida e volta, foram praticamente 16 horas na estrada. A Fernão Dias tem uma paisagem bonita, mas que se torna monótona depois de algum tempo. Ela é bem vazia se for comparada com várias estradas paulistas, mas há muitos caminhões e perdemos meia hora na ida e na volta por causa de acidentes provocados por eles.
Enquanto via a paisagem correr de dentro do carro, imaginava um enredo para um filme que teria a estrada como cenário, algo no estilo de alguns filmes japoneses ou do Kiarostami que se passaria em uma daquelas vendinhas ou postos onde apenas algumas almas perdidas ou um andarilho param de vez em quando. Haveria um vendedor que passaria o tempo lendo e vendo a vida passar, uma criança, um filho trabalhando em uma capital e figuras pitorescas dos arredores. Enfim, um filme que pouca gente iria assistir, de "arte", bem lento.
Venda do Chico no sentido norte (SP-MG) |
A melhor descoberta feita na Fernão Dias foi a Venda do Chico. Um restaurante/café que serve uma comida mineira de primeira. Pelo valor fixo de R$ 23,00, você pode escolher uma carne e ela chega à mesa com acompanhamentos, ou você pode fazer o que fizemos e pedir a versão com porções de vários pratos pelo mesmo preço: galinha ao molho pardo (delicioso), costelinha com mandioca (favorito do O.), linguiça e frango com quiabo (o que achei mais fraco, mas ainda gostoso). Achei a comida da Venda melhor do que a que provei em Ouro Preto. A lojinha vende queijos e outras quitandas mineiras. Se tiver que passar pela Fernão Dias, programe-se para almoçar por lá e não irá se arrepender. Há uma Venda do Chico dos dois lados da rodovia (km 743), mas achei a do sentido norte mais charmosa e arrumada.
Comida ótima e abundante, o difícil é não sentir sono depois |
A parte mais lenta da viagem foi para chegar ao hotel já em Belo Horizonte. As avenidas da cidade estavam congestionadas. Não imaginava um trânsito tão pesado, mas ao menos não vi tantas motos nas ruas como em SP. Estava escurecendo, tive tempo de dar uma volta próximo do hotel em Savassi, um bairro bastante arborizado e agradável. Na manhã seguinte, peguei um táxi e fui até o Mercado Central. Dei várias voltas lá dentro e saí com alguns pacotinhos de biscoitos comprados por peso, quatro xícaras de café de ágata e um pilão em pedra sabão pesadérrimo, algo que sempre tive vontade de ter. Queria um bule de ágata, mas eles giravam em torno de R$ 90,00 e acabei ficando só com as xicrinhas de R$ 4,90. As lojas lá dentro vendem praticamente os mesmos produtos, mas os preços podem sofrer ligeiras variações, se tiver tempo, pesquise um pouco.
"Quitandas" mineiras, biscoitinhos comprados no Mercado Central. O vendedor foi me deixando provar os vários tipos |
A viagem de volta, por sua vez, teve momentos emocionantes, como quando O. fez um retorno em um local proibido devido às indicações do GPS, que quase foi jogado pela janela de raiva, e alguns quilômetros rodados na reserva do tanque até que encontrássemos um posto de alguma bandeira conhecida que tivesse gasolina aditivada. Estava escuro, ameçava chover e já me via tendo que ligar para alguém vir nos rebocar até o posto mais próximo. Felizmente, encontramos um Frango Assado salvador.
Final de tarde em BH |
A passagem por BH foi bem curta, mas, no geral, a cidade deixou uma boa impressão. Já Ouro Preto deixou minhas pernas doloridas. Comi muito doce, um pouco de pão de queijo e várias besteiras. Voltei com maus hábitos alimentares após alguns poucos dias em terras mineiras, mas valeu a pena.
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Para finalizar uma canção italiana de um duo chamado "Musica Nuda", boa trilha sonora para a viagem, coisa fina que gostaria de compartilhar com vocês:
Querida Karen,
ResponderExcluirVocê me deixou uma saudade de Ouro Preto... Eu fiz uma viagem para lá há muito tempo atrás e foi simplesmente MARAVILHOSO!!!
Parabéns pelas fotos ficaram como sempre LINDAS!!!
Você acredita que eu ainda não comprei a máquina (risos)???
Grande beijo, Irene
a primeira foto é uma pintura, hein?
ResponderExcluirOuro Preto é uma lindeza. fui duas vezes em congresso, fiquei por uma semana em cada ida, hospedada em repúblicas de estudantes, tomei o café-com-torta-de-chocolate mais gostoso do planeta (ainda moram no coração, beijos, Ouro Preto), e me entupi dignamente de pão de queijo.
quero ver seu pilão!!!
viagem gostosa, Karen, bem vinda de volta. ;)
Vou anotar a sua descoberta preciosa da Venda do Chico. Ai ai ai, comida caseira, bem temperada, feita no capricho é tudo que a gente quer. Tomara que mantenham a qualidade (esse é o X da questão).
ResponderExcluirPorque tudo muda o tempo todo né?
Adoro Ouro Preto, quero levar meus filhos pra lá um dia. Ah, e eles entendem e falam em português.
Madoka
Irene, Ouro Preto é charmosa. Quanto à câmera, eu entendo, levei quase meio ano para me decidir! rs
ResponderExcluirQuéroul, muito engraçado esse negócio das repúblicas em Ouro Preto, há várias e todas com placas e nomes distintivos, adorei!
Quando tiver um tempinho fotografo o pilão!
Madoka, a comida da venda é ótima! Espero que passe por lá no futuro e que tenha a mesma impressão que tive!
Esses GPS dão um trabalho e cada aventura...nem me fale! Fui com a familia do marido para o sul e nos perdemos tão feio com um caminho indicado que acho que nos guiassemos pelas placas teríamos chegado pelo menos 1 hora antes...
ResponderExcluirOuro preto é linda, pena que não se valorizam as obras. Como arquiteta, fico muito triste em olhar nosso patrimonio assim tão largado.
Pois é, Inessa! O pior de se usar o GPS é que acabamos ignorando as placas e confiando no aparelhinho com a voz irritante!
ResponderExcluirAcho que falta só um pouco de boa vontade para deixar tudo nos trinques na cidade. É torcer para que isso ocorra.