O céu desta tarde me lembrou do céu
de um outro dia. Tinha dezoito anos. Acabara de me matricular no curso
de filosofia e não estava certa sobre o que fazer da vida. Algo que não
mudou muito, infelizmente. Filosofia era uma ideia sedutora, sem futuro
algum, mas eu me recusava a prestar vestibular para um curso que pudesse
me dar algum status social ou garantir um emprego "respeitável". (A
gente sempre enfia o pé na jaca por vontade própria).
Naquele
dia, estava sentada à beira da piscina de um hotel fazenda vazio no
meio do Pantanal mato-grossense com um exemplar de "Tristes Trópicos" no
colo. Parecia ser o livro adequado para ler naquele lugar e eu tinha lá
as minhas veleidades intelectuais. A piscina estava suja e um sapo
morto boiava em sua superfície.
Ganhara
a viagem como prêmio de um concurso cultural promovido por um jornal e
acompanhava o trabalho de campo de uma bióloga que protegia as araras
azuis. Passávamos o dia percorrendo os arredores para checar ninhos,
medir e pesar aves. Achava o trabalho daquela mulher apaixonante.
Conforto zero, a vastidão dos campos, o ruído dos bichos à noite, o isolamento total, queria aquilo para mim. Foi algo mágico e lamentei voltar. No entanto, quando penso em tudo o que vi e senti naqueles poucos dias, a imagem que logo me vem à mente é a daquele sapo morto na piscina suja iluminada pelo sol do final de tarde.
Conforto zero, a vastidão dos campos, o ruído dos bichos à noite, o isolamento total, queria aquilo para mim. Foi algo mágico e lamentei voltar. No entanto, quando penso em tudo o que vi e senti naqueles poucos dias, a imagem que logo me vem à mente é a daquele sapo morto na piscina suja iluminada pelo sol do final de tarde.
Oi, Karen!
ResponderExcluirCoincidiu de eu estar on line, verificando as novidades do blogger, e deparar com este post, rsrs. Comigo se deu o contrário. Devido a uma série de circunstâncias, não me permitiam sequer pensar em fazer um curso "dissociado" da possibilidade imediata de trabalho e autossuficiência financeira. Fiz o que esperavam e dei com os burros n'água, rsrs. Hoje eu acho que qualquer área de conhecimento pode resultar em gratificação pessoal e sucesso geral, contanto que a pessoa que a escolhe goste realmente do assunto. Mas eu também acho que a gente pode gostar de vários assuntos, rsrs. Gostei do texto e também não me esqueceria jamais de um sapo morto (ou outro bichinho), boiando numa piscina, rsrs.
Um beijo e ótima semana.
Oi, Marly! Concordo com você, acho que o importante é gostar do que se faz/estuda, a vida é muito incerta e o sucesso depende de uma série de fatores. Demorei para encontrar algo que me desse prazer, mas suspeito que estou no caminho certo agora. (Cruzando os dedos) :)
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