Coetzee veio para a Flip e leu trechos deste livro para o público. Não sei se o público gostou, pelo o que li, a recepção não foi lá muito calorosa.
O livro não é um romance, mas consiste de vários ensaios sobre as opiniões do autor sobre política, arte e de suas experiências como escritor. Cada página é divida em três pedaços, acima ficam os ensaios e abaixo está o "diário" propriamente dito. Um trecho é escrito pelo autor dos ensaios, o Sr. C, e o outro por Anya, uma garota que mora no mesmo prédio do autor e que ele contrata para datilografar os seus textos. O espaço destinado a Anya e ao Sr. C serve para que ambos expressem suas críticas aos ensaios da parte superior e dão um ar mais pessoal à obra.
A primeira parte do livro, aquela que trata mais de política e do mundo, é um pouco tediosa (como a própria Anya diz ao autor), mas a segunda parte, composta de pequenos ensaios sobre o dia a dia e as experiências do autor, é quase confessional. Gostei bastante do livro, dá para confirmar que há muito de Coetzee em Elizabeth Costello, um tipo de alter ego do escritor, mas aqui ele fala em primeira pessoa. Talvez a única coisa um pouco desagradável seja ter que ler o ensaio inteiro e depois voltar para ler os dois pedaços abaixo dele, mas eles são curtos e rápidos. Eis um trecho:
"Leio o trabalho de outros escritores, leio as passagens de densa descrição que eles compõem com grande esmero e trabalho com o propósito de evocar espetáculos imaginários diante do olho interno e meu coração vai a pique. Eu nunca fui muito bom em evocar o real, e tenho ainda menos estômago para a tarefa agora. A verdade é: eu nunca derivei muito prazer no mundo visível, não sinto com grande convicção a necessidade de recriá-lo com palavras."
O livro não é um romance, mas consiste de vários ensaios sobre as opiniões do autor sobre política, arte e de suas experiências como escritor. Cada página é divida em três pedaços, acima ficam os ensaios e abaixo está o "diário" propriamente dito. Um trecho é escrito pelo autor dos ensaios, o Sr. C, e o outro por Anya, uma garota que mora no mesmo prédio do autor e que ele contrata para datilografar os seus textos. O espaço destinado a Anya e ao Sr. C serve para que ambos expressem suas críticas aos ensaios da parte superior e dão um ar mais pessoal à obra.
A primeira parte do livro, aquela que trata mais de política e do mundo, é um pouco tediosa (como a própria Anya diz ao autor), mas a segunda parte, composta de pequenos ensaios sobre o dia a dia e as experiências do autor, é quase confessional. Gostei bastante do livro, dá para confirmar que há muito de Coetzee em Elizabeth Costello, um tipo de alter ego do escritor, mas aqui ele fala em primeira pessoa. Talvez a única coisa um pouco desagradável seja ter que ler o ensaio inteiro e depois voltar para ler os dois pedaços abaixo dele, mas eles são curtos e rápidos. Eis um trecho:
"Leio o trabalho de outros escritores, leio as passagens de densa descrição que eles compõem com grande esmero e trabalho com o propósito de evocar espetáculos imaginários diante do olho interno e meu coração vai a pique. Eu nunca fui muito bom em evocar o real, e tenho ainda menos estômago para a tarefa agora. A verdade é: eu nunca derivei muito prazer no mundo visível, não sinto com grande convicção a necessidade de recriá-lo com palavras."
Sobre a vida de escritor
putz!, tu faturou logo foi assim capa dura? eu estou esperando sair em paperback; quem não pode se sacode.
ResponderExcluireu li o primeiro capítulo desse livro aí (pelo que vi, é um romance-ensaio, tipo "Elizabeth Costello") no site da New York Review of Books, onde o C. escreve. aliás, tu já leu algum dos dois livros de ensaios literários dele? eu tenho o "Stranger shores", lindão. tu devia ler tmb o "Giving offense", são ensaios sobre censura. eu adoro o Coetzee, ele é um liberal de esquerda sem nenhum dogma.
enfim, agora em dezembro, aproveitando o começo de férias, li "Age of iron", "Elizabeth Costello" e reli "Dusklands"; pra completar a ficção dele, só falta mesmo esse "Diary".
e em breve faço um textão sobre o Coetzee e publico no Digestivo, espera só.
me empolguei, né? pois é, falou em Coetzee eu tô dentro.
agora vou dormir que daqui a pouco viajo :-)
bjo.
Daniel, quem comprou, como sempre, foi meu marido. Imagine se eu compraria capa dura! rs
ResponderExcluirLi o Stranger Shores e comecei o Giving Offense, mas sinceramente acho que ele é melhor quando conta histórias.
Ainda tenho cerca de sete livros dele para ler (Iron age, Dusklands, Waiting for the barbarians, Youth, Boyhood, In the heart of the country, Foe), mas tudo no seu tempo...
Boa passagem de ano e boa viagem!
Abraços!