Quantas horas em ônibus! Fico estupefata quando penso no tempo que levava em idas e vindas do colégio e, depois, da faculdade. Levantava de madrugada, acordava minha mãe para ela abrir e fechar o portão quando tudo ainda estava escuro, às vezes a única coisa que via eram os círuculos brancos ao redor das lâmpadas iluminando a neblina na rua.
A rua vazia, o ponto vazio que se povoava aos poucos. Eu tinha um pouco de medo, mas não tinha opção, vida proletária é assim. Ônibus cheio, o vapor se condensava nas janelas fechadas. "Um passo para trás!", gritava o cobrador. Felizmente, a volta era mais tranquila.
De vez em quando ainda tomava o ônibus até a cidade vizinha mais uma vez para encontrar os amigos, ir ao cinema, ao teatro, ou para jogar conversa fora em especulações sobre a vida, sobre nossos futuros brilhantes.
Ao contrário da manhã, o ônibus quase sempre estava vazio. Ele atravessava a noite pontilhada pelas luzes de algumas casas. Descia na cidade também despovoada e caminhava pelas ruas com passos apertados. Não sei como tinha coragem. À noite, a cidade era a carcaça vazia de algum animal.
Tantas horas, tantas...
Lá no Nihon eu me pegava pensando nisso tbm, em quanto tempo eu gastava aqui para ir na escola, trabalho... a sorte que pegava o ônibus no ponto de partida/final e conseguia ir sentada. Era 1:30h para ir e outra para voltar, fora o tempo de espera até o dito passar.
ResponderExcluirAcho que com o trânsito de SP de agora esse tempo deve ser muito maior! Fora o desconforto dos bancos de plástico e a "delicadeza" dos motoristas que só faltam jogar os passageiros pela janela a cada freada!
Fico admirada com o pessoal que consegue cumprir seus compromissos dependendo do transporte público aqui! Nessas horas sinto uma saudade danada do Japão, tudo com horário certo para passar, motoristas educados que pedem para esperar sentados até que o ônibus pare, bancos estofados e ar condicionado!!!
Que contraste!
Akemi, acho ter ar condicionado em ônibus público um luxo! Claro que seria impossível andar dentro deles no Japão na época quente, mas ele faz uma falta danada por aqui...
ResponderExcluirAndar de ônibus é um exercício de paciência (e uma penitência) mesmo.