11.6.11

Dentro do ônibus xiii

Queria escrever sobre coisas alegres, sobre os passarinhos tomando banho de areia ou uma bela manhã de sol, mas ultimamente sempre que saio de casa e pego o ônibus, sou acometida por pensamentos melancólicos. E eles são inevitáveis em dias cinzentos como os desta semana. Ainda há galhos e fios caídos nas calçadas por causa da última ventania.

Faz algum tempo que não vejo gente rindo dentro dos ônibus, conversando sobre algo que não gire em torno de problemas. Ouço muitas discussões ao celular, brigas de uma proprietária com os inquilinos de uma casa, namoradas e mulheres com os respectivos companheiros, mulheres com outros membros da família com  direito a lágrimas de frustração. As pessoas brigavam menos, ou as brigas eram menos públicas antes do celulares. Por outro lado, também estamos ficando meio japoneses, todos ficam com cara de paisagem lá dentro, cada um no seu espaço, as discussões mais esdrúxulas correndo soltas do seu lado e aquilo parece ser a coisa mais normal do mundo. Ah, as contradições!

Outro dia estava na calçada esperando o sinal mudar para ir até o ponto. Uma mulher negra estava ao meu lado e assim que o sinal ficou verde, ela se voltou para mim e falou "Vamos?" com um sorriso e tanta energia que não pude deixar de sorrir de volta. Só aquilo bastou para me aquecer por dentro. Enfim, a mudança de estação está me fazendo sentir falta de calor, em todos os sentidos.



8 comentários:

  1. às vezes um sorriso desconhecido pode transformar um momento corriqueiro e tornar nosso dia melhor. É aquela misteriosa energia que surge em nosso interior e vai tomando nosso corpo e simplesmente faz bem e traz satisfação.

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  2. Dahiane, concordo. E isso faz faltas nestes dias frios... :)

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  3. Não ando de ônibus porque fico mesmo com cara de paisagem... prefiro andar a pé e ir dizendo bom dia a quem passa por mim e isso inclui os animaizinhos :)

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  4. E os abraços de lado? Ninguém mais se abraça de verdade, é impressionante... Quando eu era criança morávamos em uma rua tranquila e todas as pessoas se conheciam, conversavam, as crianças brincavam juntas... As mães reparavam os filhos das vizinhas. Hoje eu moro num prédio de seis apartamentos e não sei o nome de nenhum dos meus vizinhos... Não sou saudosista, mas sinto falta de gentileza e delicadeza. Ah, e sorrisos, claro. Sorrisos sempre caem bem!
    Bom fim de semana! :)

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  5. Karen, não sou muito de abraçar, mas quando abraço, não é de lado, não. É abraço de verdade, os dois braços em volta da pessoa. Enfim... li seu post e os comentários e lembrei de quando era criança e morava no interior. A cidade era tão pequena que não havia ônibus. As pessoas percorriam grandes distâncias a pé. E era assim, a gente cumprimentava todo mundo que cruzava o nosso caminho. Hoje é mais difícil. Também conheço poucas pessoas que moram no meu prédio. Nenhuma dos prédios vizinhos. Mas acho que é da gente. Se a gente toma a iniciativa de cumprimentar, de dar um alô, um bom dia, um aceno de cabeça, que seja, o nosso dia já melhora, porque as pessoas gostam, elas retribuem a gentileza. Então, a partir de agora, do seu post, vou andar na rua e tentar ser mais acessível, sorrir mais, sem medo de parecer boba ou deslocada. Beijos e bom fim de semana.

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  6. Ameixa, eu também fico com cara de paisagem nos ônibus, acho que isso é normal nos dias de hoje.

    Talula, eu também tive uma infância assim, naquele tempo, ocorria o contrário, o povo sabia tanto sobre a gente que não se podia dar muita corda... rs

    Karina, acho que faz parte da sociabilidade dos tempos atuais. Sou nisei e minha família não costuma cumprimentar com abraços, a ter muito contato físico, mas meu pai sempre cumprimenta os vizinhos e distribui verduras e legumes quando colhe demais. Aqui eu também não conheço ninguém. Ter privacidade e ser "anônimo" era um tipo de privilégio na minha juventude. Acho que todas as "conquistas" têm seu porém. Boa ideia, ser gentil nunca faz mal, também vou praticar! :)

    Beijos e bom domingo para todas!

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  7. Os meus olhos não mentem...quando vejo ou escuto algo dissonante meus olhos logo já denunciam meu espanto.Sou mais ou menos como um elefante escondido numa plantação de morangos.
    E também fico triste com a indiferença alheia, do tipo cada qual no seu quadrado, porque sou uma pessoa que costuma cumprimentar todo mundo.É uma questão de educação e na verdade porque é bom demais quando alguém retribui com um sorriso :o)

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  8. Turmalina, eu sou meio careteira, mas geralmente tento me conter... rs

    Sim, é sempre bom receber um sorriso sincero.

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