30.10.11

Como quatro dias em Ciudad del Este renderam uma noite em Assunção



Fazia algum tempo que o O. estava me sondando sobre a possibilidade de fazer uma viagem ao Paraguai. A ideia inicial era ir a Assunção, mas eu não me mostrei muito entusiasmada e a coisa esfriou. Pensei que o assunto tivesse morrido quando, pouco antes de irmos para Buenos Aires, ele perguntou, assim como quem não quer nada, qual era minha opinião sobre um certo hotel em Ciudad del Este. Fiz uma consulta ao Tripadvisor e os comentários eram muito favoráveis, disse isso para o O. e, poucos minutos depois, ele voltou para meu lado e disse que tinha reservado o hotel e comprado as passagens. Fiquei estupefata, Ciudad del Este não é exatamente o lugar onde pensava em passar quatro dias. A primeira imagem que a cidade evoca é da muvuca, sacoleiros e muambeiros em geral. Fiz pesquisas e os primeiros comentários que encontrei eram desalentadores: cidade suja, bagunça, insegurança, etc. Após uma filtragem, li alguns comentários dizendo que não era bem assim, que a cidade não era o diabo que pintavam, e isso me deixou menos neurótica, mas continuei um pouco apreensiva. 

Como se descer no aeroporto local e ficar hospedada no Paraguai não bastasse, O. ainda queria que eu desse um jeito de programar passeios para ver as Cataratas em Foz do Iguaçu. Em todos os fóruns onde perguntei como poderia fazer os passeios sem ter que ficar atravessando a famigerada Ponte da Amizade a pé ou pegando táxis, as pessoas explicavam que isso era impraticável, o lógico seria ficar em Foz, sairia muito caro e daria um trabalhão. Estava quase desistindo dos passeios quando entrei no site do Shopping del Este e vi que havia uma agência de turismo por lá. Entrei em contato e perguntei se eles estariam dispostos a fazer traslados de ida e volta para as cataratas. A resposta foi positiva e os valores passados eram razoáveis. Combinei que iria até a agência depois que chegasse e deu tudo certo. Paguei um pouco mais do que os valores iniciais porque não havia mais ninguém para fazer os passeios conosco e terminamos fazendo tudo de forma "privativa", só nós dois levados e trazidos por alguém da agência. E foi muito bom.  Também tivemos sorte, atravessamos a ponte quatro vezes sem trânsito algum e conhecemos as Cataratas do lado brasileiro e (parte) das Cataratas do lado argentino. Até aproveitamos e fizemos a visita panorâmica em Itaipu pelo lado paraguaio. As visitas desse lado são gratuitas e pagamos apenas o traslado, queríamos fazer a visista técnica, para ver a usina também por dentro, mas ela só seria realizada se houvesse no mínimo dez pessoas. E só havia nós dois no dia escolhido. 

A estadia em Ciudad foi interessante, o hotel era realmente muito bom, (apesar de não termos conseguido dormir nas duas primeiras noites), e conhecemos um lugar novo. O retorno é que foi duro.

Nossa volta também seria pelo aeroporto Guarani, em um voo da Tam que sairia às 12h20. Depois de quatro dias de tempo bom, saimos do hotel com muita chuva, não dava para ver nada em alguns trechos da rodovia e o taxista que nos levava, em um típico táxi paraguaio (quer dizer, sem ar e que já tinha visto dias melhores), ficava limpando o vapor que se condensava no parabrisa com um daqueles rodinhos usados pelos flanelinhas locais. Foi meio tenso, mas ele não parou no acostamento como vi alguns veículos fazerem. 

A chuva torrencial se transformou em tempestade com vendaval depois que chegamos no aeroporto, fizemos o check-in, mas nosso voo foi cancelado devido às condições meteorológicas. A opção era ir até o aeroporto de Foz do Iguaçu para pegar um voo que sairia em quatro ou cinco horas tomando um táxi e passando pela Ponte da Amizade que estava lotada, segundo aqueles que tinham saído de Foz para pegar o avião no Paraguai, ou pegar um voo às 15h00 para Assunção e ir até Guarulhos em um voo direto que sairia de lá às 5h00. Ficamos com a segunda opção, O. não queria ter que atravessar a ponte, correr e passar pela alfândega. 

Todos os passageiros do voo cancelado tiveram que se virar, quem foi para Assunção bancou o hotel e refeições, quem foi para Foz teve que pagar o transporte. Fomos informados de que quando o voo é cancelado por razões meteorológicas, a companhia não tem responsabilidade alguma, vamos nos informar melhor sobre isso, pois foi um transtorno e tanto.

Enfim, descemos em Assunção depois de 45 minutos de voo, pegamos um táxi no aeroporto e nos hospedamos no Ibis mais próximo. (Vi muita segurança armada nas ruas em Assunção, inclusive um tanque, o motorista nos disse que era por causa da Cúpula Ibero-americana, mas tenho a impressão de que sempre há segurança armada em vários pontos do Paraguai. Vi mesmo um segurança com uma carabina/fuzil no pedágio próximo ao aeroporto Guarani). Deixamos nossas coisas no quarto, jantamos no shopping em frente ao hotel e tentamos dormir até 1h30. Tomamos um banho e voltamos para o aeroporto. E isso foi tudo o que vimos de Assunção, uma pena, pois gostaria muito de conhecer o centro histórico. Nossa impressão do pouco que vimos foi boa. Até consideramos a possibilidade de voltarmos só amanhã, mas o carro estava em São Paulo e nossa placa entraria no rodízio de segunda-feira. 

Viagem cansativa, interessante, mas cansativa. Com essa aventura, encerramos nosso ciclo sul-americano, afinal, colocamos os pés em todos os países do Mercosul nos últimos dois meses.

(A continuar...)







3 comentários:

  1. oba, aventuras de viagem!

    acho chique e lindo... e meio desatrado, às vezes. aguardando as continuações, eee.

    =****

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  2. Já estava estrando seu sumiço mas bom saber que dentro do possível se divertiram! Adorei a surpresa de O. e vou aguardar os próximos posts!

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  3. Notei você sumida nos últimos dias e pensei, será que ela viajou? Hehehe
    Achei bem bacana a surpresa da viagem, e vou aguardar os próximos posts.

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