3.7.10

Dentro do ônibus VI



Andar de ônibus é meu momento de meditação, ou melhor, de inquietação. Observar as casas,  os postes e as pessoas através da janela, a presença dos outros passageiros, toda essa familiaridade desperta meu desejo de outros ares: praias caribenhas, mercados de peixe em Zanzibar, ruelas napolitanas. Mas aí me lembro do que escreveu sabiamente Mario Quintana:  

"E quando, morto de mesmice, te vier a nostalgia de climas e costumes exóticos, de jornais impressos em misteriosos caracteres, de curiosas beberagens, de roupas de estranho corte e colorido, lembra-te que para alguém nós somos os antípodas: um remoto, inacreditável povo do outro lado do mundo, quase do outro lado da vida - uma gente de se ficar olhando, olhando, pasmado... Nós, os antípodas, somos assim." (Do inédito, in: Sapato florido).

E suspiro, porque parece mais simples deslocar meu corpo do que mudar a forma como veem meus olhos.



3 comentários:

  1. Vai entender... rs

    Amei o bolo gelado de coco! Fiquei com água na boca!

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  2. Aline, sábio mesmo! ;)

    Talita,o bolo de coco é muito bom! Deu até saudade! (suspiro)

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