No livro do Haruki Murakami que estou lendo agora, 1Q84, um dos personagens principais lê um conto muito interessante, acho que o título é "A cidade dos gatos" (ou algo do gênero). O enredo é sobre um rapaz que passa seu tempo viajando. Um dia ele toma um trem que para em uma estação onde ele é o único passageiro a descer. Não há ninguém na estação, nem na cidade. Tudo está absolutamente deserto. Ele passa o dia perambulando pelas ruas e casas vazias. A noite se aproxima, de repente, ele ouve um ruído na floresta e vê centenas de gatos atravessando a ponte que conduz à cidade. Assustado, o rapaz se esconde e observa como os gatos começam a abrir as lojas, a cozinhar e a ocupar as mesas dos restaurantes, enfim, a agir como se fossem seres humanos. De manhã, os gatos vão embora e a cidade volta a ficar deserta. Apesar do susto, ele decide ficar mais algum tempo ali para observar melhor tudo aquilo. O trem continua passando e parando na estação apesar de não haver passageiros então ele poderia deixar o lugar quando quisesse. O rapaz passa a segunda noite observando os gatos de seu esconderijo. Na terceira, os felinos sentem o odor de um ser humano e iniciam uma busca. Eles chegam a alguns metros do intruso, entretanto, estranhamente, eles não conseguem vê-lo. De manhã, o rapaz corre até a estação e espera pelo trem para fugir, mas, desta vez, o trem não para e o condutor ignora sua presença na plataforma. Ele descobre que não pode mais ir embora, pois, de certa forma, deixou de existir.
Fiquei pensando nesse conto enquanto passava perto de uma estação.
Ao redor de estações e rodoviárias sempre há pensões baratas e pessoas que parecem não ter para onde ir. Elas desembarcaram um dia, talvez tenham decidido ficar para ver o que a sorte lhes reservava e, depois de algum tempo, descobriram que já não tinham mais para onde ir ou como sair daquele lugar. Como o rapaz do conto, elas descobriram que, de certa forma, também tinham deixado de existir. Tinham passado tempo demais na cidade dos gatos.
Ao redor de estações e rodoviárias sempre há pensões baratas e pessoas que parecem não ter para onde ir. Elas desembarcaram um dia, talvez tenham decidido ficar para ver o que a sorte lhes reservava e, depois de algum tempo, descobriram que já não tinham mais para onde ir ou como sair daquele lugar. Como o rapaz do conto, elas descobriram que, de certa forma, também tinham deixado de existir. Tinham passado tempo demais na cidade dos gatos.
Karen, esse conto me lembrou uma animação que vi há um tempinho, "O Reino dos Gatos", não lembro se é do Miyazaki. :-)
ResponderExcluirLuna, que divertido! Se não me engano, o autor do conto é alemão ou de algum outro país da europa.
ResponderExcluirQue conto maluco... Mas achei sugoi! rs
ResponderExcluirKaren vi que vc colocou o link do meu blog na lista dos que vc lê então tenho que te avisar que mudei nome do blog...
Sempre mudo ou nome ou template... Sou perfecionista (defeitinho que as vezes me incomoda)mas acho que dessa vez não mudarei mais ambos...
Então linka ai > http://mariana-takagui.blogspot.com
Karen,
ResponderExcluirnossa! qdo comecei a ler o post e em seguida o conto, me lembrei do filme "A viagem de Chihiro" (q eu adoro) e pensei nessa "dimensão paralela" ... como alguns veem e sentem e outros passam desapercebidos por uma vida inteira- muitas vezes. Gosto disso, de pensar, imaginar...
Adriana
Mariana, já fiz a mudança!
ResponderExcluirAdriana, os japoneses têm uma queda por "dimensões/universos paralelos"!
Eu também gosto de explorar possibilidades, imaginar, acho que essa é uma característica dos leitores...
Nossa , fiquei com uma absoluta vontade de ler este livro...abs!
ResponderExcluirCrônicas, a tradução para o inglês sai no final do ano. Gosto muito desse autor.
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