É difícil não gostar do escritor japonês Haruki Murakami. É tão fácil gostar de seus personagens! São pessoas comuns, procurando compreender suas vidas e lidar com a solidão. Acho as histórias meio tristes. "Minha querida Sputnik" é triste. É sobre o amor platônico que Sumirê sente por Miu, uma mulher mais velha e misteriosa e sobre a paixão do narrador por Sumirê. Algumas das marcas registradas de Murakami surgem nesta obra: os gatos, mediadores entre a realidade e um outro mundo, as mulheres que desaparecem e as histórias que ocorrem em universos paralelos, como o mundo do outro lado do espelho de "Alice no País das Maravilhas".É dificil não gostar de Murakami, suas obras deixam transparecer seu bom gosto musical, sua paixão pela Europa, seu interesse pela culinária e pelos bons vinhos, como não gostar dele?
Eis um trecho do livro:
“Então me ocorreu que, apesar de sermos companheiras de viagem maravilhosas, no fundo, não passávamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. À distância, parecem belas estrelas cadentes, mas, na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. Quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. Talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. Mas só por um breve momento. No instante seguinte, estaremos na solidão absoluta. Até nos queimarmos completamente e nos tornarmos nada.”
P.S. Obrigada Miki!