1.9.14

Montevideo - Uruguai



Nossos cinco dias em Montevideo: chuva, vento, vento, chuva, frio, chuva, vento, vento, frio, frio, vento...

Chegamos com um fenômeno meteorológico conhecido pelos locais como "tempestade Santa Rosa". Santa Rosa é uma santa limenha e sua data comemorativa é dia 30 de agosto. A tal da tempestade tem esse nome porque ocorre alguns dias antes ou depois dessa data, após um veranico que indica a mudança de estação. Estatisticamente, ela não ocorre sempre, mas acho que tivemos azar. Os três primeiros dias foram muito frios, chuvosos e ventosos. A temperatura não ultrapassou os 9 C e o vento dava uma sensação térmica bem menor.

Ficamos perto do Sofitel Carrasco, ventava horrores quando tirei a primeira foto e apenas eu e alguns corredores corajosos estávamos sobre a rambla.


Tinha marcado alguns tours por algumas vinícolas um mês antes de viajar e acabamos saindo com frio e tudo. Foi bacana.

Passamos primeiro pela H. Stagnari. Ela fica em um lugar bonito. Achei os vinhos comerciais, sem nada muito distintivo.

Depois fomos à Pizzorno e, aí sim, achei os vinhos realmente interessantes. Especialmente o tannat reserva e o Primo. O enólogo que nos acompanhou, Marcelo, era bastante informativo e simpático, ele abriu um espumante e até nos serviu um vinho de sobremesa. Foi uma conversa boa acompanhada de bons vinhos. 


No segundo dia, fomos à vinícola Chiappela, uma propriedade familiar. O tour incluía uma aulinha de poda de videiras, mas passamos, estava frio demais. Entramos no grande galpão e nos sentamos em uma área de degustação improvisada em um canto. Quem nos acompanhou foi o Gabriel, um dos enólogos e colega de turma do curso de enologia de uma das proprietárias. São vinhos feitos por uma geração jovem e têm bastante personalidade. Eles talvez ainda precisem de um pouco mais de equilíbrio, mas têm um futuro promissor. O Unum, um assemblage, é muito bom e diferentão. Rimos muito com o Gabriel e foi uma visita divertida.

Queria ter visitado mais vinícolas, achei a experiência melhor e menos comercial do que aquela em Bento Gonçalves. Os vinhos também me surpreenderam e os preços são muito mais palatáveis do que os nacionais.

Achei curioso o fato de muitas vinícolas misturarem tintos com brancos, geralmente, para tornar o vinho mais aromático. 

Depois de sairmos da Chiappela, pedimos para nosso guia nos deixar no Mercado del Puerto. Comemos no El Palenque e depois tomamos um táxi. E saibam que os táxis pretos mais velhos podem proporcionar uma experiência inesquecível. O nosso era um fiat Uno velhinho, sem amortecedor e com um pedaço de madeira que servia de tampa de bagageiro. O motorista era um senhor simpático que dirigia como um doido pela rambla. Senti-me como uma pipoca em uma pipoqueira. Felizmente, chegamos inteiros e ficamos aliviados em descer. Ah, sem falar que o táxi tinha aquela divisória de vidro separando motorista dos passageiros com um buraco por onde o pagamento é feito. Não sei se os veículos mais novos, na cor branca, ainda têm isso.


E, quando começava a achar que não veria sol antes de voltar para o Brasil, ele apareceu. No entanto, ainda estava frio.


No último dia, fomos até Punta del Este. Demos uma volta pelo porto, vimos alguns lobos marinhos gordos e folgados ao lado da barraca de peixe, almoçamos e voltamos. Os prédios de Punta parecem todos novinhos e há muita coisa ainda sendo construída. Vi apenas alguns casais idosos caminhando e casais jovens tirando selfies aqui e ali. Estava tudo bem tranquilo por não ser temporada. A cidade é bem agradável e dá para entender porque o pessoal de Montevideo gosta de ir para lá nos fins de semana e nas férias. É a atmosfera do lugar.


Esse aí estava dormindo e parecia sonhar, mexia-se o tempo todo. Com que sonharão os lobos marinhos?


Fiquei um pouco decepcionada com a experiência gastronômica em Montevideo. Pedimos parrilla em quase todos os lugares, inclusive no Mercado del Puerto e, com exceção de um restaurante, achei a carne apenas ok. Talvez por sermos brasileiros, ela quase sempre veio mais bem passada do que gostaria. 

Os restaurantes adotam a política de reduzir o sal da comida, eu achei a ideia boa, mas O. ficou meio infeliz com isso.

Comida é relativamente cara no Uruguai. E espresso bom é raro. No mais, enchemos a cara de sobremesas com doce de leite e de sorvete Freddo (havia uma loja na frente do hotel). Nas noites mais frias e chuvosas, preferimos comer fiambres, queijos, empanadas, morangos e beber vinho no quarto.

Não provei o tal do medio y medio, a mistura de vinho branco com espumante, preferi mimosas e clericots (a sangria de vinho branco local).

Acho que teríamos aproveitado mais se não tivéssemos chegado às vésperas de um feriado nacional (Independência) e com um tempo chato. O engraçado é que começou a chover e esfriou por aqui logo que voltamos...  rs