16.1.19

Gonçalves, MG - terceira vez

Nem sempre as viagens são perfeitas, nem sempre relaxam e deixam saudades. Acontece. Gostamos muito de Gonçalves e tínhamos boas lembranças de nossas duas visitas anteriores. Precisávamos relaxar e decidimos passar alguns dias na cidade, escolhemos uma pousada diferente daquela em que sempre ficávamos para variar um pouco, o que foi uma má decisão. Apesar de ser novembro, pegamos chuva e um frio invernal. Acendíamos a lareira e ficávamos sentados a meio metro dela para nos aquecermos, mas o fogo só durava uns quarenta minutos. Como fomos no início na semana, não havia muitas opções de lugar para comer e ir jantar na cidade estava fora de questão devido a distância, sobrava a comida da pousada, que não nos apeteceu. (E comida é essencial para nós, não que eu cozinhe maravilhosamente bem, ao contrário, mas se pagar, a comida não pode ser mais ou menos). Enfim, apesar da paisagem e da tranquilidade, jogamos a toalha e voltamos para casa.

Fazia um bom tempo que não íamos a Gonçalves, a cidade ainda continua pequena, mas ficou cheia de lojinhas, ateliês e cafés (a maioria abre perto do final de semana), o Bar do Marcelo virou um empório que vende até vinho e não tem mais aquele ar de boteco do interior. O lugar de que mais gostei foi da padaria São Francisco, onde é possível comer uma broa na folha de bananeira e outras quitandas mineiras. (Dica: compre um pacote de biscoito de aveia feito lá mesmo, é delicioso!).


6.1.19

Os últimos murakamis

(Mais uma retomada deste blog há tanto tempo abandonado! Ainda há alguém aí?)

Acabei de ler um dos últimos romances (não posso dizer que seja o último porque as traduções nem sempre seguem o ritmo das publicações no Japão) de Haruki Murakami, Killing commendatore, é, li em inglês mesmo. Ele será publicado pela Alfaguara aqui no Brasil com o título O assassinato do comendador em, acredito, dois volumes como no Japão. O enredo até tem alguns elementos de suspense misturado com eventos misteriosos e inexplicáveis - além de comida, jazz e música clássica -, típicos das obra de Murakami, mas confesso que ele poderia ser bem mais enxuto, havia partes repetitivas e tediosas que acabava pulando para ir logo àquilo que interessava. O enredo é meio requentado, uma combinação de restos da geladeira murakamiana: uma adolescente enigmática, um protagonista abandonado pela mulher, um ser fantástico e onisciente, universos paralelos aos quais os personagens chegam descendo por algum buraco/poço, uma pitada de história mundial. Kafka à beira mar foi o último livro do autor de que gostei, aprecio os seus primeiros trabalhos, mas depois de Kafka, as coisas mais interessantes que li foram os ensaios sobre a escrita nos quais ele explica sua visão do processo criativo e seu ofício como autor e as conversas sobre música com o maestro Seiji Ozawa. Também há um conto em Men without women de que que gosto, "Samsa in love".

Atualmente prefiro narrativas mais "ágeis", Querida konbini, de Sayaka Murata, por exemplo, é curta e "redondinha". Também li Ouça a canção do vento / Pinball, 1973, livro que lançou o Murakami no universo literário, e gostei, achei a narrativa muito mais gostosa do que ela é hoje. (Li a tradução para o francês).