31.10.11

Que Ciudad?

 (entrada de Ciudad del Este)

Certo, o objetivo da maioria das pessoas que vai para Ciudad del Este é comprar "muambas": eletrônicos, roupas, cosméticos, equipamentos para o carro, etc. No nosso caso, isso é apenas parcialmente verdadeiro, O. queria um aparelho muito específico e nada mais, eu comprei uma lente para uma câmera que ainda não possuo (isso é que é pensar a longo prazo!), ficamos dentro da cota e não compramos bugigangas ou roupas, só uns pistaches.

Chegamos na terça à tarde, quando tudo estava fechando. Fizemos nossas compras pontuais só na parte da manhã de quarta, fomos a Itaipu à tarde e usamos os outros dois dias para ir às Cataratas brasileiras e argentinas, até voltávamos cedo dos passeios, mas tão cansados que nem tínhamos energia para ir ao microcentro.

Fomos com preços e lojas já anotados, compras rápidas em duas lojas que ficavam no mesmo lugar, questão de entrar e sair. Deixamos as coisas no hotel e voltamos para dar uma passada na Monalisa para ver aquela que é considerada uma das lojas mais chiques da cidade (a outra é a Sax, acima, na foto, mas não a visitamos). Ela funciona em um prédio, cada andar vende um tipo de artigo, de cosméticos a tacos de golfe. Os preços estão todos em dólares e há desconto para pagamento em dinheiro. Dá para gastar um bom tempo ali. Mas só olhamos mesmo. Gostei foi da adega no subsolo, ela é enorme e tem preços bastante interessantes. 


adega da Monalisa

Há restaurante, café e um quiosque de comida japonesa lá dentro. Foi onde almoçamos. Pedimos teishokus de sashimi e sushi, ambos bons. Como ocorre com frequência, impliquei com o tempero do arroz do sushi, gosto dele mais adocidado e menos ácido. O arroz branco também era temperado como o do sushi, preferiria o arroz simples.


sushi teishoku


Não nos aventuramos muito pelo microcentro. Realmente há muita gente, camelôs ocupando as calçadas, carregadores levando mercadoria e brasileiros fazendo compras. Logo que chegamos, pegamos um táxi e fomos ao Shopping del Este para acertarmos nossos passeios com a agência de viagens que funciona por lá. Nossa primeira impressão não foi nada boa, era final de tarde e as barracas estavam sendo desmontadas, as ruas estavam cheias de lixo e ainda havia muita gente carregando coisas de um lado para o outro. Tudo isso tornava o trânsito bem lento. (Com exceção do Shopping del Este, a maioria das lojas fecha lá pelas 17h00 no horário local, 18h00 no horário brasileiro, o comércio parece abrir e fechar em função do fluxo de compradores brasileiros).

Há lojas para públicos muito distintos, de artigos refinados, de marcas famosas, a falsificações. A maioria das lojas pertence a árabes, chineses e até brasileiros, inclusive, há muitos brasileiros que moram em Foz e trabalham no Paraguai. O garçom do quiosque de comida japonesa morava em Foz, perguntamos se ele conhecia algum lugar que vendesse produtos árabes nas imediações porque queríamos comprar pistaches. Ele disse que não conhecia quase nada da cidade e pediu indicações para outro colega de trabalho que nos recomendou uma loja de produtos libaneses a duas quadras da Monalisa, foi onde compramos dois pacotes de pistache e um de mixed nuts. Era uma loja meio largadona, pequena e o casal do balcão conversava entre si em árabe. Havia narguilés, queijos, leguminosas, sementes tostadas, etc. Os preços estavam em dólares, pagamos nessa moeda e recebemos o troco em dólares e guaranis. Acho que perdemos alguns reais no processo.

Com o tempo, nossa percepção da cidade foi mudando, passamos várias vezes pelo microcentro quando saíamos para os passeios. Certamente há um caos ali, carros disputando espaço com compradores, vendedores, carregadores e mototáxis, e nenhum semáforo. Mas não vi nenhum acidente, tudo parece se ajeitar de alguma forma. Na volta de um de nossos passeios, um carregador derrubou uma caixa de pão doce que foi arrastada pelo carro da agente de viagens que nos levava, ela parou, o cara pegou a caixa de volta e prosseguimos. Não ouvi gritos, reclamações ou buzinadas em momento algum. Mas é preciso estar acostumado para achar que é normal dirigir por aquelas ruas abarrotadas tirando "finas" de tudo. A agente de viagens ria de nossas caras de espanto e dizia que era sempre assim. Os mototaxistas ultrapassavam pela direita e pela esquerda e ela exclamava "ellos son locos!".

Um outro agente de viagens com o qual tivemos contato disse que estão construindo um shopping bem ao lado do Shopping del Este com capacidade para cerca de três mil lojas. (Acho que ele exagerou ou ouvi errado, não é mesmo? É loja demais, entretanto, é verdade que há obras sendo realizadas ali). Parece haver muito investimento sendo feito na cidade. Outro dia mesmo tinha lido que há o projeto de se construir um complexo de cassino e hotel em Hernandarias, cidade vizinha, antes da Copa. Ciudad del Este provavelmente ainda irá mudar bastante até lá.

O engraçado é que a alguns quarteirões da muvuca do microcentro, há uma Ciudad del Este bastante arborizada e bairros muito agradáveis. O mesmo agente que comentou a construção do novo shopping disse que morava em um deles e contou que a tranquilidade era tanta que os moradores fizeram protestos para impedir a passagem de uma linha de coletivo.

Em suma, Ciudad tem várias faces.

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30.10.11

Como quatro dias em Ciudad del Este renderam uma noite em Assunção



Fazia algum tempo que o O. estava me sondando sobre a possibilidade de fazer uma viagem ao Paraguai. A ideia inicial era ir a Assunção, mas eu não me mostrei muito entusiasmada e a coisa esfriou. Pensei que o assunto tivesse morrido quando, pouco antes de irmos para Buenos Aires, ele perguntou, assim como quem não quer nada, qual era minha opinião sobre um certo hotel em Ciudad del Este. Fiz uma consulta ao Tripadvisor e os comentários eram muito favoráveis, disse isso para o O. e, poucos minutos depois, ele voltou para meu lado e disse que tinha reservado o hotel e comprado as passagens. Fiquei estupefata, Ciudad del Este não é exatamente o lugar onde pensava em passar quatro dias. A primeira imagem que a cidade evoca é da muvuca, sacoleiros e muambeiros em geral. Fiz pesquisas e os primeiros comentários que encontrei eram desalentadores: cidade suja, bagunça, insegurança, etc. Após uma filtragem, li alguns comentários dizendo que não era bem assim, que a cidade não era o diabo que pintavam, e isso me deixou menos neurótica, mas continuei um pouco apreensiva. 

Como se descer no aeroporto local e ficar hospedada no Paraguai não bastasse, O. ainda queria que eu desse um jeito de programar passeios para ver as Cataratas em Foz do Iguaçu. Em todos os fóruns onde perguntei como poderia fazer os passeios sem ter que ficar atravessando a famigerada Ponte da Amizade a pé ou pegando táxis, as pessoas explicavam que isso era impraticável, o lógico seria ficar em Foz, sairia muito caro e daria um trabalhão. Estava quase desistindo dos passeios quando entrei no site do Shopping del Este e vi que havia uma agência de turismo por lá. Entrei em contato e perguntei se eles estariam dispostos a fazer traslados de ida e volta para as cataratas. A resposta foi positiva e os valores passados eram razoáveis. Combinei que iria até a agência depois que chegasse e deu tudo certo. Paguei um pouco mais do que os valores iniciais porque não havia mais ninguém para fazer os passeios conosco e terminamos fazendo tudo de forma "privativa", só nós dois levados e trazidos por alguém da agência. E foi muito bom.  Também tivemos sorte, atravessamos a ponte quatro vezes sem trânsito algum e conhecemos as Cataratas do lado brasileiro e (parte) das Cataratas do lado argentino. Até aproveitamos e fizemos a visita panorâmica em Itaipu pelo lado paraguaio. As visitas desse lado são gratuitas e pagamos apenas o traslado, queríamos fazer a visista técnica, para ver a usina também por dentro, mas ela só seria realizada se houvesse no mínimo dez pessoas. E só havia nós dois no dia escolhido. 

A estadia em Ciudad foi interessante, o hotel era realmente muito bom, (apesar de não termos conseguido dormir nas duas primeiras noites), e conhecemos um lugar novo. O retorno é que foi duro.

Nossa volta também seria pelo aeroporto Guarani, em um voo da Tam que sairia às 12h20. Depois de quatro dias de tempo bom, saimos do hotel com muita chuva, não dava para ver nada em alguns trechos da rodovia e o taxista que nos levava, em um típico táxi paraguaio (quer dizer, sem ar e que já tinha visto dias melhores), ficava limpando o vapor que se condensava no parabrisa com um daqueles rodinhos usados pelos flanelinhas locais. Foi meio tenso, mas ele não parou no acostamento como vi alguns veículos fazerem. 

A chuva torrencial se transformou em tempestade com vendaval depois que chegamos no aeroporto, fizemos o check-in, mas nosso voo foi cancelado devido às condições meteorológicas. A opção era ir até o aeroporto de Foz do Iguaçu para pegar um voo que sairia em quatro ou cinco horas tomando um táxi e passando pela Ponte da Amizade que estava lotada, segundo aqueles que tinham saído de Foz para pegar o avião no Paraguai, ou pegar um voo às 15h00 para Assunção e ir até Guarulhos em um voo direto que sairia de lá às 5h00. Ficamos com a segunda opção, O. não queria ter que atravessar a ponte, correr e passar pela alfândega. 

Todos os passageiros do voo cancelado tiveram que se virar, quem foi para Assunção bancou o hotel e refeições, quem foi para Foz teve que pagar o transporte. Fomos informados de que quando o voo é cancelado por razões meteorológicas, a companhia não tem responsabilidade alguma, vamos nos informar melhor sobre isso, pois foi um transtorno e tanto.

Enfim, descemos em Assunção depois de 45 minutos de voo, pegamos um táxi no aeroporto e nos hospedamos no Ibis mais próximo. (Vi muita segurança armada nas ruas em Assunção, inclusive um tanque, o motorista nos disse que era por causa da Cúpula Ibero-americana, mas tenho a impressão de que sempre há segurança armada em vários pontos do Paraguai. Vi mesmo um segurança com uma carabina/fuzil no pedágio próximo ao aeroporto Guarani). Deixamos nossas coisas no quarto, jantamos no shopping em frente ao hotel e tentamos dormir até 1h30. Tomamos um banho e voltamos para o aeroporto. E isso foi tudo o que vimos de Assunção, uma pena, pois gostaria muito de conhecer o centro histórico. Nossa impressão do pouco que vimos foi boa. Até consideramos a possibilidade de voltarmos só amanhã, mas o carro estava em São Paulo e nossa placa entraria no rodízio de segunda-feira. 

Viagem cansativa, interessante, mas cansativa. Com essa aventura, encerramos nosso ciclo sul-americano, afinal, colocamos os pés em todos os países do Mercosul nos últimos dois meses.

(A continuar...)







24.10.11

Bolo de chocolate simplíssimo


Muitos de vocês sabem que bolos não são meu forte e que os exemplares que costumam aparecer por aqui muitas vezes traem meu gosto pelo "exótico" (não é todo dia que alguém faz um bolo pepino, um bolo de grão de bico, um bolo de beterraba, etc.), outra característica que vocês também já devem ter notado é que sou craque em fazer "bolo sem" (sem leite, sem manteiga, sem ovos, ops, isso ainda pode ser chamado de bolo?).

Este é um belo exemplo de "bolo sem", no caso, sem leite e sem ovos, vi tantos elogios a esta receita do Simply Recipes que decidi prepará-la. A Elise fez cupcakes, eu coloquei em uma forma de bolo inglês.  O resultado é muito bom, a consistência é perfeita e a massa fica mesmo úmida. A única coisa que estranhei foi o aroma enquanto o bolo assava, ele é um pouco "diferente" dos bolos "normais". Não usei a essência/extrato de baunilha e, para ter uma ideia, o O. perguntou se era um bolo de amendoim...

Nâo fiz o glacê da receita original, mas o bolo é gostoso puro, ele não é muito doce. Dobrando a receita, daria uma base ótima para rechear.




Bolo de chocolate simplíssimo


1 1/2 x de farinha
1/4 x de cacau em pó (s/ açúcar, não é o achocolatado)
1 x de açúcar
1 c chá de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
1 x de café feito usando o coador (não muito forte), ou 1 x de água morna misturada com 1 1/2 c chá de café instantâneo (nescafé)
1 c sopa de vinagre
2 c chá de essência de baunilha (não usei)
6  c sopa de azeite


Preaqueça o forno à 180C. Unte 12 forminhas de muffin ou asse em uma forma de bolo inglês.

Misture a farinha, o cacau em pó, o açúcar, o bicarbonato de sódio e sal. Em outro recipiente, misture os ingredientes líquidos e depois junte essa mistura aos ingredientes secos. Misture apenas o suficiente para que a massa fique homogênea.

Distribua a massa entre as fominhas (ou forma). Asse por cerca de 18-20 min. Retire do forno e deixe esfriar por 5 minutos antes de desenformar. Sirva polvilhado com açúcar de confeiteiro ou com algum glacê, se quiser.


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23.10.11

Dentro do ônibus xiv

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Sempre que cruzamos com aqueles caminhões que transportam frangos para serem abatidos nos frigoríficos, O. comenta que eles são a metáfora perfeita para a sociedade e a vida em geral. Os frangos são divididos em engradados dispostos em diferentes camadas: alguns na base, outros no meio e os últimos no topo da pilha. Os frangos dessa última camada são os felizardos que respiram algum ar puro, os que vêm logo abaixo já recebem as cagadas dos primeiros e aqueles que estão lá embaixo são os mais infelizes, pois recebem as cagadas de todos os demais. 

Isso já ocorreu há algum tempo, na época em que fazia aulas de alemão aos sábados. Moro na área rural e assistir às aulas exigia que eu acordasse cedo e que o O. me levasse até a rodoviária onde eu tomava o ônibus intermunicipal. 

Em uma dessas ocasiões, aguardava o ônibus chegar junto com outros passageiros sonolentos quando um caminhão cheio de frangos passou na frente da rodoviária e, para nossa surpresa, testemunhamos o momento em que um frango conseguia escapar de um dos engradados, foi a maior torcida, algumas pessoas gritavam "foge, frango!" e "liberdadeeee!". O frango deu um salto desajeitado e foi ao chão, como a rua ficava em um nível mais baixo do que a rodoviária, não sabíamos se ele estava a salvo. O nosso ônibus chegou em seguida, entramos e, quando ele começou a se movimentar, todos nos voltamos para as janelas em busca daquele frango. Ele estava vivo, talvez um pouco manco, e tinha sido colocado junto a uma árvore por um gari que provavelmente iria levá-lo para casa e transformá-lo em um assado. 

Enfim, não é possível escapar do destino. 


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22.10.11

Frangoada


Receita da Akemi, muito boa para o dia a dia. Substituí o peito de frango por sobrecoxa e usei água no lugar do caldo de frango, reduzi um pouco a quantidade desta última, mas ainda achei que sobrou bastante líquido no refratário, se tivesse usado um recipiente maior para que ele evaporasse mais, talvez isso não tivesse ocorrido. Se quiser, faça com um frango em pedaços. Servi com arroz integral.

 


Frangoada


Corte 4 ou 5 batatas grandes em palito ou rodelas. Coloque numa bacia grande e junte 2 tomates picadinhos, 1 cebola média em fatias finas, 1/2 xícara de azeitonas verdes picadas e bastante cheiro verde. Misture bem e reserve.

Aqueça 2 ½ xícaras de água e dissolva 1 pote de caldo de galinha (cuidado com o sal, se a carne que estiver utilizando já estiver bem salgada, diminua no caldo ou apenas salgue levemente a água). 

Pegue uma assadeira grande e regue com azeite. Espalhe filés de peito de frango temperados previamente. Por cima, espalhe as batatas e regue com o caldo de galinha quente. Regue com mais um fio de azeite e leve ao forno quente pré-aquecido a 205˚C. Não precisa cobrir com papel alumínio.

Deixe assar até as batatas ficarem macias e levemente douradas. Cerca de 1h 30 min. De vez enquando jogue um pouco do caldinho por cima tomando cuidado para não se queimar.


21.10.11

Ninguém é perfeito (Gotai Fumanzoku) - Ototake Hirotada



Os japoneses gostam de livros de um assunto que poderia ser chamado de "literatura inspiradora", livros escritos por pessoas que contam como superaram dificuldades e chegaram onde chegaram. Acho que esse também é um gênero comum nos EUA, mas pouco explorado aqui.

Fiquei olhando para a capa deste livro que minha professora de japonês me entregou sem saber muito bem o que dizer. Um rapaz sem braços e pernas sobre uma cadeira de rodas. Um livro que provavelmente não leria de livre e espontânea vontade, mas como era um "dever de casa", e eu (quase) sempre faço meu dever de casa, comecei a folheá-lo.

É uma leitura descomplicada, o autor, Ototake Hirotada, usou uma linguagem simples de propósito para que o livro fosse acessível também para as crianças. Nele, o autor conta que é portador de uma síndrome que o fez nascer apenas com uma pequena parte dos braços e das pernas. Apesar de tudo, seus pais nunca se mostraram desencorajados e sempre fizeram de tudo para que ele tivesse a vida mais normal possível, tanto que ele diz que a primeira vez em que se deu conta de que era "deficiente" foi depois de entrar na faculdade, momento em que decidiu se engajar em movimentos que promoviam a integração de pessoas idosas e com dificuldades físicas à sociedade.

Apesar de haver muitas coisas que não conseguia fazer, para o autor, aquilo era natural, parte de sua vida, não algo que o fizesse sentir-se mal ou inferior. Ele estudou em escolas normais, devido ao empenho de seus pais, e todos sempre procuraram fazer com que ele participasse de todas as atividades escolares à sua maneira. Escrevia apoiando o lápis na bochecha usando a porção do braço que possuía e andava pelo pátio como podia, pois seu professor não desejava que ele dependesse da cadeira de rodas motorizada. Esportes em geral sempre o atraíram, ele adorava as aulas de educação física na infância e adolescência e até fez parte do time de basquete do ginásio.

Amante de esportes, ótimo aluno, representante de classe, ganhador de um concurso de oratória em inglês, enfim, um modelo. Ototake também contou com muita sorte, encontrou as pessoas certas no momento certo e soube aproveitar ao máximo as oportunidades que lhe foram oferecidas. Não é uma leitura muito intimista, ele fala de suas dificuldades e de suas conquistas, mas pouco além disso. A ideia é transmitir um sentimento positivo, tratar de um assunto delicado de forma bem humorada e leve.

Hoje o autor é jornalista esportivo (!) e professor. Realmente um exemplo. Fiquei pensando se uma pessoa com a sua deficiência chegaria onde ele chegou aqui no Brasil. Gostaria de acreditar que sim.

O título é uma brincadeira com uma expressão japonesa que significa "corpo saudável/capaz" à qual foi acrescentado um ideograma de negação. O livro fez muito sucesso na época em que foi publicado (1998) e foi traduzido para inglês como "No one's perfect".

17.10.11

Dentro da farmácia

Isso foi em Buenos Aires. Tive que ir até uma farmácia comprar uma pomada porque o consorte levou um par de tênis com o qual não estava acostumado e teve de tudo: de alergia a bolhas em toda a superfície possível dos pés, algo inacreditável. (Suspeito que isso tenha algum fundo emocional, pois o ser em questão detesta ficar longe de casa).

Lá estava eu procurando um vocabulário para explicar do que precisava, "algo para la picazón en los pies", quando um rapaz que também aguardava se vira e pergunta se eu sou japonesa ou chinesa, respondo que sou filha de japoneses e ele desembesta a falar em espanhol. De tudo o que ouvi, entendi que ele elogiava o povo japonês, a tecnologia, a organização, etc., de vez em quando ele perguntava "no es verdad?" e eu concordava. (Se alguém cisma em falar com você, a primeira coisa a fazer é dar uma desculpa, ir até a esquina e esperar que o sujeito desapareça, se isso não for possível, o jeito é concordar com tudo, mas sem demonstrar muito interesse).

Encontrar um cara meio "excêntrico" dentro de uma farmácia em BsAs era algo com que não contava. Por sorte, sua vez chegou e passou rápido, ele queria algum desconto ou coisa do gênero, e lá fui perguntar se eles tinham algo para "la picazón...".

16.10.11

Arroz de bacalhau com brócolis



Bacalhau é sempre bem-vindo aqui em casa. Nunca tinha feito arroz de bacalhau e gostei muito. Fiz metade da receita, usei arroz integral, só o pimentão vermelho e não adicionei leite de coco no cozimento do arroz, fica para a próxima. (Foto tirada antes de levar ao forno para gratinar)




Arroz de bacalhau com brócolis

Para o bacalhau:
500 kg de bacalhau desfiado e dessalgado (usei aquelas lascas vendidas em bandejas)
3 cebolas cortadas finamente
5 dentes de alho amassado
1 pimentão vermelho
1 pimentão verde
1 pimentão amarelo
1 porção de azeitona verde sem caroço
1 porção de azeitona preta sem caroço 

Depois do bacalhau dessalgado dê uma leve fervida.
Refogue as cebolas com bastante azeite, acrescente o alho e os pimentões, junte então o bacalhau e misture bem para tomar o gosto dos temperos. Ao desligar o fogo acrescente as azeitonas. O segredo é usar bastante azeite para ele ficar bem úmido. Reserve

Para o arroz:
2 xícaras de arroz
3 xícaras de água fervente
1 vidro de leite de coco
3 dentes de alho
um fio de azeito
sal quanto baste 

Lave e escorra o arroz. Refogue no alho e acrescente a água e o leite de coco e deixe cozinhar. Reserve.

Para o brócolis:
Flores de um pé de brócolis
3 dentes de alho
azeite
sal

Cozinhe levemente os brócolis no vapor. Corte em pequenos pedaços e passe levemente no azeite e no alho.
Reserve.


Montagem:
Em uma travessa coloque o arroz, junte o bacalhau e o brócolis. Misture bem e acrescente mais azeite se preferir. Prove de sal e coloque mais se achar necessário. Em um pirex besuntado com azeite, coloque o arroz e salpique bastante queijo ralado. Leve ao forno para gratinar. Ao retirar decore com ovos cozidos.


15.10.11

Im Western nichts Neues - Erich Maria Remarque

Im Western nichts Neues (ou Nada de Novo no Front, em português) é um romance do escritor alemão Erich Maria Remarque publicado em 1929. É um livro sobre a primeira guerra, na qual o próprio autor tomou parte e, provavelmente, a melhor obra sobre o assunto que já li, superando, inclusive, os filmes de guerra que já assisti, muito bem escrito, muito realista, muito humano. Não esperava nada quando comecei a lê-lo, mas fui fisgada. (É verdade que o li no meu ritmo de lesma semianalfabeta em alemão).

O narrador é Paul Bäumer, um jovem que vai para a guerra aos 18 anos junto com alguns colegas de escola de sua cidade. Combatendo, vendo companheiros morrerem das mais diversas formas, ele perde sua inocência, seus sonhos e sua juventude, mas é entre as trincheiras, na vida em comum e na tentativa de sobreviver, que se forjam elos e cresce o sentimento de companheirismo entre os soldados, as únicas coisas positivas em meio à tragédia que se desenrola ao redor. 

Em um dos capítulos, Paul volta para casa para um breve período de férias e constata que a guerra o transformou, sua cidade, sua casa, seu quarto, a vida de alguns anos atrás não tem mais relação com a pessoa que ele se tornou após passar pelo campo de batalha e, de certa forma, ele prefere voltar para junto de seus companheiros, aqueles com os quais compartilhou bons e maus momentos e conseguem compreendê-lo.

O livro virou filme, ganhou o Oscar e foi queimado pelos nazistas que devem ter entendido o quanto ele poderia ser subversivo. Acho que o tema continua atual mesmo hoje, eu entregaria um exemplar de Nada de Novo no Front para cada soldado.



Essa é uma reflexão feita por Paul quase no final do livro e quase no final da guerra que seu país,  a Alemanha, irá perder:

"Se tivéssemos retornado em 1916, teríamos desencadeado uma tempestade com a dor e a intensidade de nossas experiências. Mas se voltarmos agora, estaremos cansados, destruídos, esgotados, desenraízados e sem esperanças. Não saberemos o que fazer. Também não seremos compreendidos - pois, antes de nós, há uma geração que mesmo tendo convivido conosco, possui um lar e um trabalho e agora retorna a suas antigas posições, nas quais a guerra será esquecida -, e, depois de nós, há uma geração, parecida com a nossa no passado, que nos será estranha e nos deixará de lado. Somos supérfluos para nós mesmos, iremos envelhecer, alguns irão se adaptar, outros irão se ajustar e muitos ficarão perdidos, os anos passarão e, finalmente, pereceremos."






14.10.11

Bolo de aveia



Bolo simples e reconfortante, meio esfarelante, mas gostoso. Se quiser, cubra com uma ganache, dá para fazer de conta que é um "pão de mel".

Vi várias receitas parecidas, inclusive uma no blog da Judy que leva mais especiarias e é feita com muito mais cuidado do que a minha, incluindo uma etapa de cozimento da aveia e até claras em neve. Minha versão, convenhamos, é bem esculachada, aproveitei até a água quente para derreter a manteiga e misturei tudo de uma vez só.





Bolo de aveia


1 x de farelo de aveia (ou aveia em flocos mais finos)
1 1/4 x de água fervente
1/2 x de manteiga
1 x de açúcar mascavo
1/2 x de açúcar
2 ovos
1 1/2 x de farinha integral
1 c chá de bicarbonato de sódio
1 c chá de canela em pó

Derrame a água fervente sobre o farelo de aveia colocado em um recipiente com a manteiga (assim ela irá derreter). Espere amornar. Depois disso, adicione os ovos, misture e junte os demais ingredientes até obter uma massa homogênea e espessa. Coloque em uma forma untada e enfarinhado e asse em forno preaquecido até dourar, faça o teste do palito.

12.10.11

Lombo assado com mostarda


Estava com espírito de cozinheiro do exército antes da viagem. Fiz vários pratos em porções grandes para congelar e esvaziar a geladeira. Este foi um deles, mais uma receita de lombo. Ficou bem gostoso, já fiz duas vezes. Se não tiver o vinho branco para diluir o molho, use um pouco de água, fiz isso na última vez e ficou bom.

Costumo usar menos mostarda. Salgue moderadamente para que o molho final não fique salgado demais, lembre-se de que a mostarda já contém sal.




Lombo assado com mostarda

1 lombo de cerca de 1 ½ kg
sal e pimenta a gosto
3 colheres de sopa de alecrim fresco (usei bem menos)
6 colheres de mostarda tipo dijon (usei 3 c sopa bem generosas)
3 dentes de alho picados
1 ½ xícara de suco de laranja
1 x de vinho branco
1 c sopa de manteiga
1 c sopa de farinha


Em um recipiente, coloque o lombo, tempere com o sal, a pimenta, a mostarda, o alecrim e o alho. Feche com filme plástico e deixe marinar na geladeira por 2 horas.

Coloque em uma assadeira, despeje o suco de laranja, cubra com papel alumínio e asse por 1 hora. Depois desse período, retire o papel alumínio e asse por mais 40 minutos ou até dourar e ficar macio. Banhe a carne com colheradas do molho caso necessário.

Retire a carne da assadeira, coloque a assadeira/panela sobre o fogão em fogo baixo e adicione o vinho branco. Com uma colher de pau "limpe" o fundo, raspando para soltar todos os restos de tempero e carne que estejam grudados. Quando reduzir para uma terça parte do volume,  (ou nem tanto, caso deseje mais molho), adicione uma mistura feita com a manteiga e a farinha de trigo (derreta a manteiga e adicione a farinha previamente em uma frigideira ou panela pequena), abaixe o fogo e continue mexendo até engrossar e ficar brilhante. Passe por uma peneira (não fiz isso) e sirva quente em uma molheira à parte ou sobre o lombo.


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11.10.11

Comer em Colonia del Sacramento



Há vários pequenos restaurantes com mesas ao ar livre em Colonia. Tinha visto comentários sobre o Buen suspiro no Tripadvisor e fomos lá conferir. Ele é uma mistura de restaurante/bar/venda de queijos e vinhos que fica na Calle de los Suspiros, praticamente uma portinha em uma parede, ao lado há um pequeno portão que dá para um quintal com algumas mesas sobre as quais repousam livros de poemas (ao menos o da nossa mesa era de poemas).




No menu, "picadas", várias combinações de queijos, salame e pedaços de torta, pão e, para acompanhar, vinhos. Tudo de produção local. Pedimos a picada "suspiros del sur" e duas taças de vinho, uma de vinho branco e outra de tannat, o varietal do país. Como O. estava dirigindo, acabamos não pedindo uma garrafa inteira, o que lamentamos, pois assim não teríamos ficado restritos ao vinho da casa. No entanto, a garrafa de tannat foi aberta em nossa mesa.



Os queijos tinham sabor suave e eram gostosos, apesar de termos nos enchido de queijo, não sentimos o estômago pesado. Pagamos em reais, o rapaz que nos atendeu (provavelmente o propietário) foi muito simpático e nos explicou quais eram os queijos servidos e fez um câmbio bem honesto. Pagamos R$ 50,00 por tudo, mais uma gorjeta que deixamos em pesos argentinos. Recomendo, realmente gostei do lugar. Bons queijos, bons vinhos, bom atendimento, preços justos, despretensão, não podíamos desejar mais. Espero que continue assim.




Havia sobremesas no Buen suspiro, mas fomos tomar um sorvete no Freddo que ficava quase ao lado. O. pediu um espresso, ele veio acompanhado de uma bola de sorvete de gianduia ou chocolate, não lembro bem, sei que ele adorou e comeu tudo sozinho. Pedi um copo com três sabores para dividirmos: baunilha, menta e doce de leite. Todos muito bons, como era de se esperar. Pagamos em pesos argentinos e recebemos algumas moedas de pesos uruguaios de troco.



(Aqui encerro os posts sobre a viagem e amanhã volto à programação normal).

10.10.11

Colonia del Sacramento

 

Aproveitamos o fato de que íamos passar mais tempo em Buenos Aires para encaixar um day tour em Colonia del Sacramento, no Uruguai. Trata-se de uma cidade fundada por portugueses no século XVII, ela era considerada um ponto estratégico pela sua posição na margem oposta a Buenos Aires no rio de la Plata e passou das mãos dos portugueses para as dos espanhóis várias vezes até a criação do Uruguai. Seu centro histórico é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.  

Comprei as passagens do Buquebus, um ferry-boat que liga Buenos Aires a Colonia no dia anterior à viagem. É possível comprá-las pela internet, mas como queria me certificar de que o tempo estaria bom, resolvi ir até a agência Buquebus próxima do hotel. (A Colonia Express e a Seacat também fazem o trajeto). Passei por lá pela manhã, mas como estava sem o número de algum documento do O. comigo, tive que voltar na parte da tarde. Falei meu nome para a recepcionista e fiquei esperando, havia bastante gente aguardando, pois a agência funciona como agência de turismo normal. Comprei apenas as passagens com ida às 8:45h e retorno às 16:30h no buque rápido que leva uma hora para fazer a travessia. (Há um buque lento de três horas mais barato).

Recomenda-se que se chegue uma hora antes do embarque para o check-in e a imigração. Chegamos um pouco depois disso e pegamos uma fila grande e depois subimos para fazer a imigração. Na mesma cabine, o fiscal argentino carimba a sua saída no passaporte (caso o use) e um fiscal uruguaio carimba a entrada, o mesmo ocorre na volta em ordem contrária. 

Quando entramos, havia assentos vazios apenas perto dos banheiros no segundo andar, em uma área sem janelas e foi onde ficamos. Se você viajar em família e quiser um bom lugar (com vista) recomendo que chegue mais cedo, pois os assentos não são numerados e cada um se senta onde quer. Achei isso meio chato. Nem todos os buques têm a mesma disposição de assentos e, na volta, só havia lugares isolados e os membros das famílias tinham que se sentar longe uns dos outros. Há uma primeira classe que fica quase vazia, mas o preço não deve compensar o tempo curto de travessia. Muita gente fica circulando no interior do buque para comprar algo na lanchonete ou no free shop. Eu não ligo para isso, mas há quem goste.

Não há muito o que ver durante a viagem. Só o rio de la Plata de todos os lados, mas como ainda estava com o Maldita Guerra, do Francisco Doratioto, fresco na minha memória, não consegui deixar de pensar que estava cruzando um rio onde muita coisa já aconteceu, o que não deixa de ter a sua emoção.

O engraçado foi a chegada. A mensagem que ouvimos foi: "Informamos que os passageiros devem permanecer sentados até que o desembarque seja autorizado". Ok. Ficamos sentados esperando até que começamos a achar que a espera estava demorando muito, olhei para os bancos detrás e não havia mais ninguém além de uns estrangeiros com cara de que não estavam entendendo nada. Nós nos levantamos e quase todo mundo já tinha saído. Passamos pelos estrangeiros que nos seguiram.  Enfim, alguém se esqueceu de avisar que já podíamos descer e, como estávamos longe da saída, ficamos bestamente mofando lá dentro. (Na volta, estávamos sentados perto da saída e vimos como todos respeitam o "permaneçam sentados").



Como só peguei o day tour sem o "tour" propriamente dito, acabamos alugando um carro na locadora do terminal e esse foi o grande dissabor de nosso passeio. A ideia inicial era alugar um tipo de carrinho de golfe para passear pela cidade durante algumas horas (também é possível alugar bicicletas e motos), mas como estava ventando e havia sol, O. preferiu ficar com o carro porque o achou mais confortável. Os preços eram em dólares bem inflacionados e, como garantia, deixamos o carbono do cartão de crédito. 

Colonia é uma cidade pequena, a área turistica, o centro histórico propriamente dito, fica um pouco afastada do terminal e é interessante alugar algum meio de transporte para ir até lá, ou mesmo pegar um táxi, especialmente se houver crianças ou pessoas idosas. Fora passear pelas suas ruas de pedra, ver as construções e comer algo em uma mesa ao ar livre, não há muito o que fazer. Com exceção dos estabelecimentos comerciais, as casas do centro histórico não parecem ser habitadas, elas estavam todas com portas e janelas fechadas, o que achei uma pena. Há alguns museus, mas acabamos não entrando em nenhum deles.

Pagamos 4 pesos argentinos para subir as escadas estreitas do farol e vimos a cidade lá de cima. (A maioria dos estabelecimentos aceita pesos uruguaio, argentino, dólares e mesmo reais, pergunte antes). Recomendação: não suba com uma saia curta se não quiser mostrar mais do que deseja ou se tiver problemas de claustrofobia, use sapatos confortáveis.



Vista do centro histórico do farol, terminal do buquebus ao fundo.



A Calle de los suspiros é famosa por ter sido a antiga "rua da luz vermelha" local, se não fosse por isso, passaria despercebida, mas como todos tiram fotos dela (e particularmente desta casa) eu segui a tradição.




Almoçamos no centro histórico e fomos de carro até uma feira de artesanato marcada no mapa que recebemos na locadora e até o shopping local. A feira era bem sem graça, algumas barracas com objetos de couro, pano, lã, etc., e o shopping é bem pequeno, mas bom para quem quiser usar o wifi gratuito. 



 Uma espécie de praia na margem do rio. Colonia é um lugar tranquilo, com ar nostálgico...



... onde os cães dormem sossegados. (Eles mereciam uma foto, não mereciam?).



Depois de nossa experiência na ida, resolvemos chegar mais cedo para embarcar na volta. Antes disso, paramos em um posto para encher o tanque do carro como era o combinado com a locadora e a bomba já ultrapassava os 5 litros quando o O. pediu para o frentista parar, rodamos cerca de 25km e tínhamos recebido o tanque teoricamente cheio, mas obviamente aquilo não era verdadeiro, a menos que o nosso carro chinês "econômico" fosse um inveterado bebedor de combustível. 

O. tentou explicar a "ilógica" daquilo para o atendente da locadora, pois, primeiro, o tanque obviamente não estava cheio quando retiramos o carro, segundo, como eles apenas checam se as seis barras do mostrador de combustível estão iluminadas, uma pessoa pode perfeitamente entregar o carro sem colocar uma gota de combustível e a pessoa que pegar o carro depois poderá ter que colocar muito mais combustível do que efetivamente usou. Não esperávamos que o dinheiro fosse devolvido (na conversão para pesos do posto, pagamos quase R$5,00/litro), apenas que reconhecessem que aquilo não funcionava muito bem. Depois de uma discussão inicial onde ninguém se entendeu, o atendente disse que ia cobrar uma diária a mais porque tínhamos chegado duas horas depois do horário de fechamento, isso porque pegamos o carro por volta das 10:00h e voltamos às 15:00h do mesmo dia. Tivemos que explicar isso também. Pagamos a locação em dólares e ele devolveu o carbono com o número do cartão de crédito.

Acho que é mais tranquilo (e bem mais barato) alugar um carrinho de golfe ou veículos menores e pagar pela hora. Também há uma outra locadora do lado de fora do terminal, após a portaria. No fim, eu ficaria só com o táxi para ir e voltar do centro histórico. Ou compraria o pacote de buque + tour.

Apesar disso, foi um passeio gostoso.



 O buque da ida no terminal de Colonia


O interior do buque da volta

9.10.11

Voar é para os pássaros



Penso nisso cada vez que viajo de avião por várias razões, primeiro, você pode comprar a passagem com muito tempo de antecedência e de repente descobrir que seu voo sumiu porque uma conexão mudou de horário ou por qualquer outro motivo alguns dias antes da viagem. (Isso aconteceu conosco no ano passado e tivemos que mudar de aeroporto). Depois, é preciso chegar até o aeroporto. E há as filas, bagagens para carregar, vigiar, procurar. (Não consigo nem imaginar isso tudo com crianças pequenas). E ainda o voo pode atrasar, ser cancelado, etc. Sem falar naquela inevitável ansiedade nos pousos e nas decolagens. (Ou só eu sou assim?).


Até o aeroporto:

Desta vez, nossa estratégia foi deixar o carro em um estacionamento com traslado 24h que permitia que levássemos a chave. Há vários estacionamentos assim perto de Cumbica. Selecionamos três e acabei escolhendo aquele que achei mais fácil de chegar com o GPS (o que não é essencial, pois os sites sempre têm um mapinha), só liguei antes de sair de casa perguntando se ainda havia vagas na área coberta. (A área coberta, em geral, é basicamente um espaço com um toldo pelo qual você paga mais).

Chegamos, estacionamos e já fomos levados por uma van até o aeroporto. Na volta, ligamos assim que saímos da área de desembarque e a van veio nos buscar em cerca de dez minutos. Achei ótimo, bem melhor do que deixar o carro em um dos hotéis das imediações.




Comer no aeroporto:

Como chegamos perto da hora do almoço, pedimos um yakisoba e uma pizza no Viena e ambos eram sofríveis, a qualidade da comida é inferior àquela dos outros estabelecimentos da rede. O. foi para o Mcdonald's depois disso e comeu um croissant com um frapê de caramelo.

Alguém sabe onde é possível comer decentemente no Aeroporto de Guarulhos?


Comida no avião:

Na ida, recebemos um bolinho, torradas e polenguinho. Na volta, no horário do almoço, recebemos o lanche abaixo. Estava com tanta fome que até achei gostoso. Havia bastante turbulência e bebi minha água bem rápido para evitar acidentes. (O voo não estava tão cheio, mas, como sempre, havia pessoas carregando de tudo para dentro do avião, entre elas, duas mulheres com bolsas enormes e sacolas de compras que iam empurrando com os pés na fila da imigração, e também um rapaz com uma caixa inteira de uísque. O avião, hoje, é um ônibus com asas).

(Lembram do Airline Meals? O site onde os viajantes podem postar as fotos das refeições feitas durante os voos? Passem por lá se quiserem ver mais comida de avião).


 


Enfim, voar não tem nada de divertido.



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Mais informações (f)úteis:

Se embarcar em Ezeiza e tiver um cartão que permita o uso da sala Smiles, pergunte por ela na hora do check-in para que a atendente lhe dê um cartão para usar uma sala na área de embarque chamada "Salón de las Américas".

Contratei novamente o serviço do Taxi Ezeiza, fiz a reserva alguns dias antes de viajar e alguns dias antes de voltar quando estava na Argentina. A volta deveria sair em 120 pesos, mas recebi uma mensagem informando que eles estavam mudando os preços e que o traslado custaria 150 pesos (o mesmo valor da ida) e pediam que confirmasse se estava de acordo com isso. Concordei. Acho o serviço deles bastante profissional e os motoristas sempre foram nos buscar alguns minutos mais cedo do que o combinado no hotel.



Para ler durante o voo





8.10.11

Pequenos prazeres bonaerenses

No final, são os pequenos prazeres que fazem a diferença:



Beber águas saborizadas naturais no Tea Connection.


Comer medialunas no café da manhã (um croissant banhado em uma caldinha de açúcar, esse exemplar estava mais dourado do que o habitual)


Tomar sorvetes em qualquer lugar e beber taças de Malbec.

Entrar em livrarias em Buenos Aires é um prazer e também uma tortura, porque há uma variedade enorme de títulos à venda, vi até uma tradução para o espanhol de 1Q84, mas os preços são parecidos com os do Brasil e, por pão-durismo, acabei não comprando nada, também não passei por nenhum sebo.

Enfim, andar sem rumo pelas ruas, ouvir e ver o que ocorre ao redor, entrar nas inúmeras pequenas mercearias de chineses para examinar os produtos (e ser cumprimentada em chinês!).


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5.10.11

Cabrera Norte - Buenos Aires


Sempre ouvi falar na comida do Cabrera, um restaurante conhecido entre os turistas, e agora entendo sua reputação. Há dois Cabreras na rua de mesmo nome em Palermo, reservei uma mesa para o almoço no Cabrera Norte, o mais novo, mas o garçom me disse que não há diferença entre as duas casas. O ambiente é bem interessante, um "portenho estilizado" diria, com Piazzolla tocando no fundo.

(As fotos não ficaram muito boas).



O couvert tem vários pãezinhos e a comida é abundante. Pedimos um bife de chorizo de 450g para dividir, apesar de o garçom recomendar o de 850g, mas achamos o tamanho mais do que satisfatório para duas pessoas que comem moderadamente. Escolhemos batatas fritas como acompanhamento, mas nem era necessário, a carne vem com uma série de purês, saladas e molhos. (Além disso, a batata não estava boa, parecia ter sido frita em óleo não muito quente). 



Salada?


Purês de maçã, batata e abóbora, conserva de cebolinhas e alho


Pedir uma entrada, uma carne e um acompanhamento é para quem quer comer até a imbecilidade. A carne estava muito boa, no ponto e sem quase nenhuma gordura. Nem pedimos sobremesa. Pedimos café, ele estava ok. Uma "piruliteira" foi trazida à mesa quando pagamos a conta.


Boa experiência para os estrangeiros que vão para Buenos Aires.


4.10.11

Jardim Japonês - O restaurante


Fomos para um restaurante em Palermo de táxi, mas demos de cara com a porta fechada, jurava que ele estaria aberto para o almoço, mas acho que me enganei, alguns restaurantes têm horários de funcionamento diferentes dependendo do dia da semana. É bom sempre ligar antes. Isso aconteceu duas vezes conosco.

Como o jardim japonês estava no programa e estávamos nas imediações, acabamos almoçando no restaurante que funciona lá dentro. Pena que não havia mesas nas janelas que dão para o jardim.

Pedimos missoshiru e um combinado que deveria ter peixe branco, mas a garota que nos atendeu disse que só havia salmão. Não gostei do missoshiru nem do tempero do arroz do sushi, ele era mais ácido do que estou acostumada. A quantidade de wasabi era ínfima e pedimos mais. Só par constar, deve ter sido o missoshiru extra mais caro que tomei na vida.



A sobremesa foi um tempurá de sorvete (helado frito) com uma apresentação bastante "exótica". Ele vinha sobre uma porção de massa frita estilo mandiopan. O. adorou, eu achei a porção de sorvete pequena, mas se há um sorvete ruim na Argentina, ainda não o encontrei.


(Vista da cidade de dentro do jardim)

Acho que mais do que fazer uma refeição, é melhor entrar no restaurante para comer uma sobremesa e beber chá ou uma taça de vinho. 

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2.10.11

Hombre Vertiente - Buenos Aires


No ano passado fui ver Fuerza Bruta no Centro Cultural Recoleta, neste, assisti ao Hombre Vertiente. Como no caso do primeiro espetáculo, é vão tentar buscar um enredo. Li que ele é uma versão estendida de uma performance apresentada em uma exposição em Zaragoza em 2008 cujo tema era a água.




E há muita água, algo bem pouco ecológico.

Comprei ingressos no palco vip, onde é possível ficar sentado para que o O. fosse comigo. Quem fica na plateia na frente do palco corre o enorme risco de ser molhado por algum jato de água, no entanto, a experiência deve ser bem mais "interativa". (Como estava abafado lá dentro, eu não me incomodaria em me molhar um pouco).




Além da água, há efeitos visuais, música e animais infláveis. A experiência é interessante, algumas coisas são muito bem sacadas, mas alguns quadros poderiam ser mais curtos.



Se decidir ficar em algum dos palcos, prefira a primeira fileira, a visão é muito melhor. Ficamos na segunda fileira e logo que o espétaculo começou, algumas pessoas sentada atrás de nós simplesmente levaram suas cadeiras para a frente e se instalaram no que deveria ser o corredor apesar do ingresso delas ter custado menos.


Veja o clipe para ter uma ideia do que é Hombre Vertiente:




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1.10.11

A razão do sumiço


    
Sinto ter desaparecido sem explicações, passamos alguns dias em Buenos Aires e voltamos hoje. Quando estou em casa gasto boa parte do tempo na frente do micro lendo e navego na internet nos intervalos, mas quando viajo, costumo só dar uma checada no e-mail, fico com preguiça de fazer login no blogger. Mas agora retorno ao cotidiano, já com muitas roupas para lavar, compras para fazer e restos de comida congelada para comer ate lá.

Sobre a viagem, bem, a primeira vez em outubro do ano passado foi uma espécie de lua de mel. Quase tudo era novo e lindo. Acho que desta vez vimos a cidade com olhos mais realistas. Adoro as construções ao estilo europeu, as avenidas largas, os estudantes com uniformes à la Carrossel, os passeadores de cães, os ônibus com pintura de lata de bala, as avenidas enormes, a maneira como as pessoas se vestem com mais apuro. No entanto, não gosto do lixo e dos "presentinhos" dos cães nas calçadas, das filas e do atendimento na maior parte dos lugares. Foram raras as vezes em que não tivemos que pedir a conta mais de uma vez nos restaurantes (apenas no jardim japonês nós a recebemos enquanto esperávamos pela sobremesa, sem que a tivéssemos pedido).





Encaixamos um day tour em Colonia del Sacramento, no Uruguai, algo que teve suas boas surpresas e alguns acontecimentos frustrantes (mais sobre isso depois). Levei o O. a alguns lugares que visitara sozinha no ano passado, como Puerto Madero e o Jardim japonês, comemos bife de chorizo com batata frita, assistimos a um espetáculo "diferente" no Centro Cultural da Recoleta e fechamos a estadia vendo Meia-noite em Paris, do Woody Allen, e foi lindo porque o filme é adorável, porque li e gostei de A moveable feast e Tender is the night, porque estava assistindo a um filme encantador em Buenos Aires e isso tudo me amoleceu e comecei a chorar quando o personagem principal encontra Ernest Hemingway em um bar (foi nesse exato momento que a mulher da fileira da frente atendeu o celular que tocava, mas tudo bem).



Passeei pelo Museu de Bellas Artes e pelo Cemitério da Recoleta (e não, não vi ou procurei o túmulo da Evita), programas que passaram batido da última vez. Chegamos à conclusão de que não conseguimos comer várias vezes seguidas em restaurantes, falta de aptidão física mesmo, e, como no ano passado, chegou uma hora em que começamos a cancelar reservas em restaurantes para ir até a pizzaria da esquina ou ao Tea connection para beliscar algo, rolou até uma farofagem no quarto. Confesso que nossas refeições não foram lá muito brilhantes.




 


Voltamos a nos hospedar no Howard Johnson da Recoleta, hotel de que gostamos muito no ano passado, mas desta vez tenho algumas ressalvas, apesar de termos feito a reserva com uma boa antecedência, pedindo um andar alto e uma única cama, chegamos à noite e fomos encaminhados para um quarto no primeiro andar com duas camas. O pior é que o quarto ficava exatamente ao lado de uma construção da prefeitura que não parece ter data para terminar, primeiro fomos despertados pelos nossos vizinhos que iam fazer check out lá pelas três da manhã e depois por algumas marteladas lá pelas seis e meia. Reclamamos no dia seguinte e fomos para um quarto alguns andares acima, ele era um pouco mais silencioso, pero no mucho. Então, se alguém for ficar no HJ, aviso que os quartos dos andares mais baixos e com numeração par podem ser meio barulhentos. Acho que o quarto mais silencioso é aquele em que ficamos no ano passado, o número 3 de cada andar.

Não tínhamos uma programação muito definida. Também pegamos um câmbio não tão favorável, como diz a Quéroul, quem converte não se diverte, mas a frase: "tinha que ser justo agora!", não saía da nossa cabeça.

Em suma, foi uma viagem com seus altos e baixos e voltamos mais cansados do que quando saímos.

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