24.10.12

Biscoitos com frutas secas e gergelim


Juntei alguns ingredientes da despensa e improvisei um biscoito para matar a vontade de comer algo doce. Usei restos de frutas secas (tâmaras e damascos) e completei com um pouco da gordura com tahine. Como já estava no tema, adicionei um pouco de gergelim à massa. O sabor do tahine sumiu, mas o gergelim foi uma adição boa. Os bicoitos ficaram bem gostosinhos.



Biscoitos com frutas secas e gergelim

1 x farinha de trigo
1/2 x de farinha integral
50g de manteiga à temperatura ambiente
2 c sopa cheias de tahine
2/3 x de açúcar mascavo
1 ovo
1 c chá de bicarbonato de sódio
2 c sopa de gergelim
1/3 x de frutas secas picadas (podem sem damascos, tâmaras, figos ou passas, usei tâmaras e damascos)

Misture a manteiga e o tahine com o açúcar, adicione o ovo, as farinhas e o bicarbonato. A massa deve ser macia e fácil de manusear. Adicione o gergelim e as frutas secas. Faça bolinhas, achate ligeiramente e coloque-as sobre uma assadeira ou refratário (não precisei untar). Asse até que que os biscoitos dourem. 



22.10.12

Salada de beterraba e abacate


Salada que combina sabores e texturas de que gosto bastante. Beterrabas assadas e cubos cremosos de abacate. Como tempero, fiz um molho usando shoyu para o salgado, vinagre balsâmico para um pouco de acidez, mel para realçar o adocidado da beterraba e azeite para dar uma untosidade a tudo.


20.10.12

Esfiha


Achei uma receita muito boa de esfiha, a massa é fácil de trabalhar, fica leve depois de assada e nem precisei polvilhar farinha na hora de abri-la com o rolo. Algumas das esfilhas "vazaram", mas acho que meu problema é querer usar recheio demais e massa de menos. Fiz 1/3 da receita.



Esfiha

Massa
1 kg de farinha de trigo
10 g de fermento biológico seco instantâneo
1 copo (americano) pela linha de óleo (150 ml)
2 copos de leite (300 ml)
3 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de sal
3 ovos

Recheio
1/2 kg de carne moída crua
2 cebolas picadinhas
2 tomates picadinhos sem sementes
sal a gosto
pimenta-do-reino a gosto
suco de limão a gosto
hortelã picada a gosto


Modo de Preparo

Para a massa, coloque em uma vasilha o fermento e o leite morno. Mexa até o fermento dissolver. Depois, acrescente o óleo, o açúcar, o sal e as claras (reserve as gemas). Misture bem. Acrescente aos poucos a farinha de trigo até a massa desgrudar dos dedos. Sove bastante em uma superfície levemente enfarinhada. 

Em seguida, faça bolinhas do tamanho da mão em concha. Coloque-as numa superfície polvilhada com farinha de trigo e deixe descansar por 30 minutos.

Depois que as bolinhas dobrarem de volume, abra com rolo como se fosse fazer pastéis (o formato deve ficar redondo). Misture os ingredientes do recheio e coloque no centro dos discos de massa. Feche formando um triângulo. Coloque as esfihas em uma assadeira e pincele com as gemas. Deixe descansar por mais 5 minutos e leve ao forno, pré-aquecido, até dourar.

19.10.12

Osamu Dazai - Justiça e sorriso


E continuo lendo Osamu Dazai.

Minha tradução do título original ficou horrível, mas foi a primeira coisa que me ocorreu. Seigi to Bishou é o diário de um jovem de dezesseis anos que procura encontrar seu caminho. Ele escreve sobre suas frustrações com a idiotice dos outros e a falta de sentido das coisas. Quem já foi adolescente, ou continua vivendo uma longa adolescência, entende do que se trata.

Sua mãe tem uma doença que parece ter um fundo mais histérico do que real, seu pai faleceu há alguns anos, a irmã se casou e mora em outro bairro de Tóquio. Seu irmão mais velho é um aspirante a romancista e passa as noites escrevendo, o relacionamento entre os dois é muito bom.

Dinheiro não parece fazer falta à família, pois os rapazes podem se dar ao luxo de fazer o que tiverem vontade. O autor do diário entra em uma faculdade, mas não gosta do ambiente. No fundo, sua ideia é tornar-se um ator. Ele presta exames para fazer parte de um grupo de teatro kabuki, é bem sucedido, deixa a faculdade e dedica-se ao teatro, mas não fica satisfeito. Há sempre uma nuvem escura em algum canto, logo depois que ele consegue aquilo que deseja, seu entusiasmo se desvanece e isso o deprime.

À medida que avançamos na leitura, vemos o garoto arrogante de dezesseis anos tornar-se um adulto. Qual a expectativa em relação ao futuro se não importa o que faça, tudo sempre acabará dando no mesmo? Continuar da melhor forma possível, conclui ele.

Parece a versão masculina de A estudante que li há algum tempo atrás. Gosto quando Dazai dá voz a adolescentes. Ele retrata bem os seus rompantes de alegria e tristeza, a forma como eles julgam o mundo em preto e branco,  ainda sem tons de cinza. Ele também não se esquece de descrever a profunda solidão desse período da vida. 



18.10.12

Um tipo de burrito recheado com feijão fradinho, abacate e carne de porco



Fiz uma porção de tortillas de trigo usando a receita de sempre. Uma salada de feijão fradinho cozido, abacate, tomate, cebola e coentro temperada com suco de limão e sal. Tiras de lombo grelhado (temperei com sal, limão e pimenta, cominho seria interessante, mas não tinha). É só juntar tudo, enrolar e comer. 


 A carne pode ser qualquer uma mesmo, aves ou peixes, a sobra do bife, um assado, etc. Os vegetarianos podem comer só com a salada de feijão e ainda complementar com alface picada, queijo, creme azedo, etc.


Se quiser economizar tempo, use um daqueles pacotes de wraps vendidos nos supermercados. Eu não gosto deles, tenho a impressão de que pegaram a massa do pão de forma e puseram-na sobre uma chapa, mas admito que quebram o galho de vez em quando.



16.10.12

Bacalhau gratinado com legumes


Ou será que são legumes gratinados com bacalhau? Acho que depende da proporção dos ingredientes. Desculpem, mas ando sem paciência para anotar quantidades e medidas exatas. O que fiz foi levar abobrinhas, pimentão vermelho e cebolas fatiados e temperados com sal, pimenta e azeite para assar até que ficassem macios. Retirei do forno e juntei algumas batatas cozidas inteiras em água e sal, descascadas e cortadas em fatias meio grossas. Adicionei o bacalhau em pedaços já demolhado (deixado de molho, aferventados, sem pele ou espinhas, o de sempre), misturei tudo com cuidado e corrigi o tempero juntando uma pouco mais de azeite. Coloquei a mistura em um refratário e cobri um um molho branco (manteiga, farinha, leite, noz moscada, sal) ao qual havia juntado meio copo de requeijão. Polvilhei parmesão ralado e levei ao forno para gratinar. 

Legumes podem ser variados, proporções podem ser variadas, mais requeijão e mais queijo podem ser adicionados. Costumo usar um molho branco com uma consistência não muito firme para que o resultado final após o forno seja mais cremoso. 

Ficou gostoso, mas mudaria algumas coisas: ao invés de levar a cebola para assar junto com os outros legumes, eu a teria refogado em azeite com um pouco de alho picado e o bacalhau, temperando tudo com sal e pimenta antes de juntar aos legumes assados. Também teria assado as batatas cortadas em cubos temperadas com sal, pimenta e azeite, ao invés de cozinhá-las, achei que ficaram meio sem graça cozidas.



15.10.12

Outro pão integral com aveia


Pão simples, sem segredos. Quase sempre moldo pães menores para congelar e aquecer no micro-ondas, 30-40 segundos e tenho um pão quentinho. O. prefere pão de forma integral industrializado para colocar na torradeira.

Já não vivo sem pão caseiro. Sinto muita falta, muita. O pão caseiro resseca mais rápido, mas o sabor é tão bom!




Outro pão integral com aveia

1/2 chá de fermento biológico instantâneo seco
1 x de água morna
1/3 x de açúcar mascavo
1 c chá rasa de sal (mais ou menos de acordo com sua preferência)
1/3 x de azeite de oliva
1 x de farinha de trigo integral
1 x de flocos de aveia
entre 1 1/2 - 2 x de  farinha

Misture o fermento, a água e o açúcar mascavo em um recipiente grande e espere o fermento subir e espumar. Isso leva uns 10-15 minutos. Junte os demais ingredientes adicionando a farinha aos poucos enquanto mexe com uma colher de pau até obter uma massa fácil de manusear e sovar com as mãos. Sove durante alguns minutos. (Para ser honesta não sovo muito, apenas o suficiente para que os ingredientes fiquem bem incorporados). Molde uma bola com a massa, cubra o recipiente com um pano de prato e deixe crescer até dobrar de volume. Geralmente deixo umas 4 horas. Molde a massa no formato desejado, coloque sobre uma forma levemente enfarinhada e deixe crescer novamente. Asse até dourar.





13.10.12

Pêssegos assados


Essa é a forma como preparo quase todas as frutas que consumo mornas. Misturei mel e azeite (um pouco mais de mel do que azeite), alecrim seco (pode ser fresco) e uma pitada de sal. Coloquei colheradas dessa mistura sobre algumas metades de pêssego e levei ao forno para assar.

Os pêssegos podem ser comidos assim mesmo, gosto de adicionar um pouco mais de mel quando eles são mais ácidos, servidos com iogurte, sorvete, granola ou mesmo como complemento de uma salada de rúcula com nozes, queijo de cabra e um molho para dar um toque ácido.

O alecrim pode ser substituído por tomilho ou anis.

12.10.12

Das garrafas


Se há algo que não consigo fazer com muita facilidade, é jogar garrafas, latas e vidros usados fora. Moro longe dos centros de coleta para reciclagem e mesmo que fosse juntando os vidros para levá-los até lá, o O. provavelmente não gostaria da ideia de encher o carro com "lixo". Mas meu apego por garrafas e potinhos nem sempre está relacionado a valores ecológicos, muitas vezes, ele é puramente estético. Acho algumas garrafas e latas bonitas e acabo conservando algumas para usá-las como vasos ou simplesmente deixá-las em uma estante. Como seu número foi crescendo e temi que o O. acabasse jogando tudo fora para abrir espaço para suas novas aquisições, botei tudo dentro de uma caixa na esperança de um dia ter espaço para elas. 

Para minha alegria, tenho visto muitos sites e blogs de DIY ("do it yourself", "faça você mesma") americanos em que vidros de conserva são usados como copos para servir coquetéis e sobremesas, ou como vasos de centro de mesa, e me senti vingada, afinal, sempre usei os copos de requeijão e nunca entendi a razão de jogar bons vidros  e latas fora quando tanto trabalho e material foi empregado na sua elaboração. E, convenhamos, quando você compra um produto, não paga apenas pelo conteúdo, mas também pela embalagem. 

Além do aumento da consciência ecológica, os americanos estão em uma situação que não permite desperdícios e exige criatividade para driblar gastos supérfluos, por isso, atualmente é "trendy" reciclar, usar caixas de frutas como mesinhas, botar um laço no vidro de geleia e enchê-lo de flores quando há festas, acho essas soluções muito racionais, além disso, algumas ideias são encantadoras. Não sei se isso funcionaria por aqui, pois ainda estamos na fase em que consumir é essencial e tudo deve ser novo e vistoso, mas tenho minhas esperanças.

Infelizmente, ainda jogo muita coisa fora por questões de espaço, mas quero melhorar.


8.10.12

Chile, vinícolas, dia 3

Saímos às 8h30 em direção ao vale de Casablanca, localizado entre Santiago e Valparaíso. Trajeto até curto de cerca de uma hora. Havia uma profusão de flores amarelas crescendo às margens da rodovia, não tirei fotos, mas nos disseram que elas se chamam dedais de ouro.

Paramos em um pequeno restaurante no meio do caminho e comemos uma empanada chilena acompanhada de um vinho levado por nosso guia. O. gostou tanto do instrumento usado por ele para aerar o vinho que acabou comprando um para trazer de volta.


Era cedo para uma refeição assim com "sustância", mas a empanada era muito boa, assada em um grande forno de barro, com gosto caseiro e carne bem temperada. Ia bem com o carmenère.


Mas o melhor era o molho chamado pebre com o qual a empanada foi servida. Uma mistura de sabores ácidos e picantes. Quase todas as receitas que vi na internet levam tomates, mas o que comemos definitivamente era feito sem eles.


Depois da empanada, paramos na vinícola Emiliana e nos juntamos a um grupo que participava da visita organizada pela casa. A guia dá uma pequena volta pela propriedade e explica a filosofia da vinícola, que segue princípios da agricultura orgânica e algo que eles chamam de agricultura biodinâmica.

Galinhas são usadas no controle das pragas. Os galinheiros são móveis e podem ser levados até os pontos onde há alguma infestação de insetos ou lagartas. Galinhas bem gordinhas e apetitosas, diga-se de passagem.



As alpacas ficam em um cercado e são soltas para pastar entre as videiras.



Os cortes, a rega, várias etapas do cultivo são determinadas de acordo com a posição dos astros, eles prestam uma atenção particular à posição da Lua entre as constelações.

Há vários canteiros de ervas que são transformadas em uma espécie de "adubo energético" (difícil encontrar uma palavra melhor) após passarem por um processo bastante curioso que envolve vísceras de animais, secagem, pulverização. Achei a coisa meio "esotérica". (Tive a impressão de que ter muito dinheiro e ser excêntrico são algumas das características dos proprietários de vinícolas).



Provamos dois brancos e três tintos sozinhos em uma sala no segundo andar da vinícola. Em geral, achei os sauvignons blancs do vale consideravelmente ácidos, leves e frescos, bons para acompanhar um ceviche ou um tartare, por exemplo. O tinto Coyam da Emiliana tem uma boa relação custo/benefício (menos de R$50,00 no Chile, não sei quanto custa aqui).


O almoço foi no restaurante de outra vinícola, a House Morandé, a uma pedrada da Emiliana. Cada prato foi harmonizado com um vinho, as porções eram pequenas, mas excelentes. Tudo muito bom. Acho que valeria a pena fazer uma parada para almoçar por lá. Como as demais vinícolas de Casablanca, a Morandé fica na beira na rodovia, basta parar e entrar.


Pãezinhos quentes, azeite com uma pitada de merquén, um tempero típico no Chile, manteiga e uns canapézinhos com uma espécie de ceviche.


Começamos com um ceviche de salmão


Depois uma fatia de presunto serrano com queijo


Risoto de lula en su tinta


Wagyu, molho de centola e wantan (não me lembro qual era o recheio, acho que era abóbora)


A sobremesa não estava incluída na harmonização, mas pedimos algo para dividir e tirar o salgado da boca.


Arrematamos tudo com um espresso curto, lá, ele é chamado de "ristretto", caso peça um "café negro", saiba que receberá um bom cháfé no estilo americano. Recebemos um ristretto ristrettíssimo. Sério, a menor quantidade de café que já vimos em uma xícara até hoje. Dois golinhos e finito. Mas era bom, bem forte, especialmente para quem não gosta de adoçar como nós.



Para finalizar, paramos na vinícola Indomita, nosso guia disse que o lugar valia mais pela paisagem do que pelos vinhos então nós nos sentamos em um dos sofás da varanda que oferece uma vista panorâmica do vale e abrimos uma garrafa de vinho branco da casa para fazer a digestão sem tomar parte em nenhuma degustação. A subida do estacionamento para a vinícola estava coberta por essas flores lindas.



A vista não é ruim, né?


À noite, jantamos uma salada meio sem graça, mas que quebrou o galho no próprio hotel.

***

Termino com outra bandeira do Chile. Vimos e provamos várias coisas diferentes. Em geral, come-se bem no Chile. Só não entendi muito bem o frisson em torno da "culinária peruana" no país, essa expressão aparece com frequência nas placas dos restaurantes.

Não me enchi de peixe e frutos do mar como tinha planejado, sempre acabava pedindo carne vermelha. Entretanto, não me arrependo. A carne era sempre muito boa, tão boa ou melhor do que aquela que provei na Argentina.


A capital não me agradou tanto nessa visita, mas há muitos passeios interessantes para se fazer ao redor de Santiago. Um dia ainda vou a Valparaíso e verei os Andes de mais perto, por exemplo. Também quero rever as videiras carregadas de frutas no outono. Enfim, não descarto um retorno.




5.10.12

Chile, vinícolas, dia 2

Nosso principal objetivo ao escolher o Chile era visitar algumas de suas vinícolas e, como seria impraticável beber e sair dirigindo um carro alugado pelas quebradas chilenas (onde a política em relação ao álcool e a direção é de tolerância zero), acabamos contratando um guia que organizou as visitas para nós. Foram dois dias bastante instrutivos e regados a vinho. No primeiro, fomos ao Vale de Colchagua, cerca de 2 horas ao sul de Santiago. Amanheceu chuviscando, com tempo fechado e muito frio nesse dia.

A estrada estava cheia devido ao horário (sim, existe congestionamento no Chile, mas ele é bem civilizado), depois de sairmos da região metropolitana, cruzamos alguns vilarejos e a paisagem começou a ser tomada por plantações de peras, ameixas e amêndoas. Chegamos na vinícola Montes por volta das 10h.



O tour começava com um passeio até um mirante de onde era possível ter uma visão panorâmica de toda a propriedade. Subimos na carreta de uma caminhonete aberta com bancos de madeira, eles estavam molhados e fomos chacoalhando em pé mesmo enquanto tentávamos ouvir as explicações da guia que falava baixinho. O frio era terrível e o movimento do veículo não ajudava em nada, um outro casal muito simpático de SP já estava lá quando chegamos e nos acompanhou nas outras visitas. Eles tinham alugado um carro e iam se hospedar no vale.


A vista era bonita, mas estava tão frio que não víamos a hora de ir para algum lugar mais abrigado.


As parreiras começavam a rebrotar e as frutas mesmo só viriam no outono. Espero retornar às regiões vinícolas nessa época.


O prédio da vinícola, como nos explicou a guia, foi construído de acordo com princípios do feng shui e as barricas com o vinho repousam em uma sala ao som de música gregoriana. Vários bonequinhos de anjos enfeitavam as mesas e a loja de vinho, mesmo o rótulo das garrafas traz um anjo, a guia disse que seriam representações do anjo da guarda de um dos proprietários.


A visita foi meio corrida porque um outro grupo de visitantes chegaria ao meio-dia e nós estávamos atrasados. Provamos alguns vinhos da linha Montes Alpha, mas não os achei tão bons quanto os que havia provado no Brasil. Eles não pareciam ter sido bem conservados após abertos. Vi um inseto, uma espécie de pequena abelha, dentro da primeira taça que iria provar e, discretamente, mostrei-o para a guia que fez uma troca. Isso se repetiu com a terceira taça, mas, àquela altura, acabei fazendo a degustação tomando o cuidado de não engolir o bichinho. 


Há um corredor lá dentro com as fotos dos maiores distribuídores dos vinhos da Montes nas paredes, o Ciro Lira, dono da Mistral está entre eles.


Saindo da Montes, fomos para a vinícola da Casa Lapostolle que produz o Clos Apalta, praticamente ao lado, as vinícolas ficam todas muito próximas umas das outras. Ela é da proprietária do licor Grand Marnier. O prédio é minimalista, funcional, artesanal e moderno ao mesmo tempo. Nosso guia disse que sua construção custou uma fortuna, pois ele foi feito sobre uma colina de granito que teve que ser dinamitada. E tudo para fazer um único vinho. As uvas são colhidas e cada bago é separado por mulheres antes de ir para os grandes tonéis abaixo.


O vinho depois é colocado em barricas menores que são levadas para salas em andares inferiores. Íamos descendo uma escada em caracol para ver cada uma das etapas. O guia da vinícola disse que eles perderam apenas duas garrafas na loja quando ocorreu o terremoto, sem nenhum dano estrutural, enquanto isso, a Montes ficou quase um ano sem receber visitas. (Desconfio que a tecnologia seja mais eficiente que o feng shui quando se trata de um terremoto).


Quando perguntamos o que era o objeto estranho com formato de ovo entre os tonéis, Fernando, o simpático guia da Clos Apalta explicou que aquele era um experimento. Um recipiente para deixar a uva fermentando feito com uma espécie de argila ou concreto. O resultado parecia ser um vinho mais mineral do que o dos tonéis de madeira.

 

Fizemos a degustação após descer dois lances de escada, cercados por barricas e sob uma abóboda iluminada por algumas poucas lâmpadas. A mesa de vidro no centro deixava ver a adega particular da proprietária no subsolo. Dois andares com várias garrafas de vinho cuidadosamente arrumadas. O que haveria lá dentro?


 As garrafas são abertas quando a proprietária aparece, ou pelo Michel Rolland, o enólogo da vinícola. Inveja.


Provamos dois vinhos da Casa Lapostolle antes de beber o Clos Apalta, o vinho da casa. Achei muito melhor do que o Almaviva e o Don Melchor que havia provado no dia anterior. Um vinho excepcional.


Fomos almoçar lá pelas 14h no restaurante da vinícola Viu Manent onde comemos e bebemos mais vinho. Pedi uma carne acompanhada de dois ovos fritos, cebolas caramelizadas e batatas assadas, tudo simples e muito gostoso. Depois de mandar dois ovos e metade da carne para dentro, estava cheia. Mas não tão cheia a ponto de dispensar a sobremesa. Pedi um flan (leche assada) e o O. pediu uma combinação de biscoitos com doce de leite e sorvete que me deixou babando. Como o outro casal nos acompanhou, fiquei com vergonha de ficar tirando fotos dos pratos. Passava das 16h quando terminamos e ainda tínhamos uma visita com degustação na vinícola, mas preferimos voltar para Santiago, não aguentávamos beber mais nada. A visita também começava com um passeio de charrete e o frio e o céu cinzento não nos animaram.

Nem jantamos à noite. Dormimos.