6.1.19

Os últimos murakamis

(Mais uma retomada deste blog há tanto tempo abandonado! Ainda há alguém aí?)

Acabei de ler um dos últimos romances (não posso dizer que seja o último porque as traduções nem sempre seguem o ritmo das publicações no Japão) de Haruki Murakami, Killing commendatore, é, li em inglês mesmo. Ele será publicado pela Alfaguara aqui no Brasil com o título O assassinato do comendador em, acredito, dois volumes como no Japão. O enredo até tem alguns elementos de suspense misturado com eventos misteriosos e inexplicáveis - além de comida, jazz e música clássica -, típicos das obra de Murakami, mas confesso que ele poderia ser bem mais enxuto, havia partes repetitivas e tediosas que acabava pulando para ir logo àquilo que interessava. O enredo é meio requentado, uma combinação de restos da geladeira murakamiana: uma adolescente enigmática, um protagonista abandonado pela mulher, um ser fantástico e onisciente, universos paralelos aos quais os personagens chegam descendo por algum buraco/poço, uma pitada de história mundial. Kafka à beira mar foi o último livro do autor de que gostei, aprecio os seus primeiros trabalhos, mas depois de Kafka, as coisas mais interessantes que li foram os ensaios sobre a escrita nos quais ele explica sua visão do processo criativo e seu ofício como autor e as conversas sobre música com o maestro Seiji Ozawa. Também há um conto em Men without women de que que gosto, "Samsa in love".

Atualmente prefiro narrativas mais "ágeis", Querida konbini, de Sayaka Murata, por exemplo, é curta e "redondinha". Também li Ouça a canção do vento / Pinball, 1973, livro que lançou o Murakami no universo literário, e gostei, achei a narrativa muito mais gostosa do que ela é hoje. (Li a tradução para o francês). 

7 comentários:

Letrícia disse...

Eba!!! Eu estou aqui! Até comprei o último Murakami (baixei para o Kindle e ainda não li), mas meu preferido continua sendo Kafka à Beira Mar, disparado. Vou procurar os outros que você recomendou!

Beijos! Feliz 2019!

Marly disse...

Oi, Karen,

Que boa surpresa encontrá-la por cá! Gostei da resenha e agora terei que ponderar se vou investir o meu tempo nesta obra ou não, rsrs.

Feliz 2019!

Karen disse...

Obrigada por continuarem por aqui, Anônimo, Letrícia e Marly! Feliz 2019!

Aline I. disse...

Estou aqui ainda!! Inclusive, conheci o Murakami neste cantinho. Já li todos os livros publicados em português e esperando ansiosamente pela próxima tradução.

aline naomi disse...

Que ótimo que voltou, Karen!
Também preciso voltar pro meu, fico só enrolando. Tanto tempo sem escrever, aí dá uma preguicinha voltar e fico pensando na utilidade/ necessidade/ razão de continuar um blog pessoal também.

Li "Minha querida kombini" e gostei muito. Fui ao lançamento na Japan House e a tradutora não pôde ir porque tinha entrado em trabalho de parto no dia do evento hahaha Mesmo assim, achei interessante o que foi falado lá.

Deixei Murakami um pouco de lado (não consigo acompanhar os lançamentos, são muitos livros!). E, pelo que você comenta, parece que ele se rendeu a uma fórmula (o prof. Assis falou brevemente sobre isso em aula - não sobre Murakami, mas de autores em geral). Às vezes os autores descobrem uma fórmula que funciona, que cativa os leitores e continuam nisso (ou seja, não inovam - ele não disse isso, mas foi isso que entendi). Não há problema nenhum, mas é meio isso que você comentou, às vezes pode se tornar cansativo.

Ano passado reli "Minha querida Sputnik" (é o meu preferido do Murakami e um dos livros preferidos em geral), mas tive a impressão de que ele enrola em algumas partes também - a oficina foi ótima para me tornar uma leitura melhor... às vezes me pego refletindo sobre a escrita das coisas... "isso eu cortaria", "aqui parece que faltou algo", "daria pra resumir isso aqui" etc.

Abraço!

Karen disse...

Obrigada pela visita Aline l.! Acho que ainda haverá muitos Murakamis pela frente. rs

Aline Naomi, também sempre me pego pensando se vale a pena continuar com os blogs, mas atualmente tem tanto blog, insta, tumblr "profissional", artificiais, sei lá, sinto falta dos blogs mais no estilo "diário", mais roots.

Conheço a tradutora de Querida Konbini de vista, ela fez mestrado na USP e morou um tempo no Japão.

Depois escreva sobre o que achou do curso! Abraço!

Mitie2014 disse...

Sempre que posso dou uma passadinha aqui...saudades dos blogs