24.8.08

Creme (não) brûlée de café

Ainda estou usando os ingredientes do cheesecake que não fiz. Estava evitando fazer sobremesas, mas O. ameaçou um motim se eu não preparasse algo doce, então, peguei a garrafa de 500ml de creme de leite que ia vencer na próxima semana e a usei em uma mousse de chocolate (foto abaixo) e neste creme de café que acabou sem a crostinha de açúcar queimado porque não tenho o maçarico culinário para isso. Agora O. não pode reclamar e estamos todos felizes. Ele pode encher a cara de açúcar e eu usei todo o creme de leite e ainda aproveitei as gemas que sobraram da receita de mousse.
O creme é delicioso mesmo sem o açúcar queimado e também é muito fácil de fazer, eu me inspirei em uma receita em francês que encontrei aqui.

Creme brûlée de café

4 gemas passadas por uma peneira
1/3 de litro de creme de leite fresco (cerca de 330ml)
1 c sopa bem cheia de nescafé em pó
100g de açúcar demerara
30 g açúcar demerara

Bata as gemas com o açúcar até que a mistura fique esbranquiçada.
Ferva o creme de leite e adicione o nescafé, misture bem.
Junte a mistura de ovos com o creme de leite. Distribua o creme em quatro ramequins pequenos. Coloque os ramequins dentro de uma forma grande com água quente e asse em banho-maria por cerca de 50min, ou até que as bordas do creme estejam firmes, mas o meio ainda dê uma "tremida" quando o ramequin for tocado.
Deixe esfriar, coloque na geladeira e, pouco antes de servir, polvilhe com o açúcar demerara e queime com um maçarico.

A mousse de chocolate

4.8.08

Suflê de fubá e queijo

Receita da embalagem de fubá, parecia tão fácil e eu precisava de um acompanhamento para o almoço, então não deu outra, acabei preparando o suflê. Só não tinha o queijo branco pedido e, como sempre, usei restinhos de queijo que estavam na geladeira. Ficou gostoso, achei a massa pesada, mas até que ela cresceu enquanto assava. Muito prática. Fiz meia receita.

Suflê de fubá e queijo

 
2 x de leite
1 x de fubá
1 c chá de sal
4 c sopa de manteiga
4 ovos (claras e gemas separadas)
1/2 x de queijo minas cortado em cubinhos (ou outro de sua preferência)

Unte uma forma refratária própria para suflê (ou seis ramequins pequenos) e reserve.
Coloque o leite em uma panela, junte o fubá aos poucos e misture bem. Leve ao fogo, mexendo sem parar, para não empelotar, até obter uma mistura lisa e consistente. Tempere com sal e acrescente a manteiga, tire do fogo e misture. Deixe amornar. Em uma tigela, bata as gemas, junte o queijo e miture ao fubá quase frio. Bata as claras em neve firme, adicione à mistura e com uma espátula, misture delicadamente. Despeje na forma e leve ao forno moderado (170), pré-aquecido, por 35-40 min ou até que o suflê fique fofo e dourado na superfície. Sirva em seguida.


Bola de sebo e outros contos - Maupassant



Bons livros levam a outros livros, isso é inevitável. Após os elogios feitos por Nagai Kafu aos textos de Guy de Maupassant, não podia mais ignorar a existência deste último. Tinha um livro com alguns contos traduzidos e comecei a folheá-lo para conhecer o autor e gostei de tudo o que li. As histórias são muito bem contadas, muito boas mesmo. O autor mostra personagens bem humanos, com mais fraquezas e vícios do que virtudes, ardilosos e ignorantes.

Gostei muito de Bola de sebo, A pensão Tellier, Em família e Miss Harriet. Este último conto é muito bonito e delicado. Um dos últimos textos, Horla, é um conto fantástico muito interessante que talvez destoe um pouco do tema dos contos recolhidos no volume, pois a maioria trata de relacionamentos, mas é interessante observar como Maupassant constrói a história.

Acho essa descrição do Sr. Caravan, do conto Em família, muito bem feita:

“Estava velho agora, e não tinha sentido passar a vida, pois o colégio fora continuado pela repartição, e os bedéis, ante os quais ele tremia outrora, achavam-se hoje substituídos pelos chefes, a quem temia horrivelmente. A vista desses déspotas de gabinete o fazia estremecer dos pés à cabeça; e, desse contínuo terror, ficara-lhe uma maneira desajeitada de se apresentar, uma atitude humilde e uma espécie de gaguice nervosa.”

E este trecho de Monsieur Parent:

“Ele envelheceu entre o fumo dos cachimbos, perdeu os cabelos sob a chama do gás, considerou como acontecimentos o banho de cada semana, o corte de cabelo de cada quinzena, a compra de um traje novo ou de um chapéu. Quando chegava à sua cervejaria com um chapéu novo, contemplava-se longamente ao espelho antes de sentar-se, punha-o e tirava-o várias vezes seguidas, acomodava-o de diferentes modos, e perguntava enfim à sua amiga, a caixa do estabelecimento, que o olhava interessada: ‘Acha que me assenta bem?’
 Duas ou três vezes por ano ele ia ao teatro, e, no verão, passava algumas vezes as suas noites num café-concerto dos Campos Elíseos. De lá trazia na cabeça árias que cantavam no fundo de sua memória durante várias semanas e que ele chegava mesmo a cantarolar, batendo o compasso com o pé quando se achava sentado ante seu chope.
Os anos se sucediam, lentos, monótonos, e curtos porque eram vazios.”