19.11.08

Lendas e fábulas - Selma Lagerlöf

Devagar, bem devagar, li uma tradução alemã do livro de lendas e fábulas da Selma Lagerlöf, uma escritora sueca e a primeira mulher a ganhar o Nobel de literatura em 1909. Suas histórias são povoadas por sonhos, premonições, goblins, espíritos e outros seres sobrenaturais, muita coisa inspirada nas histórias e lendas que ouviu durante sua infância.
Sempre tive uma grande paixão por lendas, contos, fábulas e mitos e era natural que gostasse deste livro, claro que as histórias não são doces e nem sempre têm finais felizes, ao contrário, muitas vezes elas se assemelham mais a pesadelos, como a história do proprietário de terras que perde uma aposta feita com o espírito que mora em sua casa ou a do troll que troca o bebê de uma mulher por seu próprio filho. Outras histórias tratam de injustiças reparadas, o cristianismo contra o paganismo, etc.


10.11.08

O novo capitalismo segundo Richard Sennett

Richard Sennett é um professor de sociologia da Universidade de Nova Iorque, meu primeiro contato com sua obra se deu quando escrevia meu mestrado, seu O Declínio do homem público foi muito útil para minha pesquisa e me deu uma idéia de como era a Europa por volta do século XVIII, período em que as cidades começavam a se modernizar e a se desenvolver com a criação de espaços públicos onde as pessoas das mais diversas classes e condições sociais podiam interagir com liberdade, sem precisar dizer quem eram ou de onde vinham. Os cafés, as praças, os teatros, etc., teriam mudado a forma como as pessoas avaliavam umas às outras, pois eram ambientes que qualquer um podia frequentar e onde cada um podia "reinventar" a si mesmo, ao contrário dos ambientes da corte, onde todos deviam obedecer regras de etiqueta e de hierarquia.

Os anos se passaram e reencontrei Sennett há pouco, li The culture of the New Capitalism e The corrosion of character, dois longos ensaios que abordam praticamente o mesmo tema: as exigências do capitalismo e como elas afetam a vida das pessoas. Para quem trabalha em grandes empresas hoje em dia, tudo o que Sennett diz talvez não seja nenhuma novidade. Ele escreve sobre como as idéias de flexibilidade, ausência de rotina e risco, por exemplo, apesar de suas conotações positivas, acabam por gerar ansiedade.
Trabalhar com horários "flexíveis", ser parte de grupos que duram apenas o período de elaboração de um projeto, ter que provar a si mesmo a cada nova etapa, segundo Sennett, a princípio, seriam noções positivas, mas quando essas situações se repetem ao longo de toda a vida ativa, o que as pessoas sentem é que não possuem apoios, não podem repousar e que a narrativa de suas suas histórias é feita de recortes e não constituem uma totalidade coerente. Não é possível estabelecer laços de amizade no emprego porque os grupos se desfazem rapidamente e, como todos praticamente "competem" entre si, não é possível confiar em ninguém. Como os empregos são flexíveis e as mudanças são constantes, também não há como estabelecer uma identificação com o trabalho, não haveria mais carreiras no sentido pleno da palavra. O que se valoriza é o potencial, o momento, não a história pessoal e as glórias passadas; a atitude positiva, o responder "sim" a tudo. No passado, a hierarquia formava uma pirâmide, mas cada um sabia onde estava e quem mandava, já o novo modelo seria parecido com um disco rígido, com um centro indefinido de onde partem ordens.

Apesar de Sennett afirmar que as condições de trabalho do passado não eram as melhores, ele parece saudosista quando diz que a ansiedade era menor e que ao menos as situações tinham contornos mais definidos do que hoje. Apesar da rotina, ainda havia a vida em comunidade e o consolo de pensar que o esforço servia para melhorar a vida dos filhos. Hoje, no entanto, mesmo quem se formou e encontrou um emprego não tem garantias e precisa se aprimorar todos os dias para não ficar para trás, o que gera um bando de pessoas frustradas e insatisfeitas consigo mesmas.

Em suma, o novo capitalismo favore quem é jovem, ambicioso e com boa formação, mas para quem chega à meia-idade, ele é extremamente cruel.

1.11.08

Bolo de batata a Jore

Passeando aleatoreamente pelos blogs de culinária eu me deparei com esta receita da Cozinha da Tia e ela me pareceu tão apetitosa e simples que acabei por prepará-la aqui em casa. As batatas ficaram deliciosas. Usei menos batatas, o suficiente para duas pessoas, e ajustei os demais ingredientes, por isso, acho que o "bolo" não ficou muito alto. (Também tive um "branco" e só lembrei do sal na última camada... rs)

Bolo de batata a Jore

8 batatas médias
30 g de manteiga
2 c sopa de azeite
1 dente de alho esmigalhado
1/2 c chá de pimenta moída na hora (pimenta verde, rosa, branca, preta...)
200g de pão integral bem picado
200g de parmesão ralado
sal
orégano

Unte uma forma de fundo removível com manteiga. Descasque as batatas e corte em rodelas finas. Misture o pão com o queijo, se possível, passe pelo liquidificador para diminuir os pedacinhos de pão (como usei pão duro, deu para ralar no ralador manual).
Numa frigideira, derreta a manteiga com o azeite em fogo baixo, acrescente o alho e a pimenta. Desligue o fogo assim que o alho dourar.
Na forma, comece com uma camada de batatas, coloque um pouco de sal sobre as batatas, pincele-as com a mistura de manteiga, salpique com a mistura de pão e queijo, regue com um pouco de azeite e um pouco de orégano. Faça novamente a camada de batatas e vá alternando, terminando com o queijo e orégano.
Deixe assar no forno (cerca de 200C) por 1 hora, ou até que as batatas fiquem macias.