Andar de ônibus é meu momento de meditação, ou melhor, de inquietação. Observar as casas, os postes e as pessoas através da janela, a presença dos outros passageiros, toda essa familiaridade desperta meu desejo de outros ares: praias caribenhas, mercados de peixe em Zanzibar, ruelas napolitanas. Mas aí me lembro do que escreveu sabiamente Mario Quintana:
"E quando, morto de mesmice, te vier a nostalgia de climas e costumes exóticos, de jornais impressos em misteriosos caracteres, de curiosas beberagens, de roupas de estranho corte e colorido, lembra-te que para alguém nós somos os antípodas: um remoto, inacreditável povo do outro lado do mundo, quase do outro lado da vida - uma gente de se ficar olhando, olhando, pasmado... Nós, os antípodas, somos assim." (Do inédito, in: Sapato florido).
E suspiro, porque parece mais simples deslocar meu corpo do que mudar a forma como veem meus olhos.
3 comentários:
Ahhhh... sábio Quintana! :)
Vai entender... rs
Amei o bolo gelado de coco! Fiquei com água na boca!
Aline, sábio mesmo! ;)
Talita,o bolo de coco é muito bom! Deu até saudade! (suspiro)
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