23.2.12

Procurar o quê? - Carlos Drummond de Andrade



Ganhei a coleção de presente. Gosto muito de coletâneas de poemas, agora tenho quase todos os meus favoritos em versão completa: Pessoa, Bandeira, Quintana, Emily Dickinson e Drummond. Fica faltando o Bukowski por quem me apaixonei recentemente.

Não conhecia este poema:


Procurar o quê?

O que a gente procura muito e sempre não é isto nem aquilo. É outra coisa.
Se me perguntam que coisa é essa, não respondo, porque não é da conta de ninguém o que estou procurando.
Mesmo que quisesse responder, eu não podia. Não sei o que procuro. Deve ser por isso mesmo que procuro.
Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeiras, nas gretas do muro, nos espaços vazios.
Até agora não encontrei nada. Ou encontrei coisas que não eram a coisa procurada sem saber, e desejada.
Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito, porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda.
Ele tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas. Eu tropeço no possível, e não desisto de fazer a descoberta do que tem dentro da casca do impossível.
Um dia descubro. Vai ser fácil, existente, de pegar na mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino forma, cor, tamanho. Nesse dia vou rir de todos.
Ou não. A coisa que me espera, não poderei mostrar a ninguém. Há de ser invisível para todo mundo, menos para mim, que de tanto procurar fiquei com merecimento de achar e direito de esconder.

12.2.12

Moonwalk with Einstein - Joshua Foer



Outro livro da lista de best sellers 2011 da Amazon. Sim, gosto de listas. Antigamente tinha o projeto de ler todos os livros de uma dessas listas de "melhores livros do Ocidente" e tal, mas acho que desisti quando não consegui passar de algumas páginas do Ulisses de James Joyce

Sou mais realista hoje. Mas listas ainda me atraem. Fiquei interessada em Moonwalk with Einstein depois de ler sua sinopse, o autor é um jovem jornalista que vai cobrir uma competição de "atletas da memória" que ocorre anualmente nos Estados Unidos para uma revista e, um ano depois, participa da mesma competição e sai vitorioso.

Na ocasião, um dos participantes da competição lhe diz que qualquer um pode desenvolver sua capacidade de memorizar, basta treinar e ter disciplina. No início, Joshua se mostra cétido, mas resolve treinar para desenvolver sua memória. O livro conta a sua experiência, suas pesquisas sobre o assunto e seus encontros com pessoas consideradas excepcionais por sua capacidade de memorização.

Ele logo descobre que realmente é possível memorizar uma grande quantidade de informação empregando algumas técnicas que já eram conhecidadas desde a Antiguidade e mesmo na Idade Média, quando livros e textos eram raros e as pessoas precisavam reter informações de outra forma. As técnicas consistem basicamente em fazer associações, criar imagens e dispô-las em "palácios da memória", imagens mentais de lugares familiares ou imaginados. Por exemplo, quando alguém recebe uma lista de objetos para memorizar, pode imaginar sua casa ou a casa de algum conhecido e ir dispondo os objetos pelos cômodos, quanto mais chamativos ou extravagantes forem as associações, mais elas se fixarão na mente. Quando precisar acessar a lista, basta refazer o caminho mental pelos cômodos e os objetos estarão ali.

Já tinha ouvido falar nos tais "palácios da memória", até tenho um livro sobre o assunto escrito por um religioso vetusto em algum lugar aqui em casa, mas nunca me animei a lê-lo, pois ele me parecia extremamente chato. Já o livro de Joshua é bem escrito e informativo.

O autor prova que é possível memorizar os naipes de um jogo de cartas, poemas e vários números com disciplina e treino. As técnicas exigem concentração e permitem que determinadas informações sejam retidas de forma mais efetiva na memória, mas issso não significa que uma pessoa não se esquecerá mais de onde deixou as chaves do carro ou por que abriu a geladeira. O próprio autor concorda que não há muitas ocasiões para se empregar as técnicas de memorização na vida real agora que temos celulares, computadores, internet, etc., mas ele acha que elas tornam quem as conhece mais atento àquilo que ocorre ao redor, consequentemente, suas observações podem tornar-se mais ricas.

O livro foi traduzido para o português e manteve apenas o subtítulo: A arte e ciência de memorizar tudo. Ficou com pinta de livro de autoajuda, algo que ele não é.

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6.2.12

Charles Bukowski - You get so alone at times that it just makes sense



Charles Bukowski faz parte daquela tradição de beberrões, boêmios de vida difícil salvos pela literatura ou de caras que se tornaram beberrões e boêmios porque escolheram viver para a literatura. Ele me lembra um pouco o alter ego de Roberto Bolaño em Detetives Selvagens, alguém sem emprego fixo, meio andarilho que passa o dia fazendo trabalhos sem futuro e gasta o resto do tempo datilografando textos em quartos sufocantes. Amo a ambos por extraírem tanto de suas observações cotidianas, de suas vidas, das experiências de sua carne.

You get so alone é uma coletânea de poemas de Bukowski, muito boa. Ainda não li seus romances, próximo item de minha interminável lista de leituras.



The stride

Norman and I, both 19, striding the streets of
night... feeling big, young young, big and
young
Norman said, "Jesus Christ, I bet nobody
walks with giant strides like we do!"
1939
after having listened to
Stravinsky
not long
after,
the war got
Norman.
I sit here now
46 years later
on the second floor of a hot
one a.m. morning
drunk
still big
not
so young.
Norman, you would
never guess
what
has happened to
me
what
has happened to
all of us. I remember your
saying "make it or
break it."
neither happened and
it won't.


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2.2.12

Go the f*k to sleep - Adam Mansbach

" The cubs and the lions are snoring,
wrapped in a big snuggly heap.
How come you can do all this other great shit
But you can't lie the fuck down and sleep?"


Esse foi um dos livros mais vendidos em 2011 no site da Amazon. "Um livro infantil para adultos". Ele é constituído de umas poucas páginas com versos escritos por Adam Mansbach acompanhados de ilustrações de Ricardo Cortés. Cada uma delas invariavelmente contém a expressão presente no título.

Tinha ouvido falar dele em um programa de crítica literária da NHK (os livros são traduzidos rápido para o japonês!). A pessoa que o apresentava dizia que, como mãe, ela compreendia o que o autor queria dizer, que havia momentos em que a paciência se esgotava e a impotência era grande. Nos comentários da Amazon, as pessoas escrevem o mesmo.

Não sou mãe, por isso não posso dar uma opinião com base em alguma experiência, mas compreendo que o ritmo da vida moderna deva exigir muito mais dos pais hoje em dia e que ter um filho não deva ser algo simples, assim mesmo, achei estranho que esse livro tenha feito tanto sucesso.



1.2.12

Frango à moda italiana com tomates, anchovas e alcaparras


Anchovas, alcaparras, tomates. Adoro molhos assim. E com frango, bem, ficou muito gostoso. A receita é para um frango inteiro, mas usei apenas filés de sobrecoxas. Fiz metade.

Do blog Nami-nami.



Frango à moda italiana com tomates, anchovas e alcaparras

1 frango inteiro cortado em 8-10 pedaços, ou pedaços de sua preferência
um pouco de azeite
4 filés de anchova picados
6 dentes de alho fatiados
2 cebolas picadas
250 ml de vinho branco seco
300 g de tomates cereja cortados ao meio (usei tomates grandes picados)
400 g de tomates pelados
2 c sopa de alecrim fresco picado
sal e pimenta a gosto
4 c sopa de alcaparras escorridas


Aqueça o azeite em uma panela grande. Doure os pedaços de frango de todos os lados (faça aos poucos para evitar que os pedaços fiquem uns sobre os outros). Coloque o frango sobre um prato e reserve.

Adicione mais azeite à panela caso ela fique muito seca e adicione as anchovas e as cebolas, refogue por alguns minutos. Junte o alho, refogue por mais um minuto sem deixar queimar. Devolva os pedaços de frango à panela e junte o vinho branco. Cozinhe por 5-10 minutos, até que o vinho seja reduzido à metade.

Adicione os tomates, tempere com sal, pimenta e alecrim. Cozinhe em fogo baixo por cerca de 25 minutos, até que o frango esteja cozido e o molho fique encorpado. 

Adicione as alcaparras e corrija o tempero caso necessário.