As peças de Chekhov deviam ser consideradas bem "cabeça" na época em que foram representadas pela primeira vez, os temas continuam atuais:
Andrey: Oh, para onde foi a minha vida? - a época em que era jovem, alegre e inteligente, quando tinha belos sonhos e grandes ideias e o presente e o futuro eram cheios de esperança? Por que nos tornamos tão sem graça, comuns e desinteressantes pouco antes de começarmos a viver? Por que ficamos preguiçosos, indiferentes, inúteis, infelizes?... Esta cidade existe há duzentos anos, cem mil pessoas vivem nela, mas não há uma única pessoa diferente das outras! Nunca houve um estudioso, artista ou santo neste lugar, nem um único homem excepcional o suficiente para fazer com que tivéssemos um grande desejo de imitá-lo. As pessoas aqui não fazem nada além de comer, beber e dormir... Então elas morrem e outras tomam seu lugar, e elas comem, bebem e dormem também - e só para introduzir um pouco de variedade em suas vidas e evitar que se tornem completamente estúpidas devido ao tédio, elas se entregam à sua repugnante fofoca, à vodka, aos jogos e às ações judiciais. As esposas traem os maridos e os maridos mentem para suas esposas, fazem de conta que não veem e ouvem nada... E toda essa opressiva vulgaridade e mesquinharia esmaga as crianças e apaga qualquer chama que possam ter, assim, elas também se tornam miseráveis, criaturas semimortas, como todas as outras, como seus pais...
6 comentários:
Anton Checkhov é um soco no estômago ainda hoje, pra ler sempre. Continuam cabeça ainda hoje.
madoka
Madoka, continua mesmo, primeira vez que leio, muito bom.
eu nao um livro que tenho dele ainda, mas ta na lista. leitura muito bacana mesmo.
voce viu o filme 'educating rita'? acho que no brasil ele se chamou 'o despertar de rita'. a personagem le muito chekov e fala nele no film, que eh um primor. filme antigo, com o michael caine e a julie walters. eu vi varias vezes :-)
Kalina, não vi não, vou colocar na lista! :)
Não li muito das peças dele, mas os contos leio com frequência, acho que há tanta beleza naquela tristeza presente nos contos. Deu vontade de reler...
Tatiane, nunca li os contos, imagino que devam ser muito bons! Há mesmo tristeza no que ele escreve...
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