Na época do colégio, Tsukuru Tazaki pertencia a um grupo de amigos muito unido em Nagoya, cidade onde cresceu. Três rapazes e duas garotas. Com exceção de Tsukuru, todos os demais possuíam o ideograma de alguma cor em seu sobrenome e algum talento que os distinguia. Kuro era a garota de língua afiada que gostava de escrever; Shiro era a pianista. Ao era o esportista e, Aka, o intelectual. Por isso, Tsukuru não conseguia deixar de sentir que ele era o "incolor" do grupo, sem nada que o distinguisse de alguma forma. Após o colégio, ele é o único que deixa a cidade e vai a Tóquio para prosseguir os estudos, mas ele retorna sempre que há algum feriado para rever os amigos.
No segundo ano de faculdade, algo inexplicável ocorre, ele retorna para a casa dos pais em Nagoya e nenhum de seus amigos atende suas ligações. Ao final, Kuro pede que ele pare de ligar, pois nenhum deles iria mais vê-lo. Tsukuru fica chocado e não consegue explicar o motivo desse rompimento repentino de relações. Ninguém lhe explica nada e ele retorna a Tóquio em estado de choque. Ele tenta esquecer o que ocorreu mergulhando nos estudos, termina a faculdade de engenharia e encontra um emprego em uma construtora de estações de trens da capital. Dezesseis anos se passam, mas a dor continua viva. Uma namorada acha que seu passado impede que ele se envolva com outras pessoas e atrapalha seus relacionamentos. Ela o aconselha a procurar os antigos amigos para pedir explicações e esclarecer esse episódio de seu passado.
Este é o enredo do último livro de Haruki Murakami, a tradução para o inglês deve sair no segundo semestre.
Pensei em comprar o original, mas o dólar subiu e desisti. Consegui uma tradução em alemão e foi a que li. Demorei para terminar. Achei arrastado, parava, voltava. (Fraturar a clavícula até que me ajudou a colocar algumas leituras em dia). Tinha esperanças de que o livro fosse melhor do que 1Q84, mas Murakami parece ter perdido o seu "jazz". Achei muitas coisas repetitivas, tive a impressão de que ele recolheu alguns pedaços de textos, algumas ideias já usadas aqui e ali, e criou um romance. Ou, como mencionei antes, talvez seja eu que não me identifique mais com os seus protagonistas trintões, solitários, pouco assertivos e que lamentam a perda de algo irrecuperável.
Apesar disso, ainda consegui me identificar com alguns pontos do romance. Também fazia parte de um grupo de amigos, três garotas e dois rapazes, no qual me sentia muito à vontade. Amava cada um deles de uma forma que só é possível na adolescência. Também nos afastamos quando entramos na faculdade. Nós nos víamos cada vez menos até perdermos totalmente contato. Mudamos, fizemos escolhas e seguimos caminhos diferentes. Sobraram lembranças e talvez alguns ressentimentos. Tsukuru, como eu, tem 36 anos quando vai ao encontro dos antigos amigos e descobre o que ocorreu com cada um deles. Às vezes, fantasio como seria o reencontro de nosso grupo... Provavelmente seria estranho. (Se algum de vocês ler este blog, espero que esteja bem e que, na medida do possível, esteja satisfeito com sua vida, pois sei que ela não saiu exatamente como imaginávamos. Saiba, também, que vocês sempre ocuparam um lugar importante em meu coração).
11 comentários:
Eu gosto muito dos livros do Murakami que li, especialmente o Kakfa à Beira Mar, Sputnik Meu Amor o IQ84. Achei-os sublimes. Se o último é como descreve, é uma pena!
Cozinhar sem Lactose, essa é uma impressão pessoal, mas também não gostei de 1Q84. O último que me arrebatou foi Kafka à Beira-mar...
Kafka à Beira-mar também foi o romance de Murakami que me conquistou defintivamente, Karen (por sinal, eu me tornei leitora ávida desse autor por sua influência, obrigada ;-)). Acho que, até hoje, ele está no Top 3 de melhores livros que eu já li.
Gostei menos de 1Q84. E já pré-comprei o último em inglês, para ler assim que a Amazon disponibilizar a versão para Kindle. Quando puder lê-lo, vou gostar de partilhar minhas impressões com você :-)
Beijos!
Letícia, sim, depois me conte o que achou, ficarei aguardando! Ter lido em alemão também pode ter influenciado minha opinião.
Karen, passando só para saber como vc está depois da queda...
Bjos
Gostei do enredo do livro! Ainda estou com "1Q84" para ler (e depois ver se vale a pena ler o volume 2). De certa forma, ainda mantenho contato com amigos do colégio e da faculdade (graças ao Facebook - que eu odeio, mas fez com que eu achasse pessoas queridas ou vice-versa)- por lá, quando procuro saber, encontro informações de quem se casou, quem se separou ou teve filhos, enquanto tentam equilibrar vida pessoal e vida profissional. Não sei ao certo o quanto cada um está satisfeito com as escolhas que fez/está fazendo, mas me conforta saber que alguns, como eu, se sentem meio perdidos às vezes... há uma falta de vontade de casar, ter filhos, um questionamento quase constante dos rumos que a vida profissional está tomando e uma busca por algo que nos satisfaça (se é que isso existe).
Espero que se recupere logo!!
Oi, Georgia! Vou indo, ainda sem muitos movimentos e com a tipoia. O duro é ser paciente... Obrigada por perguntar!
Obrigada, Aline! Não sei, fiquei meio desapontada com os últimos livros do Murakami. Diga o que achou depois que ler 1q84.
Obs.: coincidentemente, essa semana fui ver "Entre nós", um filme nacional cujo tema é meio que "amizade depois de um longo tempo" também. Li umas críticas negativas, mas fui ver mesmo assim e gostei (foi filmado em São Francisco Xavier, distrito de São José, cidade onde cresci, por isso estava curiosa em ver também).
Um grupo de amigos vai passar uns dias em uma casa de campo dos pais de uma garota do grupo, enterram mensagens para ser abertas dez anos depois. E dez anos depois eles voltam lá para se reencontrarem e desenterrarem as mensagens. Todo mundo parece meio frustrado com o rumo que a vida deles tomou (ou pelas escolhas que fizeram), e toda essa frustração acaba se extravasando na ocasião... o que os leva a pensar em quem estão se tornando e no que querem dali pra frente. Eu gostei porque tem mesmo a ver com o que acontece na realidade. Os laços se afrouxam, infelizmente. No meu encontro de dez anos (!) de formatura há alguns anos, senti um leve desânimo nos amigos... talvez porque, dez anos antes, desejávamos um futuro diferente ou melhor, não sei. Ou talvez tenha sido só impressão minha.
Aline, acho estranho reencontrar os amigos da adolescência, os amigos mesmo, não os colegas. Nós compartilhamos muitas coisas, o reencontro faria com que nos lembrássemos das promessas não cumpridas e dos sonhos frustrados. Ou talvez não... Quem pode dizer?
oi Karen,
faz tempinho não comento. fraturou a clavícula? odaijini (acho essa expressão em nihongô tão bonita, acho que é assim que se escreve em homaji,rs).
Ahh 1Q84, meu marido trouxe do Brasil, traduzido em português, mas dias lotados, não saí do primeiro volume.
abraço e melhoras.
madoka
Oi, Madoka! Estou tomando cuidado, ou tentando... Não dá para deixar de fazer tudo o que há para ser feito.
Depois você também pode me dizer o que achou do livro. É sempre interessante compartilhar impressões. Abraços e obrigada!
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