Vizinhos barulhentos, sacos plásticos difíceis de abrir, sacos de lixo que furam, gás que acaba em momentos cruciais e frituras são algumas das coisas mais destestáveis do mundo. Por essa razão, raramente frito sardinhas em casa, ela fica empesteada com o odor de peixe frito. Se um dia eu tiver a chance de construir minha cozinha ideal, eu preferiria que ela ficasse em um cômodo separado da casa, ou em uma parte da casa com um pé direito mais alto e um tipo de claraboia lá no alto para ventilação. Vi casas assim algumas vezes na televisão e achei as ideias geniais. Em um futuro imediato, penso em comprar um pequeno braseiro para grelhar minhas sardinhas e outros peixes do lado de fora, como os portugueses costumam fazer. Isso talvez perturbe os cães dos vizinhos, mas já quebraria meu galho.
Enfim, como parece ser impossível comer sardinhas fritas fora de casa, de vez em quando eu acabo me resignando e frito uma porção. Desta vez elas foram acompanhadas por uma espécie de "molho" de cebolas caramelizadas ligeiramente agridoces e apimentadas. A idéia foi inspirada em uma receita do David Lebovitz (autor de
um de meus blogs preferidos),
na receita original, as sardinhas são servidas frias, mas como preferi consumi-las quentes, reduzi a quantidade de vinagre e não adicionei o vinho branco. Outra alteração que fiz foi em relação ao tempero, eu temperei as sardinhas com sal, pimenta e suco de limão e depois passei pela farinha.
Ficaram ótimas! Passo a receita original com minhas alterações entre parênteses.
Sardinhas fritas com cebolas caramelizadas e passas
óleo para fritar
1/4 x (35g) de farinha
3/4 c chá de sal + um pouco para temperar a farinha
pimenta do reino
450g de sardinhas limpas e sem espinhas
450g de cebolas brancas ou roxas, descascadas, cortadas ao meio e fatiadas
2 c sopa de azeite
1 c sopa de açúcar
uma pitada generosa de pimenta calabresa
1/3 x de pinolis (não usei)
1/2 x (125ml) de vinagre de vinho branco
1/3 x (80ml) de vinho branco (não usei)
2 folhas de louro
1/4 x (35g) de passas claras
Aqueça o óleo em uma frigideira antiaderente, o suficiente para ter cerca de 1cm de profundidade.
Enquanto o óleo esquenta, coloque a farinha em um prato e tempere-a com sal e pimenta. (Eu temperei as sardinhas com sal, pimenta e suco de limão ao invés de usar a farinha temperada). Empane as sardinhas do dois lados, retire o excesso de farinha com batidinhas leves e frite uma quantidade pequena de cada vez. Comece pelo lado sem pele, deixe dourar um pouco, vire e frite o lado com pele. Retire e coloque sobre papel toalha para absorver o excesso de gordura. Repita o processo com as sardinhas restantes.
Depois de fritar todas as sardinhas, retire o excesso de óleo da frigideira, reduza a temperatura do fogo e adicione cebolas, azeite, sal, açúcar e pimenta calabresa. Cozinhe, mexendo de vez em quando, até que as cebolas murchem e fiquem bem macias. Cerca de 20-30 min. (Cuidado! Eu quase queimei as minhas).
Enquanto a cebola cozinha, toste os pinolis no forno à 160C por cerca de 6 min, mexendo com frequência para que não torrem.
Depois que as cebolas estiverem cozidas, adicione vinagre, vinho, folhas de louro, passas e pinolis. Retire do fogo e deixe esfriar.
Faça camadas de sardinhas e cebolas em uma travessa, terminando com uma camada de cebolas. Derrame a marinada que sobrou sobre o peixe, cubra com filme plástico e deixe na geladeira.
O David sugere que as sardinhas sejam acompanhas por um pão rústico besuntadas com uma boa manteiga. Como se fossem "bruschettas" ou "tapas". Elas podem ser conservadas na geladeira por até dois dias, mas são melhores servidas à temperatura ambiente.