Este livro era parte do meu "dever de casa", foi emprestado por minha professora de japonês. Ela sempre diz que preciso ler para aumentar o vocabulário e me acostumar com as expressões novas. É o tipo de livro autobiográfico com um quê de autoajuda. Ele é voltado para os adolescentes e, talvez pela língua materna da autora não ser o japonês, achei o texto bem fácil de ler.
A autora se chama Agnes Chan, ela nasceu em Hong Kong em 1955, virou cantora ainda na adolescência e seguiu carreira no Japão. No livro, ela conta alguns episódios de sua vida e as lições que aprendeu com outras pessoas. Ela começa descrevendo uma vila chinesa onde foi atuar em um filme sobre Marco Polo e expressa seu choque com a pobreza do lugar, no entanto, a alegria e a hospitalidade dos habitantes fazem com que ela deixe de ver apenas esse aspecto negativo. Em seguida, ela vai até a Etiópia para participar de uma campanha de ajuda humanitária, entrevista o Papa, estuda no Canadá... O livro segue assim, a história de uma garota que começa a ver o mundo com mais cores além da cor-de-rosa e escreve suas reflexões.
As partes de que mais gostei foram aquelas mais pessoais, quando ela conta como passou a ser ignorada por suas amigas quando iniciou a sua carreira de cantora e ficava a maior parte do tempo estudando sozinha na hora dos intervalos. (Crianças conseguem ser muito cruéis quando querem). Uma coisa que chamou a minha atenção foi o fato de ela estudar em escolas de elite em Hong Kong, onde estudavam filhos de diplomatas e estrangeiros, isso parece ter sido uma prática muito comum nos anos 70, pais faziam grandes sacrifícios pela educação dos filhos. O irmão de Alex Law, no filme que comentei aqui, também estudava em um colégio assim, e o pai dele tinha uma pequena sapataria de bairro. Não sei se essa prática ainda é comum por lá.
Também gostei do trecho em que a Agnes descreve o nascimento do primeiro filho, suas dúvidas, inseguranças e, algo que nunca ouvi ninguém dizer antes, que quando recebeu o bebê logo após o parto, ainda sujo de sangue, teve vontade de lambê-lo até deixá-lo limpo. Algo bem animal, instintivo. Sempre tive vontade de perguntar para uma mãe se não sentiu vontade de fazer algo parecido, mas tenho medo de ser mal-intrepretada. (A minha mãe fez cesarianas, então, não é a mesma coisa). Fiquei pensando se é assim mesmo, ainda tenho minhas reservas em relação à maternidade, mas quando tenho "vislumbres" dela por meio de relatos de outras pessoas, sei que é uma experiência única.
Também gostei do trecho em que a Agnes descreve o nascimento do primeiro filho, suas dúvidas, inseguranças e, algo que nunca ouvi ninguém dizer antes, que quando recebeu o bebê logo após o parto, ainda sujo de sangue, teve vontade de lambê-lo até deixá-lo limpo. Algo bem animal, instintivo. Sempre tive vontade de perguntar para uma mãe se não sentiu vontade de fazer algo parecido, mas tenho medo de ser mal-intrepretada. (A minha mãe fez cesarianas, então, não é a mesma coisa). Fiquei pensando se é assim mesmo, ainda tenho minhas reservas em relação à maternidade, mas quando tenho "vislumbres" dela por meio de relatos de outras pessoas, sei que é uma experiência única.
Agnes Chan teve uma vida bastante interessante, virou cantora cedo, atuou e, quando teve vontade, foi estudar psicologia infantil no Canadá, voltou para o Japão, casou, teve três filhos, conseguiu conciliar carreira com família, cantou, atuou, escreveu livros, fez doutorado nos EUA e ainda virou embaixadora da Unicef. Não é pouco para uma mulher em uma sociedade machista como a japonesa nos anos 70/80.
Para quem tiver curiosidade, aqui está uma canção interpretada por Agnes Chan no começo da carreira (vozinha e estilo de menina bem comportada):
7 comentários:
Adorei o post!! =)
E a parte mais bizarra é o fato de as amigas da Agnes a ignorarem depois que ela passou a cantar - o normal seria as amigas ficarem mais próximas por ter uma "amiga famosa", não?
Bonitinhas as músicas dela! Apesar de eu não entender nada... hahaha
oi Karen,
que maravilha de post, eu também adorei. Me lembro da Agnes chan da infância, minhas irmãs mais velhas gostavam dela, tinham LP, olha só.
E não sabia que ela é doutora em psi nos EUA, ulalá.
Não era ela que teve um câncer recentemente, fez tratamento e tudo? ou tou enganada?
enfim, será que consigo comprar o livro por aqui?
obrigada pela dica.
bjs
madoka
Aline, pois é, as amigas anunciaram que iriam se afastar se ela seguisse a carreira artística por meio de uma carta, pode?
Madoka, sim, eu li que ela teve mesmo cancêr recentemente e fez tratamento.
Minha professora disse que ela era famosa, mas não sabia o quanto...
O livro é antigo, já deve ter uns 20 anos, talvez você encontre em sebos, há tantos por aí, não é mesmo?
Oi, Karen,
Não é de hoje que tenciono dar uma passada aqui, para me atualizar com as postagens. Mas este não é um blog que a gente possa ler superficialmente, né? rsrs. Olha, eu não saberia dizer se fiquei mais curiosa com relação ao livro (que me pareceu muito interessante!)do que com a autora. Que mulher! admiro demais seres humanos assim, sobretudo mulheres! Ela soube encher a vida dela de acontecimentos bem aproveitados, né?
Quanto à questão da maldade infantil, é mais um dos paradoxos do mundo!
Um beijo e bom fim de semana!
Marly, não se preocupe em se manter "atualizada", passe quando puder/quiser, certo? :)
Acho que escrevo coisas chatas para quem vem em busca de receitas, mas fazer o quê? rs
Eu também admiro pessoas que conseguem ter vidas assim enriquecedoras.
Beijos!
karen,
eu adoraria saber de um sebo por aqui. acho que só na capital que tudo acontece, aqui só dá arrozal, rs...
bom final de semana
madoka
Madoka, você mora no "inaka"? Achei que estivesse mais próxima das cidades! Eu fui ao Japão há dez anos atrás e fiquei com a impressão de que havia livrarias e sebos em todos os lugares! rs
Bom final de semana para você e para a sua família!
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