29.5.12

Mistérios e fantasmas - Okamoto Kido


Continuo lendo textos curtos em japonês. Esses dias dei para gostar de histórias de mistério, com direito a fatos inexplicáveis e aparições fantasmagóricas, um estilo muito popular no Japão. Okamoto Kido é um autor de vários gêneros: peças de kabuki, contos de terror e, inspirado nos livros de Conan Doyle, criador do Sherlock Holmes, criou o personagem do inspetor Hanshichi que soluciona casos estranhos no Japão feudal. Li dois contos de terror e dois relatos de casos do inspetor Hanshichi. Sempre começava sem grandes expectativas, mas não conseguia parar de ler até saber qual era o final, os enredos dos contos de assombração não são lá muito arredondados, mas, convenhamos, histórias de fantasmas sempre deixam muitas pontas soltas.

Em "O demônio de cabelos brancos", um estudante de direito é assombrado pelo fantasma de uma mulher de cabelos brancos que aparece na sua frente sempre que ele presta o exame de ordem (um tipo de exame da OAB). Ele fracassa quatro vezes por causa disso. O fenômeno envolve eventos misteriosos e, no final, há uma sugestão de quem seria a mulher afinal de contas.

"Cem histórias de fantamas" tem o período de samurais como cenário. São cinco ou seis vigias que resolvem contar cem histórias de fantasmas para passar o tempo e também para comprovar se fantasmas e fenômenos estranhos realmente ocorrem neste mundo. Cada um deles deve contar cerca de três histórias de assombração por turno até completar o número de cem, depois de contar a sua quota, a pessoa deve ser levantar, atravessar vários salões escuros, apagar a mexa de uma lâmpada e retornar. É nesse percurso que algo estranho acontece...

Já nos casos do inspetor Hanshichi, os elementos sobrenaturais sempre acabam se provando bem mundanos. Em um dos relatos, ele se depara com o caso de uma senhora que diz ver o fantasma de uma mulher na cabeceira de sua cama todas as noites, enquanto em outro, a dona de uma loja morre em circunstâncias aparentemente inexplicáveis. 

Os textos foram escritos no começo do século XX e seus enredos são um pouco "inocentes" e simples para os tempos atuais, mas são divertidos.


25.5.12

Bolinhos de quinoa, azeitonas, limão e salsinha


Bolinhos de quinoa bem temperados e com vários sabores que vi no blog Joy the baker (receita original da Heidi Swanson). Ficaram gostosinhos. O. não se entusiasmou muito, mas comeu. Atualmente ele come quase tudo o que preparo sem perguntar. Não sei se isso é bom ou mau, mas não posso reclamar.

Eles ficam meio ressecados se forem deixados de uma refeição para outra. Mas a Joy escreve que a mistura pode ser guardada na geladeira por algum tempo (não sei quanto) e usada só na hora da fritura.

(E não é que o piso destruído dá um efeito cenográfico interessante?)



Bolinhos de quinoa, azeitonas, limão e salsinha


Rende cerca de 2 dúzias
1 1/2 x de quinoa seca
2 1/4 x de água
1/2 c chá de sal
4 ovos grandes batidos
1 cebola média picada
4 dentes de alho picados
1/2 x de queijo parmesão ou gruyère ralado
1/3 x de azeitonas verdes picadas
1/3 x de salsinha picada
1 c sopa de raspas de limão
1 x de panko (ou 2/3 x de uma boa farinha de rosca ou pão amanhecido ralado)
1/2 c chá de sal
1/2 c chá de pimenta do reino ou pimenta calabresa (usei uma pimenta dedo-de-moça sem sementes picada)
1 c sopa de água
2 c sopa de azeite


Coloque as sementes de quinoa em uma peneira fina e lave debaixo da torneira por alguns minutos. Ela deve ser lavada para que não fique com gosto de sujeira (qualquer que seja o seu sabor).

Coloque a quinoa lavada em uma panela com a água e o sal. Leve ao fogo, espere começar a ferver, tampe e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de 25-30 minutos, até que as sementes fiquem macias. Desligue o fogo e deixe esfriar à temperatura ambiente. São necessárias 3 xícaras de quinoa para os bolinhos.

Bata os ovos em uma tigela e reserve.

Misture a cebola, o alho, o queijo, a salsinha, as azeitonas, as raspas de limão, o panko, o sal, a pimenta e a quinoa. Adicione os ovos batidos e misture bem. Junte a água e mexa para deixar a quinoa levemente umedecida, caso contrário, os bolinhos podem ficar ressecados. 

Retire duas colheres de sopa da mistura, molde os bolinhos com as mãos úmidas e frite com uma frigideira antiaderente com azeite. Frite 4-6 de cada vez dependendo do tamanho da frigideira. Doure de um lado e depois do outro.

19.5.12

Frango na cerveja


Receita para aquele dia de preguiça absoluta. Não costumo usar muitos produtos industrializados, molhos de tomate prontos, cubos de tempero e coisas do gênero para cozinhar, mas sempre tenho algum pacote de sopa de cebola na despensa para preparar algumas receitas de que gosto e acho bastante práticas como este frango na cerveja. 

Basta pegar seus pedaços de frango (usei sobrecoxas sem pele), colocá-los em um refratário/assadeira com a pele voltada para cima (caso não a retire), polvilhar a mistura de sopa de cebola sobre eles, adicionar algumas batatas descascadas e cortadas ao meio, juntar o conteúdo de uma lata/garrafinha de cerveja tipo pilsen sobre tudo e levar para assar até que o líquido se reduza, encorpe e o frango fique macio. O tempero é da sopa, algumas pessoas usam praticamente o pacote inteiro, mas acho o preparado da sopa salgado e tudo depende da quantidade de frango, eu usei bem pouco, para as cinco sobrecoxas, não cheguei nem a usar metade, fui mais generosa com a cerveja, chegando a cobrir quase 2/3 do frango com ela. (A cerveja tinha vencido e não ia jogar o resto fora, apesar de tudo, ela ainda daria algum caldo, literalmente).

Sirva com arroz e uma salada.

18.5.12

Kajii Motojiro


Kajii Motojiro é um escritor japonês do começo do século XX, ele morreu muito novo de tuberculose e deixou alguns poucos contos. Li alguns esses dias em japonês, eles são curtos e bem simples, mas os temas são bem diferentões, "fushigi" seria o adjetivo ideal para descrevê-los, uma mistura de misterioso, estranho e curioso. O mais famoso  é "Remon", isso mesmo, "limão" em inglês. O protagonista do conto está deprimido, doente e passa os dias percorrendo as ruas sem ter o que fazer e sentindo-se ainda mais miserável até que um dia compra um limão em uma quitanda. O pequeno fruto produz uma mudança em seu espírito e o leva a um curioso gesto de insubordinação.

Outro conto conhecido (pelos japoneses) chama-se "Há corpos enterrados sob as cerejeiras" no qual o personagem explica como chegou à conclusão presente no título.

Em "Carícia", o protagonista, sempre um alter-ego do autor, conta sua curiosidade "mórbida" em relação aos gatos. Por exemplo, como sempre teve vontade de usar um furador de papel naquelas orelhas de textura flexível. E um dia ele acaba mordendo a orelha de seu gato para comprovar sua sensibilidade. Outra obsessão é descobrir se um gato sem garras continuaria sendo um gato, felizmente, ele não chega às vias de fato. O conto termina com um sonho excêntrico.

O meu preferido é "Acasalamento", no qual o autor observa os ritos de reprodução de gatos e sapos. Pode parecer estranho, mas a atmosfera evocada pelo texto e a forma como Kajii Motojiro descreve as cenas são muito particulares: dois gatos brancos imóveis em um abraço na rua deserta e o sapo macho que canta para sua companheira e depois nada em sua direção ainda coaxando "como uma criança em lágrimas vai em direção de sua mãe".

Talvez seja possível encontrar alguns contos traduzidos para o inglês ou francês, mas ele não é muito conhecido no Ocidente. Se você ler em japonês, pode encontrar seus textos para download na internet, pois eles já são de domínio público.


16.5.12

Bolinhos de grão-de-bico e atum


Bolinhos simples feitos com grão-de-bico cozido (usei uma xícara de grão seco que deixei de molho na véspera e cozinhei no dia seguinte, se quiser, use o conteúdo de uma lata escorrido) e amassado com um garfo, 1 lata de atum em óleo (usei o óleo para umedecer a massa, se preferir, use atum em água), cheiro-verde picado, cebola (picada e previamente refogada em um pouco de óleo), sal e pimenta a gosto. A massa é moldada, passada em ovo batido e farinha de rosca. Asse os bolinhos em uma forma untada com azeite, vire uma vez para dourar dos dois lados.


9.5.12

Molho versátil de couve-flor e tomates


É, eu sei, receitas tornaram-se raras por aqui. Esses dias não tenho pensado muito na hora de preparar algo, ando sem entusiasmo de testar receitas, medir ingredientes, etc. Olho para a despensa e faço o que me dá na telha. Algumas coisas ficam boas, outras, bem, é melhor nem falar.

Gostei deste molho feito de improviso com uma couve-flor que estava na geladeria. Ele pode ser servido com uma massa ou polenta:

Refogue cebola, alho e uma couve-flor média picados em um pouco de azeite. Junte azeitonas pretas picadas, meia xícara de vinho tinto e uma lata de tomates pelados desmanchados com um garfo. Tempere com sal, um pouco de pimenta calabresa (ou dedo-de-moça sem sementes picada a gosto), orégano e uma pitada de açúcar. Deixe a couve-flor ficar macia e o molho apurar. Sirva.

Nota: anchovas e alcaparras seriam boas adições.



6.5.12

Thinking, fast and slow - Daniel Kahneman



Li Thinking, fast and slow há algum tempo e achei o tema bastante interessante. Ganhador de um Nobel em economia, Daniel Kahneman estudou psicologia e pesquisa a forma como tomamos decisões. O autor divide a mente em dois "sistemas", o sistema 1, que toma decisões imediatas, de forma intuitiva, e o "sistema 2", que analisa as informações recebidas mais demoradamente. São eles que nos auxiliam a processar informações e a fazer julgamentos. O primeiro é rápido e propenso a ser influenciado pelas emoções, o segundo costuma ser lento e preguiçoso.

O livro é constituído de vários capítulos curtos onde o autor apresenta o resultado de pesquisas que mostram os dois sistemas em ação e, em particular, apontam que permitir que o sistema 1 tome as rédeas pode nos conduzir a decisões nem sempre ideais, uma vez que ele é suscetível a influências externas e a ignorar uma série de informações para construir um quadro geral de uma situação onde todas as peças se encaixam. Por exemplo, devido ao sistema 1, juízes estão mais aptos a dar sentenças favoráveis logo após fazer uma refeição e a ser menos generosos quando estão com fome. Em suma, uma série de pequenas coisas podem alterar uma opinião: estar de bom humor, pensar em algo alegre ou mesmo forçar um sorriso enquanto respondemos a um questionário poderá mudar nossas respostas.

Em outro contexto, imagine se fôssemos empresários ou tomadores de decisão. Os planos feitos sempre parecem melhores quando nós os elaboramos, pois acreditamos, erroneamente, que somos melhores do que "a concorrência" e não cometeremos os mesmos erros dos outros. Tudo será feito em prazos curtos, as possibilidades de algo dar errado são mínimas. E a confiança nesse quadro é tão forte que ignoramos dados e estatísticas de situações semelhantes que dizem exatamente o contrário. Em suma, agir dessa forma é absolutamente irracional. É essa irracionalidade que o livro procura apontar. Como quando investidores vendem ações lucrativas ao invés de vender as ações que apenas dão prejuízo na esperança de que elas lhe deem lucro no futuro. Ou confiam em análises financeiras que, estatisticamente, não tem fundamento algum. Ele também aponta, baseado em estatísticas, como "os especialistas" chamados para fazer previsões em diversar áreas são propensos a errar, especialmente quando são famosos e, por isso mesmo, muito confiantes em seu "taco".

E qual o interesse de saber essas coisas aparentemente tão banais? A resposta é: porque há gente que se dedica a estudar o comportamento humano e a usar essas informações a seu favor. O marketing das empresas, por exemplo, usa os estudos para melhorar seus resultados. Quando você vai comprar um iogurte qual estaria mais inclinado a comprar? Um em que estivesse escrito "90% menos gordura" ou "10% de gordura"? De imediato, a primeira opção parece mais atraente, não é mesmo? Mas são duas formas de dizer a mesma coisa. E por que os sites colocam aquele quadrado já marcado escrito "Desejo receber mais informações dos produtos da empresa" ou "Desmarque esta opção caso não deseje receber mais os nossos e-mails" quando poderiam simplesmente escrever: "Marque esta opção caso deseje receber mais informações", isso ocorre porque as empresas sabem que somos preguiçosos, não lemos letras pequenas e agimos pela lei do menor esforço. Pouca gente iria marcar a opção de receber mais informações por vontade própria, assim como muitas pessoas acabam não desmarcando a opção de não receber informações por pura preguiça ou descuido. 

O conselho da autor é que devemos tentar sempre analisar as informações de que dispomos com cautela antes de tomar uma decisão, pois o primeiro impulso nem sempre é confiável. O livro procura apontar onde podem estar os alçapões nos quais podemos cair e, assim, evitá-los. É importante "despertar" o sistema 2 e analisar as informações recebidas. Bem, há vários exemplos e resultados de pesquisas muito interessantes no livro e só passei alguns de forma aleatória, mas espero ter dado uma ideia do tema de que ele trata.

(Creio que não há tradução para o português).
 

4.5.12

Ladeiras e ruelas de Ouro Preto

Voltei com as batatas das pernas doloridas de tanto subir e descer ladeiras (especialmente subir, mas descer também exigia algum cuidado). As moradoras da cidade devem ter pernas bem torneadas e bumbuns durinhos, e merecem, pois não é moleza ir de um canto a outro.

Igreja de N. S. da Conceição olhando para a Igreja de Santa Efigênia dos Pretos no alto do morro.

Subindo...

A senhora lá em cima ia fazendo breves paradas para respirar...
Beco do pilão


3.5.12

Mina da Passagem - Mariana - MG

O trolley e a entrada da mina lá embaixo

Pegamos um táxi no último dia para visistar a Mina da Passagem que fica na estrada para Mariana bem perto de Ouro Preto. Dá para pegar o ônibus que sai de meia em meia hora na cidade e avisar ao cobrador (ou trocador, como nos explicaram) que se vai descer na entrada da mina, mas íamos embora e o tempo era curto. Pagamos R$ 40,00 para que o taxista nos levasse e ficasse esperando. Demos uma pechinchada na preço, pois como não há taxímetro, os valores de uma corrida podem flutuar... 

A entrada custava R$ 24,00 por pessoa, achei salgado pela infraestrutura oferecida (ou falta dela), mas é uma experiência interessante e o guia que nos acompanhou, o Ícaro - o das asas de cera na mitologia grega - era muito simpático. A visita dura cerca de 30 minutos e consiste em descer 315 metros em um trolley e percorrer um trecho curto dentro de uma mina de ouro desativada. As galerias mais profundas se encheram de água e formaram um pequeno lago onde algumas pessoas costumam mergulhar. Éramos os primeiros visitantes do dia e descemos sozinhos.


Dentro da mina

Devo confessar que fiquei um pouco apreensiva quando vi o trolley puxado por um cabo de aço, mas até me senti segura lá embaixo. As galerias abertas à visitação são amplas. Havia algumas pichações e nomes rabiscados em algumas paredes e o Ícaro nos explicou que a coisa era meio complicada quando havia grupos de estudantes. Que coisa feia, né?

Imagine que é preciso triturar uma tonelada de rocha para obter cinco gramas de ouro, no caso dessa mina, a exploração só seria viável em escala industrial! Se há algo que me deixa perplexa, é pensar que tanta gente se sacrificou e ainda se sacrifica por esses ditos metais e pedras preciosas que, no final , viram coisas absolutamente supérfluas. O ser humano é estranho.


A temperatura lá dentro é bem fresca, a tinta vermelha na parede marca os veios de diferentes minérios.

2.5.12

Janelas e portas de Ouro Preto

Janela de uma das inúmeras repúblicas estudantis da cidade. Achei esse negócio das repúblicas muito divertido, elas ocupam várias casas antigas do centro histórico e cada uma delas tem um nome e às vezes algum tipo de símbolo.
O entregador passa de moto e deixa as sacolas com os pães na frente das casas pela manhã.

Janela enfeitada com kirigamis.

Gostei muito da pintura da janela.

Devagar... as janelas olham...

Há balcões de todas as cores
Janelas usadas como vitrine em uma loja

Bela combinação de cores


1.5.12

Para se ver em Ouro Preto - MG

Vista da cidade


Para começar, devo dizer que não entrei no Museu dos Inconfidentes. Ele abria após o meio-dia e combinei que iria entrar com o O. antes de irmos embora, mas aí decidimos adiantar a volta para evitar uma chuva que aparecia na previsão do tempo e também o trânsito do feriado e o Museu continuou desconhecido. Mas ele é o maior, difícil de não ser notado na Praça Tiradentes.


Casa dos Contos


Passei pela Casa dos Contos, um belo casarão que foi o prédio das arrecadações tributárias no século XVIII e também local onde alguns dos inconfidentes ficaram presos. Ele foi revitalizado e transformado em museu. A entrada é gratuita. Há instrumentos usados na época e utensílios domésticos expostos na antiga senzala, entrei e saí rápido, dá uma sensação ruim ficar vendo instrumentos de tortura...

Atrás do museu há um parque e caminhos que levam até a Praça Tiradentes e à rodoviária. É bem agradável e tranquilo caminhar por ali ou sentar em um dos bancos das paradas estratégicas para descansar um pouco antes de retomar a subida.

Entrada da Casa dos Contos

Em  uma das passagens pela R. Direita, a rua das lojinhas e de vários restaurantes, dei uma parada na Casa Museu Guignard dedicada ao pintor de mesmo nome. É um sobrado onde estão expostos alguns cartões desenhados por Guignard e alguns de seus quadros. Pena que haja tão pouca coisa, mas imagino que seria necessária uma verba muito grande para adquirir mais obras.

 Casa Guignard
Detalhe da janela

Esta é uma visão da cidade que se espalha pelos morros ao redor da parte histórica, várias casinhas coloridas e juntinhas