Continuo lendo textos curtos em japonês. Esses dias dei para gostar de histórias de mistério, com direito a fatos inexplicáveis e aparições fantasmagóricas, um estilo muito popular no Japão. Okamoto Kido é um autor de vários gêneros: peças de kabuki, contos de terror e, inspirado nos livros de Conan Doyle, criador do Sherlock Holmes, criou o personagem do inspetor Hanshichi que soluciona casos estranhos no Japão feudal. Li dois contos de terror e dois relatos de casos do inspetor Hanshichi. Sempre começava sem grandes expectativas, mas não conseguia parar de ler até saber qual era o final, os enredos dos contos de assombração não são lá muito arredondados, mas, convenhamos, histórias de fantasmas sempre deixam muitas pontas soltas.
Em "O demônio de cabelos brancos", um estudante de direito é assombrado pelo fantasma de uma mulher de cabelos brancos que aparece na sua frente sempre que ele presta o exame de ordem (um tipo de exame da OAB). Ele fracassa quatro vezes por causa disso. O fenômeno envolve eventos misteriosos e, no final, há uma sugestão de quem seria a mulher afinal de contas.
"Cem histórias de fantamas" tem o período de samurais como cenário. São cinco ou seis vigias que resolvem contar cem histórias de fantasmas para passar o tempo e também para comprovar se fantasmas e fenômenos estranhos realmente ocorrem neste mundo. Cada um deles deve contar cerca de três histórias de assombração por turno até completar o número de cem, depois de contar a sua quota, a pessoa deve ser levantar, atravessar vários salões escuros, apagar a mexa de uma lâmpada e retornar. É nesse percurso que algo estranho acontece...
Já nos casos do inspetor Hanshichi, os elementos sobrenaturais sempre acabam se provando bem mundanos. Em um dos relatos, ele se depara com o caso de uma senhora que diz ver o fantasma de uma mulher na cabeceira de sua cama todas as noites, enquanto em outro, a dona de uma loja morre em circunstâncias aparentemente inexplicáveis.
Os textos foram escritos no começo do século XX e seus enredos são um pouco "inocentes" e simples para os tempos atuais, mas são divertidos.