28.6.12

Pão de iogurte, cenoura e aveia


O. gosta de um pão industrializado com esses mesmos ingredientes e resolvi fazer a minha própria versão. Achei que ela ficou muito boa, amassei na máquina de pão, mas acho que é possível prepará-la à mão com algumas adaptações na hora de misturar os ingredientes. Se quiser um repeteco agora, terei mesmo que usar o muque, pois a minha panificadora pifou. Ela já andava estranha, deixava programada para amassar e ela não fazia a pausa. Ontem, tudo começou bem, mas depois de algum tempo o motor parou de girar. Foi-se a panificadora, ficou o pão. Depois verei se vale a pena consertá-la. 



Pão de iogurte, cenoura e aveia

1 ovo
1 cenoura média em pedaços (cerca de 130g)
50 ml de óleo
1 copo de iogurte natural (190 ml)
1/2 x de aveia em flocos
1 c sopa de açúcar
1 c chá de sal
1x de farinha integral
2 1/2 x de farinha
5 g de fermento biológico instantâneo seco

Bater o ovo, a cenoura, o óleo e o iogurte no liquidificador. Colocar essa mistura na cuba da panificadora e juntar os demais ingredientes na ordem em que estão listados. Colocar no ciclo "amassar". Ao final, moldar o pão no formato desejado, colocar sobre uma forma enfarinhada e deixar dobrar de volume antes de assar.

Rende um pão grande.

27.6.12

Osamu Dazai - O sol poente



Terminei de ler este livro de Osamu Dazai recentemente, o título, em japonês, traz os ideogramas de "inclinação, declínio" e de "sol" (斜陽). Ele narra o fim de uma família aristocrática em um período de transição no Japão após a segunda guerra. O texto é praticamente o diário de Kazuko, uma mulher divorciada de vinte e nove anos que conta como ela e sua mãe são obrigadas a venderem a casa que possuíam em Tóquio após a morte de seu pai e a se mudarem para uma casa menor em um vilarejo isolado. A vida inicialmente idílica se torna cada vez mais sufocante, sem perspectivas, ela passa o tempo todo cuidando da casa e de sua mãe, cuja saúde se deteriora após a mudança. 

Seu irmão se junta às duas após retornar da guerra. Ele é um intelectual com pretensões de se tornar um escritor, mas se limita a gastar o resto do dinheiro da família em Tóquio, onde passa os dias bebendo e fumando ópio na companhia de boêmios e mulheres em uma tentativa de esquecer sua incapacidade de se conformar com o tipo de vida que a sociedade lhe impõe. 

Kazuko quer algo mais para si, em suas palavras, pretende ser uma "revolucionária" e travar sua própria batalha com o mundo. Ela escreve cartas para um escritor mais velho com quem seu irmão costuma beber e revela que deseja ter um filho dele, os dois passam uma única noite juntos e, em sua última carta, ela escreve que está grávida e feliz com a perspectiva de criar aquela criança sozinha. Nesse momento, ela é o único membro restante de sua família, pois sua mãe morreu de tuberculose e seu irmão cometeu suicídio na noite em que ela foi para Tóquio encontrar seu escritor.

Cada capítulo abre uma porta para o seguinte e se fecha. Gostei muito do livro, há poesia e também crítica ao período de crise de valores pelo qual passa a sociedade japonesa. 

Dazai é um escritor de imagens belas e também cruéis. No instante em que Kazuko reencontra o escritor que não via há seis anos, ela percebe os efeitos do tempo em sua aparência e fica chocada. Há bolsas sob seus olhos, menos dentes e ela o compara a um velho macaco.

Minha tradução do japonês:

"Aquele era o seu arco-íris? Aquela pessoa era seu M.C., sua razão de viver? Seis anos. Os cabelos desgrenhados eram os mesmos, mas estavam tristemente avermelhados e desbotados, o rosto estava amarelo e inchado, as bordas dos olhos ficaram caídas e vermelhas. Ele perdera os dentes da frente e movia os maxilares sem parar. Um velho macaco parecia estar sentado no canto da sala com as costas curvadas."

Também há um outro trecho de que gostei muito, Kazuko está tricotanto uma blusa e usa a lã de um antigo cachecol feito para ela por sua mãe e de cuja cor rosa pálida ela nunca gostara. De repente, ela olha para a lã e para o céu nublado e percebe que aquela cor é perfeita para dias cinzentos e se dá conta de que sua mãe a tinha escolhido de propósito. Aquela pequena atenção a comove e ela lamenta não ter usado aquele cachecol no passado.

Enfim, muito boa literatura.


23.6.12

Bolo de banana madeirense


Vi a receita deste bolo de banana aqui e achei tão curiosa a combinação de banana e erva-doce que tive que experimentar. E ela foi aprovada! Gostei muito. Não apreciava o sabor da erva-doce no passado, mas, felizmente, as pessoas mudam. Fiz pouco mais de metade da receita e rendeu uma forma pequena.



Bolo de banana madeirense

6 bananas
300 g de farinha
300 g de açúcar
250 g de manteiga
5 ovos
1 colher de sobremesa de erva doce
1 colher de chá de bicabornato de sódio
1 colher de chá de fermento em pó
1 pitada de sal fino


 Com a ajuda de um garfo, esmague bem as bananas, estas deverão estar bem maduras.

 Numa tigela à parte bata o açúcar com os ovos até obter um preparado branco e fofo.

De seguida, adicione a manteiga derretida, o sal, a erva doce, a farinha peneirada com o fermento, o bicabornato de sódio e por último a banana esmagada.

 Envolva tudo muito bem e verta para uma forma previamente untada com manteiga e polvilhada com farinha. Leve a cozer em forno pré-aquecido nos 180ºC, aproximadamente 40/45 minutos ou até que o bolo fique cozido! Certifique-se com a ajuda de um palito!

10.6.12

Osamu Dazai - Fábulas



Osamu Dazai é um dos grandes escritores japoneses do século passado, como mencionei antes, ele morreu cedo, após algumas tentativas frustradas de suicídio. Li Blue Bamboo, uma coletânea de contos traduzidos para o inglês, há algum tempo e Otogizoshi (Fábulas) vem completar a série. Neste volume, o autor reescreve, à sua maneira, alguns dos mais tradicionais contos japoneses, como "O velho com o caroço no rosto" (não encontrei tradução melhor para o título em japonês), "Urashimataro", "A montanha Kachi-kachi" e "O Pardal com a língua cortada". 

Sei que nem todos são familiares com os enredos dessas fábulas, então, faço um breve resumo:

"O velho com o caroço no rosto" é sobre um homem que sobe uma montanha, bebe um pouco mais do que devia, adormece e acorda apenas após o anoitecer. Ele vê um grupo de demônios se divertindo e bebendo e, como ele mesmo ainda não está completamente sóbrio, decide participar da festa. Os demônios acham aquele velho tão divertido que decidem que ele deve voltar na noite seguinte, para garantir que isso ocorra, os demônios tomam um caroço incômodo que ele tem em uma das bochechas como refém e dizem que eles só irão devolvê-lo caso o velho volte para entretê-los, o que naturalmente ele não faz. (Note que os demônios japoneses geralmente tem um único chifre no meio da testa, daí o mal-entendido).

"Urashimataro" conta as aventuras do personagem de mesmo nome que salva uma tartaruga das mãos de algumas crianças. (Ninguém aí se lembra da propaganda da Varig nos anos 80?). Como agradecimento, a tartaruga o leva até um reino fantástico no fundo do mar. Lá, todos os seus desejos são satisfeitos e ninguém o contraria, mas a saudade de sua terra e de sua família um dia aperta e ele decide voltar. O fim é triste, pois os poucos dias no fundo do mar correspondem a centenas de anos no continente.

Em "A montanha kachi-kachi", vemos um coelho (ou coelha, isso é controverso, o autor acha que apenas um ser do sexo feminino seria capaz das crueldades descritas na fábula) fazer de tudo para afastar um guaxinim meio bobão e aproveitador que o/a incomoda todo o tempo. O guaxinim é chato, mas o/a coelho/a é bem malvado/a...

"O pardal com a língua cortada" é sobre um homem casado com uma mulher muito mesquinha, um dia ela arranca a língua de um pardal que o marido encontra ferido e pelo qual ele demonstra muita afeição.

Todas os fábulas são bem conhecidas, mas Osamu Dazai dá seu toque pessoal a cada uma delas, criticando as incongruências e mesmo a falta de lógica de alguns pontos. Alguns diálogos entre os personagens são bem cômicos, como os que ocorrem entre o guaxinim e o/a coelho/a, outros, são mais cansativos.



7.6.12

Mexerica com calda de Grand Marnier


Estava com vontade de testar uma técnica para remover a película que envolve os gomos das mexericas vista na NHK há algum tempo. Ela consiste em cozinhá-los rapidamente em água com um pouco de bicarbonato de sódio. Não sei exatamente o que ocorre durante o processo, mas a película vai afinando e amolecendo.

Antes e depois do cozimento

Procurei rapidamente alguma referência na internet, no entanto, não encontrei nada (admito que não procurei o suficiente), por isso, não sei qual a proporção ideal de água e bicarbonato para otimizar o processo, preciso experimentar mais. Usei água suficiente para quase cobrir os gomos e cerca de uma colher de café de bicarbonato. Esperei a água ferver e fui virando os gomos. Retirei do fogo quando achei que estava bom, escorri e passei por um pouco de água para retirar o fundinho amargo do bicarbonato. 

Os gomos devem estar limpos, sem os fiapos. (Acabei deixando as sementes). Quanto mais fina a película, melhor. Mesmo que ela não desapareça completamente, a mexerica fica bem mais fácil de comer e pode ser misturada com uma calda e usada em outras sobremesas.

Licores (com exceçção do Bailey's) duram muito aqui, esta garrafa de Grand Marnier é pré-histórica

Fiz uma calda parecida com aquela que uso para crepes suzettes, mas usei suco de mexerica no lugar de suco de laranja. Basta juntar açúcar e cozinhar até que o líquido se reduza e fique mais espesso, o Grand Marnier entra no final. Juntei os gomos e pronto. Uma sobremesa leve. Agora, se quiser algo mais guloso, pense em um crepe, uma bola de sorvete e calda de chocolate...