30.4.07

L'art du roman (A arte do romance) - Milan Kundera

A arte do Romance é um dos primeiros livros de ensaios e reflexões de Kundera, o seguinte é Testamentos Traídos, A Cortina é o último. Agora posso dizer que li todos. Gosto do Kundera como escritor, li vários de seus romances e me lembro de tê-los achado bons, mas se me perguntarem o enredo de qualquer um deles, não conseguiria contar nada! Que coisa feia, não é mesmo?

O Kundera ensaísta não se cansa de comentar os autores e obras de que gosta e fazem parte sua formação como escritor: Kafka, Rabelais, Cervantes, Flaubert, Tolstoi, Gombrowics, Hermann Broch... Ele sempre os usa como exemplos do que seria uma grande criação literária. Ele fala das traduções, que se revelam quase sempre filhos infiéis, pois os tradutores gostam de criar expressões e de mudar palavras de acordo com o que julgam soar melhor, fala de seu próprio processo criativo, de como seus romances podem ser comparados a composições musicais, aliás, Kundera estudou música durante muito tempo antes de se tornar escritor e seu pai também era músico. Crítica literária de peso, boa crítica de época e de gostos.


29.4.07

Pão de queijo Bicho do Mato

Vocês se lembram de que comi o melhor pão de queijo da vida na Pousada Bicho do Mato quando fui a Gonçalves (MG) no mês passado? E de que ganhei a receita? Pois eu a preparei! A Neusa (ou Nilza? Esse negócio de ter vergonha de pedir para uma pessoa repetir o nome quando não ouviu direito é terrível!) avisou que muita gente não tinha conseguido obter um pão de queijo igual em casa mesmo seguindo a receita e me aconselhou a comprar o polvilho usado na pousada (foto abaixo) que, segundo ela, é mais grosso do que aqueles vendidos nos grandes supermercados, então segui o seu conselho.

Ela disse que podia ser doce ou azedo, comprei o azedo porque foi o primeiro que encontrei em um mercadinho da cidade. Também comprei um queijo mineiro da gema antes de voltar para casa. Com o polvilho e o queijo na mão, lá fui eu fazer a receita. Fiz inteira para não ter erro.


Deu tudo certo, enrolei e assei uma fornada no mesmo dia, mas achei que não ficaram iguais aos que tinha comido. Decepção. Congelei o resto e no dia em que retirei alguns do congelador para assar, resolvi testar uma teoria: a de que talvez o segredo fosse assar os pães até que eles ficassem bem corados, como na pousada, onde os seus "fundilhos" ficavam bem escuros. Dito e feito! Assando por mais tempo, sem deixá-los branquelos como na primeira vez, obtive um pão de queijo crocante por fora e com uma textura cremosa por dentro! Ficaram tão bons! Só fiquei em dúvida sobre se tê-los congelado poderia ter contribuído para este resultado, mas se quiser saber, tenho que refazer a receita e assá-los antes de congelá-los. Quando repetir a dose (algo que certamente irá acontecer), farei um teste.


Pão de Queijo Bicho do Mato

4 x de polvilho (doce ou azedo, usei o azedo)
4 ovos
4 x de queijo mineiro ralado (você pode adicionar uma xícara extra de queijo!)
1 1/2 x de água
1 1/2 x de leite
1/2 x de óleo
sal a gosto

Ferver o leite, óleo, água e sal e escaldar o polvilho. Mexer com uma colher de pau até o líquido ser absorvido pelo polvilho. Quando esfriar o suficiente, coloque os ovos e o queijo, amassar bem com as mãos e enrolar. (Se a massa ficar dura, adicionar um pouco de água).
Os pães podem ser congelados e assados depois.



26.4.07

Bolinhas de frango com molho teriyaki

Como essa receita é boa! Encontrei no Blog Cuisine Métisse e sua autora, por sua vez, a adaptou do blog Rasa Malaysia. Um jeito diferente de empregar o molho teriyaki.

Bolinhas de frango com molho teriyaki

No processador de alimentos, bater:

1 peito de frango inteiro, desossado, cortado em pedaços
1/2 cebola picada
1 c sopa de farinha
1 c sopa de maisena
1 ovo
3 c sopa de miolo de pão seco ralado ou em pedaços
1/2 c chá de sal

Formar bolinhas dessa mistura com as mãos úmidas (ou elas irão grudar).
Colocar uma porção de cada vez para cozinhar em um panela com água fervente com 2 cm de gengibre fresco ralado. Retirar à medida que elas subirem à superfície (como no preparo do nhoque) e espetá-las em palitos (ou deixá-las como estão para serem servidas como aperitivo).

Prepare o molho: em uma pequena panela, ferva 5 c sopa de molho de soja (shoyu), 4 c sopa de sakê, 1 c sopa de mirin (tipo de sakê adocicado utilizado na culinária japonesa), 1 c sopa de açúcar. Adicione 1 c sopa de maisena dissolvida em um pouco de água, misture, retire do fogo quando engrossar.

Grelhe os espetos pincelando-os de quando em quando com o molho. (Eu coloquei no forno e fui pincelando enquanto eles assavam, mas você pode empregar o método que preferir: grill, frigideira, etc.)

23.4.07

Massa podre básica e algumas variações

A última edição da revista Cuisine et Vins de France que recebi traz várias receitas de tortas salgadas e doces que parecem deliciosas. Fiz uma delas e achei ótima! Mas antes de passar sua receita, achei interessante passar a receita básica da massa podre dada pela revista, bem como algumas dicas e sugestões, pois elas são muito boas e podem servir de base para as criações de cada um de vocês!


Massa podre básica

Para uma torta de 26 cm de diâmetro

200g de farinha
100g de manteiga
1 pitada de sal
água

Coloque a farinha, o sal e a manteiga fria cortada em pedaços em uma tigela. Desfaça a manteiga e misture-a com a farinha usando a ponta dos dedos. Adicione água, em fio, pouco a pouco, enquanto continua trabalhando a massa até que ela fique homogênea e se solte das bordas do recipiente. Envolva-a com uma folha de filme plástico e deixe-a na geladeira por no mínimo 30 min.


Após esse tempo, abra a massa com um rolo em uma superfície enfarinhada e enrole-a ao redor do rolo para transportá-la até a forma.

Dicas: 

 
Trabalhe a massa rapidamente sem mexer demais.
Retire a massa da geladeira com alguma antecedência para facilitar na hora de usar o rolo.
Você pode empregar um processador para fazer a massa, verifique o seu manual de instruções.


Para variar você tem várias opções:


Massa podre com tomate: transforme 50g de tomates secos bem escorridos em uma pasta e adicione à massa no final.

Massa podre com manjericão ou ervas finas: pique muito bem um punhado de folhas de manjericão (ou de salsinha, estragão ou mistura de cebolinha e salsinha) e incorpore à massa no final de seu preparo.

Massa podre com parmesão: Adicione 50g de parmesão ralado à farinha quando começar a fazer a massa, mas não use sal.

Massa com vinagre balsâmico: substitua a metade da água por vinagre balsâmico e suprima o sal. Essa massa é muito boa para as tortas salgadas e quiches, mas também é boa para tortas de morango.

Massa podre com azeitonas: substitua 40g da manteiga por uma tapenada de azeitonas verdes e não use sal.

Essa é minha: às vezes substituo parte da manteiga por azeite, a massa não fica tão quebradiça como aquela feita só com manteiga, mas é boa.


22.4.07

Bolo de banana e amêndoas

Achei esta receita enquanto procurava algo para usas as bananas que estavam começando a ficar "passadas" e resolvi experimentar. Gostei, a massa cresceu bastante e é bem gostosa. A cobertura poderia ser mais generosa com o chocolate, mas você pode adicionar mais, ela começa a ressecar depois de algum tempo.

Bolo de banana e amêndoas

3 bananas bem maduras descascadas
1 1/2 x de açúcar
1/2 x de manteiga (ou margarina) amolecida
3 ovos
3 c sopa de licor de amaretto (usei Frangelico que também é um licor de amêndoas) OU 1 c chá de essência de amêndoas
1 c chá de essência de baunilha
1 1/3 x de farinha
1/3 x de cacau em pó
1 c chá de bicarbonado de sódio
1/2 c chá de sal
1/2 x de amêndoas moídas

Para a cobertura
1 banana bem madura pequena
30g de chocolate meio amargo derretido

Amasse as bananas. Bata a manteiga e o açúcar até que a mistura fique leve e fofa. Adicione os ovos, licor e baunilha. Misture os ingredientes secos e a amêndoa.
Adicione as bananas amassadas aos poucos enquanto bate. Coloque em uma forma untada e enfarinhada e asse à 180C por 45-50 minutos ou até que um palito inserido no meio saía quase limpo e o bolo se solte dos lados da forma. Deixe esfriar por 10 minutos. Retire o bolo da forma e deixe esfriar completamente sobre uma grade. Espalhe a cobertura sobre ele.


Cobertura: Bata a banana transformada em purê com o chocolate derretido usando um batedor de ovos.


19.4.07

Chutney de maçã e gengibre


Receita que encontrei no site da Food Network. Ando meio devagar na cozinha e demorei para preparar algo para o Colher de Tacho, geralmente uso bastante gengibre quando cozinho, faço muito curry e gosto de temperar carnes com ele, mas, para dar uma variada, fiz um chutney de maçã. Ele ficou muito bom e vou usá-lo como acompanhamento para assados de carne de porco.

(Também tenho uma receita de chutney de manga aqui)






Chuney de maçã e gengibre

 
4 maçãs grandes descascadas, sem sementes, picadas
2 x de cebola picadinha
1 1/2 x de vinagre de cidra ou vinho branco
1 1/2 x bem cheias de açúcar mascavo
1 x de passas claras (usei escuras)
1/4 x de gengibre descascado picadinho
1 pimentão vermelho picado (não coloquei por esquecimento)

3/4 c chá de sementes de mostarda

3/4 c chá de sal

1/2 c chá de pimenta calabresa


Coloque todos os ingredientes em uma panela grande e deixe a mistura ferver, cozinhe em fogo médio, mexendo de vez em quando, por 40 minutos, ou até que engrosse e o líquido evapore bastante. Coloque o chutney em recipientes limpos e bem fechados. Ele dura 2 semanas na geladeira.

12.4.07

Bolo de ameixas

Compramos ameixas muito azedas outro dia e precisava comê-las de alguma forma. Achei esta receita de bolo na internet e resolvi prepará-la, ela leva bem poucos ingredientes e é bem fácil de fazer. Ficou boa, mas as ameixas não ajudaram muito, continuaram azedas... rs
A quantidade de massa parece bem pequena, mas ela cresce bem enquanto assa, eu usei uma forma de 20cm de diâmetro, as ameixas deveriam ser cortadas apenas ao meio, mas além de azedas, elas eram grandes e achei melhor fatiá-las, acho que esteticamente ficou bem melhor! Se não quiser usar ameixas, use maçãs ou pêras, deve ficar ótimo!


Bolo Húngaro de ameixas

1/2 x de manteiga à temperatura ambiente
1/2 x de açúcar
2 ovos
1/2 c chá de fermento em pó
1/2 c chá de extrato de amêndoas
10 ameixas (usei só 4 enormes)
1 x de farinha
1/4 c chá de sal
1 c chá de canela para polvilhar
1/2 x de açúcar para polvilhar

Bata a manteiga, adicione o açúcar e 1 ovo. Bata bem. Adicione o outro ovo e bata. Adicione a farinha, fermento e sal. Misture e adicione a essência de amêndoa. Espalhe a massa em uma forma untada.
Corte as ameixas ao meio e remova os caroços, não descasque. Arrume as metades das ameixas sobre a massa com o corte para cima, pressione levemente. Polvilhe com o açúcar e a canela.
Asse por 30-40 min até dourar.


11.4.07

Blind Willow, Sleeping Woman - Haruki Murakami

Um dos meus últimos Murakamis... Esse livro de contos foi traduzido e publicado nos EUA no ano passado. São 24 contos nos quais o autor se diverte com o leitor, histórias bem ao seu estilo, com direito a mistérios sem solução e uma certa melancolia. Antes de ler o livro, já tinha passado os olhos em uma crítica do Times Literary Supplement no qual o comentador dizia que Murakami, ao contrário de seu hábito, deixava o lado fantasioso de lado nas histórias desse livro. Creio que há alguma verdade nisso. As histórias são mais "pé no chão", muitas vezes mais parecidas com crônicas. A grande maioria trata de pessoas e relacionamentos. E já existe bastante material aí. Mas talvez seja exagero dizer que não há nada "peculiar" nelas.

Gostei muito de "A folklore for my generation: A pre-history of Late-Stage Capitalism", no qual um antigo colega de classe do narrador conta seu relacionamento com a namorada de adolescência. Já tinha lido a história na New Yorker, ela é muito bonita, doce e terna.

"Dabchick", começa com o narrador percorrendo galerias do esgoto em busca de um lugar onde seria entrevistado para um suposto emprego, não somos informados sobre o gênero de trabalho, mas, como o narrador diz, o pagamento é bom. Após andar por vários minutos em busca de uma porta, ele encontra o homem encarregado de levá-lo até seu chefe, mas antes, ele precisa falar qual é a senha do dia... O diálogo entre os dois é muito divertido e me vi rindo enquanto lia.

Leitura gostosa, mas, como sempre, prefiro seus romances.

Murakami, quando sai seu próximo livro, por favor!! I'm a book junkie!

9.4.07

Pão estilo "Outback" da Cinara

"É para vender?"

Esta foi a pergunta que O. fez ao ver a assadeira repleta de pães. Claro que não! Serão congelados e saboreados nos cafés da manhã das próximas semanas!


Como sempre, fiz pães pequenos, eles cresceram muito e ficaram macios. Como a Cinara, usei a máquina de pão para amassar. A massa estava meio grudenta, mas fui untando as mãos com óleo e fazendo bolinhas na hora de moldar. Como sempre, nada muito artístico. A receita é muito boa, não usei corante, mas o pão fica escurinho por causa do cacau, aliás, talvez da próxima vez adicione menos cacau, acho que fui generosa demais e eles ficaram meio "chocolatey". Também não passei a massa no fubá, só o espalhei na assadeira para não grudar e omiti o glúten, pois como usei farinha própria para pão, achei desnecessário. Dêem uma olhada no post da Cinara e nas dicas que ela dá!

Pão Australiano (tipo Aussie Bread do Outback)

1 1/4 xícara de água morna
Corante alimentício marrom (opcional)
2 colheres (sopa) de margarina
1/2 xícara de melado
1 1/2 xícara de farinha de trigo
1 xícara de farinha de trigo integral
1 xícara de farinha de centeio
2 colheres (sopa) de chocolate em pó

3 colheres (sopa) de açúcar mascavo
1 colher (chá) de sal
1 colher (sopa) de glúten
1 1/2 colher (chá) de fermento biológico seco
Fubá para polvilhar

Na máquina de pão, misture 60 gotas de corante marrom à água morna, e em seguida acrescente todos os demais ingredientes (menos o fubá), na ordem acima. Ligue no ciclo "amassar". Quando o ciclo terminar, remova a massa e separe-a em 6 partes iguais.
Modele 6 pãezinhos de cerca de 12cm de comprimento e 5cm de largura. Polvilhe uma superfície com fubá. Umedeça as mãos, passe-as levemente sobre os pãezinhos e passe-os no fubá. Coloque-os em uma assadeira, cubra com um pano e deixe crescer até dobrar de tamanho (cerca de uma hora).
Pré-aqueça o forno a 180 graus centígrados. Leve os pãezinhos crescidos ao forno e asse por 35 a 40 minutos, ou até dourar. Tire do forno e deixe-os esfriar por 15 minutos.

Bar do Marcelo - Gonçalves (MG)

Por minha família ter tido um bar ao lado da casa por um certo período de tempo (uma das idéias mirabolantes do meu pai), eu sempre vi as pessoas que iam diariamente beber sua dose de cachaça com um pouco de preconceito, afinal, elas bebiam com a regularidade de um remédio com preescrição médica, algumas passavam horas bebendo e assistindo televisão, intercalando doses de "branquinha" com garrafas de cerveja. Sentia os olhares de desaprovação quando as vizinhas vinham buscar seus maridos no estabelecimento, era chato. Mas se eles continuavam a aparecer, era porque o vício era mais forte, pois eu e meus irmãos éramos terríveis e cada vez que alguém se demorava no balcão, recebia nossos olhares de franca reprovação. O pior era quando alguém, já bêbado, aparecia no portão depois que já tínhamos fechado e pedia uma última dose, só mais umazinha... (Ele ficava gritando na calçada enquanto nossos cães latiam, péssima lembrança).

Por longos anos, odiei o aroma da cachaça e desprezei seus apreciadores. Mas estou pronta a mudar de opinião depois de conhecer o "Bar do Marcelo", em Gonçalves, um barzinho como qualquer outro bem na frente da igreja, com inúmeras garrafas de cachaça enfileiradas nas paredes, das mais variadas tonalidade de dourado à transparência mais pura, dos mais variados preços. O Marcelo foi muito gentil e explicou que as melhores cachaças artesanais são produzidas na região de Salinas, no norte de Minas, e foi colocando algumas doses de diversas garrafas para que provássemos.

Provamos umas cinco cachaças diferentes e pudemos constatar as diferenças de aromas e sabores. Algumas são mais encorpadas ou perfumadas do que outras, como os vinhos. Algo surpreendente e capaz de extinguir qualquer preconceito. Descobrimos que uma das características de uma boa cachaça é não ter um álcool muito pronunciado e o aroma deve sempre lembrar a cana, seja sob a forma de garapa ou mais para melado ou rapadura.

A cachaça pode ser envelhecida em barricas de carvalho, bálsamo, etc., por vários anos. O próprio Marcelo envelhece a sua e a engarrafa com rótulo próprio. Compramos uma envelhecida com mel para preparar drinks e caipirinhas, além de mais outras duas garrafas para manter no nosso estoque pessoal. (Eu não experimentei, mas li que o bar serve um ótimo café expresso orgânico).


Foi ótimo conhecer o lugar, só lembre-se de não chamar a "cachaça" de "pinga", isso parece ser meio pejorativo...

8.4.07

Senhora das Especiarias - Gonçalves (MG)


 
Se você for a Gonçalves, não deixe de passar pela Senhora das Especiarias, ela fica em uma casa rosada de esquina no meio da cidade. Você sobe as escadas e chega em uma sala com uma mesa cheia de vidrinhos abertos, cada um com uma colher, cobertos por um tipo de véu branco. Logo em frente, há uma porta aberta também protegida pelo mesmo tipo de véu branco, do outro lado, você verá várias mulheres com toucas na cabeça conversando e trabalhando na confecção de geléias, chutneys e antepastos. Os mesmos que estão na mesa e que você pode provar à vontade, claro que fica chato fazer isso sem levar nada...

Fomos recebidos pela Fernanda, uma mulher pequena, mas de fala e gestos rápidos que nos recomendou restaurantes e lugares para visitar enquanto eu experimentava um pouco de tudo.


Os restos de pão francês da bandeja estavam duros, mas era segunda-feira de manhã, então dei um desconto... Gostei muito da geléia de abacaxi com pimenta e do creme de maçãs com castanhas, mas todas as geléias são feitas com combinações bastante criativas e inusitadas: laranja com gengibre, alfazema, abacaxi com hortelã, ervas finas, café, cachaça, chocolate, etc., também há antepastos salgados. Os produtos da Senhora são vendidos em vários empórios "gourmets" de São Paulo e parecem ter muito boa recepção. Saíamos com alguns vidrinhos e com a boca doce (ao menos eu, O. não é de provar muitas coisas, exceto bebidas).


No site da empresa, é possível ver quais os produtos oferecidos.


6.4.07

Ainda na pousada - Gonçalves (MG)

Nossa "toca" na pousada Bicho do Mato



Nada mal acordar, abrir as cortinas e olhar para essa paisagem, hein?


Preguiças, detalhe do azulejo do banheiro

Pousada Bicho do Mato - Gonçalves (MG)

Restaurante da Pousada


Escolhi a Pousada Bicho do Mato em Gonçalves após consultar esta reportagem na seção de viagens da Uol. Fiz uma avaliação da relação custo benefício e achei que ela se saiu melhor. Ela fica afastada da cidade propriamente dita, uns 7km, no bairro do Sertão do Cantagalo (adoro os nomes dos lugares, são tão poéticos! "São Sebastião das Três Orelhas" é outro bairro com um nome sugestivo!) bem no alto de um morro a mais de 1500m de altitude. São apenas sete chalés, cada um tem um nome de um bicho da fauna brasileira, ficamos na "Toca da Preguiça", algo apropriado para nós... Éramos os únicos hóspedes, pois era começo de semana e as pessoas "normais" trabalham... Mesmo assim, fomos muito bem recebidos e alimentados, como não havia muitas opções de almoço na cidade (a maioria do restaurantes funciona só nos finais de semana), acabamos fazendo todas as refeições por ali mesmo. A comida era bem gostosa, feita na hora e com muito capricho. Apesar de sempre haver uma opção de jantar (risoto, massa, caldo, variando a cada dia) inclusa na diária, muitas vezes, escolhíamos pratos à la carte.


(Clique sobre as fotos para ampliá-las)
Truta na trouxa e salada de vegetais com iscas de truta, os pedacinhos de truta da salada pareciam torresmo, estavam muito crocantes. A couve da "trouxa" e o almeirão roxo da salada eram da horta orgânica da pousada.

Comi um risoto de shiitake com pedaços de truta delicioso, outros pratos de que gostei fo
ram da "truta na trouxa" e da "truta pererê", a primeira consistia de pedaços de truta temperados com gengibre e curry (talvez), embrulhados em folhas de couve e servidos sobre purê de mandioquinha, o segundo, era basicamente um filé de truta com crosta crocante de amêndoas sobre purê de maçãs. As ervas e condimentos são muito bem usados na cozinha da pousada. E o café da manhã! Que delícia! Éramos os únicos hóspedes, mas o pessoal se dava ao trabalho de acender o fogão à lenha sobre o qual ficavam o bule de leite (espesso e saboroso), a água quente para o chá e o pão de queijo mais gostoso que já comi na vida, crosta crocante e interior cremoso, nenhum pão de queijo será mais o mesmo depois disso! (Ganhei a receita e se der certo vou publicar!)



Fogão a lenha do restaurante da pousada, sobre ele, bule de água, leite e o pão de queijo

Quando entrávamos no restaurante, a mesa já estava arrumada com pratos e talheres, havia sempre um suco, frios, manteiga, geléia, bolo, pães, iogurte... Tanta coisa! Voltei alguns quilos mais gorda!


Bolos, biscoitos, pães, sucos, iogurte, manteiga, geléia, rocambole com doce de leite, frutas...

Não há telefone nos quartos e os canais de tv se limitam aos abertos, O. chiou com isso, pois está viciado em tv à cabo, mas assim íamos dormir mais cedo, o que não era má idéia, uma vez que os quartos não têm black-out e quando o sol nasce, lá pelas seis da manhã, o quarto fica bem claro.
Como na pousada em que ficamos em Monte Verde, ali também havia algum animal morando no forro de madeira do teto que teimava em correr de um lado para o outro e fazer ruídos estranhos. (A Isabel, a dona da pousada, que mora lá mesmo, disse que eram andorinhas.) Fora isso, o silêncio era absoluto. Acordávamos, afastávamos as cortinas e contemplávamos uma paisagem linda com um céu azul. As noites também foram muito bonitas durante nossa estadia, a lua cheia iluminava a paisagem. Recomendo muito o lugar. Por R$10,00, você pode usar a internet no quarto, usávamos o Skype para fazer ligações telefônicas, uma vez que o celular não pegava. Passem pelo site da pousada!

Interior do restaurante da pousada


***************

Fomos visitar a Pousada "O Montanhês" que ficava por perto e também gostamos dos apartamentos, eles têm uma bela vista e são confortáveis, já os chalés não são lá essas coisas, são bem apertadinhos. Há uma boa piscina coberta e aquecida no inverno. Só fiquei em dúvida sobre o restaurante, o cardápio que me mostraram não me animou muito, mas dá para sair de carro e ir comer no "Bicho do Mato"... Outra coisa meio complicada no Montanhês é subir até a pousada, o caminho é bem íngreme e um pouco de chuva e alguma "birita" podem dificultar as coisas...

Também passamos pelo Solar d'Araucária, apesar de ser considerado o "top" na lista da revista 4 Rodas, achei a pousada cara para o que oferece, a impressão é a de que os chalés já tiveram dias melhores. Há uma cachoeira na propriedade e os chalés mais caros ficam voltados para ela, mas a vista geral não é tão bonita quando a do Bicho do Mato e a do Montanhês.

4.4.07

Gonçalves (MG)

 
Passei alguns dias em Gonçalves (MG). A última estadia em Monte Verde (MG) nos fez querer voltar para o sul de Minas, desta vez, insisti em conhecer essa cidade que fica a alguns quilômetros ao norte de Monte Verde. Fomos pela Fernão Dias e entramos em Cambuí e, de lá, nos dirigimos até Córrego do Bom Jesus, todo o percurso ao som dos Stones, de Amy Winehouse  e Mary Gauthier. A estrada de terra entre Córrego do Bom Jesus e Gonçalves tem várias "costelinhas e costelões", aqueles sulcos abertos pelas águas das chuvas, mas ainda é "passável". (Sônia, vi onde fica a Pousada da Dona Marica! Um dia passo para dizer oi para a Cleide!). Para quem vem de SP, a vida é mais fácil, o rodovia entre Campos do Jordão e a cidade é asfaltada.
A cidade propriamente dita é minúscula, não é estranho ver cavalos amarrados na calçada, os restaurantes e pousadas ficam afastados, mas acho que esse é o charme do lugar, tinha gostado de Monte Verde, mas se você quer mesmo fugir de qualquer agito, vá a Gonçalves. Na temporada e finais de semana, Monte Verde já fica cheia e não há onde estacionar na rua principal. 
Gonçalves é calma, linda. Só aumentou aquele meu desejo de fugir de tudo, arrumar um emprego de meio período para fazer algo em uma lojinha ou pousada e gastar o resto do tempo lendo e escrevendo meu grande romance, mas idílios não seriam idílios se se concretizassem...
Você cruza com cachoeiras e riachos nas estradas que serpenteiam em meio às colinas cobertas por pastos verdes e araucárias, as pessoas são sempre mineiramente simpáticas e come-se muito bem. Há uma grande preocupação em oferecer produtos de qualidade e várias propriedades trabalham com agricultura orgânica.

Como estamos na época de pinhões, via os ditos cujos espalhados pelas estradas de terra, até apanhei alguns. Também estamos na época em que as borboletas deixam suas crisálidas e saem voando por aí, então havia várias pairando pelas matas.

Não há muito o que fazer à noite além de jantar e se recolher ao conforto do quarto, mas quem precisa de mais do que isso? Os celulares não pegam e pouquíssimos lugares aceitam cartão, mas isso são detalhes... Fugimos do calor, até vestimos agasalhos, pois as manhãs e as noites eram fresquinhas, e descansamos. Tomávamos nosso delicioso café da manhã e davámos uma pequena volta de carro pelas redondezas, voltávamos para a pousada, almoçávamos e eu me estatelava na cama para minha "siesta", algo que não costumo fazer em dias normais. 
Não deu para ir a todos os lugares que tinha vontade de conhecer, pois estávamos no começo da semana e a maioria dos restaurantes só abre a partir das quintas-feiras. Gostamos de fugir de "gente" e sempre saímos quando todos ainda estão trabalhando, há vantagens e desvantagens em fazer isso, mas se podemos, por que não?
Nos próximos posts, escreverei sobre alguns lugares pelos quais passamos.