Gosto de livros de história, apesar de eles reforçam aquela sensação de que o ser humano é uma criatura que destrói, transforma e consome tudo o que estiver ao seu alcance e depois se entredevora. Enfim, uma aberração.
Li uma resenha de The Arabs de Eugene Rogan na The economist do começo do ano e fiquei com vontade de lê-lo. É um livro muito bom para ter uma ideia da configuração daquilo que chamamos de "mundo árabe". Ele começa com a dominação otomana, segue por todo o período em que a região é dividida em "protetorados" da França e da Inglaterra, narra as lutas pela independência, a criação de Israel e chega aos tempos atuais, quando vemos os primeiros indícios de que o rancor contra a opressão do ocidente começa a se transformar no confronto entre o Islã e a "depravação" ocidental.
The fate of Africa, de Martin Meredith, fornece um panorama da história do continente africano: as lutas contra o colonizador europeu, as inúmeras guerras civis entre facções e etnias financiadas pelos americanos ou russos no cenário da guerra fria, as várias guerras pelo poder e pelo controle dos recursos minerais., os conflitos raciais, tribais, e toda a barbaridade cometida em nome disso. Quem lê diz: "Mas esse continente nunca irá para frente!". De qualquer maneira, acho que todo o dinheiro que a China e países como o Brasil estão injetando lá dentro pode trazer mais infraestrutura e ajudar a melhorar a vida da população, mesmo que a maior parte ainda fique na mão de algumas poucas pessoas.
The ethnic cleansing of Palestine, de Ilan Pappe, é uma acusação contra os abusos que teriam sido cometidos por Israel no período da guerra pela independência em 1948. O autor mostra como a expulsão dos palestinos daquilo que seria o território de Israel teria sido um ato premeditado e não uma circunstância da guerra. Para "expurgar" o país da presença palestina, vilas inteiras teriam sido destruídas e muitas pessoas mortas pelo exército israelense. Para corrigir uma injustiça cometida contra os hebreus em um passado longínquo, uma outra teria sido perpetrada. Segundo o autor, a solução do conflito entre israelendes e palestinos só seria possível após o reconhecimento dos erros mútuos.
Os dois primeiros livros são enormes e não dá para digerir tudo de uma vez, o último se concentra no período da criação do estado de Israel, em cada um deles há um desfile de atrocidades, lutas e injustiças. Leituras edificantes? Não sei se poderia classificá-las dessa forma, são mais socos no estômago. Entretanto, não podemos simplesmente ignorar acontecimentos negativos. Depois de ler coisas assim, eu sempre me refugio na arte, - literatura, música, pintura, etc. -, uma outra obra humana, para mim, a única coisa capaz de nos redimir.
5 comentários:
Que leituras difíceis!
Depois de viver na Argentina e agora aqui no Panamá, ambos lugares com uma importante comunidade judia, só o acto de ler e comentar um livro como o que mencionas (o "...ethnic cleansing...", claro) é capaz de te custar a "extradição" (exagero, óbvio, mas bem-vindo, não é de certeza).
Por isso, obrigada por falares no livro, fiquei muito curiosa.
(eu continuo a achar que a solução é um país, dois estados, mas esse é outra "heresia" que não pode ser mencionada...)
Billy, felizmente temos a liberdade de escolher nossas leituras, não é mesmo? Li por curiosidade, pelo próprio autor ser filho de judeus nascido em Israel.
oi Karen,
será que os três livros tem edições em português heim? e os três livros são super interessantes. A começar pelo The Arabs. Na verdade é um vasto tema a ser desvendado por nós né? porque o que vem a ser a cultura muçulmana? que não é a mesma coisa que árabe e muito menos palestino é árabe. Muito interessante, vou anotar os livros.
E vc tem toda razão em buscar refúgio na arte. Agora há pouco tava lendo um blog de uma mulher e ela foi pra Alemanha, especificamente num campo de refugiados nazistas. É análogo, passar por uma experiência dessas, temos que nos ' refugiar' pela arte, música, pintura...vc tá certa
bj
madoka
Oi, Madoka, talvez o The fate of Africa tenha, pois já foi publicado há algum tempo, mas é preciso dar uma pesquisada nas livrarias daqui e de Portugal.
Não são livros que interessem às editoras, o foco delas parece ser os livros de auto-ajuda e os best-sellers. Também sempre há uma certa defasagem em relação à data de publicação do original e da tradução.
Concordo com você, cada povo é diferente, tem uma história. É o mesmo que dizer que chinês, japonês e coreano são todos iguais. Isso me deixa louca da vida!
Karen, respondi la no blog sobre o Kale.
Sabe q eu nao sei qual seria ai no Brasil, mas eh muito parecido com Couve (que chama collard greens aqui), tanto em texture como em taste.Creio q elas seja da mesma familia de verduras.
Eu acho q a salada ficaria uma delicia feita com couve tbem.
Bjs!
Ana
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