28.12.11

Shiruko / Zenzai (sopa doce de feijão azuki)


"Shiruko" ou "zenzai"? Há uma grande controvérsia sobre qual o nome dessa sopa doce de feijão azuki. Isso ocorre mesmo entre os japoneses. Alguns dizem que um conserva os grãos ainda inteiros enquanto o outro é feito com a pasta do feijão, algumas pessoas afirmam que a diferença está em se há caldo ou não, por fim, há aqueles que dizem que o nome varia dependendo da região. Meu pai é da província de Chiba e eu cresci comendo "zenzai", descobri que algumas pessoas conheciam o prato como "shiruko" mais tarde.

"Doces feitos com feijão japonês" não são muito apreciados pelos ocidentais, conheço pouca gente que goste. Eu também não gostava muito, mas minha mãe sempre fazia zenzai quando preparava sekihan e eu comia. Isso criou um hábito.

Novamente, não vou passar uma receita com medidas exatas. Basta lavar, escorrer e deixar o azuki de molho de um dia para o outro. Escorrer, colocar em uma panela com água fervente e cozinhar por 5-6 minutos, escorrer outra vez, (li  recentemente que isso diminui o amargor do feijão e adotei o procedimento), colocar água outra vez, adoçar a gosto e deixar cozinhar até que os grãos fiquem macios e o caldo espesso. Adicione água conforme a necessidade.

O zenzai tradicional é servido com mochi. Ele é adicionado à sopa quente e amolece. Na versão mais comum entre os nipo-brasileiros, e aquela que fiz, no entanto, são adicionadas colheradas de uma massa feita com farinha, água e sal quase no final do cozimento do zenzai. Essa massa endurece e forma bolinhos. Os chamados "dangos". Pode parecer estranho, mas acho a combinação dessa massa ligeiramente salgada com o doce de feijão muito mais gostosa do que com o mochi. Sempre "caçava" todos os dangos da panela.


Massa feita com farinha, água e sal para os bolinhos

Meu zenzai demorou bastante tempo para cozinhar, e olha que o azuki costuma ser rápido, talvez seja porque interrompi o cozimento dos grãos no dia anterior para fazer o sekihan, mas não tenho certeza. Se quiser que ele fique mais espesso ou com um caldo mais ralo, basta controlar a quantidade de água. Se preferir sem os grãos, você pode bater o zenzai no liquidificador antes de adicionar o mochi ou a massa para os dangos.

Este é um doce com bastante "sustância", provavelmente mais apropriado para dias frios, mas eu não ligo para o calor. No filme Óculos, cuja história se passa em Okinawa, aparece uma versão que é colocada em uma cumbuca, coberta com gelo raspado e depois com uma calda doce, como uma rapasdinha. Deve ser interessante...

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27.12.11

Sekihan (mochigome cozido com feijão azuki)


Resolvi fazer sekihan este ano. "Sekihan" significa "arroz vermelho" (a foto é autoexplicativa), a coloração é do feijão azuki que é cozido junto com o mochigome (arroz glutinoso japonês). É um prato bem simples e tradicional servido em celebrações para dar sorte e afastar as más energias. Ele pode ser consumido quente ou frio polvilhado com gomashio, uma mistura de grãos de gergelim com sal vendido já pronto nas lojas de produtos orientais ou feito em casa, e castanhas portuguesas cozidas. Ou mesmo puro.




Vi muitas receitas na internet, mas queria uma receita mais tradicional, na qual o sekihan fosse cozido no vapor, mesmo em sites japoneses, as pessoas usavam a máquina de cozinhar arroz. A mais próxima daquela que minha mãe costuma fazer foi a do Wagashi Maniac, blog ótimo de receitas japonesas, especialmente doces (maior parte escrita em alemão). O arroz é cozido no vapor como na receita da minha mãe, mas há algumas diferenças, como no cozimento do azuki e no fato de o arroz ser deixado de molho na água de cozimento do feijão para que a cor avermelhada fique mais intensa. Achei isso muito interessante, pude comprovar a diferença ao visualizar a foto que tirei do sekihan que minha mãe fez no ano passado.

Meus pais chamam o prato de "okowa" de vez em quando, pesquisei um pouco e descobri que qualquer prato feito com mochigome cozido no estilo "risoto" recebe esse nome. "Sekihan" é mais específico e serve para designar esse prato em que o mochigome é "tingido" pelo feijão. E vale lembrar que "mochigome" não é o mesmo arroz usado na culinária japonesa para se fazer sushi. Ele é mais glutinoso (grudento) e usado para se fazer mochi.

Não recorri a medidas exatas, a ideia é cozinhar uma grande quantidade de arroz com uma pequena quantidade de azuki. Como geralmente os japoneses cozinham muito mais azuki para usar em outros pratos, como shiruko/zenzai ou outro doce, raramente alguém cozinhará apenas uma xícara dele. Eu fiz uma porção ridiculamente pequena de sekihan (é tudo isso que está no prato acima) porque só eu como. Usei uma xícara de arroz e algumas colheradas do azuki que cozinhei. (Fiz zenzai com o resto).

Minha mãe costuma deixar o mochigome e o azuki de molho no dia anterior depois de lavá-los. No dia seguinte, ela cozinha o azuki com água na panela de pressão, separa uma porção de grãos que junta ao arroz escorrido e já colocado em um recipiente próprio para cozimento no vapor forrado com um pano de prato limpo, mistura um pouco, tempera com sal, cobre com a porção do pano de prato que ficou sobrando dos lados e deixa no fogo, tampado, até que tudo fique macio. (O cozimento todo é feito no vapor).

A versão do Wagashi Maniac que segui é um pouco mais trabalhosa. O feijão é deixado de molho por cerca de 3-4 horas no dia anterior, escorrido e cozido rapidamente em água fervente por 5-6 minutos, escorrido outra vez e cozido novamente em fogo médio em nova água por 10 minutos, ao final dos quais o "caldo" deve estar vermelho e os grãos devem estar "al dente", começando a ficar macios, mas ainda firmes. O primeiro cozimento rápido, segundo as fontes da autora do blog, serve para retirar o amargor do azuki.  O resto do cozimento é feito no vapor, junto com o mochigome no dia seguinte. O azuki é então escorrido, o caldo desse último cozimento é consevado e, depois de frio, usado para deixar o mochigome de molho.

O mochigome é lavado, escorrido, colocado em uma tigela e deixado de molho no caldo em que o azuki foi cozido (se faltar líquido para cobrir o arroz, adicione um pouco de água) de um dia para o outro para que os grãos sejam "tingidos" pelo caldo do azuki. Enquanto isso, os grãos de azuki cozidos podem ser conservado na geladeira.


Mochigome deixado de molho no caldo de cozimento do azuki


No dia seguinte, coloca-se água para ferver em uma panela própria para cozinhar a vapor. Forra-se a parte superior da panela (a "peneira" que vai por cima) com um pano de prato grande e limpo. O mochigome é escorrido e colocado sobre o pano de prato junto com a quantidade desejada de grãos de azuki, mistura-se um pouco para que os grãos fiquem bem distribuídos e cobre-se tudo com as sobras do pano de prato. Tudo é cozido no vapor, tampado, por cerca de 20 minutos. Depois desse tempo, borrifa-se um pouco de água com sal para temperar. Cozinha-se mais 15-20 minutos. O sekihan estará pronto quando o arroz estiver transparente e macio. O azuki ainda ficará um pouco firme.


Mochigome e azuki antes do cozimento


Sekihan logo após cozinhar no vapor


Gostei desta versão, achei que ficou melhor do que a da minha mãe em relação à aparência (nada contra, o sabor do sekihan materno é ótimo), o uso do caldo do azuki para colorir o mochigome é genial e como os grãos são cozidos por pouco tempo na primeira etapa, eles se consevam inteiros até o fnal do processo. Já  na receita da minha mãe, como o azuki é cozido na pressão, os grãos ficam bem moles e eles quase se desfazem depois de cozidos com o mochigome.

O sekihan resseca rápido e o ideal é que não fique muito tempo ao ar livre. Mantê-lo coberto pelo pano de prato úmido ajuda a conservá-lo mais gostoso. (E por falar em pano de prato, saiba que ele ficará manchado).

Se guardar o sekihan e achar que ele ficou muito ressecado, coloque em um recipiente que possa ir ao micro-ondas, adicione um pouquinho de água, cubra com filme plástico e aqueça por 2-3 minutos. Este não é um prato para todo mundo, mas para quem gosta (como meu pai), ele é indispensável em ocasiões festivas.


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26.12.11

Salpicão de tender e frutas


Este foi o fim de um tender que, apesar de pequeno, parecia infinito. Triturei no processador para que ele ficasse irreconhecível (você pode picá-lo com uma faca, mas preferi assim). Juntei aipo, passas, maçãs, manga e castanha do Pará picados, temperei com maionese, suco de limão (só um pouco, para evitar que as frutas escurecessem) e creme de leite fresco. Nem adicionei sal, o sal do tender já deu conta. Rápido de fazer e bem fresquinho para dias quentes. (E os dias têm sido quentes!).


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23.12.11

Batatas e kabu assados com mostarda dijon


Encontrei algumas receitas do primeiro volume de Tender do Nigel Slater e resolvi testar esta receita. Originalmente ela levava "rutabaga", um tipo de raiz que nunca vi por aqui, lembra uma beterraba por fora, mas é amarela por dentro, eu a substituí por kabu (parece um nabo só que é redondo, "turnip" em inglês). A combinação ficou gostosa. Ao menos eu achei, o O. notou que havia algo diferente, mas nem se deu conta de que havia outro vegetal ali além das batatas. Esses homens!

O Nigel pede para que os vegetais sejam cortados em fatias bem fininhas, quase transparentes, com o uso de um daqueles cortadores apropriados para isso, mas fatiei tudo com uma faca e o tempo de cozimento ainda foi menor do que o pedido na receita. Apesar de as fatias não ficarem tão fininhas, depois de uns 40 minutos de forno, testei com um garfo e estavam todas macias.

Não segui medidas exatas e usei azeite no lugar da manteiga e água no lugar do caldo. A mostarda não se misturou muito bem com o azeite, mas não sei se isso ocorreria se tivesse usado manteiga. De qualquer forma, tudo saiu muito bem no final. Se não gostar de kabu, ou tiver lá as suas hesitações, use só batatas, dá um belo acompanhamento.





Batatas e kabu assados com mostarda dijon


500g de batatas
500g de kabu
4 dentes de alhos picados
85g de manteiga (usei azeite em quantidade menor, acho que você pode usar menos manteiga/azeite, mas se gostar de recuperar a gordura e o caldinho que sobram no fundo do refratário com um pedaço de pão, fique à vontade!)
2 c chá bem cheias de mostarda tipo dijon
1 c chá de folhas de tomilho  (usei secas e em quantidade muito maior porque não medi)
55ml de caldo de legumes (usei água)


Descasque as batatas e corte em fatias bem finas. Faça o mesmo com o kabu (não costumo descascar este último). Deixe as fatias dos dois vegetais em um recipiente com água para que não escureçam caso demore um pouco para usá-los.

Preaqueça o forno à 190°C. Derreta a manteiga em uma frigideira, quando começar a ferver, adicione o alho e diminua a temperatura. Deixe que ele refogue um pouco sem dourar. Retire a frigideira do fogo e adicione a mostarda. Unte uma forma de cerca de 25 cm com um pouco dessa mistura e reserve o resto.

Escorra os vegetais fatiados e retire o excesso de água com papel toalha ou um pano de prato. Distribua 1/3 dos vegetais na forma, regue com um pouco da mistura de azeite e mostarda. Tempere com sal e pimenta. Polvilhe um pouco do tomilho. Repita esse processo mais duas vezes. Finalize regando com o caldo de legumes.

Cubra tudo com um pedaço de papel alumínio pressionando os legumes com a palma das mãos. Asse por cerca de 1h10, até que os vegetais estejam macios quando espetados com uma faca/garfo (no meu caso, eles já estavam bons depois de 40-45 minutos de forno). Retire o papel alumínio, aumente a temperatura para 220°C e asse mais 10 min para que a superfície doure.



21.12.11

Salada de bacalhau com risoni


Eu e minha obsessão por receitas com bacalhau.

O que me atraiu nesta foi o risoni, essa massa com formato de arroz que sempre tive vontade de experimentar, mas não sabia como usar além de adicionar às sopas. 

Gostei muito da combinação de sabores, infelizmente esqueci de comprar o limão siciliano, acho que ele teria deixado a salada ainda mais perfumada, mas ficou muito saborosa assim mesmo. Você come uma colherada após a outra e nem percebe.

Não usei medidas exatas, a receita original é muito grande para duas pessoas. Comprei uma daquelas bandejas pequenas de bacalhau em lascas e dessalguei no mesmo dia. Elas são muito práticas e bem mais baratas do que as postas. Quando as receitas pedem bacalhau desfiado, não penso duas vezes e vou direto para as lascas, acho comprar postas para desfiar um desperdício.

Receita de uma amiga da Lylia.




Salada de bacalhau com risoni


1kg de filé de bacalhau em lascas, dessalgado e refogado em azeite extra virgem (adicionei cebola e alho picados na hora de refogar)
100g de azeitonas pretas picadas (portuguesas pequenas)
400g de risoni
8 tomates maduros sem pele e sem sementes, cortados em cubinhos pequenos
Folhas de manjericão rasgadas
Raspas de 5 limões siciliano (cuidado para não raspar a parte branca), não usei
Sal e pimenta a gosto


Em uma panela com água fervente, salgada e abundante, cozinhe o risoni. Cuidado para não cozinhar demais, nem deixar duro. Escorra. Adicione azeite e deixe esfriar.

Junte o bacalhau em lascas refogado. Misture bem e deixe esfriar.

Adicione os tomates em cubos, o manjericão, as raspas de limão e por último as tirinhas de azeitonas pretas.
Acerte o tempero e finalize com mais azeite.

Sirva frio, mas não gelado.



20.12.11

Beringelas com tarê


Uma de minhas novas formas prefereridas de comer beringela ao estilo japonês.

Sempre comi algo parecido em restaurantes, mas nunca consegui repetir em casa. Acho que cheguei bem perto desta vez. Fiz a receita de um tarê (molho adocicado à base de shoyu) que vi em um programa da NHK outro dia e usei para temperar as beringelas. No programa, esse tarê era apresentado como um tempero curinga para o preparo de vários pratos e é verdade!

A receita do tarê é muito simples, basta cozinhar uma mistura de mirim (saquê licoroso usado na culinária japonesa) e shoyu em fogo baixo até que o volume se reduza à metade. A regra é usar sempre a proporção de 2:1 (duas medidas de mirim para uma de shoyu). Pronto. O tarê está feito. Ele pode ser conservado por um bom tempo (não lembro exatamente quanto, mas uma semana com certeza) e usado para finalizar e temperar legumes refogados, carnes, etc.

No caso das beringelas, basta descascá-las (usei três médias), cortar em fatias não muito grossas (cerca de 2 cm), deixar de molho em água por algum tempo, escorrer, enxugar com papel absorvente e grelhar em uma frigideira antiaderente com um pouco de óleo, deixar dourar de um lado e depois do outro adicionando óleo conforme a necessidade. (Usar óleo é importante, ele torna as beringelas mais saborosas, mas não é necessário empapá-las. Se quiser ter mais controle sobre a sua quantidade, pincele o óleo sobre a superfície das beringelas antes de colocá-las na frigideira). Quando as fatias estiverem douradas e macias, finalize com algumas colheradas do tarê (coloquei três). Vire-as para que o tarê as envolva, retire do fogo. Fim.


19.12.11

Bolo de aveia, coco e castanha do Pará


Outro bolo de aveia. Gostoso, mas achei que o sabor do coco e das castanhas sumiu um pouco. Talvez a receita deva ser repensada, mas ruim não ficou. Adaptada de uma embalagem de açúcar mascavo (ou será que era de aveia?).



Bolo de aveia, coco e castanha do Pará


1 x de farinha
1x de aveia em flocos
2 ovos
1 x bem cheia de açúcar mascavo
3 c sopa de óleo
1 garrafinha de leite de coco (200ml)
1/2 x de castanha do Pará picada
1/2 x de coco ralado
1 c rasa de chá de fermento
1 c rasa de chá de bicarbonato de sódio


Bata todos os ingredientes no liquidificador exceto o fermento, o bicarbonato e o coco ralado. (Coloque os ingredientes líquidos primeiro). Junte o coco ralado, o bicarbonato e o fermento e misture com uma colher. Coloque a massa em uma forma untada e asse até dourar.

17.12.11

Dentro do ônibus xvi

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Vi um rapaz lendo "A insustentável leveza do ser" ontem. Ele apertou o botão para descer, mas continuou sentado até que ônibus parasse completamente para terminar de ler um parágrafo. 

Vocês não se interessam por pessoas que leem determinados autores? Eu seria capaz de me apaixonar por alguém apenas olhando para a capa de seu livro. 



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16.12.11

Mochi com gergelim e mel

mochi grelhado com molho de shoyu, gergelim e mel


Coloquei um dos mochis que fiz em uma frigideira antiaderente sem gordura e deixei até que os dois lados ficassem levemente dourados e o interior ficasse macio e comi com um molho à base de shoyu, mel e sementes de gergelim trituradas. Como devolvi o suribachi (espécie de pilão japonês) que havia "emprestado" da minha mãe, usei um moedor elético de café que uso também para moer temperos para triturar grosseiramente o gergelim. Ficou gostoso, mas ainda prefiro a forma mais simples, apenas com shoyu e açúcar. São sabores da infância.

Os mochis também podem ser grelhados sobre carvão ou diretamente sobre a chama do fogão se você tiver uma daquelas telinhas de metal (não sei o nome) próprias para isso. Também é possível usar colocar o mochi na máquina de waffles e fazer "moffles". Há quem faça "sanduíches" com queijo e presunto assim.

Os acompanhamentos e molhinhos são limitados apenas pelas preferências e imaginação de cada um.


moffle com molho de shoyu e açúcar

15.12.11

Mochi de micro-ondas




Mochi (pronuncia-se "moti") é um bolinho de arroz japonês. Segundo a tradição, ele não pode faltar nas comemorações de Ano Novo para trazer boa sorte. (E, por isso mesmo, ele também é responsável por algumas mortes de final de ano no Japão, pois algumas pessoas, especialmente idosos, costumam engasgar com esse bolinho grudento).

Meu pai sempre comprava alguns pacotes de mochi já pronto nas lojas de produtos japoneses. Eles entravam na composição do zouni ou eram grelhados em uma frigideira sem óleo só para dar uma dourada dos lados e comidos com um pouco de shoyu e açúcar pela manhã, no lugar do pãozinho. Na época, não ligava muito, comia mais pela tradição, mas hoje sinto saudades do aroma dos mochis sendo grelhados e do próprio mochigome sendo cozido. Estou ficando velha mesmo.

Também lembro de algumas tentativas de fazer mochi em casa. Como estava fora de questão adquirir o aparato tradicional (kine e usu, aquela grande marreta e o pilão), uma vez meu pai resolveu comprar um moedor manual de café por onde minha mãe tinha que passar o arroz cozido. Foi uma lambança que deu mais ou menos certo, mas a experiência nunca mais foi repetida e voltamos a comprar nosso mochi. (O moedor enferrujou e foi jogado fora).




Este ano, fiquei com vontade de preparar meu próprio mochi, especialmente depois que minha mãe aprendeu a fazê-lo de uma forma menos trabalhosa e sofrida com a minha cunhada (que, por sua vez, aprendeu a receita com sua chefe). Ela me explicou o processo no ano passado, mas acabei não preparando porque eu não comeria muitos e o O. não comeria nada.

O preparo é bem simples, basta bater o mochigome (arroz glutinoso) no liquidificador com um pouco de água e depois levar a mistura para cozinhar no micro-ondas. Achei bem fácil, a parte mais chata é moldar a massa ainda quente. (Também preciso desenvolver uma técnica para moldar bolinhos mais bonitos).


Arroz japonês tradicional à esquerda e o mochigome à direita, mais branquinho. O mochigome é mais "grudento" do que o arroz japonês usado para fazer sushi. (Só agora vi que um grão de mochigome foi parar no outro monte de arroz, é que a garota aqui é muito cegueta!).


Passo a receita com uma série de observações feitas pela mãe minha ao telefone e também algumas conjecturas próprias. Fiz a quantidade abaixo, que é mínima e rende cerca de oito mochis de tamanho tradicional. Achei o resultado muito bom e tenho grandes planos para meus oito exemplares. Vou comer alguns grelhados e penso em congelar outros para fazer zouni no Ano Novo.

Espero que a receita seja útil para vocês. Raramente passo "receitas de festa" nesta época do ano porque, sinceramente, preferiria não ter que me preocupar com a cozinha no Natal e no Ano Novo e costumo me limitar a algo bem simples, mas este ano estou nostálgica e pretendo testar mais alguns pratos japoneses que comia quando morava na casa dos meus pais. Se derem certo, coloco aqui. :)




Mochi de micro-ondas


2 x de mochigome (*)  lavado, deixado de molho em água de um dia para o outro e depois escorrido (cerca de uma xícara e meia de mochigome seco rende mais ou menos essa quantidade depois de ficar de molho)
1 x de água
amido de milho para envolver os bolinhos

(*) arroz próprio para fazer mochi vendido nas lojas de produtos japoneses


Lave e deixe o mochigome de molho de um dia para outro. No dia seguinte, escorra sobre uma peneira e bata no liquidificador muito bem com a água. (A proporção passada pela minha mãe foi de 1 x de água para 2 x de mochigome deixado de molho e escorrido. Essa é uma quantidade boa para bater sem sobrecarregar o aparelho).

Coloque essa mistura em um  recipiente grande que possa ser levado ao micro-ondas, cubra com filme plástico e cozinhe por 12 minutos. (Vi uma receita na qual a mistura era cozida por dois minutos, retirada do micro-ondas, mexida e depois cozida por mais dois minutos, o processo era repetido até que a massa adquirisse uma consistência firme, mas elástica. Fiz de acordo com as instruções passadas pela minha mãe, mas ela costuma dobrar a receita que cozinha no micro-ondas. Tive a impressão de que poderia ter deixado menos tempo para a quantidade que fiz, achei que a massa ficou um pouco mais firme do que o ideal e que uns 7-8 minutos seriam suficientes, preciso fazer mais testes com o tempo de micro-ondas e com a proporção de água e mochigome).

Depois de cozinhar o arroz, retire o recipiente do micro-ondas e remova o filme plástico com cuidado para não se queimar com o vapor. Coloque o recipiente sobre um pano de prato ou uma superfície que não provoque choque térmico e possa quebrar o recipiente quente. Passe uma faca molhada pelas laterais para desgrudar a massa. Misture-a com um shamoji/colher ou espátula molhada para evitar que o arroz grude demais, mexa por alguns minutos, molhando a colher sempre que ficar difícil misturar. (Segundo minha mãe, isso torna o mochi mais grudento, característica desejável nessa iguaria. Também desconfio que seja uma forma de esfriar a massa um pouco antes de trabalhá-la). 

Despeje a mistura em uma assadeira ou superfície coberta com amido de milho, retire porções da massa ainda quente com as mãos envolvidas em amido, molde os bolinhos e passe-os também pelo amido para que não grudem uns nos outros. (Segundo minha mãe, a massa deve estar ainda quente pois ela endurece depois de fria e dificulta o trabalho).


shamoji para mexer o arroz e uma tigela com água
Se desejar, passe os mochis pelo kinako (soja torrada em pó) ou sementes de gergelim ao invés do amido. Você também pode recheá-los com anko (doce de feijão azuki). Enfim, há muitas possibilidades.


arroz depois de ir ao mircro-ondas


14.12.11

Cerco de penumbras - Oscar Cerruto



Oscar Cerruto (1912-1981) é o primeiro escritor boliviano que leio graças à generosidade de uma leitora do blog que mora em Santa Cruz de la Sierra. Cerco de Penumbras é uma coletânea de contos. Há muitos acontecimentos sobrenaturais neles. Angústia também. Alguém está sempre prestes a morrer ou algum acontecimento funesto paira no ar. Há alguns contos com assuntos mais prosaicos, cenas da cidade, como o do escroque que rouba no jogo de cartas com a ajuda de um menino deficiente, ou os encontros fortuitos de homens e mulheres, mas, em geral, achei todos meio lúgubres.

Os temas lembraram-me de alguns contos de "terror" japoneses, com um quê de pesadelos. Não é bem meu tipo de leitura, mas valeu por ter conhecido um autor diferente. Suas descrições são vívidas e ele demonstra ter muito cuidado na escolha das palavras.


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12.12.11

Mixidinho de vôngole



Vi a receita no no blog do Marcelo Katsuki, originalmente ela se chamava "mixidinho de lambreta", olhei para a foto e achei que a tal da "lambreta" (amêijoa, molusco encontrado nos mangues)  tinha muita cara de vôngole e foi o que acabei usando. Perdoem-me, lambretas!

Depois vi que a lambreta é um pouco maior, mas o prato ficou saboroso mesmo com meus vôngoles congelados. (A gente faz o que pode com o que tem).

Fiz metade da receita usando arroz integral. Meu mixidinho não ficou com tanto caldo como na foto do Katsuki, ficou parecido com um risoto. Um risoto gostoso e completo com vôngoles, feijão e queijo coalho derretido, diga-se de passagem.



Mixidinho de vôngole


500g de arroz cozido (usei integral)
250g de feijão fradinho cozido com água e sal
500g de lambreta (para metade da receita, usei metade de um pacote de 500g de vôngoles limpos congelados que deixei de molho em água pouco antes de cozinhar para que descongelassem, escorri e usei. A receita dá a entender que as lambretas devem estar com casca, mas não é o que parece na foto do Katsuki. Fica ao gosto do freguês, as casquinhas são bonitas, mas, a meu ver, são incômodas na hora de comer)
250g de queijo coalho padrão em cubinhos
2 colheres de sopa de extrato de tomate (não usei)
4 colheres de sopa de azeite de oliva
4 colheres de sopa de cachaça
1 cebola pequena picada
2 dentes de alho picados
1 tomate maduro picado sem sementes
3 pimentões pequenos (vermelho, amarelo e verde) picados em cubinhos (usei bem menos pimentão e só do vermelho)
Sal, pimenta e coentro a gosto


Em uma panela aqueça o azeite e refogue as lambretas até elas se abrirem.
Em seguida, coloque as 4 colheres de sopa de cachaça.
Deixe secar um pouco e acrescente a cebola, o extrato de tomate, alho, sal e pimenta do reino.
Refogue por mais seis minutos em fogo baixo. Coloque o queijo coalho e misture bem.
Em seguida, junte os pimentões, o arroz, o feijão, o tomate e, por último o coentro. Está pronto para servir. (Juntei o queijo no final e deixei os legumes refogarem um pouco).




10.12.11

Bolo de peras do Nigel Slater


Gosto muito do tipo de comida e do estilo de cozinha do Nigel Slater, tenho apenas uma livro dele, o Kitchen Diaries, mas foi o suficiente para que passasse a admirá-lo. O livro me faz pensar na vida em uma cidade pequena, arborizada, onde ainda é possível fazer uma pequena horta e na qual manteiga e ovos podem ser adquiridos em vendas ou diretamente do produtor. É uma comida improvisada com os ingredientes à disposição no momento, honesta, sem frescuras.

Este bolo é um exemplo disso. A base é praticamente uma receita de bolo quatro quartos, se você se sente um zero à esquerda para bolos, basta saber preparar essa massa. Ela é uma base muito boa, gostosa e amanteigada. Fundamentalmente, ela consiste em se pesar os ovos e em se utilizar a mesma medida para a farinha, a manteiga e o açúcar, adicionar um pouco de fermento ou bicarbonato de sódio e voilà!

A receita original levava uma porção de mirtilos além das peras, mas usei apenas estas últimas, afinal, mirtilos não são comuns por aqui. Fiz uma arranjo "artístico" com as peras que deveriam ser apenas espalhadas sobre a massa e não sei se foi uma ideia tão boa assim, pois a parte superior das frutas não envolvida pela massa ficou escura, talvez devesse ter usado um pouco de suco de limão para evitar isso, ou colocado alguns pedacinhos de manteiga sobre as frutas, fica a nota. Entretanto, o bolo ficou muito bom assim mesmo, pouco doce, ótimo com uma xícara de chá.



Bolo de peras do Nigel Slater


130g de manteiga à temperatura ambiente
130g de açúcar demerara (ou cristal orgânico)
2 peras maduras (usei mais uma metade), descascadas e cortadas em pedaços
2 ovos grandes à temperatura ambiente batidos
130g de farinha
1 c chá de fermento
um pouco de açúcar para polvilhar


Preaqueça o forno à 180C. Forre a base de uma forma de 21-22cm com um pedaço de papel manteiga (ou unte e enfarinhe uma forma equivalente).

Bata a manteiga com o açúcar até que a mistura fique pálida e leve. Adicione os ovos batidos aos poucos. Adicione a farinha e o fermento peneirados e mexa cuidadosamente até obter uma massa homogênea. Coloque-a na forma e espalhe as peras sobre ela. Polvilhe um pouco de açúcar e asse por cerca de 55 minutos.




8.12.11

Pão de cebola e aveia



Pão gostoso, macio, meio grudento para trabalhar, mas o resultado compensou. A receita original não levava aveia, adicionei um pouco, mas não é necessário.

A versão original é para se fazer na máquina, mas passo a minha adaptação feita à mão. Fiz metade da receita e reduzi a quantidade de fermento biológico pedida para a metade.





Pão de cebola com aveia

2 colheres de sopa de azeite para refogar as cebolas
2 cebolas médias, finamente picadas
1/4 x e mais 1 colher de chá de açúcar (usei demerara)
Sal q.b.
1 pacote de fermento biológico instantâneo seco (10g)
2 ovos grandes
4 colheres de sopa de manteiga derretida (usei azeite)
300ml de água morna
cerca de 500g de farinha de trigo
1 x de aveia em flocos (opcional)


Aqueça 2 colheres de azeite numa frigideira grande em fogo médio. Adicione a cebola bem picadinha, 1 colher de chá de açúcar e 1/2 colher de chá de sal e cozinhe, mexendo de vez em quando até dourar.

Misture a água com o fermento e 1/4 x de açúcar e deixe descansar por cerca de 10 minutos, ou até que o fermento suba e forme uma camada de espuma na superfície da mistura. Junte os ovos, 4 colheres de sopa de azeite e cerca de 1/4 chá de sal. Adicione a cebola refogada e junte farinha até formar uma massa que possa ser trabalhada com as mãos. Sove por cerca de 10-15 minutos. Coloque em uma tigela, cubra com um pano de prato e deixe crescer por cerca de 2 horas.

Depois desse tempo, retire o ar da massa e molde o pão no formato desejado, dois pães grandes ou vários pães menores (prefiro a segunda opção, pois posso congelar depois de assados e descongelar deixando alguns segundos no micro-ondas). Coloque sobre uma assadeira untada e enfarinhada e deixe dobrar de volume.

Pincele com manteiga derretida ou um ovo batido se quiser que fiquem mais bonitos e asse em forno preaquecido à 180C até que dourem.


5.12.11

Gelado rápido de manga, iogurte e mel


Vi o Jamie Oliver preparar várias versões desta sobremesa. O iogurte ideal é o iogurte grego, mais denso do que o iogurte natural que encontramos nos mercados, mas isso pode ser resolvido facilmente, basta forrar uma peneira com papel absorvente ou pano de prato, colocar o iogurte natural e deixar escorrer por algumas horas (se houver pressa) ou de uma dia para o outro. O líquido vai escorrer e o iogurte ficará espesso.

Para esta receita, usei dois potinhos de iogurte que deixei escorrer por duas horas. Basta bater o iogurte escorrido no liquidificador com pedaços congelados de uma manga média madura e mel a gosto para adoçar. (Certifique-se de que seu liquidificador consegue dar conta do recado). O creme pode ser comido assim ou deixado no congelador/freezer por cerca de uma hora. Ele não deve ficar duro, só cremoso e firme o suficiente para formar uma bolinha molenga.

A manga pode ser substituída por frutas vermelhas ou morangos (ou o que a sua imaginação mandar).



4.12.11

Dentro do ônibus xv

Não há muito acontecendo dentro dos ônibus ultimamente. Há épocas assim, entro, cartão magnético em punho, passo e procuro um lugar para me sentar ou me segurar. Sou invadida pelos odores (nem sempre agradáveis) que pairam no ar e observo, ou me abstraio.

Já notaram como a camaradagem dos motoristas e cobradores é divertida? Quando ambos fazem muitas linhas juntos, acabam parecendo um casal de longa data, as conversas têm direito a conselhos, fofocas e comentários variados, às vezes me pego rindo das bobagens que eles falam.

Outro dia vi uma mulher negra com um coque elegantíssimo, cheio de nós e tranças elaboradas, acho que não era feito com seus próprios fios de cabelo, mas era bonito assim mesmo. Também vi uma senhora com sapatilhas prateadas e pensei em como elas lhe iam bem. Pequenas coisas, pequenos cuidados que sempre acho encantadores. 


2.12.11

Pepino e gergelim


Uma de minhas combinações preferidas. Bonita e crocante. Use um descascador de legumes (ou faca) para retirar algumas tiras da casca de dois pepinos japoneses, corte em fatias não muito finas, coloque sobre uma peneira, adicione um pouco de sal, misture e deixe escorrer sobre uma tigela por uma ou duas horas.

Coloque em outro recipiente, tempere com algumas gotas de óleo de gergelim, adicione sementes de gergelim e corrija o sal caso necessário.

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29.11.11

Creme de abacate com tâmaras e mel


Vi uma sobremesa feita com abacate no blog da Luna e me lembrei de uma receita que costumava fazer há algum tempo. Na versão original, não havia mel, ela era adoçada apenas com tâmaras, muitas. Mas depois que queimei um liquidificador, não a preparei mais. As tâmaras vendidas por aqui não são muito suculentas, são mais secas e duras, o que exige um liquidificador mais poderoso, e o meu não era. Tentei no processador, mas também não deu muito certo. Mas quem mandou botar um monte de tâmaras inteiras no copo e esperar que o aparelho triturasse tudo, não mesmo? (Talvez picá-las e deixá-las de molho em água quente por algum tempo resolva esse problema, mas gosto mais da minha versão atual).

Adaptei a receita ao meu gosto e desisti de usar um montão de tâmaras, uso apenas umas 5 ou 6 tâmaras sem caroços já picadinhas que coloco no liquidificador (ou processador de alimentos) com a polpa de 1/2 abacate médio (ou um avocado, aqueles pequenos), cerca de 1 c sopa de suco de limão e mel a gosto. Bato apenas até que o abacate fique cremoso sem me preocupar mais em triturar tão bem as tâmaras. Fica bom, os pedacinhos de tâmara quebram a homogeneidade do creme. 





28.11.11

Tortilla de patatas (ou omelete de batatas)


Sem segredos aqui. É exatamente isso, uma omelete feita com batatas e cebolas, prato típico da Espanha. As batatas deveriam ser cortadas em fatias não muito grossas e fritas em uma quantidade considerável de óleo junto com as cebolas, escorridas e misturadas aos ovos batidos, mas como sempre procuro evitar fazer frituras para não ter que limpar a cozinha inteira, lavar os óculos e os cabelos, resolvi fazer a tortilla à minha maneira.

Descasquei duas batatas médias, fatiei, temperei com sal e pimenta, coloquei em uma assadeira, juntei um pouco de azeite e misturei com as mãos para que o azeite envolvesse todas as fatias. Levei ao forno e esperei que as batatas ficassem macias, retirei e reservei.

Refoguei uma cebola pequena com um pouco de óleo em uma frigideira e juntei as batatas assadas, corrigi o tempero e depois juntei a três ovos batidos (adicione mais sal, caso ache necessário), coloquei a mistura em uma frigideira antiaderente com um pouco de óleo e deixei fritar. Quando a parte inferior ficou dourada (verifique com uma espátula), "deslizei" a tortilla com cuidado para um prato, coloquei outro prato sobre a tortilla e virei para que a parte crua ficasse na parte debaixo do outro prato, "deslizei" a tortilla de volta para a frigideira e fritei o outro lado.

É bem simples. Minha tortilla não ficou gordinha como deveria, para isso, precisaria ter usado uma frigideira menor ou dobrado a receita (geralmente 5-6 ovos é a quantidade tradicional). Se quiser, adicione bacon, presunto ou outros ingredientes de sua preferência.

Corte a tortilla em pedaços e sirva. (Achei ainda melhor depois de fria).



26.11.11

Salada de beringela com tahine


Esses dias há sempre beringelas à venda no site de orgânicos e acabo comprando. Por isso, ultimamente tenho publicado várias receitas feitas com elas.

Esta é minha versão de baba ganoush. Coloco umas duas beringelas médias lavadas sobre uma assadeira, levo para assar e vou virando de vez em quando até que elas fiquem cozidas e macias. Retiro a pele e amasso um pouco a polpa, adiciono uma colher de sopa de tahine, azeite, um dente de alho picado, suco de limão e sal. Estava sem salsinha, mas ela pode ser usada para finalizar. Simples, ótima com pão pita.

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25.11.11

Mingau de arroz integral com passas


Arroz-doce sempre foi algo de que nunca gostei muito, era uma das poucas coisas que deixava passar na merenda escolar, e olha que eu raramente deixava algo passar, comia até mesmo aquelas sopas nas quais encontrava algum caruncho uma vez ou outra. Desde muito nova, sempre considerei carunchos fatos da vida. Eles eram afastados com a colher e ignorados.

Quanto ao arroz-doce, acho que o associo aos pratos salgados e nunca consegui aceitar a ideia de consumi-lo como uma sobremesa. Mas descobri que se os grãos não estiverem inteiros, minha aversão praticamente desaparece. Gosto de bolos com farinha de arroz e agora descobri que posso preparar minha própria versão de arroz-doce, ou mingau de arroz. E ela é bem simples. Adoro creminhos e mingaus são comfort food para mim. 

Adocei com duas colheres de sopa de açúcar demerara, ficou pouco doce e completei com um fio de mel na hora de comer. Se quiser, adoce menos ou nem adoce e use só mel.



Mingau de arroz integral com passas

1 x de arroz integral cozido (só em água, sem temperos)
2 x de leite
canela em pó a gosto
1-2 c sopa de açúcar demerara (ou adoce na hora de comer apenas com mel)
raspas de casca de limão a gosto (usei só a pontinha de uma colher)
1 punhado de passas 
mel a gosto

Bata o arroz com o leite, a canela e o açúcar no liquidificador até que não haja mais grãos visíveis. Coloque a mistura em uma panela, adicione as raspas de casca de limão e as passas. Cozinhe em fogo baixo mexendo sempre até que comece a ferver. Deixe cozinhar mais 2-3 minutos. Desligue e sirva com mel. A mistura fica com uma consistência mais firme à medida que esfria.


24.11.11

Salada tunisiana de tomates, pimentão e atum



Esta salada é muito gostosa e serve como uma refeição leve junto com alguns pedaços de pão pita. Mais do que uma receita, é uma ideia. Você pode adicionar as quantidade de cada ingrediente de acordo com suas preferências e também variar o tempero. Não usei o suco de limão, apenas azeite e sal. Também adicionei alguns dentes de alho assados picados.

Como não gosto de retirar as cascas dos legumes sobre a chama do fogão, coloquei os pimentões sobre uma assadeira e fui virando até que todos os lados estivessem macios. As peles dos tomates também não precisam necessariamente ser retiradas sobre a chama do fogão.






Salada de tomates, pimentão e atum

2 pimentões vermelhos ou verdes (usei só vermelhos)
2 tomates médios
3 ovos cozidos descascados e fatiados
200g de atum conservado em água escorrido
2 c sopa de alcaparras escorridas
3 c sopa de azeite
3 c sopa de suco de limão (não usei)


Coloque o pimentões sobre a chama do fogão ou no broiler e deixe a pele chamuscar de todos os lados. Coloque em um saco de papel, feche e deixe descansar por 10 minutos. Descasque os pimentões e retire as sementes, corte em fatias.

Preaqueça o broiler. Coloque os tomates em uma assadeira. Deixe os tomates sob o broiler até que as peles comecem a rachar e ficar com pontos escuros. Vire de vez em quando, asse por cerca de 4 minutos.  Deixe esfriar, corte em pedaços.

Coloque pimentões, tomates e ovos sobre um prato. Distribua o atum e as alcaparras. Misture o suco de limão e o azeite, tempere com sal e pimenta. Derrame o molho sobre a salada e sirva.



23.11.11

Respiração artificial - Ricardo Piglia



Este foi um livro que chegou a mim por meio deste blog, ou melhor, foi uma leitora deste blog com quem passei a trocar e-mails que me enviou uma cópia da obra. Ela mora na Bolívia, gosta muito de ler e está me introduzindo aos autores em língua espanhola e à literatura russa. Nunca tinha lido nada de Ricardo Piglia, confesso que sou muito ignorante em relação aos escritores dos países vizinhos. Uma vergonha, mas, para minha defesa, (ou não), também conheço pouquíssimos escritores brasileiros contemporâneos.

Este é o primeiro romance de Piglia, ele se passa nos anos setenta e se divide em duas partes, a primeira é constituída por cartas trocadas entre um homem na casa dos trinta anos chamado Emilio Renzi (o segundo nome e o segundo sobrenome do próprio autor) e seu tio, Marcelo Maggi, professor de história em uma pequena cidade na fronteira da Argentina com o Uruguai. Nas cartas, o tio procura esclarecer alguns episódios de sua vida e conta que está escrevendo um livro sobre o patriarca da família da ex-esposa. As cartas ao sobrinho remetem às cartas desse personagem que tomou parte da vida política da Argentina e a um passado ainda mais longínquo nos idos do século XIX.

Na segunda parte do livro, Emilio vai ao encontro desse tio que nunca viu antes. Ao chegar na cidade, onde deve passar apenas uma noite, ele é recebido por um amigo de Marcelo. Enquanto esperam o retorno deste último, que partiu em uma viagem misteriosa, ambos conversam sobre os mais variados assuntos: história, arte, literatura, filosofia, vida.

É um romance "intelectual", os personagens estão sempre expondo ideias, os diálogos são quase curtos ensaios. Kant, James Joyce, Franz Kafka, entre outros escritores e filósofos são mencionados nas conversas. O livro é interessante e revela um autor muito culto e de reflexões profundas. Espero ler mais obras de Ricardo Piglia, foi uma feliz descoberta. Cheguei a muitos autores e livros por meio de pessoas que conheci pelo caminho, essas amizades virtuais, de papel ou de carne, sempre me enriqueceram, sou grata por isso.


Eis um trecho de uma das cartas:

"... no fundo, nada de extraordinário pode nos acontecer, nada que valha a pena contar. Quero dizer, na realidade, é certo que nada ocorre. Todos os acontecimentos que uma pessoa pode contar sobre si mesma não passam de obsessões. Porque, no máximo, o que alguém pode chegar a ter na vida senão duas ou três experiências? Duas ou três experiências, não mais (às vezes, inclusive, nem isso). Não há mais experiência (ela existia no século XIX?), só há ilusões. Todos inventamos histórias diversas (que no fundo são sempre a mesma), para imaginar que algo ocorreu em nossas vidas. Uma história ou uma série de histórias inventadas que no final é a única que realmente vivemos. Histórias que contamos a nós mesmos para imaginar que temos experiências ou que algo ocorreu em nossas vidas, algo que tenha sentido."

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22.11.11

Salmão assado com laranja e mostarda


Fiz uma receita de lombo há algum tempo temperado com mostarda tipo dijon, alho, alecrim, sal, pimenta e um pouco de suco de laranja na hora de assar e a Georgia do Saia Justa comentou que ela costumava preparar salmão da mesma forma, resolvi experimentar e não é que fica muito bom?

O salmão assa bem mais rápido do que o lombo, não cheguei a cobrir o refratário com papel alumínio e assei até que a quantidade de caldo diminuísse. Você também pode usar o mesmo princípio do molho do lombo, levar a assadeira ao fogo depois de retirar o salmão assado, adicionar vinho branco à assadeira, deixar reduzir e engrossar com um pouco de manteiga e farinha, dá um molho muito gostoso.

Costumo assar postas menores, ideais para duas pessoas, mas uma posta grande pode ser usada.


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17.11.11

Bolo rápido de maçã



Outro bolo simples. A massa fica pronta rapidinho e não leva gordura, o que a torna um pouco "diferente", mais elástica e seca do que aquelas que levam manteiga ou óleo, mas o resultado é interessante (e, depois de algum tempo, viciante).

Daqui.





Bolo rápido de maçã

3 ovos
200g (1x) de açúcar
120g (1x) de farinha
1 c chá de fermento em pó
2 maçãs descascadas em fatias

Bata os ovos por um minuto até que a mistura fique esbranquiçada e leve. Adicione o açúcar e bata mais um minuto. Junte a farinha e o fermento. Bata mais um minuto. Coloque metade da massa em uma forma untada e enfarinhada não muito grande (cerca de 22 cm de diâmetro), distribua as fatias de maçã e cubra com o restante da massa. Asse à 180°C por cerca de 40 min.

Se quiser, finalize polvilhando com açúcar de confeiteiro ou açúcar com canela. A massa também pode ser perfumada com baunilha.

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15.11.11

Moussaka


Eu chamo de lasanha de beringela e usei uma receita com esse nome já publicada aqui como base. Fiz algumas alterações inspirada na receita do restaurante Acrópoles de SP (nunca provei) que leva batatas e algumas especiarias no tempero.

Substituí o molho branco por uma mistura bem prática, pois basta bater tudo no liquidificador sem precisar ficar na frente do fogão. Ela é bastante líquida, mas fica firme enquanto assa e se combina com os demais ingredientes.




Moussaka

3 beringelas grandes
2-3 batatas grandes em fatias finas
3 colheres (sopa) de azeite 


Cobertura de carne moída

500 g de carne moída
1 cebola picada
2 dentes de alho amassados
1 lata de tomates pelados

1 pitada de açúcar
1/2 c chá de canela em pó
1/4 c chá de cravo em pó (ou 2-3 cravos da índia)
sal e pimenta a gosto

Cobertura de queijo

2 ovos inteiros
250 g de queijo mussarela (ou meia cura) cortado em pedaços
1 colher (sopa) rasa de farinha de trigo ou amido de milho
1 3/4 xícaras (chá) de leite
sal, se necessário 

parmesão ralado a gosto

Corte a beringela com casca em fatias (cerca de 1 cm) no sentido do comprimento e deixe de molho em água com sal. Escorra e coloque em uma assadeira grande junto com as fatias de batata. Adicione o azeite e misture com as mãos para que ele envolva os legumes. Leve ao forno até que eles fiquem macios, mas ainda continuem firmes. (Eles terminarão de cozinhar no final). Reserve.

Refogue a carne moída até perder a cor. Adicione a cebola, o alho, os tomates pelados, tempere com o cravo, a canela, o sal e a pimenta. Deixe cozinhar por cerca de 15 minutos.

Bata os ovos, a mussarela, o amido ( ou a farinha de trigo) e o leite no liquidificador. Tempere com sal.

Faça camadas com a beringela, a batata, a carne moída e a mistura do liquidificador, repetindo as camadas até que os ingredientes acabem. (Costumo finalizar com a mistura de queijo). Salpique parmesão ralado e leve ao forno médio por cerca de 30 minutos.


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14.11.11

Nocturno de Chile - Roberto Bolaño

Roberto Bolaño não é um autor "fácil", você precisa querer ser conquistado por sua escrita (ao menos comigo é assim). Detetives Selvagens foi o primeiro livro dele que li e, depois de passar pelas cinquenta primeiras páginas, fui conquistada. No fim, foi um dos melhores romances deste ano.

Nocturno de Chile é outro tipo de besta, é uma história curta, quase conto, narrado por Irrutia Lacroix, um padre em seu leito de morte. De forma quase delirante, surreal, ele relembra alguns momentos de sua vida que se cruzam com a história do Chile: seu encontro com um crítico literário que admira e também com Neruda; seus próprios passos no mundo literário chileno, como crítico e poeta; sua ida à Europa; o golpe militar que derruba Allende e as aulas de marxismo que dá para Pinochet e a junta militar; as noites passadas em uma casa com outros membros da elite artística em cujo sotão são torturados opositores do regime.

Não há julgamentos, mas as imagens da América Latina que Bolaño nos apresenta são lúcidas e eloquentes.

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13.11.11

Leques de beringela


Receita inspirada em uma recomendação da Georgia. Uma forma gostosa e diferente de preparar beringela. Dá um ótimo acompanhamento e está aberta a várias combinações de ingredientes.



Leques de beringela


Fatie beringelas pequenas no sentido do comprimento em várias camadas começando pelo lado mais gordinho sem terminar de separar as fatias. Coloque fatias de tomate e queijo (usei um queijo de búfala mais firme) entre cada fatia de beringela, fixando tudo com palitos de dentes ou espetos e coloque em um refratário. Espalhe cebola e tomate fatiados a gosto ao redor das beringelas, junte algumas azeitonas verdes picadas (ou alcaparras), regue com azeite, tempere com sal, pimenta e orégano (ou outras ervas) e junte cerca de 100ml de água (ou 100ml de água + um cubo de caldo de carne ou legumes). Cubra com papel alumínio e asse por cerca de 1 hora.


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10.11.11

Batata-doce assada com curry


Simples. Basta enfiar uma batata-doce esquecida em algum lugar e já com brotos em um pedaço de terra. Esquecê-la novamente e, quando voltar a encontrá-la, testemunhará a multiplicação das batatas-doces. 

Brincadeiras à parte, foi assim que obtive as batatas desta receita. Mas você não precisa fazer isso, basta comprá-las, descascá-las, fatiá-las, temperá-las com curry em pó e sal a gosto, envolvê-las com um pouco de azeite e assá-las até que comecem a dourar. ;)

(Se quiser, adicione outros temperos como cominho, páprica ou pimenta de caiena. Acho que coloquei pouco curry ou ele estava velho, pois o sabor ficou bem fraco).


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