Fiquei longe daqui por algum tempo, mas sempre acabo voltando, afinal, por mais que eu não atualize o blog, vocês nunca o abandonam, não é mesmo? Aproveitei e trouxe algumas postagens publicadas em outros lugares para cá. Como esta.
Mar de água cor de canela, coqueiros, céu azul, depois cinza, chuva, calor, rugir das ondas para embalar o sono, frutos do mar, praia deserta. Mini férias. Passamos alguns dias em Ilhéus. Nossa segunda visita à cidade. A primeira vez foi há treze anos atrás, pouco depois de nos casarmos. Ficamos nas praias do sul então. Escolhemos uma pousada do lado norte agora, no caminho para Itacaré.
A praia era tão deserta que tinha medo de fazer as caminhadas solitárias com os pés na água de que tanto gosto. Ficava nas imediações da pousada, observava a paisagem, entrava rapidamente na água e voltava.
O tempo variou bastante. Choveu, ventou, fez frio, calor...
Marido escolheu a pousada.
Ela era bem pequena, com apenas três chalés, administrada por um casal
de italianos. Quando chegamos, havia apenas um outro casal que foi
embora no dia seguinte, passamos o resto da semana praticamente
sozinhos. Há várias outras pousadas ao longo da estrada, mas os turistas
aparecem mais nos meses de férias de verão e tudo parecia vazio. Todos
os proprietários de negócios com os quais conversamos disseram o mesmo:
tirando dezembro e janeiro, não há movimento. Muita gente acaba
quebrando por causa desse desequilíbrio. Quem tem propriedades nessa
área da praia do norte também está ameaçado de perder tudo se o projeto
de um porto para transporte de minérios for para a frente. Seria uma
pena.
Nossa
pousada era cercada por verde e a praia em frente era muito bonita,
acabamos passando a noite em um dos chalés e depois nos mudamos para
outro em busca de um sinal de internet melhor. Marido já abrira mão da
televisão, mas sem internet ele não ficaria. Gostei da pousada, todos
foram muito simpáticos, mas algumas coisas poderiam ser melhoradas, como
um frigobar um pouco barulhento e a água que vazava pela lateral do box
do chuveiro no primeiro chalé, já no segundo, os trincos de algumas
portas não fechavam e o da varanda se trancava sozinho, o que criou
episódios insólitos, como ficarmos os dois trancados do lado de fora na
varanda do segundo andar. Tive que ficar gritando para que alguém viesse
nos salvar. A alternativa seria pular e tentar escalar o muro para
entrar pelo banheiro...
O
café era simples, mas as frutas eram sempre frescas e comemos tapioca
quentinha todos os dias. Na hora do almoço, pegávamos o carro e íamos
comer em algum lugar. Jantávamos na pousada, mas a comida não era lá
essas coisas e, como a área de refeição ficava ao ar livre, servíamos de
repasto para os insetos locais, algo pouco agradável.
Gostei
muito da cama com dossel, ele mantinha os insetos afastados e era como
acordar dentro de uma caixa de luz pela manhã. Por falar em acordar, nós
nos levantávamos muito cedo, lá pelas cinco já estava muito claro.
Havia apenas um vigia e três labradores nos arredores até às sete,
quando uma mulher chegava para abrir a recepção/cozinha e dava início
aos preparativos do café da manhã que era servido às oito. No primeiro
dia, resolvi sair lá pelas seis e meia para tirar fotos e não cheguei a
caminhar alguns metros quando os três labradores me viram e resolveram
me "cumprimentar" com pulos e mordiscadas, acabei dando meia-volta,
àquela altura já tinha alguns arranhões e a bermuda suja com marcas de
patas.
Os
cajueiros crescem em todos os lugares, os frutos não são bonitos como
os comercializados, mas atraem vários animais silvestres. Espero que o
porto não seja construído e
que os proprietários da pousada decidam continuar investindo no
negócio.
Dia de fazer uma limpeza nos coqueiros para evitar acidentes, não deve ser fácil subir lá em cima.
Muitos micos nas árvores. Uma vez, contei cerca de dez pulando das telhas do chalé para uma folha de coqueiro ao meu lado.
Flores que crescem perto da praia.
Então
decidimos ir almoçar em Itacaré em um dia de chuva. Estrada deserta,
cheia de subidas e descidas. No caminho, um caminhão com uma calcinha
pendurada no parachoque traseiro. Não tirei fotos de Itacaré, mas não
gostei da cidade, ela é pequena, amontoada, pessoalmente, achei bem
pouco charmosa e deve ser infernal nas férias, pois as ruas são
estreitas e as lojas e restaurantes ficam concentrados em uma área.
Almoçamos em um cabana na praia da Concha, outra má ideia em dia de
chuva, pois as cabanas não protegem contra o vento e a rua de terra
estava cheia de poças e lama.
A
melhor parada na rodovia à beira-mar entre Ilhéus e Itacaré (BA-001) é a
Cabana da Empada no km 28. Nossa pousada ficava próxima e almoçamos lá
três vezes. (Também passamos por lá no final de uma tarde e compramos
suco e empadas para o jantar). O forte são as empadas salgadas e doces,
mas há uma área de restaurante aberta para almoço que recomendo muito.
Comemos três pratos diferentes e todos estavam ótimos. Deve ser o
negócio mais próspero da região, pois sempre há gente parando para comer
uma empada ou almoçar. Os preços são justíssimos. As empadas doces e
salgadas custam R$ 4,00 e são bem recheadas. Há de camarão, carne de
sol, palmito, frango, caranguejo. As doces são praticamente mini
tortinhas de limão, maçã, doce de leite com nozes, brigadeiro, cupuaçu
com chocolate...
A
proprietária cuida pessoalmente do negócio e presta atenção aos menores
detalhes. A pimenta é deliciosa, o café é muito bem tirado e chega com
um potinho de creme. Os camarões dos pratos são enormes.
Os
sucos de frutas são muito bons. Dentre as opções, pedi a mais curiosa:
araçá-boi. Digamos que é uma fruta com bastante "personalidade", seu
suco é grosso e azedo, não consegui terminar.
Todos os dias havia um arranjo de flores diferente na pia do lavatório.
Em
uma de nossas incursões pelas praias do sul, resolvemos comer no Peixe
na Brasa, em Cururupe. A cabana fica escondida, a praia estava deserta e
acho que fomos os únicos comensais naquele dia. O dono disse que é
assim nesta época do ano. O banheiro era bem precário e a higiene do
lugar me deixou um pouco preocupada, mas fomos decididos a comer o peixe
e, ao menos ele, não nos decepcionou. O dono trouxe dois vermelhos
grandes e frescos para que escolhêssemos o tamanho e, após quarenta
minutos, ele retornou à mesa com arroz, batatas, farofa e pirão.
Dispensamos os acompanhamentos por temermos algum "incidente" futuro,
mas o peixe, ah, o peixe! Um dos melhores, ou o melhor, que já comemos:
úmido, casquinha crocante e muito bem temperado. Valeu a pena ter
resistido à vontade de sair correndo dali. Espero que a cabana resista e
tome alguns cuidados para ficar mais atraente no futuro.
Tinha
ido para Ilheús com a firme intenção de visitar uma fazenda de cacau,
mas minhas tentativas de contatar algumas delas foi vã, ninguém atendia
ao telefone ou respondia os e-mails. Por sorte, descobri que a Ceplac
(Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) oferece visitas
gratuitas, basta aparecer no Centro, que fica na rodovia Ilhéus-Itabuna,
entre 8h:30-10h:30 ou 13h:30-15h:30. Assiste-se a um video curto sobre o
trabalho do centro e depois um guia mostra um pouco mais da área da
fazenda: as plantações de cacau, o galpão de fermentação e de secagem. É
básico, mas achei bom. Só é preciso ir de carro para circular lá
dentro.
Nosso guia me deu dois frutos de cacau que estavam no chão e disse que
eu poderia tentar fazer mudas em casa. Torçam para que isso dê certo!
Acabamos
não passando pelo centro histórico de Ilhéus, só cruzávamos a cidade
quando íamos do lado norte para o sul. Lamento apenas não ter ido até lá
para comer um acarajé.
Não encontrei um bom chocolate local, entrei em contato com a fábrica dos chocolates Mendoá, mas recebi respostas vagas sobre a possibilidade de fazer uma visita e, no fim, não deu em nada. Demos uma parada na loja dos Chocolates Caseiros de Ilhéus e não gostei do que provei, achei bem fraquinho.
Não encontrei um bom chocolate local, entrei em contato com a fábrica dos chocolates Mendoá, mas recebi respostas vagas sobre a possibilidade de fazer uma visita e, no fim, não deu em nada. Demos uma parada na loja dos Chocolates Caseiros de Ilhéus e não gostei do que provei, achei bem fraquinho.
Comemos
muitos pescados e os preços dos pratos, em geral, custavam a metade do
que custam no sudeste. Foi uma experiência culinária mais positiva do
que aquela do começo do ano no Espirito Santo, mas sou suspeita, adoro o tempero baiano...
Fomos
sempre bem atendidos, a comida levava tempo para chegar à mesa, mas não
tínhamos pressa. A única coisa triste foi ouvir o pessimismo dos
comerciantes que vivem do turismo. Eles praticamente esperam os meses de
verão e tentam empatar ganhos e despesas durante os outros meses do
ano.
Enfim, foi uma boa quebra de rotina.