23.9.11

Molho de abacate e iogurte para salada


Vi em um programa do Jamie Oliver: iogurte natural + um pedaço de abacate + azeite + suco de limão + sal + pimenta, tudo batido no liquidificador.

A proporção (decrescente) de cada ingrediente segue mais ou menos a ordem acima, mas isso depende do gosto de cada um. Bata e vá provando. :)


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21.9.11

Bolo mole


Comi bolo mole pela primeira (e única vez) quando fui a Fortaleza. Ele apareceu em um coffee break e foi amor à primeira mordida, perguntei para a moça que cuidava do bufê qual era o nome daquele bolo compacto, macio e com gostinho de queijo e ela me disse: "Esse é o bolo mole". (Ele parece um pudim de padaria mais incrementado sem a calda).

Desde então, procurei algumas receitas, mas queria algo que não levasse leite condensado. Resolvi criar minha própria versão e até que não ficou nada má. Fiz algumas correções na receita que passo aqui porque achei que o bolo ficaria mais próximo da versão que provei. Este ficou um pouco mole demais, então adicionei mais meia xícara de farinha, também achei mais doce do que estou acostumada e reduzi meia xícara de açúcar. Coloquei um pacote de 100 gramas de coco ralado, mas acho que 50g já dariam conta do recado, ele ficou com uma camada de coco ralado meio espessa por cima, nada contra, mas a versão original não era assim. (Por falar em coco, como aumentou o número de marcas que só vendem o produto já adoçado!).

Enfim, faça uma vez e depois você pode pode mexer nas quantidades de leite e farinha até obter a consistência desejada.

O bolo ficou gostoso, úmido e macio, deve melhorar ainda mais com as correções mencionadas acima (e que já foram feitas na receita abaixo), mas agora só vou refazer quando puder distribuir entre mais cobaias, pois doces, aqui, só para engorda coletiva.

(Virei o bolo e resolvi "desvirar", como podem notar, um pouco do coco grudou no prato. ;p)




Bolo mole
(rende um bolo grande)

4 ovos
3 x de leite
1 garrafinha de leite de coco (200ml)
1 1/2 x de farinha
1 1/2 x de açúcar
50g de coco ralado
100g  de parmesão ralado

Bata todos os ingredientes no liquidificador. Coloque em uma forma com furo no meio untada e enfarinhada e leve para assar em forno preaquecido à 200C.

Assei por cerca de 1 hora. Ele estufa e murcha quando é retirado do forno, também fica mais firme depois de esfriar.




20.9.11

Salada de beterraba e cebola


Beterraba assada em foma coberta com papel alumínio e um pouco de água (*). Descascada, fatiada, misturada com cebola e temperada com sal, pimenta, azeite e vinagre balsâmico.

Não resisti e fotografei. Adoro esse negócio cor de sangue meio adocicado, minha ideia de prato para vampiros vegetarianos.


(*) Como a Tatiane perguntou sobre o tempo de forno e não soube responder, pois sempre asso as beterrabas junto com outras coisas para aproveitar o calor, resolvi fazer uma pequisa e encontrei informações mais precisas para quem quiser assar as beterrabas aqui:

"Preaqueça o forno à 220 C.  Limpe as beterrabas e coloque-as em uma forma/refratário, adicione água suficiente para cobrir seu fundo, uma camada de cerca de 0,5cm. Cubra muito bem com papel alumínio ou com a tampa, caso use um recipiente apropriado para isso. Asse beterrabas pequenas por cerca de 30-40 minutos, beterrabas médias por 40-45 minutos e grandes por 50-60 minutos. Elas estarão cozidas quando puderem ser facilmente penetradas pela lâmina de uma faca. Deixe esfriar ainda cobertas, corte as pontas e retire a pele. Elas se conservam por cerca de 5 dias na geladeira, nesse caso, descasque-as quando for comê-las."


19.9.11

Carpaccio com nozes e gorgonzola


Exatamente o que está escrito: fatias de carpaccio (*) com pedacinhos de gorgonzola, nozes, um molho feito com um pouquinho de suco de limão misturado com azeite e temperado com sal e pimenta (que podem ir na finalização, moídos na hora).

(*) Compro o carpaccio congelado no mercado, sempre vejo a data de validade e se a cor está bem vermelha. Basta arrumar as fatias ainda congeladas sobre um prato.

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17.9.11

Tapenade de figo seco e azeitonas


Resolvi experimentar a receita de tapenade com figos do David Lebovitz. Para quem não sabe, tapenade é um tipo de patê/molho feito à base de azeitonas.

Modificações: fiz metade da receita e praticamente usei a mesma quantidade de figos e azeitonas. Ficou mais adocidada e com uma cor mais clara. Achei a tapenade boa, só acho que as nossas azeitonas são muito azedas, o que não é muito agradável, só uma vez encontrei uma conservada em salmoura e achei que o sabor era muito melhor.

Comemos com pão e também usei com uma espécie de molho para um peito de frango grelhado.



Tapenade de figo seco e azeitonas
(Rende cerca de 1 xícara)


1/2 x de figos secos (cerca de 90g)
3/4 x de água
1 x de azeitonas pretas (150 gr) sem caroços
1 1/2 c sopa de suco de limão
2 c chá de mostarda à l'ancienne
1 dente de alho pequeno descascado
1/2 c sopa de alcaparras lavadas, escorridas e espremidas para retirar o líquido
1 c chá de folhas de alecrim ou tomilho fresco
1/2 x de azeite extra-virgem
sal e pimenta caso necessário

Cozinhe os figos com a água em fogo baixo por cerca de 30 minutos, até que fiquem macios. Escorra reservando algumas colheradas do líquido do cozimento.

No processador de alimentos (ou mixer), bata as azeitonas, o figo, o suco de limão, a mostarda, o alho, as alcaparras e o alecrim ou tomilho. Adicione o azeite até que fique com uma aparência homogênea, mas ainda rústica.Tempere com sal e pimenta, caso necessário. Adicione um pouco do líquido do cozimento dos figos se achar a mistura muito espessa. 

Se utilizar um pilão, pique as azeitonas para facilitar, amasse-as com a mostarda, o alho, as alcaparra e o alecrim ou tomilho. Adicione os figos e, depois que eles tiverem sido amassados, adicione o suco de limão, o azeite e tempere com sal e pimenta, caso necessário.

Sirva com pães, torradas. (Ou como molho para carnes, como frango, por exemplo).


14.9.11

Cheesecake de espinafre



Receita descoberta em um piquenique. É uma boa forma de comer espinafre com muita proteína dos queijos. Eu esperei esfriar um pouco antes de cortar em pedaços, ele se despedaça com facilidade enquanto está quente.



Cheesecake de espinafre

2 xícaras (chá) de espinafre abafado em uma panela até murchar e depois espremido para retirar o excesso de líquido, picado e refogado com temperos a gosto (sal, alho, noz moscada, pimenta, etc.)
3 ovos
100 g de queijo branco
100 g de requeijão
1 cebola picada (refoguei junto com o espinafre)
150 g de ricota
manteiga para untar
farinha para enfarinhar
queijo parmesão ralado para polvilhar


Com exceção do espinafre refogado, passe os outros ingredientes no processador (ou use um mixer). Misture, delicadamente, o espinafre à massa de queijos, corrija o tempero caso necessário e despeje sobre a assadeira untada e enfarinhada.

Polvilhe o parmesão e leve ao forno médio, já preaquecido. Demora cerca de 20- 25 minutos ou até dourar.


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12.9.11

Salmão grelhado com marinada balsâmica


Salmão simples e gostoso. Só achei a quantidade de marinada da foto do Nami Nami, onde vi a receita, muito maior do que aquela que obtive. De qualquer forma, fiz metade, pois usei um pedaço pequeno de salmão.

Recomendo para os dias quentes que virão. Se não gostar de peixe gelado, retire da geladeira um pouco antes de servir.




Salmão grelhado com marinada balsâmica


800 g filé de salmão ou truta com pele
sal e pimenta do reino a gosto
azeite/óleo para pincelar

Marinada:
4 c sopa de vinagre balsâmico
2 c sopa de azeite (pode ser o óleo dos tomates secos)
2  c sopa de suco de limão
3 c sopa de alcaparras, lavadas e escorridas
3-4 c sopa de tomate seco picado
3 c sopa de cebolinha picada


Pincele um refratário com azeite. Coloque o filé de salmão, pele voltada para baixo, tempere com sal e pimenta e asse à 225C até que ele fique cozido, cerca de 15-20 minutos, dependendo da espessura do peixe.

Misture o vinagre balsâmico, o azeite, o suco de limão e derrame sobre o peixe ainda quente. Misture o tomate seco, as alcaparras e a cebolinha e distribua sobre o filé. Deixe marinar na geladeira por no mínimo 2 horas.

10.9.11

Something like hapiness



Filme tcheco de 2005. Monika tem um namorado que parte para os EUA em busca de um emprego e espera o momento certo para juntar-se a ele. Tonik tem um relacionamento complicado com o pai e vive com a tia em uma casa caindo aos pedaços. Dasha mora em um apartamento com dois filhos pequenos de um relacionamento que não deu certo e está apaixonada por um homem casado. Todos vivem em uma cidade operária e não têm nenhum tostão. Dasha tem um temperamento instável e Monika e Tonik estão sempre por perto para cuidar dela e de seus filhos. 

O enredo é simples, sobre o relacionamento dos três, as aproximações e o distanciamento. Os atores são muito bons, impossível não ser repelido pelo comportamento de Dasha ou deixar de gostar de Monika e Tonik. Outra presença constante, mas silenciosa, é a da usina nuclear que faz parte da paisagem local, suas torres aparecem em várias cenas. Os atores que fazem os pais também merecem atenção.

Os filmes europeus não perderam a dimensão da realidade, não fazem questão de mostrar ou explicar tudo, nem recorrem a efeitos especiais mirabolantes para contar uma história. Isso é algo louvável.

9.9.11

Suflê de bacalhau




Receita antiga. Geralmente uso uma quantidade maior de bacalhau do que a pedida, não fica tão levinho, mas é gostoso. Sirvo com uma salada caprichada.


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8.9.11

Conchiglione recheado com ricota e milho


Finalmente encontrei conchiglione e pude matar a vontade de comer essa massa recheada. Achei as conchas meio pequenas, imaginava que fossem maiores, (esperava algo em que pudesse colocar uma colher de sopa cheia de recheio de uma só vez para facilitar o trabalho!), mas acho que elas variam de tamanho e depende da massa que você encontrar à venda. A minha  era número 126. 

Recheei com ricota e milho, mas você pode usar a ricota como base e adicionar os ingredientes que tiver vontade, inclusive complementando com um queijo com mais personalidade.

Achei que assim ficou bem leve e gostoso, o pimentão do molho e o milho deram um gostinho adocidado. Se não encontrar o conchiglione, enrole o recheio em folhas de lasanha.



Conchiglione recheado com ricota e milho.


Molho
4 tomates grandes e maduros picados
1 pimentão vermelho grande assado e descascado (faço assim)
folhas de 1 ramo de alecrim 
orégano a gosto
pimenta calabresa a gosto
sal e pimenta a gosto
2 c sopa de salsinha picada

Recheio e massa
conchiglione o quanto baste para dar conta do recheio (usei cerca de 40 tamanho 126 )
340 g de ricota fresca amassada
1 ovo
1 lata de milho escorrido (200g)
sal e pimenta a gosto
parmesão ralado para finalizar


Cozinhe todos os ingredientes do molho por cerca de 15 minutos e depois bata no liquidificador (retire a parte menor da tampa para que o vapor escape e envolva a mão com um pano de prato para se proteger do molho quente). Adicione a salsinha e mexa. Reserve.

Misture a ricota com o milho, o ovo e tempere com sal e pimenta a gosto.

Cozinhe o conchiglione de acordo com as instruções da embalagem até que fique al dente, no meu caso, foram 6 minutos em água fervente, o resto do cozimento foi completado no forno. Escorra e recheie com a mistura de ricota com a ajuda de uma colher.

Coloque metade do molho no fundo de uma forma ou refratário grande e vá distribuindo os conchigliones à medida que são recheados. Derrame o molho restante sobre eles e polvilhe com parmesão. Leve para assar por cerca de 30 minutos ou até que o molho borbulhe e a massa termine de cozinhar. 




6.9.11

Clafoutis de tomates cereja


Primeiro clafoutis salgado que faço e gostei bastante. Lembra vagamente uma daquelas tortas de liquidificador. 

Receita da Elvira com algumas mudanças, usei três ovos e não coloquei creme de leite (não quis abrir uma lata para usar apenas três colheres).




Clafoutis de tomate cereja

400 g de tomates cereja
3 colheres (sopa) de ervas frescas picadas (salsinha, cebolinha, manjericão)
100 g de queijo gruyère ou emmental ralado
50 g de farinha de trigo
4 ovos grandes
3 colheres (sopa) de creme de leite
225 ml de leite
sal e pimenta moída na hora
manteiga para untar


Pré-aquecer o forno a 185ºC. Untar um refratário com manteiga.

Espalhar os tomates cereja pelo refratário. Polvilhar com as ervas picadas e metade do queijo ralado. Reservar.

Colocar a farinha numa tigela. Juntar os ovos um a um, mexendo entre cada adição. Misturar até a massa se apresentar lisa e homogênea.

Adicionar o creme de leite e o leite; envolver muito bem. Temperar com sal e pimenta.

Verter a massa sobre os tomates cereja e polvilhar com o queijo ralado restante. Levar ao forno por aproximadamente 40-45 minutos, a 185ºC. Se a superfície começar a dourar muito rapidamente, cobrir com uma folha de papel alumínio.

Retirar o clafoutis do forno e deixar repousar durante 1-2 minutos. Servir bem quente ou à temperatura ambiente.




Boats of watermelon rinds



Filme turco de 2004 sobre dois adolescentes que moram em um vilarejo e vão trabalhar em uma cidade vizinha durante o verão. (Tanto o vilarejo quanto a cidade mereceriam uma versão turca do poema do Drummond: "um homem vai devagar, um cachorro vai devagar, um burro vai devagar, devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus") .

Um dos garotos trabalha em uma barbearia e o outro é ajudante de um vendedor de melancias. Quando voltam para casa após uma longa caminhada, eles passam o tempo tentando criar um projetor de imagens usando pedaços de filme que recolhem no cinema da cidade. Algo que exige persistência, pois não são poucas as dificuldades que precisam enfrentar, começando pela mãe de um deles que costuma jogar os retalhos de filme fora.

É um trabalho bonito sobre o primeiro amor, amizade e sonhos adolescentes. Li que o diretor filmou na cidade onde cresceu e que os atores são habitantes do lugar. Há um quê de autobigráfico e isso significa que o diretor realizou suas aspirações. 

O título vem de uma frase dita pelo vendedor de melancias, talvez seja um ditado turco, mas não tenho certeza, algo como: "Se você navega em um barco feito com cascas de melancia, está fadado a afundar".

4.9.11

Salada de trigo com nozes e passas


Adoro este tipo de salada feita com grãos e mistura de sabores. Na versão original, ela leva cerejas secas, mas substituí por passas. Outras variações com frutas secas são possíveis.




Salada de trigo com nozes e passas


1 1/2 x de trigo em grão
3/4 x de nozes picadas (misturei um pouco de castanhas de caju também)
2 talos de salsão fatiados finamente (não usei)
1/2 x de passas (usei escuras e claras)
1 cebolinha picada
1/2 x de salsinha picada
3 c sopa de azeite
2 c sopa de suco de limão
Sal e pimenta a gosto


Cozinhe o trigo em uma panela com água. Deixe ferver e depois cozinhe em fogo baixo sem tampar por 1 hora, ou até que ele fique macio. Escorra e deixe esfriar. Toste as nozes em uma frigideira por cerca de 1-3 minutos.

Combine todos os ingredientes em um recipiente grande, tempere com sal e pimenta a gosto e sirva. (Se quiser um toque agridoce, adicione um pouco de mel).



2.9.11

Escondidinho de bacalhau



Sempre compro bandejas de lascas de bacalhau, o preço é bom e posso guardar na geladeira. Quando preciso, apenas deixo de molho de um dia para o outro (ou por algumas horas no mesmo dia), escorro, coloco em uma panela com água fervente, tampo, espero esfriar e uso. 

Gostei da ideia do escondidinho especialmente porque leva muitos vegetais, só não tinha a couve. Fiz o purê usando mandioca cozida, um pouco de creme de leite, manteiga e leite. Coloquei tudo no processador, o leite foi sendo adicionado até que a mistura atingisse a consistência de purê cremoso. Mas você pode prepará-lo da forma que desejar, acrescentando requeijão, por exemplo.

Não segui as medidas exatas, a receita abaixo é para uma porção individual. Tive preguiça de multiplicar e pesar as quantidades, foi tudo no olhômetro. Poderia ter deixado gratinar mais um pouco para dar uma dourada, mas, quando olhei, o escondidinho estava começando a transbordar dentro do forno. (Para minha alegria, pois "adoro" limpar as grades do forno). Recomendo o uso de um refratário um pouco mais alto.




Escondidinho de bacalhau


300g de bacalhau demolhado
20g ou 2 colheres de chá de cebola
30g ou 1 colher de sopa cheia de tomate sem pele ou sementes picado
10g ou 1 colher de sopa de salsinha
30g ou ¼ de folha de couve
20g ou 2 colheres de chá de cebolinha
20g ou 2 colheres de chá de alho-poró picado (parte branca)
1 azeitona verde
10g ou 1 colher de chá de manteiga
20ml ou 2 colheres de chá de creme de leite
70g ou 2 ½ colheres de purê de mandioca
40g ou 2 colheres de sopa de batata doce picada
10ml ou 1 colher de chá de azeite
10g ou uma polvilhada de queijo parmesão
Sal a gosto



Saltear o bacalhau demolhado em azeite e manteiga. Adicionar a cebola e o alho-poró até que fiquem translúcidos. Adicionar o tomate, a cebolinha, a salsinha picada, a azeitona verde picada, a batata doce e o creme de leite. Verificar o tempero e reservar. Colocar essa mistura num recipiente que possa ir ao forno e cobrir com o creme de mandioca e o parmesão. Levar para gratinar.


1.9.11

Wilhelm Genazino - Das Glück in Glücksfernen Zeiten

Depois de defender sua tese de doutorado sobre Heiddeger, Gerhard Warlich consegue um emprego em uma grande lavanderia e o que deveria ser uma forma rápida de pagar pela sua bolsa de estudos se transforma em um emprego de treze anos. Ele começa como motorista, é promovido e, aos quarenta e um anos, vê-se como uma espécie de responsável pela logística do lugar, aquele que organiza os horários e o itinerário dos entregadores. Ele vive com Traudel, uma bancária, igualmente há vários anos e tem uma vida normal. No entanto, ele não consegue deixar de sentir que falta algo. 

Gerhard gosta de observar as pessoas e as coisas ao seu redor, mas sua hipersensibilidade acaba por amplificar as impressões que suas observações despertam de forma cada vez mais forte até culminar em uma crise nervosa. Sua inquietação e sentimento de inadequação à realidade tornam-se tão intensos que ele termina sendo internado em uma clínica.
 
Esse é, em linhas gerais, o enredo do curto romance do escritor alemão Wilhelm Genazino. (Não encontrei nada dele traduzido por aqui). Ele é outro autor europeu contemporâneo que me dá a impressão de que o tema da atualidade é a falta de sentido de tudo, há uma apatia generalizada. Foi o que senti quando li os contos da Judith Hermann e um romance do Michel Houellebecq. Personagens perdidos em um mundo onde há pouco com o que se identificar. Empregos que servem apenas para ganhar dinheiro, relacionamentos movidos por inércia nos quais o expresso quase sempre não é o sentido. Há um anseio por uma vida diferente, mas sem contornos definidos.

"Das Glück in Glücksfernen Zeiten" pode ser traduzido como "A felicidade em tempos distantes da felicidade". Um título bem apropriado para o livro. 

Li em uma versão para "leitor eletrônico", uma tentativa de melhorar a leitura em alemão e aumentar o vocabulário. Tinha uma certa resistência a usar os tais leitores, mas tenho lido cada vez mais livros e revistas em PDF e não posso reclamar.