3.4.16

April is not the cruellest month

Li If the oceans were ink no mês passado. A autora, Carla Power, é jornalista e passou um ano acompanhando as palestras e tendo aulas sobre o Corão, o livro sagrado do Islã, com uma autoridade da religião, Mohammad Akram Nadwi, um pesquisador e estudioso que nasceu na Índia e mora na Inglaterra. Apesar de sua posição conservadora, Akram deixa claro que Maomé não prega a opressão feminina. Em seus estudos ele realizou o levantamento do nome de várias mulheres que se dedicaram ao estudo do Alcorão no mundo islâmico. 

A autora claramente foca o livro na questão feminina no islamismo e, por meio das explicações de Akram, procura mostrar que o texto sagrado não é tão opressivo em relação às mulheres, ao contrário, as interpretações e leis estabelecidas posteriormente é que teriam restringido seus direitos e liberdade. (Descobri que o profeta nunca disse que uma mulher não deveria conduzir um camelo, inclusive, suas mulheres o seguiam dessa forma, algumas até mesmo expressavam sua opinião e ela era respeitada).

É um livro muito interessante. Como qualquer religião, Akram explica que o fundamento do Islã é a compaixão, a paciência e a modéstia. Mas como qualquer texto, o Corão é aberto a várias interpretações e suas palavras podem ser distorcidas para satisfazer interesses pouco elevados. Quando o secular e o sagrado, as leis e a religião, são uma coisa só, o perigo é grande. Há diversos pontos controversos que Akram tenta elucidar para a autora, ela nem sempre fica satisfeita com as explicações, mas a leitura é ótima para compreender, mesmo que pouco, a perspectiva do islamismo.

As vozes de Marrakech (li em italiano, pois foi a tradução que encontrei), do escritor e ensaísta búlgaro Elias Canetti, é uma espécie de diário com cenas e experiências vividas pelo autor durante uma viagem a Marrakech feita em 1954. Gosto de Canetti, adorei a trilogia autobiográfica (A língua absolvida, O jogo dos olhos, Luz em meu ouvido) na qual ele narra sua infância, sua relação tempestuosa com a mãe, sua juventude e formação literária durante os anos dourados de Viena e seu relacionamento com Veza, uma mulher mais velha que considerava sua musa e com quem se casa. No livro sobre Marrakech, a pobreza e a privação estão sempre muito presentes nas cenas narradas pelo autor, o pouco de lirismo que surge aqui e ali sucumbe rapidamente diante da realidade. 

Getting more of what you want de Margaret Neale e Thomaz Lys é sobre estratégias de negociação, sobre como maximizar ganhos em diversos tipos de interação aliando aspectos psicológicos e econômicos. Apesar de não me considerar uma grande negociadora, gosto desse tipo de assunto. Nossos julgamentos, preconceitos e temperamento afetam nossas decisões e é sempre bom ter consciência disso.

Healthy brain, happy life é uma mistura de livro de bem-estar/autoajuda com neurociência, área estudada pela autora Wendy Suzuki, professora da Universidade de New York. Ela procura mostrar a importância do cérebro para se ter qualidade de vida, mas acho que esse aspecto é explicado de forma superficial, pois o texto acaba priorizando mais sua vida pessoal. É uma leitura que procura ser divertida e informativa ao mesmo tempo sem ser chata, mas fica meio açucarada. (Apesar disso, até gostaria de participar de seu curso sobre como a atividade física afeta a atividade cerebral, ela faz os estudantes realizarem exercícios enquanto gritam palavras de encorajamento e abre uma discussão sobre o tema na segunda parte da aula).

Os dias têm sido quentes, ensolarados. Gosto muito do outono. Decidi tentar remediar as trincas da piscina eu mesma, comprei massa époxi e rejunte e estou aplicando pouco a pouco. Se o vazamento diminuir, podemos chutar o problema para algum momento futuro. Por enquanto, não vi resultado, mas também ainda não terminei. A massa é ruim de aplicar e faço uma ou duas trincas por vez dentro da água.

A horta continua na mesma. Continuo colhendo berinjelas, mas as mudinhas novas continuam desaparecendo misteriosamente. Plantei batata-doce em um dos canteiros porque cansei de semear verduras e perder todas as sementes. Tenho bastante gengibre e os pés de cúrcuma estão vistosos. Colhi algumas mandiocas, elas são muito macias, as mudas foram dadas por meu pai. 

O pão continua caseiro e estou tentando melhorar minha técnica com o levain. Sempre busco dicas no blog da Neide Rigo, acho que estou melhorando, mas ainda não consegui aquele tão desejado pão de casca crocante e miolo cheio de furos. 


Flor de maracujá
Berinjelas e um pepino
primeira colheita de mandioca
alguns passeiam de balão aos domingos
pão caseiro