31.10.10

El Ateneo Grand Splendid - Buenos Aires


O El Ateneo é uma cadeia de livrarias de Buenos Aires, entre as lojas, encontra-se a mais famosa livraria da cidade, e uma das dez mais belas do mundo, o El Ateneo Grand Splendid. A livraria ocupa o prédio de um antigo teatro - posteriormente transformado em cinema - na Avenida Sta Fé. Por fora ela não é tão interessante, mas depois de passar pela entrada e subir alguns degraus, você se depara com os balcões ornamentados e a abóbada com suas pinturas e o efeito é realmente muito bonito. Há três andares: literatura e generalidades no piso térreo, livros de áreas mais específicas no segundo e dvds no terceiro (se não me engano). O antigo palco foi transformado em um café com várias mesas.


Passei um bom tempo vendo os títulos de romances argentinos e latinos, mas achei que havia pouca coisa e os preços dos livros novos não eram muito atraentes. Dá para encontrar preços melhores nos sebos que existem espalhados pela cidade.


Estava saindo quando passei pelos displays com os lançamentos perto da entrada e topei com o livro da Beatriz Sarlo chamado Tiempo Presente. Tinha lido algo sobre a autora no jornal na semana anterior à viagem e já estava com vontade de ler algo dela.
Beatriz Sarlo é crítica cultural e literária e professora universitária. Pensei que seria uma leitura apropriada para a ocasião. Aquela era a segunda edição de um livro publicado em 2001, período de crise brava no país. No livro, a autora escreve sobre como os argentinos empobreceram, sobre o aumento da percepção da violência e do sentimento de insegurança do povo.

Há muitas referências a personagens e fatos que talvez somente alguém que viveu algum tempo no país possa compreender, mas é um livro interessante. Foi por meio dele que descobri que o Shopping Abasto era o prédio de um antigo mercado comprado pelo George Soros, algo que ela comenta quando escreve que há shoppings sobredimensionados na cidade e que a ideia de proteger um patrimônio parece ser sinônimo de transformá-lo em templo de consumo, como ocorreu com o prédio do Abasto e das Galerias Pacífico. (E como o prédio desta livraria...)


Fui lendo trechos do livro no hotel e dentro do avião, muita coisa mudou de 2001 para cá, o país conseguiu atingir um certo nível de estabilidade, mas também dá para ver que alguns problemas persistem, como a pobreza e o sentimento de insegurança em relação às instituições sociais.

30.10.10

Olinda Bistró - Buenos Aires

O Olinda Bistró foi o restaurante da Recoleta escolhido para um jantar. Como ele ficava um pouco afastado do hotel, resolvemos pegar um táxi. É muito fácil pegar um táxi em Buenos Aires, eles são pintados de preto e amarelo e estão em todos os lugares. Basta ficar parado na calçada e acenar para o primeiro que aparecer com plaquinha "libre" acesa. E há taxistas de todos os tipos, simpáticos, caladões, impacientes, aqueles que já aderiram ao GPS, etc. O que pegamos para ir até o restaurante cobrou $ 15 apesar de estar escrito $ 11 no taxímetro. Ele disse algo sobre um "valor mínimo noturno", como éramos turistas ignorantes, pagamos. Na volta, pegamos outro táxi e o motorista cobrou o valor do taxímetro, menos de $ 15. Vai ver que o primeiro achou que deveríamos ter ido a pé...

Mas voltando ao restaurante, ele é pequeno e fica em uma rua tranquila. Os pães do couvert estavam ruins, pareciam amanhecidos. Como minha incomum falta de fome continuava, pedi uma entrada como principal. Uma espécie de massa folhada coberta com queijo de cabra e alcachofras. Não era nada demais, as alcachofras eram daquelas pequenas e estavam meio fibrosas. O O. pediu tortellinis recheados com presunto e queijo e um molho à base de manteiga e manjericão que, segundo ele, estavam ótimos. Bebemos um Felino Malbec e água. Havia uma opção de principal + bebida + sobremesa por $ 50, mas quando ouvimos a palavra "pechuga de pollo"/"peito de frango", passamos, se há algo que não aguento mais comer/preparar em casa é peito de frango.

Fomos os primeiros fregueses da noite, eram 20.30hs, outros casais chegaram depois e vi um deles comendo o tal peito de frango, ele era recheado e vinha sobre uma espécie de purê, acho que de batatas com alguma verdura.

De sobremesa, pedimos uma mousse gelada de manga e maracujá com creme de coco. Eu achei o nome melhor do que a sobremesa propriamente dita. A mousse vinha mesmo gelada, praticamente congelada. Estava bem doce e o azedinho característico do maracujá não existia. Para mim, a refeição foi normal, sem nada que sobresaísse. O. gostou mais do que eu. Os comentários sobre o restaurante no Guia óleo são muito bons, se tivesse escolhido um prato de verdade talvez tivesse algo mais a dizer. Acabei não tirando fotos porque o salão era iluminado pelas velinhas sobre a mesa e imaginei que elas não ficariam boas.


Chá no Alvear - Buenos Aires



Li tantos comentários no Viaje na Viagem recomendando o "afternoon tea" no Alvear que acabei fazendo uma reserva para o casal. Segundo os comentários, o chá normalmente é servido no andar térreo e o melhor lugar para escolher uma mesa seria o jardim de inverno, fiz isso, mas no dia em que fomos, devido a um evento, ele foi servido nos salões  Imperatriz & Alvear.

É um chá "à inglesa" com alguns doces, pequenos sanduíches, scones, geléia e, obviamente, chá. Estava certa de que pedir um chá completo para cada um de nós seria demais para o estômago e para o bolso, por isso, pedi um chá completo para uma pessoa + uma infusão extra para o O. e paguei $ 170 (uns R$ 75), praticamente a coisa mais cara de toda a viagem, como a curiosidade era minha e o convite também, banquei a conta. Acho que todos compartilham o chá entre duas pessoas, pois não vi nenhuma mesa com um chá completo para cada comensal.

Chegamos no horário e apenas três mesas estavam ocupadas, havia duas famílias, uma delas de chineses (ao menos foi o que meu "radar" oriental me disse) e um casal que falava inglês. Talvez devido à formalidade do salão e ao reduzido número de pessoas lá dentro, ninguém parecia muito à vontade. As outras mesas foram sendo ocupadas com o passar do tempo, na maior parte, por grupos de mulheres, e o clima ficou mais descontraído. Quando fiz a reserva, o horário marcado era 16.30hs, pelo visto, isso não é algo estrito.

O pão dos sanduíches estava meio úmido e não vi graça nos docinhos. As geléias eram boas e os scones estavam ok. A melhor coisa era o chá propriamente dito, você escolhe o blend que quiser e pode beber até se fartar. Foi o que fiz. Só provei os comes e bebi uns dois bules de chá.

Fomos os primeiros a sair. No final, ainda trazem um carrinho com doces, aqueles de confeitaria, bolos glaçados e tortas, que podem ser embrulhados se você não quiser comer ali, mas acho que todo mundo recusa.

O Alvear é um hotel tradicional e caro da Recoleta. Achei engraçado ver o bellboy com a cartola e a libré na entrada. A decoração é cheia de pinturas douradas e lustres de cristal, quite rococo. Os garçons vão e vêm no salão, o som ambiente começa com trechos de algumas óperas e continua com um pianista a um canto. Oito entre dez pessoas acham o chá o máximo. Eu e o O. somos os dois que o acharam brega
acharam que ele tem um charme decadente e só.



(Tomei tanto cuidado para que outras não pessoas saíssem na foto que nem notei o braço do O.)


28.10.10

Due resto café - Buenos Aires


Tentamos não comer nos restaurantes indicados claramente como sendo de turistas, como o Cabrera, Miranda, Cabaña de las Lilas, etc., por isso, fiz uma pesquisa no Guia Óleo e montei uma lista dos lugares que tinham recebido boas recomendações na Recoleta, uma vez que não pretendíamos ir muito longe para comer. Lendo os comentários no site, é fácil notar que os portenhos valorizam muito a relação qualidade/preço (e quem não valoriza, não é mesmo?) e costumam chamar os lugares mais caros de restaurantes para "novos ricos" ou "para turistas" (brasileiros, diga-se de passagem).

Peguei o mapinha que ganhei na recepção do hotel e fomos procurar o Due resto na hora do almoço, caminhamos pela rua indicada, paramos e olhamos as imediações e só notamos que estávamos na frente do restaurante depois de algum tempo. Ele é um salão diminuto fechado com um vidro e com umas poucas mesas. Você até pensa duas vezes se realmente quer comer ali, mas entramos para ver do que se tratava e não nos arrependemos. A comida é muito boa. O menu executivo custava $ 38 / R$ 17 e incluía bebida (sempre pedimos água), principal e sobremesa.

Havia apenas uma atendente, ela foi muito simpática e nos sugeriu o peixe, era um peixe de carne branca, esqueci qual o nome em espanhol e na hora não consegui descobrir qual seria o equivalente em português, um abadejo, talvez? A outra opção de peixe para o mesmo prato era a corvina. Ele estava bom, mas o melhor era o risoto de cevadinha e legumes grelhados que o acompanhava, poderia ter comido só aquilo e estaria feliz. 

Os pães do couvert estavam quentinhos e eram ótimos, havia um pão preto adocicado com nozes e uma focaccia deliciosos. De sobremesa, resolvemos dividir uma panna cotta com frutas vermelhas, o creme vinha intercalado com a geléia em uma grande taça. Também estava muito boa. Só não tirei foto.

O restaurante é simples, mas a comida é de primeira. Havia apenas pessoas que pareciam trabalhar nas imediações almoçando. Algo que notei, ali e em outros lugares, foi que sempre que uma pessoa faz uma refeição sozinha, ela come calmamente lendo um livro, um jornal ou está com o notebook aberto.




Galerías pacifico e Malba - Buenos Aires


Por algum acaso acabamos parando ao lado das Galerías Pacífico e entramos para ver como era aquele templo de consumo tão adorado pelos turistas locais. Para mim, é um shopping com preços dos Jardins (bairro de SP) localizado em um ambiente de centrão. Achei tudo caro lá dentro, mas a questão dos preços é relativa, depende do tipo de consumidor no qual cada um se enquadra. Se você não vive sem Chanel, Dior, Samsonite, Lancôme e produtos do gênero, talvez ache tudo uma pechincha.

Deixando as vitrines de lado, o prédio é bastante interessante e as pinturas da abóbada são muito bonitas. Demos uma volta lá dentro, andamos um pouco pela Calle San Martin e decidimos zarpar dali. Muita gente, trânsito, difícil parar na calçada com calma para apreciar as construções. Passamos pela frente do Obelisco de táxi, ele fica em uma avenida enorme e muito movimentada, não sentimos vontade de caminhar pela área. 


À pergunta que todos fazem: "E há algo barato na Argentina?", respondo outra vez que depende do perfil do consumidor. Nós não compramos nada (o O. até tentou, mas não achou o que procurava), mas os vinhos argentinos obviamente estão com preços muito melhores do que no Brasil. São mais baratos nas lojas da cidade do que no Duty Free de Ezeiza, mas os preços deste último ainda são melhores do que as da Grand Cru brasileira, por exemplo. 

Achei que as bolsas de couro estavam com preços mais acessíveis, mas o que está realmente mais barato são aqueles cremes importados vendidos em farmácia. La Roche-Posay, Avène, Vichy, etc., custam metade do que custam aqui. De novo, não comprei nada porque, para começar, não costumo usar esses produtos e mesmo que comprasse algumas caixas, não manteria o hábito aqui, pois os preços são extorsivos; depois, acho que alimentação e estilo de vida influenciam mais do que cremes e, por fim, não há creme que vença os efeitos do tempo.

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Um outro passeio que fiz depois de um almoço foi até o Museu de arte Latinoamericano de Bs. As., o Malba. Saí andando do hotel na direção da Av. Figueroa Alcorta, chegando lá, fiquei tão mesmerizada com uma construção enorme que atravessei a avenida sem parar no Museu de Bellas Artes e só descobri que aquele prédio monumental era a faculdade de direito quando pus os pés lá dentro. Acabei não vendo o Museu de Bellas Artes por esse motivo. Bem que a Quéroul e o Emil escreveram que o prédio da tal faculdade era imponente.

(Faculdade de direito)

Passei por aquele monumento com forma de flor e estilo de antena parabólica (também enorme), a Floralis Genérica, e segui para o Malba. Andei, andei, andei e fiquei encafifada com o fato de eu ser praticamente a única pessoa andando pela avenida. Fiquei me perguntando se aquilo era algo incomum.

(Interior do Malba)

Cheguei no museu e paguei a entrada ($ 8 / R$ 3,5). Havia algumas exposições temporárias e uma instalação com um video mostrando um enxame de abelhas. Queria mesmo era ver o Abapuru e o quadro da Frida Kahlo. Já aviso que o acervo é muito pequeno e quem espera algo nos moldes do Masp ou da Pinacoteca, vai se decepcionar muito. Eu me arrependi de não ter ido ver o Museu de Bellas Artes de que a Quéroul gostou.

27.10.10

El estrebe - Buenos Aires


O jantar do domingo foi em um restaurante que servia parrillas, o nome dado à "churrascaria" local, na mesma rua do hotel, chamado El Estrebe. Fiz a consulta pelo Guia Óleo e ele aparecia em terceiro lugar entre as parillas com comentários bastante favoráveis. Andamos algumas quadras cobrindo os pescoços com as blusas porque o vento estava gelado. Eram oito horas e éramos praticamente os primeiros fregueses da noite. Os horários argentinos são diferentes dos nossos. A vida começa às 10hs da manhã, quando o comércio e os museus abrem, e termina às 20hs, quando tudo fecha. Já os restaurantes começam a servir o almoço às 12hs e o jantar às 20hs, mas praticamente ninguém faz refeições na primeira meia hora após a abertura dos estabelecimentos. Tinha feito reserva, mas era algo desnecessário.

O restaurante tem uma decoração "pitoresca", com selas, cabeças de cavalos e bois moldados em plástico pendurados nas paredes, acho que a ideia é mesmo representar um "estábulo". A decoração atrapalha em algumas mesas. O. acabou batendo a cabeça no "focinho" de um cavalo e não gostou muito da experiência.

Pedimos o tradicional "bife de chorizo" e "papas fritas" como guarnição. Podíamos escolher a guarnição que quiséssemos, a lista era enorme, mas turistas ficam com neurônios preguiçosos e acabávamos sempre pedindo o mais conhecido. A carne estava muito macia, mas só comi alguns pedaços, estava sem muita fome. Belisquei algumas batatas fritas e um pouco dos pães. Bebemos um bom vinho chamado Mora Negra (Malbec/Bonarda) que O. queria provar.

O couvert era bem simples, pães e coisinhas para espalhar neles, nada demais. O garçom também nos serviu uma dose de uma bebida amarelada em pequenos copos. Não lembro qual era seu nome, mas pelo o que entendi, era uma mistura de vinho branco e algo mais forte com gosto de anis. Era meio adocicado, provei um pouco mas foi tudo.

Tirando o vinho, a conta saiu bem razoável. Os pratos eram grandes e dividimos tudo. Devemos ter pago cerca de R$ 50-60 reais só pela comida. Os portenhos costumam deixar a gorjeta em dinheiro (10%) sobre a mesa depois de pagar, não é como aqui onde ela já vem incluída no valor total, mas o curioso do El estrebe foi que o garçom tirou uma nota onde lia-se claramente "gorjeta". Devia ser uma conta específica para brasileiros, porque "gorjeta" em espanhol é "proprina". Pagamos com o cartão e os 10% aparecem lá claramente. Foi o único lugar onde isso ocorreu, nos demais, costumávamos deixar a gorjeta em dinheiro antes de irmos embora. De qualquer forma, acho que pagamos mais em dinheiro do que com cartão nos restaurantes.

Algo que não deve espantar os brasileiros é o fato de que o sistema de "chip" dos cartões parece não funcionar na Argentina, mesmo digitando a senha do cartão, sempre nos pediam para que assinássemos o recibo e escrevêssemos o número do RG ou do passaporte.



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Tinha feito uma lista dos restaurantes onde pretendia comer, mas como escrevi acima, turistas ficam com neurônios preguiçosos e desisti de vários planos depois do segundo dia. Acabamos retornando ao El estrebe e pedimos o almoço executivo de $ 38,00 (cerca de R$ 16,00)  que incluía bebida (pedimos água, não sei quais eram as outras opções), entrada, principal e sobremesa. Ambos pedimos empanadas de entrada. Estavam muito boas, elas eram fritas e pareciam pastéis bem sequinhos recheados com carne e ovos.


Havia carne, peito de frango e massa de principal. Ficamos com a carne que era um tipo de espeto com pimentões e cebola. Como guarnição, pedi salada e o O. foi de "papas fritas" outra vez. Até agora fico espantada com nossa falta de criatividade com as guarnições! E de fome também, tenho que admitir que senti pouca fome durante toda a nossa estadia. Não sei qual era a carne, mas ela estava boa e a salada era bem fresca. As batatas fritas estavam sequinhas.



As sobremesas já eram meio sem graça. O. foi de flan e eu fui de "budín", que descobri ser um pudim de pão daqueles que nossas mães faziam para acabar com pães amanhecidos, sem leite condensando e coisas do gênero. Ele era bem durinho, gosto de pudim de pão, mesmo os mais simples, mas não comi tudo.

Achei a refeição boa pelo preço e qualidade dos produtos. Era quase como comer na casa de alguém, pratos bem cotidianos. Pagamos em dinheiro e, desta vez, a gorjeta não estava incluída na conta, deixamos os 10% sobre a mesa antes de irmos embora.

26.10.10

Fuerza Bruta - Buenos Aires


Fui ver a apresentação de Fuerza Bruta no Centro Cultural da Recoleta, ficava a um pulo do hotel e depois almoçar no Tea Connection e desfazer as malas, fui até lá para ver se poderia comprar os ingressos  para a sessão das cinco. O Centro fica ao lado do cemitério, mas já estava em cima da hora e nem sabia se conseguiria entradas para o mesmo dia então não quis perder tempo. Isso foi o mais próximo do cemitério que cheguei, ele parace um presídio de segurança máxima, cercado por um muro altíssimo. Para ser sincera, visitar o cemitério da Recoleta e ver um show de tango eram coisas que nunca fizeram parte de meus planos. 

Como era domingo, havia uma feirinha de artesanato na frente do Centro Cultural, passei por ela sem me deter, perguntei onde podia comprar as entradas no balcão de informações e me dirigi para a bilheteria no final de um corredor. Ali o preço daquela sessão era de $ 55, apresentei uma nota de 100, o vendedor perguntou se eu não tinha trocado, respondi que não, tinha apenas uma nota de 50 e ele me vendeu a entrada por aquele valor. Bacana.

Fui sozinha, depois de explicar mais ou menos qual era o conceito do espétaculo, O. preferiu descansar da viagem. "Fuerza Bruta" é uma mistura de perfomance, meio "rave", com efeitos visuais e sonoros. O público entra em um galpão escuro e a apresentação começa, todos ficam de pé mesmo e os "atores" e o cenário se movimentam entre as pessoas. A música é techno. Nunca fui em uma "rave" e minha opinião sobre a música techno nunca foi das melhores, mas os sons realmente "vibram" no seu peito, é fácil entender porque os jovens gostam desse tipo de coisa, é meio contagiante. O público daquele horário era bem variado, havia muitos jovens, mas também pessoas mais velhas e famílias com algumas crianças, as menores tinham que ser levantadas pelos pais para poderem acompanhar tudo.

Foi uma experiência interessante, os rapazes e as moças que fazem o Fuerza Bruta precisam ter fôlego para manter o ritmo da perfomance, há momentos em que os efeitos são bonitos, poéticos até, só achei que depois de algum tempo algumas coisas tornam-se meio repetitivas. Como tinha ouvido falar que o público também era "participante", resolvi ficar esperta para evitar alguma surpresa.

Li que aquelas eram as últimas apresentações em Buenos Aires, sei que o espetáculo está lá desde março, mas não sei  exatamente quando sairá de cartaz. O grupo já se apresentou em Nova Iorque e, quem sabe, talvez venha para o Brasil algum dia. Por isso, paro as descrições por aqui.

Ainda estava claro quando sai. Peguei a única apresentação diurna, as demais começam à noite e, às sextas, o espetáculo é emendado com o show de um DJ. Era possível usar a câmera sem o flash, mas sai de mãos vazias porque não queria carregar nada durante a apresentação.

Dei uma volta pela feirinha do lado de fora, havia artigos de couro e lã, não vi preços, e voltei para o hotel.

25.10.10

Tea Connection - Buenos Aires


Nossa primeira refeição em Buenos Aires foi no Tea Connection a algumas quadras do hotel, já eram umas duas da tarde e estávamos com fome. O. pediu um bagel com salmão defumado e uma taça de vinho branco e eu fui de salada, também de salmão defumado, e "licuado" de amoras, laranja e menta. A comida estava muito boa. O vinho deveria ser um Chadornnay, mas a atendente disse que só havia Sauvignon Blanc, acho que era um Finca las Moras. Sei que era bom. O "licuado" era gostoso, mas muito doce, pensei que fosse açúcar, mas depois li em algum lugar que eles usam stévia.

Voltamos ao mesmo lugar no último dia e repetimos praticamente o mesmo pedido porque estávamos com preguiça de andar para comer e havíamos gostado do Tea Connection, só o vinho do dia desta vez era um Chadornnay e já não achei tão bom quanto o Sauvignon Blanc anterior.

Gostei muito da proposta do café/lanchonete. Há vários estabelecimentos espalhados pela cidade. Os produtos são de boa qualidade, mais "naturebas" e saudáveis. Há chá, cafés, lanches, saladas e "fórmulas" que incluem tostadas, medialunas e outras coisinhas. As pessoas que entravam eram na maior parte jovens e "cools". O serviço depende do atendente, na primeira vez era meio difícil conseguir a atenção da garota que nos servia.


Salada enorme e muito boa com um ovo meio mole no centro, abacate, generosas fatias de salmão defumado e molho à base de mostarda. O sanduíche também estava gostoso segundo O. Há um couvert composto por um tipo de patê feito com cenouras cozidas e torradas.


Cada prato, sem bebidas e gorjeta, custou $ 34-35, cerca de R$ 15. Comparando com o preço dos almoços executivos em outros restaurantes, imagino que não deva ser um lugar muito barato para os portenhos, mas não consigo imaginar um restaurante que ofereça os mesmos pratos por preços semelhantes no Brasil.

24.10.10

Howard Johnson Hotel Boutique Recoleta - Buenos Aires



Escolhi o hotel baseada nas críticas do Tripadvisor. Queria ficar na Recoleta porque me pareceu a melhor opção para quem quer ter uma "base de operações" para conhecer diferentes partes da cidade,  uma vez que o bairro fica entre Palermo e o centro. O Howard Johnson Hotel Boutique é pequeno, discreto, com quartos muito confortáveis. Ficamos no mais "simples" com duas camas queen size. A roupa de cama e as toalhas eram de boa qualidade, não há nada demais, mas sabe quando você não tem nada a acrescentar ou a mudar em um lugar? Tudo em ordem, recepcionistas atenciosos. Gostei muito da estadia. O hotel fica em uma rua tranquila, os quartos são extremamente silenciosos e limpos, é possível ouvir o ruído dos quartos vizinhos, mas desde que as pessoas não sejam barulhentas, não há problema algum.

O café da manhã não variava muito, as frutas vinham sob a forma de uma salada de frutas adoçada, mas oferecia tudo de que precisávamos, inclusive medialunas, um croissant não tão folhado com uma casquinha adocidada muito boa para acompanhar um chá ou café com leite muito comum por lá.  Praticamente era a única coisa que comia de manhã. O que estranhei foi o tamanho dos copos para o  suco, eram minúsculos, do tamanho daqueles copos para servir doses de bebidas. O O. ficou procurando por algo maior até se convencer de que eram aqueles mesmo. 

Apesar de haver uma notinha dizendo que a água da torneira poderia ser consumida, preferi comprar garrafas de água mineral de dois litros ($ 4,00 cada) nas quitandas dos arredores. Mesmo potável, a água da torneira tinha gosto de cloro.

Cada um de nós acabou dormindo em uma das camas queen, pode parecer estranho, mas depois de dez anos dormindo quase todo o santo dia juntos, a gente sente um pouco de nostalgia de poder se espalhar sobre uma cama e jogar as pernas e braços para onde tem vontade. Ficamos em um quarto dos fundos e dava para ver os prédios vizinhos da janela. Acordava todas as manhãs e observava o prédio coberto pelas trepadeiras. Olhar pelas janelas dos hotéis sempre reforça a sensação de que estou em um lugar diferente.



A Recoleta é um bairro gostoso, há cafés e restaurantes por perto. Muitos prédios charmosos de construção antiga. Também é o bairro com a maior concentração de pessoas idosas que já vi andando pelas calçadas. Apesar do clima de bairro calmo, bastava descer duas quadras e já topávamos com a Av. Sta Fé, já muito movimentada e com ar de centro de cidade.

23.10.10

Voltando de Buenos Aires


Retorno depois de uma blitztrip

Foi minha primeira vez em Buenos Aires. O. já conhecia a cidade. Fizemos tudo por conta e apesar de alguns contratempos com a Tam, deu tudo certo. Compramos as passagens com uns três meses de antecedência e a ideia era ir e voltar por Viracopos. Devia ser um voo com conexão em Porto Alegre. Um mês antes da viagem, fui checar se estava tudo certo com as passagens pela internet e vi que o aeroporto de chegada passou do aeroporto internacional de Ezeiza para o Aeroparque de BsAs. Fiquei até contente porque ele fica mais próximo da cidade e pagaríamos menos pelo táxi até o hotel. Confirmei a alteração e, alguns dias depois, outra mudança. A volta também seria pelo Aeroparque. Confirmei e relaxei.

Na semana do embarque, entrei novamente no site e havia uma nova alteração que impossibilitava que fizéssemos a conexão em Porto Alegre no retorno, pegamos justamente a semana da passagem para o horário de verão e tudo mudou. Acabamos trocando as passagens e indo por Guarulhos, chegando e voltando por Ezeiza, cancelamos o estacionamento que havíamos reservado e encontramos um hotel que oferecia traslado para o aeroporto e estacionamento em Guarulhos. Um hotel bem terrivelzinho na beira da Dutra, mas o que interessava era mesmo o serviço que ele oferecia, o carro ficava no estacionamento e podíamos levar as chaves. Vários hotéis da área oferecem um serviço similar. O que me deixou doida  nesse episódio todo foi o fato da Tam não avisar sobre nenhuma dessas alterações. No final, tivemos que ir até a loja de Viracopos para validar a mudança de itinerário porque isso não podia ser feito pelo telefone.

O voo foi tranquilo, chegamos um pouco atrasados, mas meu nome estava no balcão do Táxi Ezeiza, que tinha reservado pela internet, troquei alguns reais no Banco de La Nación (R$ 1,00 =  $ 2,34 ) , paguei o o táxi e fomos para o hotel. Foram cerca de quarenta minutos do aeroporto de Ezeiza até a Recoleta. Apesar de termos levado um susto quando o comandante do voo anunciou que a temperatura em BsAs era de 10 C, apenas o vento estava meio frio. Fez foi muito frio à noite, felizmente, foi esquentando durante a semana. Céu azul todos os dias.

Do pouco que vi, posso dizer que Bs.As. é uma cidade interessante, cada bairro tem uma personalidade própria. Há algumas observações inevitáveis, muitas pessoas vivendo nas ruas e dormindo na frente dos prédios, por exemplo. Pegamos uma greve dos lixeiros que durou três dias e os sacos de lixo iam se acumulando nas esquinas. Via sacos rasgados e estranhava, achava que eram os cães que faziam aquilo, mas uma tarde vi que eram pessoas que retiravam plásticos e outras coisas para reciclar de dentro deles.

Fui algumas vezes a um supermercado perto do hotel para comprar algo e trocar dinheiro para os táxis,  pegava a fila rápida, só que de rápida ela não tinha nada. Ela era lerdíssima. Acho que era a fila dos aposentados e pessoas que recebem algum tipo de auxílio governamental. Um dia havia uma senhora com duas crianças e uma mulher com meia abóbora na minha frente, a senhora apresentou um tipo de caderneta bastante surrada para a caixa que fez algumas anotações em uma lista. Depois de passar toda a compra, a senhora foi retirando vários itens porque o que teria que pagar estava acima do que devia ter imaginado.

Enquanto isso, as lojas estão cheias de brasileiros fazendo compras. O. queria comprar algumas coisas e não achou nada, os vendedores disseram que os produtos que ele queria tinham se esgotado no nosso feriado do dia 12 de outubro.

Minha bagagem de mão na volta era minha bolsa com documentos e um chocolate comprado no Duty Free de Ezeiza para acabar com os poucos pesos que sobraram, mas os outros passageiros compraram de tudo e  faltou espaço nos bagageiros. Logo me veio à mente aquela representação de ônibus latino dos filmes americanos nos quais as pessoas carregam várias caixas, sacolas e até animais. O povo da executiva abriu e deixou caixas de ipads e outros produtos eletrônicos no avião. Estava logo atrás e vi quando fecharam os bagageiros com as caixas lá dentro e saíram faceiros.

No mais, comemos relativamente bem e não tivemos nenhuma surpresa desagradável. Os dias passaram rápido. Seria necessário muito mais tempo para fazer explorações e programas mais longos. Esses ficam para a próxima.

A continuar...

(Há relatos bem frescos sobre a cidade  no blog da Quéroul e do Emil).


12.10.10

Pepinos com gergelim


Salada simples e crocante com perfume de óleo de gergelim. Basta pegar um pepino japonês, lavar, enxugar e bater em toda a sua extensão com um rolo de abrir massa, apenas o suficiente para que seu interior fique um pouco "quebrado" sem perder a forma. (Nada de bater com muito entusiasmo!). Corte em pedaços grosseiros e tempere com óleo de gergelim, sal e um pouco de sementes de gergelim. Eu geralmente uso a proporção 1 pepino = 1/2 c chá de óleo de gergelim + 1 c chá de sementes de gergelim, o sal é a gosto.

10.10.10

Das fliegende Klassenzimmer - Erich Kästner



De vez em quando a escola de alemão em que estudava recebia doações de livros, naquela vez, alguém deve ter morrido e a família doou a biblioteca em alemão inteira. Eram várias caixas e uma velha mala. Por falta de espaço, os livros ficaram disposto no pátio e os alunos podiam levar o que quisessem, peguei três, entre eles, Das fliegende Klassenzimmer (1933) de Erich Kästner (1899-1974), um autor alemão, pacifista e contrário ao nazismo, o que lhe rendeu alguns livros queimados e algumas visitas da Gestapo. Ele é mais conhecido como autor de livros infantis, como este, mas também escreveu poemas, sátiras e roteiros de filmes.

Das fliegende Klassenzimmer, ou, "A sala de aula voadora", conta as aventuras e travessuras de cinco amigos em um internato na Alemanha, eles ensaiam uma peça que será apresentada na véspera de Natal antes das férias de inverno. O enredo da peça mostra uma "aula" um pouco diferente na qual o professor convida os alunos a embarcarem em uma avião para ensinar história e geografia "in loco". Assim eles partem para o Polo Norte, para o Egito e terminam no céu, onde encontram São Pedro. Daí o título do livro. 

Mas o livro não trata apenas dessa peça. Como todo bom livro infantil, ele procura inspirar valores como a amizade e a generosidade nos leitores. Vocês se lembram daqueles filmes antigos, onde as crianças tem rostos cheinhos e bochechas rosadas, todos são muito bons e as conclusões são sempre felizes? Pois é, o livro é assim. Há brigas de crianças, entre os alunos do internato com os de uma escola rival, um garoto que decide pular do alto de uma escada com um guarda-chuva para provar que não é covarde, etc, entretanto, arranhões e orgulhos feridos à parte, tudo sempre termina bem. Enfim, é um livro para inspirar bons sentimentos. 

É uma história simpática, simples e sem nenhum acontecimento fantástico.



Eu sei exatamente quando o "bicho" da leitura me pegou. Tinha nove anos e fui  com minha avó passar alguns dias na praia na casa de uma prima da mesma idade. Passávamos as manhãs na praia com nossa avó e, à noite, antes dormir, cada uma de nós lia um trecho de um livro infantil deitada sobre um beliche. Uma lia Os Colegas e a outra A fada que tinha ideias. O dia de ir embora foi se aproximando e eu percebi, angustiada, que não saberia o final das histórias, então terminei de lê-las sozinha. Chorei muito com Os colegas e foi quando percebi como conseguia me envolver com um texto. A partir de então, desembestei a ler e não parei mais.

Hoje acho que estou velha para livros infantis. Há poucos que funcionam para os adultos, como exemplo, posso citar o clássico "O pequeno príncipe", que sempre será muito fofo. Mas acho que eles realmente produzem mais efeito quando são lidos na infância ou, vá lá, até o começo da adolescência. Guardo boas lembranças de Os colegas da Lygia Bojunga Nunes; A fada que tinha ideias, todo o Sítio do Pica-pau amarelo, do Lobato; Contos do Andersen e o Menino do dedo verde de Maurice Druon, todos lidos e relidos várias vezes.


7.10.10

Salada de batatas à puttanesca


Também da Canadian Living, já disse que adoro as receitas dessa revista, não é mesmo? Acho que ela segue um estilo de culinária moderno e bastante sintonizado com as preocupação nutricionais contemporâneas: pouca gordura e açúcar, ingredientes saudáveis, mas sem perda de sabor. Foram raras as receitas que testei e de que não gostei. 

Esta salada de batatas é absolutamente deliciosa, uma festa de sabores, perfeita para ser servida em um churrasco, por exemplo. Como a maioria dos ingredientes contêm sal, nem é necessário acrescentá-lo aos temperos. Eu não uso anchova, costumo comprar um potinho de "sardinha anchovada" para economizar. A anchova é mais macia e saborosa, mas o efeito nesta receita é o mesmo.


Salada de batatas à puttanesca

1,4kg de batatinhas pequenas para salada cortadas ao meio ou em quartos se forem maiores
1/3 x (75ml) de azeite extra-virgem
1 x (250ml) de cebola picada
3 dentes de alho picados
1 c chá (5ml) pimenta calabresa
1/2 c chá (2ml) de orégano
4 filés de anchovas picados
1/2 x (125ml) tomates secos escorridos e picados
1/2 x (125ml) azeitonas picadas
3 c sopa (45ml) alcaparras escorridas e picadas
1/3 x (75ml) de vinagre de vinho branco
1/3 x (75ml) de salsinha picada

Coloque as batatas em uma panela com água fervente e cozinhe até que estejam macias quando espetadas com um garfo, cerca de 10 min. (Preste bastante atenção ao grau de cozimento, pois se cozinharem demais, elas vão se desmanchar). Escorra e coloque em uma tigela grande.

Enquanto isso, aqueça o óleo em uma frigideira e refogue a cebola até dourar, cerca de 8 min. Adicione o alho, a pimenta calabresa, o orégano e as anchovas. Cozinhe mexendo sempre até que o alho fique dourado. Adicione os tomates secos, as azeitonas e as alcaparras, cozinhe por 1 min. Adicione o vinagre e espere que tudo volte a se aquecer. Misture para soltar o que estiver grudado no fundo. Derrame essa mistura sobre as batatas. Adicione a salsinha, misture para envolver bem as batatas no tempero e deixe descansar por 2 horas ou cubra e deixe na geladeira por até 24 hs.