28.11.12

Resoluções literárias para 2013



Limpeza. Começando pelos pingos de tinta aqui e ali. Poeira das lâmpadas do lado de fora, gavetas, armários e estantes de livro. Sempre acabo separando alguns livros para ler quando tiro o pó das estantes. Os livros e as estantes são sempre os mesmos, mas minhas escolhas geralmente mudam muito, o que me faz ter a ilusão de que, de certa forma, eu possa ter mudado. Pretendo ler ao menos um livro do Philip Roth em 2013, nunca li nada dele, também penso em começar 2666 do Roberto Bolaño, porque Detetives Selvagens foi praticamente o último livro que li com pena de saber que acabaria. Nenhum livro me marcou este ano, não houve nenhum que me agarrasse, arrastasse pelo chão e me fizesse chorar. Recomecei o primeiro volume da trilogia Tu Rostro Mañana do célebre Javier Marías pela segunda vez e parei no mesmo lugar, talvez devesse começar com algo mais modesto. Li muita coisa prática do estilo "aprenda a..." ou "como fazer...", alguns textos em japonês, não deu para ler em alemão. Tomei muitas decisões baseadas em meu amor pelos livros ao longo da vida, de vez em quando fico com um medinho de que ele acabe e ter que me perguntar: "E agora, José?".



21.11.12

Salada de batatas para aperitivo


Faço assim: cozinho batatas bolinhas inteiras em água e sal até que fiquem macias, tempero ainda quentes com vinagre, cebola picada, salsinha picada, pimenta vermelha picada, azeite, sal e pimenta do reino. Deixo tomar gosto por algum tempo e pronto.

* Gosto que  o vinagrete fique bem ácido e picante, mas depende da preferência de cada um.




20.11.12

Em salas de espera


Quando éramos crianças, meu pai trabalhava como autônomo e plano de saúde era um luxo, o que nos levava a recorrer sempre ao serviço público. Na verdade, só procurávamos um médico em emergências, nessas ocasiões, íamos direto para um pronto-socorro, geralmente em horários de plantão, pois era quando meu pai estava em casa e podia nos levar. Lembro do monte de gente na frente da recepção esperando seu nome ser chamado para ir para outra sala onde havia mais espera, ou seja, havia uma antessala da sala de espera. Uma perna quebrada e um resfriado mais resistente eram resolvidos assim.  Por sorte, eu e meus irmãos nunca tivemos nada mais complicado na infância.

Já um pouco mais velha, passei por um período psicologicamente complicado e isso teve alguns efeitos físicos que me levaram a procurar um gastrologista. Um episódio verdaderiramente kafkaniano. Para conseguir ver o médico, era necessário ir bem cedo ao SUS da cidade vizinha para pegar uma senha. O número de senhas distribuídas por dia era limitado e quem não conseguisse o papelzinho tinha que voltar no dia seguinte. Com senha em mãos, ainda era preciso seguir até a recepção, esperar sua vez e marcar o horário com a especialista desejado. Coisa de mês ou mais. 

Enfim, chegou o dia. A sala de espera estava lotada e não havia um horário definido. Todo mundo chegava e ficava esperando ser chamado. Os mais sortudos seriam chamados primeiro. Tratamento de gado. Estava sentada lá e uma senhora, gente simples, se sentou ao meu lado acompanhada da neta e começou a puxar assunto. 

Olhando ao redor, "Nossa, só tem homem!". Voltando-se para mim, "Você sabe que os homens vêm aqui porque têm problema lá no c*, né? Eles fazem 'aquilo' com outros homens. São todos vi***s!". Lembrando que o nome da especialidade é gastroenterologia). Nem lembro se disse algo, acho que ignorei. Era uma senhora de idade, com preconceitos bem arraigados. Aquela conversa, mais o ambiente geral, mais a espera, deixaram-me deprimida.

A vida é cruel.

***

Realizei uma cirurgia com o Dr. X há trocentos anos atrás para remover um nódulo de uma das mamas e agora sou obrigada a visitá-lo sempre para acompanhar os nódulos que sobraram, tenho um par deles, são todos benignos e vivem sendo fotografados, já se tornaram íntimos. 

Quando conheci o Dr. X, ele era um médico promissor em início de carreira que atendia em um consultório lotado e minúsculo. Dez anos depois, entro em uma clínica espaçosa, com uma sala de espera com televisão de várias polegadas, revista Caras, wifi e máquina de café espresso. Uma mudança e tanto. O que não mudou foi o tempo de espera de várias horas. A mulherada que aparece lá sabe que tomará um chá de cadeira, mas todas estão resignadas, afinal, Dr X virou um bam-bam-bam da área. De quebra, ele é simpático. Sua sala é grande, cheia de livros médicos, um Aurélio, próteses de silicone sobre a mesa, um pequeno altar e bíblia na estante. 

Na última vez, uma senhora de uns setenta anos entrou na sala de espera e, apesar das inúmeras poltronas vazias, decidiu se sentar entre mim e outra paciente. Dava para ver que ela queria ter com quem conversar. Chegou fazendo perguntas sobre o tempo de espera para a vizinha da direita, esta notou as intenções da senhora e saiu sob o pretexto de beber água. Eu era a outra alternativa e ela perguntou qual era meu horário e começou a comentar que já vinha preparada para esperar. "Eu venho quando não tenho mais nenhuma preocupação, porque sei que vou ficar aqui o dia inteiro!", pausa, "Minha única preocupação é o meu marido, ele tem aquela doença que faz a pessoa fugir... Fico com medo de que ele saia de casa e suma, depois eu tenho que ir procurar. Ele tem parkinson!", batendo na testa, "Não é aquela outra, como se chama? Alzeheimer! Isso! Ele foge e eu tenho que procurar!" Balanço a cabeça sem saber o que dizer, mas não quero prolongar a conversa que não sei onde pode chegar. Felizmente, sou chamada.

A vida é triste.


17.11.12

Costelinha de porco ao molho barbecue e biscuits de batata-doce


Pintor emendou o feriado enquanto meu médico querido e atrasildo atendeu ontem, resolvi ir, achei que o feriado diminuiria a disposição das pacientes de aparecer e a espera seria menor do que três horas, e foi. Cheguei às 8h e fui atendida às 9h30 (a consulta era as 9h).

Depois da espera, encontrei o O. para fazer as compras da semana. Geralmente evito as costelinhas de porco porque as acho muito gordurosas, mas vi algumas com muito boa aparência no supermercado e resolvir comprar. Sempre que comemos em restaurantes de pratos "americanos", o O. pede costela com molho barbecue, então, resolvi testar uma receita em casa.

Usei a versão da Irene com adaptações. Dei um toque oriental adicionando gengibre ao tempero da carne. Gostei da ideia de assar as costelas pré-temperadas cobertas com papel alumínio e descartar o líquido fora, basicamente gordura, e depois cobrir com molho barbecue e levar ao forno novamente para finalizar.

Como acompanhamento, fiz um coleslaw simples: coloco repolho picado, cenoura ralada e cebola fatiada em uma tigela grande, junto um pouco de sal e misturo. Deixo descansar um pouco, depois dou algumas espremidas com as mãos para retirar o excesso de líquido e para reduzir o volume. Tempero com maionese, mostarda tipo dijon, vinagre, pimenta do reino e mel, quando há necessidade, um pouco de sal.

O outro acompanhamento foi um biscuit feito com batata-doce e alecrim. Ficou bastante bom. Crocante e quebradiço, acho que foi a primeira vez em que um biscuit feito por mim ficou decente. Vi a receita no A Sweet Spoonful, fiz adaptações, reduzi a quantidade de manteiga e substituí o leite por creme de leite, pois tinha quase uma caixinha inteira aberta na geladeira.




Costelinha de porco ao molho barbecue (adaptada daqui)

1 costelinha de porco, aproximadamente um quilo a um quilo e meio (usei a costelinha já em pedaços e removi os pedaços maiores de gordura)
sal a gosto
3 dentes de alho picados
1 c sopa de gengibre ralado

Molho Barbecue Caseiro

 2 copos de ketchup (eu usei da marca Heinz)
1/4 de copo (americano) de vinagre
1/4 de copo (americano) de molho inglês
1/4 de copo (americano) de açucar mascavo
2 colheres (sopa) de melaço 
2 colheres (sopa) de mostarda dijon
1 colher (sopa) de molho de pimenta Tabasco
1/2 colher (chá) de pimenta do reino


Misturar todos os ingredientes do molho barbecue caseiro em uma panela e levar ao fogo médio até o molho engrossar. Deixar esfriar e reservar.

Temperar a costelinha de porco com sal, alho e gengibre e  deixar descansar por no mínimo 30 minutos. Colocar a costelinha de porco em uma assadeira pequena forrada com papel alumínio. Cobrir os dois lados da costelinha de porco com a metade do molho barbecue caseiro que estava reservado. Embrulhar a costelinha de porco no papel alumínio duas vezes (um papel alumínio sobre o outro) para não vazar o molho. Deixar a costelinha de porco embrulhada dentro da assadeira na geladeira de um dia para o outro.

Tirar da geladeira a assadeira com a costelinha de porco embrulhada e levar para assar em forno baixo (mínimo) por aproximadamente 1 e 1/2 hora (no mínimo uma hora).

Tirar o alumínio e jogar fora todo o líquido que acumulou durante o cozimento.

Forrar outra assadeira pequena com o papel alumínio. Besuntar bem os dois lados da costelinha de porco com o restante do molho barbecue caseiro.

Levar novamente para assar em fogo médio para dourar por aproximadamente 45 minutos.







Biscuit de batata-doce e alecrim (adaptada daqui)

3/4 x de batata-doce amassada (cerca de 1 grande, a minha rendeu cerca de 1 1/2x e usei tudo)
3/4 x de farinha integral
3/4 x de farinha
3 1/2 c chá de fermento em pó
3/4 c chá de sal
1 c sopa de alecrim seco bem picado
4 c sopa de manteiga fria cortada em cubinhos
1/2 x de creme de leite

Comece preparando as batatas: pré-aqueça o forno à 200 C. Pique a batata com um garfo várias vezes e coloque sobre uma das grades do forno. Asse por cerca de 1 hora ou até que fique macia. Retire do forno e deixe esfriar completamente. Descasque e amasse com um garfo. (Como não queria usar o forno só para assar a batata, eu a piquei em pedaços grandes, coloquei em um refratário, cobri com filme plástico e levei ao micro-ondas. Deixei alguns minutos em potência alta e ia picando para ver se estava no ponto ideal. Descasquei e usei).

Aumente a temperatura do forno para 220C. Unte uma forma com manteiga ou forre com papel manteiga.

Misture as farinhas, o fermento, o alecrim e o sal em uma tigela grande. Junte a manteiga e, com as pontas dos dedos, incorpore-a aos ingredientes secos até obter uma espécie de farofa. Adicione o creme de leite e a batata-doce e misture apenas o suficiente para formar uma massa mais coesa. (Adicione leite caso fique muito farinhento, a massa tem aparência bem rústica).

Derrube 2-3 colheradas dessa mistura para formar um biscuit (ou faça menores com uma colherada grande como eu) sobre a assadeira. Asse por cerca de 16-20 minutos, ou até que eles cresçam e a parte superior fique firme e comece a dourar. São melhores logo após serem feitos, mas podem ser conservados à temperatura ambiente e aquecidos antes de serem servidos. 

Na receita original, a autora os serve com Honey Butter: 3/4 de manteiga à temperatura ambiente com 3 c sopa de mel.



13.11.12

Salada de trigo, cenouras e nozes


Grãos de trigo cozidos, cenouras raladas, pedaços de nozes. Tempero de vinagre balsâmico, molho de soja, azeite e mel.



7.11.12

Nuggets de frango



Rápidas:

Pintura em casa, mais alguns reparos (eles parecem não ter fim!) e outros afazeres têm me mantido longe do blog.

Quando acordei no domingo, o filhote de passarinho não estava mais no ninho. Acho que virou refeição de alguma coruja, gato ou gambá. Ficamos chateados, uma pena.

***

Receita do Pecado da Gula, mas acabei preparando segundo a versão da Tatiane. Fiz só com o tempero básico: sal e pimenta, mas ficaram gostosos. Assei ao invés de fritar e servi com um molho feito com mostarda tipo dijon, maionese e mel.



Nuggets de frango


2 peitos de frango, médios cortados em pedaços
1 cebola
1 dente de alho
2 a 3 colheres (sopa) maionese
temperos a gosto (sal, pimentas, ervas, etc.)

para empanar:
farinha de trigo (usei amido de milho)
ovo
pão ralado



No processador, coloque a cebola e o alho para deixar tudo picadinho (se preferir, pique tudo na faca), coloque a carne de frango, temperos e maionese. Processe até ficar bem moído.

Com o auxílio de 2 colheres, molde os nuggest, fazendo bolinhos achatados, passe pela farinha de trigo (fica uma massa bem pegajosa, só depois de passada na farinha é que será possível moldar direito com as mãos).

Passe pelo ovo batido e por último pelo pão ralado. Coloque em assadeiras untadas com óleo, vire uma vez para que os dois lados fiquem besuntados e leve ao forno. Deixe dourar de um lado e depois vire e doure do outro.

Eles também podem ser congelados, a Tatiane os coloca em uma assadeira baixa, mantendo distância entre eles e depois guarda em sacos plásticos. Podem ser assados sem descongelar em forno pré-aquecido por uns 25-30min, virando na metade do tempo.