30.12.08

Cozido de frango e grão-de-bico

Esta é uma receita iraquiana que foi publicada na última revista Saveur, ela trazia uma matéria sobre refugiados iraquianos no Líbano, era sobre três rapazes que dividiam um apartamento e ofereceram uma refeição típica para a pessoa que escreveu a matéria (aliás, muito boa). Originalmente, o cozido é colocado sobre fatias de pão tipo pita que absorvem o caldo, mas servi com arroz integral. Também não finalizei com o sumac e o suco de limão. Adoro curries, adoro grão-de-bico, adorei esta receita.

Cozido de frango e grão-de-bico

1/4 x de óleo de canola
6 dentes de alho picados
3 cebolas picadas
4 batatas descascadas e cortada em quartos
2 folhas de louro
2 c sopa de curry (diminua a quantidade se achar que ficará muito forte)
1 c sopa de cúrcuma em pó
sal
4 sobrecoxas de frango sem pele
4 coxas de frango sem pele
3 1/2 x de água (adicionei mais pois queria mais caldo)
1 lata de grão-de-bico escorrida
4 pães tipo pita ou naan rasgados
1 limão em quartos
1 c sopa de sumac

Aqueça o óleo em uma panela e refogue o alho, a cebola, as batatas junto com o louro, o curry e a cúrcuma, misture bem até que os legumes fiquem envolvidos pelos temperos, cerca de 10 min. Adicione o frango e a água, tempere com um pouco de sal e cozinhe por cerca de 20-25 min, ou até que a carne fique macia. Adicione o grão-de-bico, corrija o tempero caso necessário e cozinhe por mais 5 minutos. Sirva o cozido em pratos ou tigelas forrados com o pão pita, esprema um quarto de limão sobre o frango e polvilhe com o sumac.

26.12.08

Pão italiano

Outro pão do blog Le Pétrin da Sandra, realmente delicioso, adorei o resultado, um miolo denso e macio e uma casca grossa e crocante. Coloquei os ingredientes na máquina e amassei lá mesmo, mas a receita tem indicações de como preparar à mão.


Pão italiano

520g de farinha especial para pães
310ml de água morna
6 c sopa de azeite
1 1/2 c chá de sal
15g de fermento fresco (usei 7 g de fermento biológico instantâneo seco)

Misture a farinha e a água para formar uma massa leve e não mole. Deixe descansar 1 hora. Adicione o azeite, depois que ele for incorporado à massa, adicione o sal. Sove para incorporar o sal, em seguida, adicione o fermento fresco desfeito (como usei a máquina desde o início, não sei se o fermento biológico deve ser incorporado nessa etapa, na dúvida, leia as instruções da embalagem) e sove por 10 min na batedeira, depois a mão sobre uma superfície ligeiramente enfarinhada ou na máquina de pão. Forme uma bola e deixe descansar em um recipiente untado com óleo e coberto com filme plástico por 1h. Retire o gás levantando um pouco massa do recipiente e deixe descansar mais 1 h.
Coloque a massa sobre a superfície de trabalho, retire o gás, depois sove, forme uma bola, deixe crescer por 45-60min. Asse à temperatura moderada (200C) por cerca de 30min, ou até dourar, depois de polvilhar com um pouco de farinha e fazer riscos na superfície com uma faca.
(Nota: no meu caso, a massa rendeu 2 pães razoavelmente grandes. Deixei uma forma de bolo inglês com água na grade inferior do forno para manter a umidade enquanto os pães assavam.)

Torta de pêssegos e canela

O Natal foi bem simples aqui em casa, assei alguns pães de queijo que tinha congelado para um jantar mais tardio e eles foram degustados com espumante. O prato principal foi um bacalhau com broa, estava bom, mas o bacalhau ficou meio ressecado (preciso praticar mais.) A sobremesa foi uma receita que vi na revista Taste of home, uma torta de pêssegos muito fácil de fazer, as fotos não ficaram boas, mas a torta é muito gostosa, a combinação da massa que lembra a farofa de um crumble, a fruta e o creme é perfeita. Diminui a quantidade de açúcar mascavo, pois os pêssegos já são bem doces, mas acho que dá para variar bastante e usar frutas frescas diversas.



Torta de pêssego e canela

2 x de farinha
2 c sopa de açúcar (usei demerara)
1/2 c chá de sal
1/4 c chá de fermento
1/2 x de manteiga (cerca de 100g)
1 lata de pêssegos em calda escorridos
1 x de açúcar mascavo (usei apenas 1/4 de xícara e achei que ficou perfeito)
1 c chá de canela em pó
2 gemas
1 lata de creme de leite

Faça uma espécie de "farofa" meio úmida com a farinha, as 2 c sopa de açúcar, o sal, o fermento e a manteiga. Forre o fundo e as laterais de uma forma de cerca de 22 cm de diâmetro com a massa. Coloque os pêssegos com a parte do corte voltada para cima sobre a massa e polvilhe-os com a mistura de açúcar mascavo e canela. Leve para assar em forno pré-aquecido (180C-200C) por 20 minutos. Retire do forno e cubra com o creme de leite misturado com as gemas e asse a torta até que o creme fique mais firme e a massa doure.
Nota: a massa se esfarela e é difícil de desenformar ainda quente, mas depois de esfriar isso se torna mais fácil.


24.12.08

O jardim adormecido

(Foto de Riichi Yokomitsu na contracapa da coletânea)

Primeira leitura “solo” de um livro em japonês, a maioria dos livros nessa língua que li antes já tinham sido lidos em traduções, então, eu sempre tinha uma idéia geral do enredo. O autor chama-se Riichi Yokomitsu (1898-1947), eu nunca ouvi falar dele por aqui e há bem poucas traduções de suas obras, quase nada, as informações sobre o autor também são sumárias na internet.

O título da história poderia ser traduzido como “Jardim adormecido”, ele é constituído de dois kanjis, o de dormir (寝) e o de jardim/parque (園), os dois juntos não formam uma palavra única (pelo menos não achei nos dicionários que consultei), por isso, traduzi assim.

A história se passa na época da depressão de 30 (pensando na conjuntura econômica atual, não pude deixar de achar a coincidência irônica) e é sobre vários triângulos, quase quadriláteros, amorosos envolvendo várias pessoas de uma classe comercial abastada. Nanae é casada com Niwa, mas ama Ha, um amigo da família. Nanae também é amada por Taka, um jovem estudante que, como bom Don Juan, não deixa de “tirar uma casquinha” roubando beijos de todas as personagens femininas que cruzam seu caminho, entre elas, Aiko, parente de Nanae. Aiko, por sua vez, tem uma queda por Niwa, marido de Nanae.

As paixões e flertes não vão a lugar algum devido às convenções sociais e também porque Ha, que poderia tentar fazer com que Nanae se divorciasse, está em sérios apuros financeiros e perde toda a sua fortuna com a depressão. Outro fator que complica a situção é o fato de Nanae acertar um tiro acidental em Niwa durante uma caçada a javalis promovida pelo clube de tiro de que fazem parte. A culpa faz com que ela renuncie a se aproximar de Ha.

Os personagens são infelizes e suas vidas não parecem ir para lugar algum, eles estão mesmo “anestesiados” em um “Jardim adormecido”.


17.12.08

Cenouras glaceadas com alecrim

Receita muito simpática da Elvira, adoro cenouras glaceadas, acho que é um acompanhamento perfeito para uma carne grelhada ou assada.


Cenouras glaceadas

650 g de cenouras descascadas e cortadas em palitos grossos (cortei em rodelas sem descascar)
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de açúcar mascavo
colher (café) de alecrim seco picado (usei fresco)
sal & pimenta preta moída
água q.b.

Colocar as cenouras, a manteiga, o açúcar, o alecrim picado e 1,5 copos de água numa frigideira grande ou panela. Temperar com sal e pimenta.
Levar a ferver e baixar o fogo. Cozinhar por 10-12 minutos, até as cenouras se apresentarem tenras. Se isso for necessário, juntar mais um pouco de água durante o cozimento.
Cozinhar sem parar de mexer por mais 1-2 minutos, até o molho ficar caramelizado e as cenouras se apresentarem glaceadas (brilhantes).

11.12.08

Tozzetti

Esta receita é muito boa e me foi passada pela minha professora de italiano. Ela é ligeiramente diferente daquela que retirei da Claudia Cozinha.


Tozzetti

450 gr de farinha
250 gr de açúcar
150 gr de manteiga
150 gr de amêndoas trituradas
5 ovos (3 gemas e 2 inteiros)
50 gr de uva passa sem sementes
1 c sopa de semente de erva-doce (use mais se gostar)
1 c sopa de fermento em pó
1 xic de café de cognac
1 xic de café de arak (é uma bebida à base de anis, eu usei cognac mesmo)
raspas da casca de um limão

Misture todos os ingredientes, você obterá uma massa mole. Polvilhe uma superfície com farinha e divida a massa em pedaços iguas (cerca de 4 ou mais dependendo do tamanho de suas assadeiras, a receita rende muito) e enrole cada um deles formando uma espécie de "tronco" não muito largo e meio achatado. (Outro dia, assistindo ao canal italiano, vi uma mulher enrolar os "troncos" polvilhando a superfície com açúcar de confeiteiro, ainda não testei, mas me pareceu uma boa idéia). Coloque-os sobre a forma mantendo algum espaço entre cada um deles e leve para assar em fogo moderado (180-200C) até que fiquem ligeiramente corados.
Retire a assadeira do forno e espere os troncos esfriarem um pouco (cerca de 20 min). Corte o tronco em fatias e disponha-as sobre a assadeira com o corte voltado para baixo. Leve para assar novamente por 15-20 min.

6.12.08

Pão de alho caramelado

O primeiro pão que faço usando a técnica da "esponja" ou "pré-fermento" e, acreditem ou não, sem a máquina de pão! Ele é um bocado trabalhoso e apanhei bastante para prepará-lo, pois a massa é bem molenga. Eu até cometi um grande pecado e acabei adicionando mais farinha, porque ao comparar a massa que fiz com aquela das fotos do Dan Lepard, concluí que a minha ainda estava muito mole, ela praticamente se espalhava quando a colocava sobre a mesa para trabalhá-la. Felizmente, isso não parece ter prejudicado o crescimento ou o sabor da massa (que tinha achado meio salgadinha).

Para uma primeira vez, acho que não ficou ruim, mas preciso praticar mais, muito mais. O gás está no fim, o pão demorou uma eternidade para assar e não tive paciência para deixá-lo mais tempo no forno para ficar com a cor dourada que seria ideal. No mais, é um pão muuuuito gostoso. A receita em francês está aqui e a original do Dan Lepard em inglês com fotos passo-a-passo.


Pão de alho caramelado

Para o pré-fermento
200ml água morna entre 35C - 38C
1 c chá de fermento biológico instantâneo seco
200g de farinha especial para pães (usei a da Fleischmann)

Para a massa
225ml água à 20C
325g farinha especial para pães
10g de sal
75ml de azeite extra-virgem

Para o alho caramelado
3 cabeças de alho, dentes separados
2 c sopa de azeite extra-virgem
50ml água
1 c sopa de vinagre balsâmico
2 c sopa de açúcar
1 c chá de sal
1/4 c chá de pimenta do reino
1 folhas de um ramo de alecrim picadas

Pré-fermento: Para obter a água na temperatura aproximada, misture 100ml de água fervente a 200ml de água fria e use a quantidade pedida na receita. Em uma tigela, misture a farinha com o fermento e adicione a água morna. Misture bem e cubra com um filme plástico. Deixe o fermento agir por 2 horas, mexendo uma vez com uma colher após 1 hora.

Para o alho caramelado:
Coloque os dentes de alho inteiros em uma panela, cubra com água fervente e cozinhe por 3-4 min, escorra, cubra tudo com água fria e comece a retirar a casca dos dentes de alho. Depois de descascada, a quantidade de alho parece muito menor, não se assuste. Aqueça o azeite em uma frigideira e doure ligeiramente os dentes de alho sem deixá-los queimar. O alho queimado fica com sabor amargo, por isso, tome cuidado. Em um copo, misture o vinagre balsâmico e a água, adicione essa mistura ao alho na frigideira, junte o sal, o açúcar, a pimenta e o alecrim. Cozinhe em fogo baixo por cerca de 5 min, até que o líquido tenha sido reduzido a um caramelo espesso. Coloque em uma tigela e deixe esfriar. Os dentes de alho devem estar macios quando picados com uma faca.

Para a massa:
Depois de 2h, o pré-fermento deve ter dobrado de volume e ter bolhas na superfície. Coloque a água em uma tigela grande e despeje o pré-fermento. Desfaça-o com os dedos até que sobrem apenas pequenos fragmentos. Adicione a farinha e o sal e misture a massa com as mãos. Ela será elástica e grudenta. Raspe o excesso de massa de suas mãos e das laterais da tigela, cubra com um pano de prato limpo, espere 10 min para que a farinha absorva o líquido.

Derrame 2 c sopa de azeite na superfície da massa e, gentilmente, espalhe o azeite por toda a superfície da massa com as mãos. Esfregue um pouco de azeite nas mãos e deslize-a pelas laterais da massa puxando-a para cima para que o óleo envolva toda massa. Gire a tigela enquanto faz isso para que toda massa seja esticada e desgrude da tigela. A massa começará a ficar com uma aparência mais homogênea. Forme uma bola, cubra e deixe descansar 10 min.

Derrame 2 c sopa de azeite sobre a massa e repita o procedimento de puxar e esticar a massa sem ultrapassar mais de 10-12 segundos. Cubra e espere mais 10 min.

Desta vez, unte uma superfície de aproximadamente 30 cm de diâmetro com azeite. Unte as mãos, despeje a massa sobre a superfície preparada e sove a massa com cuidado por cerca de 10-15 segundos. Coloque a massa novamente na tigela. Cubra e deixe descansar por 30 min.

Unte uma superfície novamente, coloque aí a massa e abra-a até formar um retângulo de cerca de 30 cm. Dobre uma das abas, depois a outra formar um retângulo mais fino, dobre as abas longas novamente formando uma trouxinha. Coloque-a na tigela, cubra e espere 30 min.

Unte a superfície de trabalho outra vez, abra massa até forma um retângulo de 30cmx20cm. Espalhe o alho caramelado por 2/3 da superfície da massa, dobre a parte da massa sem alho até que ela cubra 1/3 do alho e enrole essa parte sobre o resto do alho. Você terá um novo retângulo, dobre uma das abas até o meio da massa e depois a parte restante. Como da primeira vez. Coloque essa trouxinha novamente na tigela, cubra e deixe descansar 30 min.

Enxuge o óleo da superfície de trabalho e polvilhe com um pouco de farinha. Abra a massa como da vez anterior e dobre da mesma forma. Coloque a massa na tigela, cubra e deixe descansar mais 30 min.

Repita o procedimento mais uma vez e deixe a massa descansar 10 min.

Cubra uma bandeja grande com um pano de prato, polvilhe-o com um pouco de farinha, corte a massa em 3 pedaços iguais e disponha-os sobre o pano de prato fazendo dobras entre cada pedaço para que eles não grudem.

Cubra e deixe descansar por 45 min.

Pré-aqueça o forno à 200C e coloque uma forma com água para manter a umidade do forno. Polvilhe a assadeira com um pouco de farinha, levante os pães pelas extremidades e coloque-os na assadeira sem o pano de prato tomando o cuidado de não manipulá-los demais para que não percam o gás.

Asse por 20-30min, ou até que os pães fiquem dourados.

(Para ter uma melhor idéia do que deve ser feito em cada etapa, lembro novamente que há fotos no site do Dan).



3.12.08

Bolinhos rápidos de aveia e frutas

A receita original era para um bolo de bananas, fiz uma vez só com elas, mas outro dia havia apenas uma banana e um resto de manga e mamão e pensei que não seria má idéia acabar com tudo fazendo esses bolinhos outra vez. Gosto de bolinhos densos assim, eles ficaram gostosos e são bem nutritivos.

Bolinhos rápidos de aveia e frutas

1 banana + 3/4x de uma mistura de manga e mamão (ou três bananas, ou uma quantidade equivalente de seu resto de salada de frutas)
1 ovo grande
3 c sopa de óleo
1/2 x de açúcar demerara
1/2 x de farinha integral (ou normal)
1/2 x de aveia em flocos
1/2 c chá de canela
1 c chá rasa de fermento

Amasse as frutas com um garfo, junte os demais ingredientes e misture bem. Asse em uma forma para seis muffins untada até que os bolinhos dourem.

1.12.08

Pão de vinho e nozes

Pão absolutamente delicioso publicado pela Sandra no blog Le Pétrin (em francês). A massa leva um pouco de vinho e nozes, o gosto de nozes predomina, pois parte da quantidade é batida com o vinho, mas definitivamente há um "retrogosto" de vinho na massa. Ótimo com um queijo e, por que não? Um cálice de vinho...

Amassei na máquina, mas a receita dá as instruções para a confecção manual. Meu pão não ficou com a casquinha igual ao do pão feito pela Sandra, talvez por ter pulado a parte de vaporizar o pão com um pouco de água antes de assar (e por não tê-lo virado enquanto assava). Preciso procurar um vaporizador no supermercado, um daqueles de jardinagem deve servir...


Pão de vinho e nozes

200g de farinha especial para pães
100g de farinha de trigo integral fina
2 c chá de fermento biológico instantâneo seco
1 c chá de sal
50g de nozes (1)
125ml de vinho tinto seco (no caso, usei Malbec)
75ml de água
2 c sopa de azeite
100g de nozes (2)

Em uma tigela grande, misturar as farinhas com o fermento seco, adicionar o sal e misturar.

Em um liqüidificador, bater as nozes (1) com o vinho, a água e o azeite até obter um líquido espesso e homogêneo. Adicionar esse líquido à tigela com as farinhas, juntar as nozes e misturar até a formação de uma bola de massa que grude ao redor da colher e se descole da parede da tigela.

Desgrudar a massa da colher e trabalhar a massa rapidamente na tigela com as mãos apenas até formar uma bola. Cobrir com um pano de prato limpo e deixar repousar por 10 min.

Untar ligeiramente uma superfície de trabalho e também as mãos com óleo. Colocar a massa sobre a superfície preparada e sovar por 15-20 min. Devolver a massa à tigela, cobrir novamente e deixar repousar mais 10 min. Repetir essa operação de sova mais uma vez, cobrir e deixar crescer por cerca de 1h15 min, ou até que massa dobre de tamanho.

Colocar a massa sobre a superfície de trabalho ligeiramente enfarinhada e retirar o gás parcialmente apoiando a palma da mão levemente sobre ela. Modelar um pão oval e colocar sobre uma forma revestida com papel alumínio. Cobrir e deixar crescer por cerca de 1h.

Preaquecer o forno à 210°C. Vaporizar a superfície do pão com água, polvilhar com um pouco de farinha peneirada para dar um ar rústico e riscar em xadrez com uma faca.

Assar por cerca de 45 min virando o pão na metade do tempo para que asse de forma homogênea (não fiz isso). O pão assado fica com uma cor caramelo e soa oco quando recebe batidas.

19.11.08

Lendas e fábulas - Selma Lagerlöf

Devagar, bem devagar, li uma tradução alemã do livro de lendas e fábulas da Selma Lagerlöf, uma escritora sueca e a primeira mulher a ganhar o Nobel de literatura em 1909. Suas histórias são povoadas por sonhos, premonições, goblins, espíritos e outros seres sobrenaturais, muita coisa inspirada nas histórias e lendas que ouviu durante sua infância.
Sempre tive uma grande paixão por lendas, contos, fábulas e mitos e era natural que gostasse deste livro, claro que as histórias não são doces e nem sempre têm finais felizes, ao contrário, muitas vezes elas se assemelham mais a pesadelos, como a história do proprietário de terras que perde uma aposta feita com o espírito que mora em sua casa ou a do troll que troca o bebê de uma mulher por seu próprio filho. Outras histórias tratam de injustiças reparadas, o cristianismo contra o paganismo, etc.


10.11.08

O novo capitalismo segundo Richard Sennett

Richard Sennett é um professor de sociologia da Universidade de Nova Iorque, meu primeiro contato com sua obra se deu quando escrevia meu mestrado, seu O Declínio do homem público foi muito útil para minha pesquisa e me deu uma idéia de como era a Europa por volta do século XVIII, período em que as cidades começavam a se modernizar e a se desenvolver com a criação de espaços públicos onde as pessoas das mais diversas classes e condições sociais podiam interagir com liberdade, sem precisar dizer quem eram ou de onde vinham. Os cafés, as praças, os teatros, etc., teriam mudado a forma como as pessoas avaliavam umas às outras, pois eram ambientes que qualquer um podia frequentar e onde cada um podia "reinventar" a si mesmo, ao contrário dos ambientes da corte, onde todos deviam obedecer regras de etiqueta e de hierarquia.

Os anos se passaram e reencontrei Sennett há pouco, li The culture of the New Capitalism e The corrosion of character, dois longos ensaios que abordam praticamente o mesmo tema: as exigências do capitalismo e como elas afetam a vida das pessoas. Para quem trabalha em grandes empresas hoje em dia, tudo o que Sennett diz talvez não seja nenhuma novidade. Ele escreve sobre como as idéias de flexibilidade, ausência de rotina e risco, por exemplo, apesar de suas conotações positivas, acabam por gerar ansiedade.
Trabalhar com horários "flexíveis", ser parte de grupos que duram apenas o período de elaboração de um projeto, ter que provar a si mesmo a cada nova etapa, segundo Sennett, a princípio, seriam noções positivas, mas quando essas situações se repetem ao longo de toda a vida ativa, o que as pessoas sentem é que não possuem apoios, não podem repousar e que a narrativa de suas suas histórias é feita de recortes e não constituem uma totalidade coerente. Não é possível estabelecer laços de amizade no emprego porque os grupos se desfazem rapidamente e, como todos praticamente "competem" entre si, não é possível confiar em ninguém. Como os empregos são flexíveis e as mudanças são constantes, também não há como estabelecer uma identificação com o trabalho, não haveria mais carreiras no sentido pleno da palavra. O que se valoriza é o potencial, o momento, não a história pessoal e as glórias passadas; a atitude positiva, o responder "sim" a tudo. No passado, a hierarquia formava uma pirâmide, mas cada um sabia onde estava e quem mandava, já o novo modelo seria parecido com um disco rígido, com um centro indefinido de onde partem ordens.

Apesar de Sennett afirmar que as condições de trabalho do passado não eram as melhores, ele parece saudosista quando diz que a ansiedade era menor e que ao menos as situações tinham contornos mais definidos do que hoje. Apesar da rotina, ainda havia a vida em comunidade e o consolo de pensar que o esforço servia para melhorar a vida dos filhos. Hoje, no entanto, mesmo quem se formou e encontrou um emprego não tem garantias e precisa se aprimorar todos os dias para não ficar para trás, o que gera um bando de pessoas frustradas e insatisfeitas consigo mesmas.

Em suma, o novo capitalismo favore quem é jovem, ambicioso e com boa formação, mas para quem chega à meia-idade, ele é extremamente cruel.

1.11.08

Bolo de batata a Jore

Passeando aleatoreamente pelos blogs de culinária eu me deparei com esta receita da Cozinha da Tia e ela me pareceu tão apetitosa e simples que acabei por prepará-la aqui em casa. As batatas ficaram deliciosas. Usei menos batatas, o suficiente para duas pessoas, e ajustei os demais ingredientes, por isso, acho que o "bolo" não ficou muito alto. (Também tive um "branco" e só lembrei do sal na última camada... rs)

Bolo de batata a Jore

8 batatas médias
30 g de manteiga
2 c sopa de azeite
1 dente de alho esmigalhado
1/2 c chá de pimenta moída na hora (pimenta verde, rosa, branca, preta...)
200g de pão integral bem picado
200g de parmesão ralado
sal
orégano

Unte uma forma de fundo removível com manteiga. Descasque as batatas e corte em rodelas finas. Misture o pão com o queijo, se possível, passe pelo liquidificador para diminuir os pedacinhos de pão (como usei pão duro, deu para ralar no ralador manual).
Numa frigideira, derreta a manteiga com o azeite em fogo baixo, acrescente o alho e a pimenta. Desligue o fogo assim que o alho dourar.
Na forma, comece com uma camada de batatas, coloque um pouco de sal sobre as batatas, pincele-as com a mistura de manteiga, salpique com a mistura de pão e queijo, regue com um pouco de azeite e um pouco de orégano. Faça novamente a camada de batatas e vá alternando, terminando com o queijo e orégano.
Deixe assar no forno (cerca de 200C) por 1 hora, ou até que as batatas fiquem macias.

27.10.08

Gomashio

O gomashio é uma mistura de gergelim (goma) temperada com um pouco de sal (shio) que os japoneses costumam polvilhar sobre o arroz. Foi a Andrea, uma leitora do blog, que indicou esta receita deste blog francês. Ao contrário da autora, eu tostei o gergelim e as algas antes de moer tudo no suribachi (um tigela com ranhuras no interior que servem para triturar alimentos) como em um dos comentários do post. Também adicionei wakame (um tipo de alga) e, como só tinha folhas grandes de nori, eu tive que picá-las para que ficassem mais trituradas (mas o resultado talvez tivesse sido melhor se tivesse usado o processador).

Gomashio

(para um o equivalente a um pote de geléia)

100g de grãos de gergelim claro
1 c café de sal
3 c sopa de folhas de nori em tirinhas
(eu adicionei um pouco de wakame)

Triture os grãos de gergelim e o sal (de preferência, em um processador). Misture o nori seco e toste tudo em uma frigideira grande até sentir o aroma do gergelim. Retire do fogo e coloque o gomashio em um pote. Ele pode ser conservado por algumas semanas.
(Eu preferi tostar tudo antes de moer, pois assim o nori e o wakame ficaram mais secos e quebradiços, mais fáceis de triturar).


2.10.08

Pudim de pão salgado com alho-poró

A receita é de uma revista Gourmet e deveria levar milho, mas quando fui procurar a lata que jurava ter comprado, não achei, tinha uma porção de latas de ervilha e grão-de-bico, mas nenhuma de milho. Como já tinha picado o alho-poró e planejado o almoço, fiz a receita sem esse ingrediente.
Passo a receita tal qual está na revista. Fiz metade e adorei, dá um belo acompanhamento, ótimo também para servir em um brunch.

Pudim de pão salgado com alho-poró

1 c sopa de óleo ou manteiga
2 alho-porós picados
4 x de milho debulhado (fresco, congelado ou enlatado)
1/2 c chá de páprica picante
1/3 x de salsinha picada ou coentro
1 c sopa de manjericão picado
2 x de leite
4 ovos
5 x de pão amanhecido em cubos
1 x de queijo tipo cheddar picado (eu usei mussarela de búfala)
1/2 x de leite
sal a gosto

Preaqueça o forno à 180C. Unte um refratário com manteiga. Reserve.
Aqueça o óleo em uma panela e refogue o alho-poró e o milho por cerca de 4 min. Tempere com um pouco de sal e a páprica. Adicione as ervas, misture, retire do fogo e reserve.
Bata o leite com os ovos, tempere com cerca de 1/2 chá de sal e junte essa misture ao pão em cubos. Adicione o queijo e o refogado de milho e alho-poró. Misture tudo muito bem, despeje tudo no refratário. Derrame o leite restante sobre a mistura, leve ao forno e deixe assar até que o pudim doure.


28.9.08

Madame Bovary



Finalmente li Madame Bovary de Gustave Flaubert, um livro de uma maturidade psicológica incrível e escrito de uma forma magistal. A história começa apresentando o jovem Charles Bovary em seu primeiro dia de escola, um garoto tímido, não muito inteligente, medíocre até. Ele irá prosseguir seus estudos sem brilho e conseguirá uma posição como médico em uma cidade de província. Ele se casa com uma viúva com algum dinheiro devido à intervenção de sua mãe e depois que esta morre, Charles se casa com a jovem filha de um pequeno proprietário de terras, Emma. Charles adora a jovem esposa e julga-se o mais feliz dos homens, mas pouco tempo após o casamento, Emma sente-se decepcionada com sua escolha, com a simplicidade do marido, com a sua vida sem nada de interessante, sem paixões, sem grandes acontecimentos. Ela sonha com uma vida cheia de aventuras. Sua frustração torna-a vítima de doenças nervosas, de repentes de raiva e irritação contra o marido que não a compreende e que não mede esforços para satisfazer todos os seus caprichos.

Como forma de melhorar o humor da esposa, Charles decide mudar-se para outra pequena cidade. Lá, Emma conhece Leon, um rapaz que trabalha como notário e pelo qual se apaixona. Seu amor é correspondido, mas Leon parte para completar seus estudos antes que algo definitivo ocorra. Pouco tempo depois, quando Emma começa a se aborrecer novamente, ela conhece Rodolfo, um proprietário local que a seduz. Eles ficam juntos por algum tempo, mas Emma sugere que ambos fujam juntos, algo que ele não tem intenção de fazer, e o caso termina. Emma tem uma crise nervosa, depois entra em uma fase religiosa, mas logo volta a ser a mesma mulher insatisfeita com sua vida, é nesse momento que reencontra Leon, já um pouco mais experiente em relação à vida e às mulheres. Ele se torna seu novo amante. O final do livro é trágico, vemos Emma perder-se cada vez mais em uma sucessão de mentiras e dívidas contraídas para satisfazer seus caprichos.

Que história boa! A capa do livro que li traz a foto de Isabelle Huppert, atriz que interpretou o papel de Emma no filme com o mesmo nome do romance de Flaubert (que não vi), mas ela é tão diferente da Emma descrita pelo autor! Emma é morena, com cabelos pretos e olhos de uma cor indefinida , que varia conforme a luz, e também mais jovem do que atriz.

Eis um trecho que descreve o estado de espírito de Emma logo após um de seus encontros com Leon:

“Não importa! Ela não estava feliz, nunca o fora. De onde vinha essa insuficiência da vida, essa corrupção instantânea das coisas nas quais se apoiava?… Mas se existisse um ser forte e belo em algum lugar, uma natureza nobre, plena de exaltação e de refinamentos, um coração de poeta sob uma forma de anjo, lira com cordas de cobre, soando em direção aos céus versos elegíacos, por que ela não o encontraria por acaso? Oh! Que impossibilidade! Nada mais valia uma busca, tudo mentia! Cada sorriso escondia um bocejo de tédio, cada alegria uma maldição, todo prazer um desgosto, e os melhores beijos deixavam nos lábios apenas um desejo irrealizável de uma volúpia maior.”

24.9.08

Pão de gengibre, damasco e laranja

Receita da Lara, o pão é muito perfumado e o gosto me lembrou o de alguns pães doces. Coloquei os ingredientes na máquina, como sempre faço, deixei amassar e depois modelei os pães.

Pão de gengibre, damasco e laranja

suco de duas laranjas (as minhas renderam quase 1 x de suco)
2 colheres de sopa de manteiga
1 punhado de damascos secos picados
1 1/2 xícaras de farinha de trigo integral
2 2/3 de xícaras de farinha de trigo branca
1 colher de chá de sal
1 1/4 de colher de chá de femento seco instantâneo
1/4 de xícara de melado
água morna o quanto baste (fui colocando enquanto a máquina amassava até dar o ponto, coloquei cerca de 3/4 x de água)
1 colher de chá de gengibre em pó
leite para pincelar

Numa bacia junte as duas farinhas e a manteiga. Friccione com as pontas do dedo até atingirem a aparência de migalhas de pão. Junte o sal, o fermento e o melado. Mexendo, acrescente o suco de laranja e a quantidade necessária de água morna para formar uma massa macia. Sove por cinco minutos em uma superfície enfarinhada. Acrescente então os damascos e o gengibre. Volte para a bacia untada, cubra e deixe crescer por 1 hora até dobrar de volume. Depois disto, sove novamente a massa e enrole-a. Deposite-a numa forma de pão untada, cubra novamente e deixe repousar por mais vinte minutos. Pincele com o leite e leve para assar por uns 40 minutos.

20.9.08

Clafoutis de banana

Receita Marmiton. Clafoutis é um tipo de "pudim" com alguma fruta, desta vez usei as bananas maduras da fruteira. Na receita original o rum entra no final, ele é espalhado sobre o clafoutis e flambado antes de ser servido, mas eu o adicionei às bananas depois de cortadas junto com um pouco de canela o que fez com que seu sabor desaparecesse. Vou experimentar flambar no final da próxima vez.

Clafoutis de bananas

2 c sopa bem cheias de farinha
7-8 c sopa de açúcar
3 ovos
50 g de manteiga em pedaços
2 x de leite
1 pitada de sal
4 bananas nanicas maduras em rodelas rum (cerca de 2 c sopa)
canela em pó

Bata (a mão ou no liquidificador) a farinha, o açúcar, os ovos (passe as gemas por uma peneira se quiser diminuir o aroma característico do ovo), o leite e o sal.
Unte um refratário com manteiga e espalhe aí as rodelas de banana (eu as salpiquei antes com canela). Derrame a massa sobre elas e finalize espalhando os pedaços de manteiga sobre a massa.
Asse em forno preaquecido à 220C por cerca de 40 min.
Polvilhe o clafoutis com açúcar e depois volte ao forno para caramelizar um pouco.
Deixe amornar, derrame o rum sobre a massa e flambe pouco antes de servir.
(Acho que o clafoutis morno é o ideal, se deixada na geladeira por algum tempo a massa fica meio dura).


17.9.08

Karê à moda japonesa

Esta receita é de um livro de culinária japonesa que trouxe da casa da minha mãe. Gosto muito desta receita de curry porque ela é mais adocicada, bem ao estilo japonês. Outra coisa que me agrada é o fato da carne ser temperada antes de ser adicionada aos outros ingredientes. Os japoneses chamam isso de "shita aji", é um "pré-tempero", algo de que às vezes sinto falta em algumas receitas que apenas pedem para ajustar o tempero ou adicionar o sal minutos antes da finalização do prato, acho que muitas vezes isso deixa a carne sem gosto e sem graça. De regra, sempre que, em uma receita, a carne é cozida por pouco tempo sem um molho já temperado, eu a tempero com ao menos um pouco de sal para que ela não fique insossa.
A receita original é feita com carne de boi, mas ela pode ser substituída por frango (como fiz) ou filé mignon de porco por exemplo.

Karê ao estilo japonês

Prepare a carne:
150 g de carne de sua preferência em fatias finas (filé de frango, algum corte macio de boi, ou filé mignon de porco)
1 c sopa de shoyu

1 c sopa de maisena

1 c sopa de óleo

1 c chá de açúcar


Tempere a carne com o shoyu, óleo, água, açúcar e polvilhe com a maisena. Misture e deixe marinar por alguns minutos.

Prepare o curry:
1 x de cebola fatiada
2 x de batatas descascadas e picadas
1/2 x de cenoura em rodelas
1 c sopa de curry em pó (ou de acordo com sua preferência)

2 c sopa de óleo

2 x de água
1 c chá de sal
1/2 c chá açúcar

Em uma panela, aqueça o óleo e refogue a cebola, abaixe o fogo, adicione o curry em pó e misture por alguns segundos. Junte a cenoura, a batata e, em seguida, a água. Tempere com 1 c chá de sal e 1/2 c chá de açúcar. Deixe cozinhar com a panela tampada até que os legumes fiquem macios. Assim que isso acontecer, adicione a carne, misture e deixe no fogo apenas o tempo suficiente para que a carne fique cozida e o molho engrosse. Retire de fogo e sirva com arroz.

13.9.08

Muffins de legumes com frango defumado

Simpática e gostosa receita publicada pela Ana há algum tempo. Adoros cakes e muffins salgados para acompanhar uma salada, como havia um pouco de frango defumado na geladeira, resolvi colocá-lo disfarçadamente na massa para que o marido o comesse sem reclamar (ele diz que não aguenta mais frango sob forma alguma!).

Muffins de legumes com frango defumado

1 x de farinha
1 x de fubá
1 c sopa de açúcar
2 c chá de fermento em pó
1/2 c chá de sal
1/4 x de queijo parmesão ralado
1 ovo
3/4 x de leite
1/4 x de óleo
2 c sopa de manteiga derretida
1/2 x de tomates sem pele e sem sementes picados
1/2 x de zucchini/abobrinha ralada
1/2 x de cenoura ralada
1/4 x de cebolinha picada

Preaqueça o forno à 200C. Misture a farinha, o fubá, o açúcar, o fermento em pó, o queijo parmesão e o sal. Em outro recipiente, combine o ovo, o leite, o óleo e a manteiga. Junte aos ingredientes secos e misture bem. Depois, adicione os legumes e misture muito bem. Coloque a massa em formas de muffim untadas. Asse por 20-25 min ou até dourarem. Sirva morno. Rende 12 muffins.

9.9.08

The sun also rises - Ernest Hemingway

O sol também se levanta, outro livro de Ernest Hemingway. Boa história, mas gostei mais das memórias de Paris. Deve ser porque eram de Paris, cidade que ainda vou conhecer. Ah, se vou!

Entretanto, a história começa em Paris onde Jake Barnes encontra seus amigos intelectuais da “geração perdida” em cafés e restaurantes. Ela é sobre boêmios que bebem álcool sob várias formas e nomes, vivem duros e quando têm algum dinheiro gastam-no com estilo.


Jake e seus conhecidos saem da França e vão até a Espanha pescar trutas nas montanhas e depois passam alguns dias em Pamplona para assistir à temporada de touradas. No grupo, há quatro homens e uma mulher, Brett, pela qual três deles são apaixonados. Ela é o elemento perturbador da paz geral e termina nos braços de um toureiro quinze anos mais moço.


Desculpem a simplificação. Acho que não gostei muito do livro. Vou ler Turgenev que Hemingway recomenda que todos leiam.

What I talk about when I talk about running - Haruki Murakami

Acabei de ler o último livro de Haruki Murakami traduzido para o inglês, What I talk about when I talk about running, a entrevista da Der Spiegel entregou boa parte do conteúdo da obra, ela é praticamente um diário das maratonas que o autor fez pelo mundo depois que começou a correr após os trinta anos, mais ou menos na mesma época em que ele decidiu fechar o bar que tinha em Tóquio para viver da escrita.
Murakami procura mostrar a relação entre a corrida e a vida de escritor e explica como ambas as atividades exigem disciplina, força de vontade e empenho. O livro também revela sua preocupação com a idade e os limites que o passar dos anos impõe ao corpo. Por meio deste livro, os fãs de Murakami podem dar uma espiada em outra faceta do autor, mas tive a impressão de que apesar de tratar-se de uma espécie de diário, Murakami não abre mão de uma certa reserva…




Bolo de iogurte e maçãs carameladas

Descasque, fatie algumas maçãs e distribua as fatias no fundo de uma forma untada com manteiga. Faça um caramelo (eu faço a olho, derreto açúcar, depois que ele derrete, despejo água quente e deixo cozinhar até que o açúcar caramelado se dissolva novamente e adquira a consistência que desejo, geralmente, não muito espesso) e derrame-o sobre as fatias de maçãs. Cubra com a massa de bolo de iogurte (ou outro bolo de sua preferência) e leve para assar.
Na hora de desenformar, algumas fatias de maçãs podem ficar grudadas no fundo da forma, mas basta recuperá-las e colocá-las de volta no bolo.

5.9.08

Mil-folhas de beterraba

Recebi a revista Cuisine et vins de France hoje e tive que testar esta receita. Para quem gosta da combinação agridoce (e de beterrabas), ela é perfeita. Não tinha o queijo de cabra, então usei queijo branco, quebrou o galho, mas a verdade é que o queijo de cabra tem um gostinho muito especial, preciso repetir a receita com ele algum dia.


Mil-folhas de beterraba

4 beterrabas médias cozidas/assadas inteiras
400g de queijo de cabra fresco (usei queijo branco, ricota também deve funcionar)

4 c sopa de mel (leve ao microondas por alguns segundos para que fique mais líquido)

2 c sopa de vinagre balsâmico
sal
pimenta

Descasque as beterrabas e corte-as em rodelas (você pode retalhar os pedaços se quiser que fiquem com tamanhos parecidos, mas acho desnecessário).
Amasse o queijo com um garfo e tempere com pimenta do reino. Faça camadas de rodelas de beterraba e queijo amassado em quatro pratos individuais, termine com uma rodela de beterraba.
Misture o vinagre balsâmico com o mel, tempere com sal e pimenta. Derrame um pouco desse molho sobre as torres de beterraba pouco antes de servir.

24.8.08

Creme (não) brûlée de café

Ainda estou usando os ingredientes do cheesecake que não fiz. Estava evitando fazer sobremesas, mas O. ameaçou um motim se eu não preparasse algo doce, então, peguei a garrafa de 500ml de creme de leite que ia vencer na próxima semana e a usei em uma mousse de chocolate (foto abaixo) e neste creme de café que acabou sem a crostinha de açúcar queimado porque não tenho o maçarico culinário para isso. Agora O. não pode reclamar e estamos todos felizes. Ele pode encher a cara de açúcar e eu usei todo o creme de leite e ainda aproveitei as gemas que sobraram da receita de mousse.
O creme é delicioso mesmo sem o açúcar queimado e também é muito fácil de fazer, eu me inspirei em uma receita em francês que encontrei aqui.

Creme brûlée de café

4 gemas passadas por uma peneira
1/3 de litro de creme de leite fresco (cerca de 330ml)
1 c sopa bem cheia de nescafé em pó
100g de açúcar demerara
30 g açúcar demerara

Bata as gemas com o açúcar até que a mistura fique esbranquiçada.
Ferva o creme de leite e adicione o nescafé, misture bem.
Junte a mistura de ovos com o creme de leite. Distribua o creme em quatro ramequins pequenos. Coloque os ramequins dentro de uma forma grande com água quente e asse em banho-maria por cerca de 50min, ou até que as bordas do creme estejam firmes, mas o meio ainda dê uma "tremida" quando o ramequin for tocado.
Deixe esfriar, coloque na geladeira e, pouco antes de servir, polvilhe com o açúcar demerara e queime com um maçarico.

A mousse de chocolate

4.8.08

Suflê de fubá e queijo

Receita da embalagem de fubá, parecia tão fácil e eu precisava de um acompanhamento para o almoço, então não deu outra, acabei preparando o suflê. Só não tinha o queijo branco pedido e, como sempre, usei restinhos de queijo que estavam na geladeira. Ficou gostoso, achei a massa pesada, mas até que ela cresceu enquanto assava. Muito prática. Fiz meia receita.

Suflê de fubá e queijo

 
2 x de leite
1 x de fubá
1 c chá de sal
4 c sopa de manteiga
4 ovos (claras e gemas separadas)
1/2 x de queijo minas cortado em cubinhos (ou outro de sua preferência)

Unte uma forma refratária própria para suflê (ou seis ramequins pequenos) e reserve.
Coloque o leite em uma panela, junte o fubá aos poucos e misture bem. Leve ao fogo, mexendo sem parar, para não empelotar, até obter uma mistura lisa e consistente. Tempere com sal e acrescente a manteiga, tire do fogo e misture. Deixe amornar. Em uma tigela, bata as gemas, junte o queijo e miture ao fubá quase frio. Bata as claras em neve firme, adicione à mistura e com uma espátula, misture delicadamente. Despeje na forma e leve ao forno moderado (170), pré-aquecido, por 35-40 min ou até que o suflê fique fofo e dourado na superfície. Sirva em seguida.


Bola de sebo e outros contos - Maupassant



Bons livros levam a outros livros, isso é inevitável. Após os elogios feitos por Nagai Kafu aos textos de Guy de Maupassant, não podia mais ignorar a existência deste último. Tinha um livro com alguns contos traduzidos e comecei a folheá-lo para conhecer o autor e gostei de tudo o que li. As histórias são muito bem contadas, muito boas mesmo. O autor mostra personagens bem humanos, com mais fraquezas e vícios do que virtudes, ardilosos e ignorantes.

Gostei muito de Bola de sebo, A pensão Tellier, Em família e Miss Harriet. Este último conto é muito bonito e delicado. Um dos últimos textos, Horla, é um conto fantástico muito interessante que talvez destoe um pouco do tema dos contos recolhidos no volume, pois a maioria trata de relacionamentos, mas é interessante observar como Maupassant constrói a história.

Acho essa descrição do Sr. Caravan, do conto Em família, muito bem feita:

“Estava velho agora, e não tinha sentido passar a vida, pois o colégio fora continuado pela repartição, e os bedéis, ante os quais ele tremia outrora, achavam-se hoje substituídos pelos chefes, a quem temia horrivelmente. A vista desses déspotas de gabinete o fazia estremecer dos pés à cabeça; e, desse contínuo terror, ficara-lhe uma maneira desajeitada de se apresentar, uma atitude humilde e uma espécie de gaguice nervosa.”

E este trecho de Monsieur Parent:

“Ele envelheceu entre o fumo dos cachimbos, perdeu os cabelos sob a chama do gás, considerou como acontecimentos o banho de cada semana, o corte de cabelo de cada quinzena, a compra de um traje novo ou de um chapéu. Quando chegava à sua cervejaria com um chapéu novo, contemplava-se longamente ao espelho antes de sentar-se, punha-o e tirava-o várias vezes seguidas, acomodava-o de diferentes modos, e perguntava enfim à sua amiga, a caixa do estabelecimento, que o olhava interessada: ‘Acha que me assenta bem?’
 Duas ou três vezes por ano ele ia ao teatro, e, no verão, passava algumas vezes as suas noites num café-concerto dos Campos Elíseos. De lá trazia na cabeça árias que cantavam no fundo de sua memória durante várias semanas e que ele chegava mesmo a cantarolar, batendo o compasso com o pé quando se achava sentado ante seu chope.
Os anos se sucediam, lentos, monótonos, e curtos porque eram vazios.”



30.7.08

Cookies de manteiga de amendoim e chocolate

Misturei receitas, usei o que tinha em casa e criei meus próprios cookies de manteiga de amendoim. A massa ficou bem pesada, fui derrubando colheradas sobre a forma sem alisar a superfície, mas os cookies cresceram e ficaram bonitos. Gostei muito da minha criação, nem duros, nem muito macios.
Cookies de manteiga de amendoim e chocolate
60 g de manteiga amolecida
2 ovos

1 x de açúcar mascavo

250g de manteiga de amendoim natural (sem açúcar ou aditivos, compro em lojas de produtos naturais)
2 1/2 x de farinha
1/4 x de creme de leite (usei light)
1/4 x de melado de cana

1 c chá de bicarbonato de sódio

1 c chá de fermento

1/2 c chá de sal

200g de chocolate meio-amargo picado


Misture os ingredientes líquidos, junte os secos e, por último, o chocolate. Derrube colheradas sobre formas cobertas com papel manteiga ou alumínio e asse até que fiquem ligeiramente douradas (observe a parte debaixo para não queimar).

27.7.08

The courtier and the heretic - Matthew Stewart


Fazia algum tempo que não tocava em um livro sobre filosofia e ler The courtier and the heretic (O cortesão e o herege), de Matthew Stewart, foi muito bom. Nele, o autor confronta dois filósofos do século XVII, Leibniz e Spinoza. Sua tese é a de que a filosofia de Leibniz seria uma reação à filosofia do último e que, no fundo, Leibniz seria mais spinozista do que gostaria de admitir.

Para quem não tem idéia nenhuma de história da filosofia, Spinoza é o “herege” do título. Ele foi excomungado pela comunidade judaica de Amsterdã e sua filosofia acusada de propagar o ateísmo, pois ela afirmava que Deus seria o mesmo que a natureza, ou seja, que não haveria um criador exterior à sua criação e que tudo ocorreria de forma necessária. Bem e mal seriam idéias que surgiriam devido à nossa limitação de seres finitos e, com algum esforço, tudo poderia ser explicado racionalmente. Para Spinoza, pensamento e matéria são a mesma coisa considerada de pontos de vista diferentes. Quando a matéria morre, o pensamento também perece, por isso, a morte seria o ponto final, não haveria paraíso e vida no além. Aquilo que Spinoza considera a felicidade é uma existência dedicada à realização intelectual.

Leibniz, o "cortesão", por sua vez, prega que Deus existe sim e que o mundo no qual vivemos é o melhor dos mundos possíveis porque o criador o escolheu entre um universo de outros mundos possíveis, portanto,  nada poderia ser diferente do que é. Aquilo que os seres humanos chamam de mal é algo relativo, pois, na soma final, sempre haveria mais bem do que mal em nosso mundo.

O livro é divertido, muito bem escrito e o autor deixa claro que não aprecia muito Leibniz que a todo momento retrata como alguém extremamente vaidoso e interessado apenas em obter benefícios vendendo suas idéias e planos mirabolantes para os nobres que não se cansa de bajular. Enquanto isso, Spinoza é o retrato da virtude, a verdadeira idéia de filósofo. Ele vivia em quartos alugados e polia lentes durante o dia para pagar suas tigelas de mingau e eventuais canecas de cerveja aguada.

Devo admitir que simpatizo muito com a filosofia de Spinoza, seus textos não primam pelo aspecto literário, mas suas idéias são extremamente sedutoras. Gosto dos filósofos que dizem que o importante é o aqui e o agora, que é preciso engolir a pílula ou jogá-la fora, não dourá-la.

Do final do livro:

“Leibniz foi um homem cujas fraquezas eram tão grandes quanto as suas enormes virtudes. No entanto, foi sua ganância, sua vaidade e, acima de tudo, sua carência insaciável e demasiadamente humana que tornou sua obra tão emblemática. Com a promessa de que a superfície cruel da experiência oculta a mais bela e agradável verdade, um mundo no qual tudo acontece por um motivo e tudo o que ocorre é para o bem geral, o fascinante cortesão de Hanover transformou-se no filósofo do homem comum. Se Spinoza foi o primeiro grande pensador da era moderna, então, talvez Leibniz devesse contar como o primeiro ser humano.

Spinoza, por outro lado, foi marcado desde o início como uma ave rara. Devido à sua estranha auto-suficiência, à sua virtude sobre-humana e ao seu desprezo pela multidão, não poderia ser diferente. No entanto, a mensagem de sua filosofia não é a de que nós conhecemos tudo o que há para conhecer, mas que não há nada que não possa ser conhecido. O ensinamento de Spinoza é o de que não há um mistério impenetrável no mundo, nenhum ‘além’ acessível apenas por alguma revelação ou epifania, nenhuma força oculta capaz de nos julgar ou afirmar, nenhuma verdade secreta sobre tudo. Há apenas um acúmulo lento e contínuo de muitas pequenas verdades e a mais importante dentre elas é que não precisamos esperar nada para sermos felizes neste mundo. Sua filosofia é uma filosofia para filósofos, que são tão raros hoje como no passado.”

26.7.08

Pão "italiano" integral

Quando vi o número de elogios a esta receita, tive que prepará-la pois adoro pão italiano, especialmente quando ele é "cascudo" e crocante, e a receita prometia isso. Bem, ele não ficou cascudo como imaginei, mas estava ligeiramente crocante assim que foi retirado do forno.

A massa é boa para trabalhar e rendeu dois belos e fofos pães integrais. Não sei se o fato de ter colocado uma forma com água na grade debaixo do forno ao invés de borrifar água uma ou duas vezes em seu interior quando comecei a assá-los fez alguma diferença no resultado final.


Amassei na máquina, mas há instruções para quem quiser fazer artesalmente.


Pão "italiano" integral

 
1 1/4 x de água morna
2 c sopa de áçucar mascavo
1/8 c chá de gengibre em pó (só uma pitada, nem senti o gosto. Pode ser substituído por outras ervas como orégano)
1 1/2 c chá de sal
1 1/2 x de farinha para pães
1 1/2 x de farinha integral
5 g de fermento biológico instantâneo seco
2 c sopa de farinha ou fubá para polvilhar a forma

Para fazer na máquina:

Coloque todos os ingredientes, exceto a farinha/fubá usado para polvilhar a forma, na máquina na ordem recomendada pelo fabricante e selecione a opção de "sova".

No método convencional:

Dissolva o fermento, açúcar e gengibre na água morna.
Deixe descansar por cerca de 5 min, até que o fermento forme uma espuma.
Adicione o sal e a farinha para pão. Misture bem. Adicione a farinha integral e mexa até obter uma massa firme. Coloque-a sobre uma superfície enfarinhada e sove por 10 min ou até que a massa fique macia e elástica.
Unte uma tigela, coloque a massa aí dentro, vire-a para que seja envolvida pelo óleo. Cubra e deixe crescer até dobrar de volume, cerca de 1 h.

Modelagem
Unte e enfarinhe uma assadeira com a farinha/fubá. Reserve.
Dê um soco na massa para retirar o ar. Divida-a em duas porções e, sobre uma superfície ligeiramente enfarinhada, modele dois pães, abrindo primeiro como um retângulo e enrolando para formar duas baguetes (como podem ver, fiz duas bolas).
Coloque os pães com as dobras voltadas para baixo sobre a assadeira.
Deixe crescer novamente até dobrar de volume, cerca de 45 min. Faça corte ao longo da superfície dos pães com uma faca. Pincele com água e polvilhe com farinha integral.
Asse em forno preaquecido à 200C por 15-20min, ou até que os pães dourem e fiquem crocantes. Retire do forno e deixe esfriar completamente.

Nota da autora da receita: usar uma garrafa borrifadora com água para borrifar os pães e as paredes do forno uma ou duas vezes em intervalos de 5 min quando começar a assar.