25.2.11

Dentro do ônibus x

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Há motoristas que param para bater papo com outros motoristas na rua, outros que recebem a marmita no meio do trajeto e, hoje, conheci o que dirige segurando um pote de sorvete. O trajeto foi mais demorado por causa disso, para cúmulo, houve até uma paradinha para a cobradora encher uma garrafa de água num posto de gasolina. Fiquei irritada com a lentidão, mas o calor estava mesmo insuportável e dirigir por horas sem ar condicionado não deve ser nada fácil.


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16.2.11

O Bouef não tão bourguignon e a banana não tão à milanesa


"Bouef bourguignon" é um nome mais fino para um tipo de cozido de carne. Ele leva vinho, ervas e legumes e tudo é cozido lentamente. Bem, eu não costumo seguir uma receita para fazer minha versão. Faço quando há há carne e vinho tinto sobrando. A carne deve ser sempre dourada em um pouco de óleo ou em gordura de bacon (caso use, refogue o bacon antes, retire-o da panela, doure a carne e depois devolva-o para a panela durante o cozimento). Reserve a carne já dourada e, na mesma panela, refogue cebolas e alho. Coloque a carne junto com cenouras, salsão, ervas finas, louro e muito vinho tinto. (Desta vez tinha pouco vinho tinto então juntei um resto de vinho branco e completei com cerveja preta, enfim, uma mistureba). Tempere com sal e pimenta e, lá pelo final, adicione cogumelos. Coloco sempre muito líquido para que a carne cozinhe lentamente e fique macia. Para finalizar, polvilho um pouco de farinha e misturo um pouco para engrossar o caldo. Usei acém.

Servi com arroz e bananas "à milanesa" feitas no forno. Eu adoro bananas à milanesa, mas como sempre procuro evitar frituras, costumo passar as bananas descascadas no ovo batido e empanar com farinha de rosca, depois coloco sobre uma forma untada com óleo e levo ao forno. Espero dourar de um lado e viro para que doure do outro. Acho que fica muito boa assim.

15.2.11

Dentro do ônibus IX

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Retornei para a minha "cidade dos gatos" após quase dez anos. Foram três ônibus e duas rodoviárias novas. 

O restaurante vegetariano continua na mesma esquina, com a mesma cara de pouco frequentado. As ruas pelas quais caminhava a esmo depois das aulas não foram redesenhadas. A cidade ainda é habitada por pessoas queridas e por muitas lembranças, mas também está mais vazia, pois várias pessoas que amei já a deixaram. Passei na frente do lugar onde nos sentávamos para falar sobre o futuro e me dei conta de que ainda espero por ele. (Fiquei com vontade de rir, mas chorar talvez fosse mais apropriado.)

Estava na hora de retomar uma parte da minha vida no ponto em que a deixei.




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13.2.11

Estrogonofe brilhante


Quem deu o nome para o prato foi o Jamie Oliver, não fui eu, mas realmente é uma receita simples e gostosa, faço sempre que preciso cozinhar algo rápido. Ela também é muito vesátil, fiz com filé mignon de porco, mas fica bom até com peito de frango.



Estrogonofe brilhante 

300g de filé mignon cortado em tiras finas
suco de 1/2 limão
1 pequeno maço de salsinha picado
250g de champignons limpos e fatiados (ou outro cogumelo, usei shiitakes)
6 pequenos pepinos em conserva picados
1 dente de alho picado
1 cebola picada
1 c chá de páprica
1 dose de conhaque (ou outra aguardente)
150ml de creme de leite
azeite
sal e pimenta a gosto

Tempere a carne com sal, pimenta e páprica. Reserve.

Aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola em uma panela antiaderente até que fiquem macios. Coloque-os em um prato, limpe a panela, adicione um pouco de azeite e refogue a carne até dourar. Junte os cogumelos, a salsinha e devolva a cebola e o alho refogados à panela. Adicione o conhaque tomando o cuidado de não ficar muito perto caso ele se inflame. Caso isso ocorra, espere as chamas se extinguirem e adicone metade do creme de leite e os pepinos em conserva. Cozinhe por 1 min. Verifique o tempero. Retire a panela do fogo, adicione o suco de limão e o creme de leite restante.



7.2.11

Bolo de maçãs, nozes e tâmaras


Um dos melhores bolos de maçã que fiz nos últimos tempos, úmido e cheio de coisas deliciosas. A massa é meio chata, é bem firme no começo e parece pouca para a quantidade de frutas e nozes, mas a umidade das maçãs resolve o problema. Ela cresce enquanto assa e dá a "liga" ao bolo.

Usei uma mistura de castanhas de caju e amêndoas ao invés das nozes.

Daqui.




Bolo de maçãs, nozes e tâmaras

2 c chá de manteiga
4 x maçãs descascadas e cortadas em cubos
1 x de nozes picadas
1 1/2 x de açúcar (usei apenas 1 x e achei suficiente)
2 x de farinha
2 c chá de canela em pó
1 1/2 c chá de bicarbonato de sódio
1/2 chá de sal
2 ovos batidos
1/4 x óleo
2 c chá de essência de baunilha (não usei)
1/2 x de tâmaras picadas
açúcar de confeiteiro para polvilhar (não usei)

Preaqueça o forno à 180C. Unte uma forma com a manteiga. Misture as maçãs, nozes e açúcar em uma tigela grande. Reserve.

Em outro recipiente, peneire a farinha, a canela, o bicarbonato de sódio e o sal. Junte os ovos, o óleo e a essência de baunilha até que a massa fique úmida. Adicione-a às maçãs. Junte as tâmaras e, sem trabalhar demais a mistura, mexa para distribuir as frutas. Coloque na forma e asse por cerca de 45 minutos ou até que um palito inserido na massa saia limpo. Deixe esfriar por 15 minutos antes de desenformar.

Polvilhe com o açúcar de confeiteiro.


5.2.11

Salpicão de frango defumado


Gosto mais de salpicão de frango defumado do que do salpicão feito com peito de frango cozido e desfiado, pois a carne é mais saborosa. Outro ponto a favor do frango defumado é que o salpicão fica ótimo com frutas. Geralmente uso maçãs, mas dá para adicionar uvas frescas sem sementes, manga, abacaxi, etc.  É um prato cheio para quem gosta da combinação doce-salgado.

Acho que não há UMA receita de salpicão. Cada um faz com os ingredientes de que gosta e tempera como quer, eu misturo a carne (desfiada ou cortada em cubinhos) com passas, maçãs descascadas, picadas com algumas gotas de suco de limão, cenoura ralada, maionese e creme de leite (mais ou menos na mesma proporção) e tempero com sal, pimenta e azeite. Bem simples.

Há quem adicione aipo picado, batatas cozidas, ervilha, milho, azeitona, etc. É possível sustituir o creme de leite por iogurte e também há quem sirva com batata-palha. Enfim, muito versátil.

3.2.11

Pão para sanduíche


Bom pão para fazer sanduíches, com mais miolo e casca fina. A receita é para um pão branco, mas substituí 1 x da farinha por farinha integral.

Preparei na máquina, mas coloco as instruções para o preparo à mão.

O resultado foi um pão com miolo firme, fácil de cortar. Talvez por causa da farinha integral, não achei tão macio, mas ficou bom.

Também daqui.



Pão para sanduíche


3 1/2 x de farinha
1 c sopa de manteiga amolecida
1 ovo batido
1 c chá de sal
2 1⁄4 c chá de fermento biológico instantâneo seco
1 1⁄4 x de leite morno
1 forma para pão ou bolo inglês untada com manteiga
1 ovo batido e diluído em um pouco de água para pincelar (opcional)

Coloque a farinha em uma tigela com a manteiga. Misture com as pontas do dedos até obter um tipo de "farofa" e a manteiga não esteja mais visível. Adicione o ovo, o sal e o fermento. Adicione leite suficiente para formar a massa. Neste ponto, ela será bem grosseira.

Vire-a sobre uma superfície enfarinhada, lave a massa de suas mãos e, com elas ainda molhadas, sove-a um pouco para que fique homogênea. Coloque-a em uma tigela untada com manteiga, cubra e deixe-a crescer. Depois que a massa dobrar de volume (cerca de 1h30), coloque-a sobre uma superfície enfarinha. Retire o ar de seu interiror delicadamente e molde um pão do tamanho da forma. Cubra e deixe a massa crescer até dobrar de volume. Preaqueça o forno à 180C.

Quando o pão tiver crescido, pincele a superfície com o ovo batido e asse até dourar, cerca de 1 h. Retire do forno, desenforme e deixe esfriar virado de lado por três horas antes de fatiar.


2.2.11

La vida sencilla - Octavio Paz

 
Este poema de Octavio Paz poderia ser minha "profissão de fé":
 

La vida sencilla

Llamar al pan el pan y que aparezca
sobre el mantel el pan de cada día;
darle al sudor lo suyo y darle al sueño
y al breve paraíso y al infierno
y al cuerpo y al minuto lo que piden;
reír como el mar ríe, el viento ríe,
sin que la risa suene a vidrios rotos;
beber y en la embriaguez asir la vida,
bailar el baile sin perder el paso,
tocar la mano de un desconocido
en un día de piedra y agonía
y que esa mano tenga la firmeza
que no tuvo la mano del amigo;
probar la soledad sin que el vinagre
haga torcer mi boca, ni repita
mis muecas el espejo, ni el silencio
se erice con los dientes que rechinan:
estas cuatro paredes —papel, yeso,
alfombra rala y foco amarillento—
no son aún el prometido infierno;
que no me duela más aquel deseo,
helado por el miedo, llaga fría,
quemadura de labios no besados:
el agua clara nunca se detiene
y hay frutas que se caen de maduras;
saber partir el pan y repartirlo,
el pan de una verdad común a todos,
verdad de pan que a todos nos sustenta,
por cuya levadura soy un hombre,
un semejante entre mis semejantes;
pelear por la vida de los vivos,
dar la vida a los vivos, a la vida,
y enterrar a los muertos y olvidarlos
como la tierra los olvida: en frutos…
Y que a la hora de mi muerte logre
morir como los hombres y me alcance
el perdón y la vida perdurable
del polvo, de los frutos, y del polvo.




(Obrigada, J.)