Mais uma para a série dentro do ônibus.
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Entrei no ônibus que estava parado no terminal pela manhã e me sentei. Havia umas poucas pessoas em outros assentos. Um senhor de uns 60 anos entra e vai lá para a frente do corredor e começa o seu discurso:
"Pessoal, desculpe incomodar vocês, mas eu preciso comprar uma passagem para ir até X (nome de uma cidade da região) para o enterro da minha filha que morreu em um acidente de moto. A passagem custa R$ 21,00, quem me ajuda a completar a passagem, pelo amor de deus? Eu sou um humilde sorveteiro que trabalha aqui pelo terminal. Quem me ajuda?"
Ele anda pelo corredor esperando pelas contribuições, um pedaço de mim, uma parte que sente um pouco de vergonha e culpa, fica se remoendo sobre se deve ou não dar alguma coisa, mas aguento firme, por princípio, não dou dinheiro para quem o pede, mas algumas pessoas dão uns trocados.
"Deus abençoe a todos! E gente, moto é uma coisa muito perigosa, não andem de moto!", completa, após certificar-se de que ninguém vai dar mais nada.
Logo que ele desce do ônibus, uma mulher se vira e diz que aquele senhor repete a mesma coisa todos os dias, todos ficamos indignados. Dizer que a filha morreu todos os dias, que é isso?
Poucos minutos depois, não sei se por distração ou se pelo fato do ônibus ter ficado mais cheio, o mesmo senhor entra outra vez e repete a mesma ladainha. Ninguém fala nada enquanto os recém-chegados estendem os seus trocados, só balançamos a cabeça enquanto ele se apressa para sair do ônibus prestes a entrar em movimento.
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Entrei no ônibus que estava parado no terminal pela manhã e me sentei. Havia umas poucas pessoas em outros assentos. Um senhor de uns 60 anos entra e vai lá para a frente do corredor e começa o seu discurso:
"Pessoal, desculpe incomodar vocês, mas eu preciso comprar uma passagem para ir até X (nome de uma cidade da região) para o enterro da minha filha que morreu em um acidente de moto. A passagem custa R$ 21,00, quem me ajuda a completar a passagem, pelo amor de deus? Eu sou um humilde sorveteiro que trabalha aqui pelo terminal. Quem me ajuda?"
Ele anda pelo corredor esperando pelas contribuições, um pedaço de mim, uma parte que sente um pouco de vergonha e culpa, fica se remoendo sobre se deve ou não dar alguma coisa, mas aguento firme, por princípio, não dou dinheiro para quem o pede, mas algumas pessoas dão uns trocados.
"Deus abençoe a todos! E gente, moto é uma coisa muito perigosa, não andem de moto!", completa, após certificar-se de que ninguém vai dar mais nada.
Logo que ele desce do ônibus, uma mulher se vira e diz que aquele senhor repete a mesma coisa todos os dias, todos ficamos indignados. Dizer que a filha morreu todos os dias, que é isso?
Poucos minutos depois, não sei se por distração ou se pelo fato do ônibus ter ficado mais cheio, o mesmo senhor entra outra vez e repete a mesma ladainha. Ninguém fala nada enquanto os recém-chegados estendem os seus trocados, só balançamos a cabeça enquanto ele se apressa para sair do ônibus prestes a entrar em movimento.
8 comentários:
Karen, cá em Buenos Aires um condutor de "remis" que me trazia do aeroporto contou-me toda uma história sobre a filha precisar de ser operada ao coração e de ele ter vendido os móveis todos e de ter recebido como pagamento notas de dólar falsas. Meteu choradeira, telefonema da mulher que lhe pedia que fosse ter com elas e ele a contar-me que estava a fazer o turno da noite para conseguir ganhar horas extraordinárias. Enfim, toda uma telenovela. Dei-lhe o que tinha, que (felizmente, fiquei a saber) não era muito.
Um ano depois, um amigo meu que me visitava contou-me de uma história que o chofer lhe contou, a filha estava gravemente doente, a precisar de uma operação ao coração, e...
Bem, já se sabe o resto. Fartei-me de rir com a patranha, mas jurar pela saúde (ou falta dela) da filha é arriscado...
Olá Karen,
Já visito o seu blog há algum tempo e quando posso venho cá dar uma espreitadela... está muito bem estruturado e é de muito bom gosto!
Felicidades.
Marie
Karen,
Primeiramente, gostei do texto, que me pareceu claro e fluido. Quanto aos pobres de espírito que são capazes de inventar estórias desse tipo para ganhar uns trocados, às vezes eu até dou, pois acho que essas pessoas são verdadeiramente miseráveis, aaffe!
Billy, essa também é boa! (E bem mais elaborada. Telefonema e tudo!). É difícil ver outra pessoa passar por necessidades de forma indiferente, mas usar as fraquezas dos outros me deixa doida da vida!
Obrigada, Marie, volte sempre!
Marly, eu concordo com você, acho que é por isso mesmo que ninguém falou nada na segunda vez em que o senhor entrou no ônibus. De qualquer forma, eu entendo que a vida dele não devia ser fácil. Mais do que indignação, senti pena.
Agora que eu me dei conta de que o seu blog é o Saboreando. Adoro suas receitas e vivo admirando seus bolos! rs
Outro dia aconteceu algo desse tipo comigo, foi até engraçado, na porta do metrô um sujeito me abordou pedindo moedas para completar a passagem, pois precisava encontrar a mulher no hospital do outro lado da cidade. Normalmente não dou nada, mas neste dia resolvi dar um bilhete de metrô logo de uma vez, a cara de decepção do sujeito me fez rir por dentro, acho que ele ficou pensando como conseguiria trocar o bilhete por dinheiro com aquela história da mulher doente...
bjs
Por favor não?! As pessoas perderam toda a dignidade.
Nossa, que absurdo. Ao inves dele ficar entrando de onibus em onibus ele poderia ir procurar um emprego decente ne?
Tem muita gente q realmente precisa, mas tem muitos q ao meu ver sao meio preguicosos viu.
Ana
Tatiane, fazer cara de desapontamento por receber um passe é que é o fim, não é mesmo?
Val, nem me fale!
Ana, pois é, algumas pessoas comentaram que se ele era sorveteiro, porque precisava ficar pedindo dinheiro? Poderia tentar ao menos vender os sorvetes...
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