21.12.10

Aquiles e a tartaruga


Não sei muito bem o que dizer deste filme do Takeshi Kitano. Para ser honesta, minhas opiniões sobre o diretor são conflitantes. Assisti a vários filmes dele e gostei de muito poucos.

Li que este é o último filme de uma trilogia sobre a arte e o artista. Os dois primeiros parecem ter sido mais autobiográficos. Aqui, a história começa com um garoto, Machisu, que nasce em berço de ouro e acaba em um orfanato quando o banco do pai vai à falência e este se suicida com a sua amante. O garoto gosta muito de pintar e passa o tempo todo desenhando em seu caderno.

Já adulto, Machisu trabalha em empregos sem futuro durante o dia e pinta no tempo que lhe resta. Tornar-se famoso por meio da pintura é sua ideia fixa, tanto que ele parece se distanciar da realidade e do contato com as pessoas para atingir sua meta. Assim mesmo, ele conhece uma mulher que o compreende e o apoia totalmente. Eles se casam e ele chega à maturidade sem obter sucesso. Entretanto, ele não desiste, sua esposa trabalha para sustentar a família. A filha tem vergonha dos pais e ganha dinheiro como prostituta.

Os quadros de Machisu são sempre rejeitados, ele não encontra um estilo próprio e está sempre fazendo experiências, chegando a extremos para dar "alma" e originalidade às suas obras. As atitudes do personagem e  as situações que ele cria e nas quais se envolve vão ficando cada vez mais patéticas e constrangedoras. 

O filme é deprê, apesar de ser chamado de "comédia". Há sempre pessoas morrendo ao redor de Machisu, mas sua cabeça está tão focada na pintura que ele parece não se importar com mais nada. Nem todo mundo tem talento, originalidade e sorte suficientes para deslanchar. Machisu é um caso que ilustra isso. Se ele se desse por satisfeito apenas em pintar sem perseguir o sucesso, sua vida seria bem mais simples.

O título do filme é inspirado no paradoxo de Zeno sobre Aquiles e a tartaruga, segundo Zeno, se Aquiles, o herói grego, apostasse uma corrida com uma tartaruga que estivesse alguns metros à sua frente, sempre que ele chegasse ao ponto em que a tartaruga estava no começo, ela estaria em um ponto mais  adiante, seguindo esse raciocínio, Aquiles nunca alcançaria a tartaruga. No filme, Machisu seria Aquiles e o sucesso seria a tartaruga. (Ao menos foi o que li em algum lugar, mas o final me fez questionar essa interpretação).


9 comentários:

tatiane disse...

O filme parece interessante. Sempre achei furada a idéia de que basta acreditar em si próprio e correr atrás dos sonhos, que eles se realizam, sem levar em conta o limite da nossa capacidade.
bjs

Karen disse...

Tatiane, achei o filme bem constrangedor. E é verdade, essas ideias lembram aquelas frases de cursos de motivação pessoal...

Anônimo disse...

eu vi poucos filmes do Kitano, e também ñ gostei muito. Vira e mexe ele está participando de programas do tipo besteirol das tvs japonesas, bem sem noção, de ficar batendo na cabeça dos convidados do programa, eu não curto nada.
mesmo assim, vale conferir o filme, vou procurar nas locadoras.
bjinhos
madoka

Karen disse...

Madoka, o Kitano é um cara estranho. O interessante é que todas as pinturas do filme são do próprio diretor, não sabia que ele pintava.

aline naomi disse...

Ah, quero ver esse!!

"Dolls" do Kitano entra na minha lista top 10 de filmes preferidos - amo esse filme, já vi várias vezes.

Na maioria das vezes, artistas dão duro até conseguir o sucesso. E se, no meio de tanta persistência, Aquiles começasse a ser reconhecido, etc.? Ah, fiquei curiosa em ver como o filme acaba.

Karen disse...

Aline, sabe que não gostei muito de "Dolls"? O meu filme preferido dele é "Zatoichi", no qual o Kitano representa um espadachim cego.

Achei Aquiles e a tartaruga terrível. Mas bem, assista e diga o que achou! :)

Anônimo disse...

Aquiles e a tartaruga foi um bom filme, nos mostra q pra chegarmos à plenitude não precisamos ser reconhecidos, no final ele se deu conta, por isso q apareceu "E Aquiles alcanços a tartaruga", ele compreendeu... Não é q nós tenhamos limites, mas são os limites q a sociedade impõe pra gente, n significa q n somos capazes, somos apenas taxados... alguém tbm reparou q o primeiro quadro dele estava no restaurante onde a filha dele o encontrou para lhe emprestar dinheiro?? ele mesmo n reparou.. hehe

Anônimo disse...

é tão fácil pra gente soltar uma opinião né?? pensa no trabalho, no amor, na dedicação q ele teve pra esse filme sair...

oq está acontecendo aki nesses comentários é o mesmo q acontece ao Machisu no filme, a não-aceitação, é isso q faz com q pensemos q temos limites, a aceitação alheia, qnd na vdd os limites deveriam ser impostos e aceitos somente por nós... por isso a arte está corrompida.

Karen disse...

Anônimo, já escrevi uma vez que não sou expert em nada, nem tenho a pretensão de ser. Só digo se gostei de algo ou não. Achei o filme duro, é uma opinião pessoal. Sim, é fácil "soltar uma opinião" e acho a sua interpretação justa.