6.5.12

Thinking, fast and slow - Daniel Kahneman



Li Thinking, fast and slow há algum tempo e achei o tema bastante interessante. Ganhador de um Nobel em economia, Daniel Kahneman estudou psicologia e pesquisa a forma como tomamos decisões. O autor divide a mente em dois "sistemas", o sistema 1, que toma decisões imediatas, de forma intuitiva, e o "sistema 2", que analisa as informações recebidas mais demoradamente. São eles que nos auxiliam a processar informações e a fazer julgamentos. O primeiro é rápido e propenso a ser influenciado pelas emoções, o segundo costuma ser lento e preguiçoso.

O livro é constituído de vários capítulos curtos onde o autor apresenta o resultado de pesquisas que mostram os dois sistemas em ação e, em particular, apontam que permitir que o sistema 1 tome as rédeas pode nos conduzir a decisões nem sempre ideais, uma vez que ele é suscetível a influências externas e a ignorar uma série de informações para construir um quadro geral de uma situação onde todas as peças se encaixam. Por exemplo, devido ao sistema 1, juízes estão mais aptos a dar sentenças favoráveis logo após fazer uma refeição e a ser menos generosos quando estão com fome. Em suma, uma série de pequenas coisas podem alterar uma opinião: estar de bom humor, pensar em algo alegre ou mesmo forçar um sorriso enquanto respondemos a um questionário poderá mudar nossas respostas.

Em outro contexto, imagine se fôssemos empresários ou tomadores de decisão. Os planos feitos sempre parecem melhores quando nós os elaboramos, pois acreditamos, erroneamente, que somos melhores do que "a concorrência" e não cometeremos os mesmos erros dos outros. Tudo será feito em prazos curtos, as possibilidades de algo dar errado são mínimas. E a confiança nesse quadro é tão forte que ignoramos dados e estatísticas de situações semelhantes que dizem exatamente o contrário. Em suma, agir dessa forma é absolutamente irracional. É essa irracionalidade que o livro procura apontar. Como quando investidores vendem ações lucrativas ao invés de vender as ações que apenas dão prejuízo na esperança de que elas lhe deem lucro no futuro. Ou confiam em análises financeiras que, estatisticamente, não tem fundamento algum. Ele também aponta, baseado em estatísticas, como "os especialistas" chamados para fazer previsões em diversar áreas são propensos a errar, especialmente quando são famosos e, por isso mesmo, muito confiantes em seu "taco".

E qual o interesse de saber essas coisas aparentemente tão banais? A resposta é: porque há gente que se dedica a estudar o comportamento humano e a usar essas informações a seu favor. O marketing das empresas, por exemplo, usa os estudos para melhorar seus resultados. Quando você vai comprar um iogurte qual estaria mais inclinado a comprar? Um em que estivesse escrito "90% menos gordura" ou "10% de gordura"? De imediato, a primeira opção parece mais atraente, não é mesmo? Mas são duas formas de dizer a mesma coisa. E por que os sites colocam aquele quadrado já marcado escrito "Desejo receber mais informações dos produtos da empresa" ou "Desmarque esta opção caso não deseje receber mais os nossos e-mails" quando poderiam simplesmente escrever: "Marque esta opção caso deseje receber mais informações", isso ocorre porque as empresas sabem que somos preguiçosos, não lemos letras pequenas e agimos pela lei do menor esforço. Pouca gente iria marcar a opção de receber mais informações por vontade própria, assim como muitas pessoas acabam não desmarcando a opção de não receber informações por pura preguiça ou descuido. 

O conselho da autor é que devemos tentar sempre analisar as informações de que dispomos com cautela antes de tomar uma decisão, pois o primeiro impulso nem sempre é confiável. O livro procura apontar onde podem estar os alçapões nos quais podemos cair e, assim, evitá-los. É importante "despertar" o sistema 2 e analisar as informações recebidas. Bem, há vários exemplos e resultados de pesquisas muito interessantes no livro e só passei alguns de forma aleatória, mas espero ter dado uma ideia do tema de que ele trata.

(Creio que não há tradução para o português).
 

2 comentários:

VERA LÚCIA disse...

É uma tese muito interessante e com a qual concordo plenamente. Aplica-se a todas as áreas e a todas as situações que enfrentamos ao longo da vida. Uma decisão adotada com vagar tem sempre a tendência de ser mais acertada do que aquela tomada com pressa, no calor da emoção. Infelizmente, nem sempre podemos fazer isso, não é ? Às vezes o tempo nos obriga a decidir imediatamente e, lamentavelmente, erradamente.
Beijinhos.
Vera Scheidemann

Karen disse...

Vera Lúcia, é verdade, além disso, é muito difícil ser imparcial na hora de analisar algo.