3.3.16

Livros de fevereiro


Falei cedo sobre a chuva no post anterior, não é mesmo? Voltou a chover muito nas últimas semanas. O solo está encharcado e faz chop chop quando caminho sobre a grama. Não dá para passar muito tempo do lado de fora cuidando do jardim então leio.

Li alguns livros sobre zen budismo, entre eles: Zen and Japanese Culture de Daisetsu Teitarô Suzuki e Zen Experience de Thomas Hoover. Suzuki tem obras bastante difundidas no Ocidente tratando do budismo. É interessante ver a religião/filosofia da perspectiva de um japonês, mas achei o livro do Hoover mais instrutivo. Ele procura traçar a história do zen budismo desde a China até o Japão. Como qualquer religião/instituição, o zen é constituído de várias idiossincrasias muito humanas. Sua história é feita de variações, cisões e disputas entre mestres e discípulos que pensam de formas diferentes. Algumas escolas se beneficiam do apoio dos poderosos e há aquelas que se afastam do mundo. Alguns mestres acreditam na meditação, outros preferem métodos menos ortodoxos como gritos e tapas como meios para atingir a iluminação.

Em Good Thinking, Guy P. Harrison escreve sobre a necessidade e os benefícios de cultivarmos uma espécie de ceticismo científico em nossas vidas, isso evitaria que tomássemos decisões ou abraçássemos causas e opiniões baseados em falácias ou ignorância. No fundo, o que ele prega é bom senso, mas li alguns comentários críticos de pessoas religiosas, por exemplo, que não gostaram do que ele escreveu.

Apesar de minha casa estar longe (muito longe) de ser um exemplo de organização e minimalismo, adoro livros sobre o assunto. Li The life-changing magic of tidying up de Marie Kondo que fez um tremendo sucesso no ano passado e terminei Simple Matters de Erin Boyle esta semana. Erin tem um blog (que conheci depois do livro), Reading my tea leaves, no qual dá dicas sobre como podemos ter uma vida mais simples, clean e autêntica. O livro também é sobre isso, sobre atitudes que enriqueceriam nossas vidas como usar produtos naturais, dar valor à qualidade e não à quantidade, consumir menos, aliar a sustentabilidade à beleza. Tanto Marie quanto Erin dizem que o segredo para ter uma casa mais clean é comprar e conservar apenas as roupas e objetos que amamos e nos fazem felizes. (Oh boy! Me passem alguns sacos de lixo...).

No campo da ficção, li Atemschaukel (traduzido como "Tudo o que tenho levo comigo", título que não achei muito bom, "The Hunger Angel", título da tradução inglesa, é bem melhor), da Herta Muller. Ele é narrado por Leo, um jovem da minoria alemã da Romênia que é deportado para a União Soviética onde passa cinco anos em campos de trabalho forçado. O tema é triste e duro, mas a escrita é muito poética. Gosto disso nos textos da Herta Muller, da concisão e do efeito das imagens que ela evoca. Li em alemão e, apesar de ter muitas dificuldades com essa língua, não era alheia à beleza de sua escrita.

Comprei e li dois livros do chileno Alejandro Zambra publicados pela Cosac Naify (RIP). Confesso que fazia anos que não comprava livros em português (mesmo uma tradução). Foi estranho ler um autor que li primeiro na língua original traduzido para o português, o pior é que cada um deles foi traduzido por uma pessoa diferente. Acho difícil manter algo parecido com um "estilo" dessa forma. Gostei muito do Zambra em espanhol, apesar de ter lido apenas Bonsai e No Leer que comprei no Chile. Calhou de uma leitora do blog fazer a recomendação do autor pouco antes de uma viagem a Santiago e fui procurá-lo nas livrarias próximas do apartamento onde ficamos. Livros no Chile são caros e não tive coragem de comprar mais nada. Até reclamei disso com o vendedor de uma livraria em Providencia e ele concordou comigo. Meus Documentos é uma coletânea de contos, gostei bastante de alguns, achei outros fracos, mas, bem, contos não são meu forte. Quase todos soam meio autobiográficos. Formas de Voltar para Casa também tem um quê disso, de fato, todos os textos do Zambra têm muito dele, de acontecimentos pessoais, do Chile e de Santiago. O romance é curto, como todos os seus textos, e trata do período da ditadura de Pinochet (1973-1990) e de como os relacionamentos e as vidas das pessoas foram afetados por ela.


4 comentários:

kalina morena disse...

tao chique voce, hein!!!
suadades de escrever no meu blog, de ler blogs, de alimentar essa parceria preciosa de compartilhar nossas ideias e leituras e gostos e pimentoes.
como vai voce, Karen querida?
sim, mas gostaria de saber em quanto tempo voce leu esses livros. em media, quantos dias por livro? que tipo de leitora eh voce: precisa de silencio absoluto? leitora rapida? tem boa memoria ou precisa anotar (como no blog) para registrar e nao perder um tanto do conteudo?
minha cabeca anda a mil, dividida em muitas coisas, e assim fica dificil eu aproveitar bem leituras. por isso te pergunto.
um abraco e um domingo feliz para voce.

Karen disse...

Oi, Kalina querida! Quanto tempo! Sabe que de vez em quando eu dou uma passada pelo seu blog e me pergunto como andará, se já voltou, se ainda está, o que estará fazendo?

Eu sou uma leitora desconcentrada, geralmente leio dois ou três livros no mesmo período, intercalo, pauso, vou e volto. Sem os compromissos da pós, só os de casa, tenho lido uma média de dois/três livros por semana, depende do assunto. Não faço anotações, em parte, menciono os livros aqui no blog para lembrar, mas minhas observações, como pode constatar, são bem superficiais. Ah, prefiro silêncio para ler.

Conte o que tem feito quando tiver um tempo (e se quiser).

Abraço!

aline naomi disse...

Nossa, leitura variada a sua! :)

Gostei de "Bonsai" e "Formas de voltar para casa", do Zambra. Estou com "Meus documentos" pra ler este ano... o bom de livros de contos é que, em geral, os contos não são longos, aí, se um estiver chato, logo acaba e passamos para o próximo...

Karen disse...

Aline, gosto intercalar literatura com obras mais teóricas ou de conteúdo prático. Canso rápido e passar de um assunto a outro ajuda a manter o ritmo da leitura.

Ainda prefiro romances, gosto de ser envolvida pela narrativa e pelos personagens, acho os contos muito curtos para isso. :(