A primeira vez que ouvi falar do livro Pais e filhos de Turguenev foi no primeiro ou segundo ano da faculdade da boca de um colega de turma que gostava dos existencialistas alemães. Lembro que ele me disse que aquele era o primeiro romance no qual a palavra "nihilismo" era mencionada. Os anos se passaram e só voltei a pensar em Turguenev depois de ler The Moveable Feast, do Hemingway. Fiquei curiosa. Lembrei daquele colega de faculdade e li a tradução francesa do romance que encontrei em casa.
Como os russos escrevem bem, não é mesmo? Eles sabem descrever as relações humanas com muita perspicácia. O livro é sobre a amizade de dois jovens amigos, Bazarov e Arcade. O primeiro diz ser um nihilista, alguém que não acredita em valores e não respeita qualquer autoridade, Arcade o admira e pretende ser seu discípulo, mas ele é muito diferente de Bazarov e não consegue reprimir sua natureza sensível. Uma ruptura com o seu "mentor" é inevitável.
O conflito se estabelece quando Arcade retorna à propriedade de sua família após terminar seus estudos e reecontra seu pai. As novas "idéias" do filho decepcionam-no, além disso, influenciado por Bazarov, Arcade dá a entender que a geração paterna está ultrapassada. A relação de Arcade e Bazarov com seus pais é retratada de forma tocante. Os genitores amam seus rebentos apesar de não os compreenderem e os dois jovens, por sua vez, não deixam de sentir afeição por seus pais apesar de chamarem-nos de "românticos".
No final do século XIX, o livro provocou diversas controvérsias e Turguenev foi criticado devido às idéias de Bazarov, hoje, quem liga? Em nossa sociedade, quem se importa se alguém disser que não acredita em nada? Que todas as formas de ideal são vazias?
2 comentários:
Oi Karen...
Adorei o que vc escreveu sobre "Pais e Filhos" deTurguenev.
Concordo com vc qdo diz o qto os russos escrevem bem.Sou fa de Tostoi,Dostoyewski e outros.Um abraco Mitie de Gunma-Japan
Mitie, realmente temos que tirar o chapéu para eles!
Obrigada pela visita! Abraços!
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