24.10.11

Bolo de chocolate simplíssimo


Muitos de vocês sabem que bolos não são meu forte e que os exemplares que costumam aparecer por aqui muitas vezes traem meu gosto pelo "exótico" (não é todo dia que alguém faz um bolo pepino, um bolo de grão de bico, um bolo de beterraba, etc.), outra característica que vocês também já devem ter notado é que sou craque em fazer "bolo sem" (sem leite, sem manteiga, sem ovos, ops, isso ainda pode ser chamado de bolo?).

Este é um belo exemplo de "bolo sem", no caso, sem leite e sem ovos, vi tantos elogios a esta receita do Simply Recipes que decidi prepará-la. A Elise fez cupcakes, eu coloquei em uma forma de bolo inglês.  O resultado é muito bom, a consistência é perfeita e a massa fica mesmo úmida. A única coisa que estranhei foi o aroma enquanto o bolo assava, ele é um pouco "diferente" dos bolos "normais". Não usei a essência/extrato de baunilha e, para ter uma ideia, o O. perguntou se era um bolo de amendoim...

Nâo fiz o glacê da receita original, mas o bolo é gostoso puro, ele não é muito doce. Dobrando a receita, daria uma base ótima para rechear.




Bolo de chocolate simplíssimo


1 1/2 x de farinha
1/4 x de cacau em pó (s/ açúcar, não é o achocolatado)
1 x de açúcar
1 c chá de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
1 x de café feito usando o coador (não muito forte), ou 1 x de água morna misturada com 1 1/2 c chá de café instantâneo (nescafé)
1 c sopa de vinagre
2 c chá de essência de baunilha (não usei)
6  c sopa de azeite


Preaqueça o forno à 180C. Unte 12 forminhas de muffin ou asse em uma forma de bolo inglês.

Misture a farinha, o cacau em pó, o açúcar, o bicarbonato de sódio e sal. Em outro recipiente, misture os ingredientes líquidos e depois junte essa mistura aos ingredientes secos. Misture apenas o suficiente para que a massa fique homogênea.

Distribua a massa entre as fominhas (ou forma). Asse por cerca de 18-20 min. Retire do forno e deixe esfriar por 5 minutos antes de desenformar. Sirva polvilhado com açúcar de confeiteiro ou com algum glacê, se quiser.


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23.10.11

Dentro do ônibus xiv

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Sempre que cruzamos com aqueles caminhões que transportam frangos para serem abatidos nos frigoríficos, O. comenta que eles são a metáfora perfeita para a sociedade e a vida em geral. Os frangos são divididos em engradados dispostos em diferentes camadas: alguns na base, outros no meio e os últimos no topo da pilha. Os frangos dessa última camada são os felizardos que respiram algum ar puro, os que vêm logo abaixo já recebem as cagadas dos primeiros e aqueles que estão lá embaixo são os mais infelizes, pois recebem as cagadas de todos os demais. 

Isso já ocorreu há algum tempo, na época em que fazia aulas de alemão aos sábados. Moro na área rural e assistir às aulas exigia que eu acordasse cedo e que o O. me levasse até a rodoviária onde eu tomava o ônibus intermunicipal. 

Em uma dessas ocasiões, aguardava o ônibus chegar junto com outros passageiros sonolentos quando um caminhão cheio de frangos passou na frente da rodoviária e, para nossa surpresa, testemunhamos o momento em que um frango conseguia escapar de um dos engradados, foi a maior torcida, algumas pessoas gritavam "foge, frango!" e "liberdadeeee!". O frango deu um salto desajeitado e foi ao chão, como a rua ficava em um nível mais baixo do que a rodoviária, não sabíamos se ele estava a salvo. O nosso ônibus chegou em seguida, entramos e, quando ele começou a se movimentar, todos nos voltamos para as janelas em busca daquele frango. Ele estava vivo, talvez um pouco manco, e tinha sido colocado junto a uma árvore por um gari que provavelmente iria levá-lo para casa e transformá-lo em um assado. 

Enfim, não é possível escapar do destino. 


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22.10.11

Frangoada


Receita da Akemi, muito boa para o dia a dia. Substituí o peito de frango por sobrecoxa e usei água no lugar do caldo de frango, reduzi um pouco a quantidade desta última, mas ainda achei que sobrou bastante líquido no refratário, se tivesse usado um recipiente maior para que ele evaporasse mais, talvez isso não tivesse ocorrido. Se quiser, faça com um frango em pedaços. Servi com arroz integral.

 


Frangoada


Corte 4 ou 5 batatas grandes em palito ou rodelas. Coloque numa bacia grande e junte 2 tomates picadinhos, 1 cebola média em fatias finas, 1/2 xícara de azeitonas verdes picadas e bastante cheiro verde. Misture bem e reserve.

Aqueça 2 ½ xícaras de água e dissolva 1 pote de caldo de galinha (cuidado com o sal, se a carne que estiver utilizando já estiver bem salgada, diminua no caldo ou apenas salgue levemente a água). 

Pegue uma assadeira grande e regue com azeite. Espalhe filés de peito de frango temperados previamente. Por cima, espalhe as batatas e regue com o caldo de galinha quente. Regue com mais um fio de azeite e leve ao forno quente pré-aquecido a 205˚C. Não precisa cobrir com papel alumínio.

Deixe assar até as batatas ficarem macias e levemente douradas. Cerca de 1h 30 min. De vez enquando jogue um pouco do caldinho por cima tomando cuidado para não se queimar.


21.10.11

Ninguém é perfeito (Gotai Fumanzoku) - Ototake Hirotada



Os japoneses gostam de livros de um assunto que poderia ser chamado de "literatura inspiradora", livros escritos por pessoas que contam como superaram dificuldades e chegaram onde chegaram. Acho que esse também é um gênero comum nos EUA, mas pouco explorado aqui.

Fiquei olhando para a capa deste livro que minha professora de japonês me entregou sem saber muito bem o que dizer. Um rapaz sem braços e pernas sobre uma cadeira de rodas. Um livro que provavelmente não leria de livre e espontânea vontade, mas como era um "dever de casa", e eu (quase) sempre faço meu dever de casa, comecei a folheá-lo.

É uma leitura descomplicada, o autor, Ototake Hirotada, usou uma linguagem simples de propósito para que o livro fosse acessível também para as crianças. Nele, o autor conta que é portador de uma síndrome que o fez nascer apenas com uma pequena parte dos braços e das pernas. Apesar de tudo, seus pais nunca se mostraram desencorajados e sempre fizeram de tudo para que ele tivesse a vida mais normal possível, tanto que ele diz que a primeira vez em que se deu conta de que era "deficiente" foi depois de entrar na faculdade, momento em que decidiu se engajar em movimentos que promoviam a integração de pessoas idosas e com dificuldades físicas à sociedade.

Apesar de haver muitas coisas que não conseguia fazer, para o autor, aquilo era natural, parte de sua vida, não algo que o fizesse sentir-se mal ou inferior. Ele estudou em escolas normais, devido ao empenho de seus pais, e todos sempre procuraram fazer com que ele participasse de todas as atividades escolares à sua maneira. Escrevia apoiando o lápis na bochecha usando a porção do braço que possuía e andava pelo pátio como podia, pois seu professor não desejava que ele dependesse da cadeira de rodas motorizada. Esportes em geral sempre o atraíram, ele adorava as aulas de educação física na infância e adolescência e até fez parte do time de basquete do ginásio.

Amante de esportes, ótimo aluno, representante de classe, ganhador de um concurso de oratória em inglês, enfim, um modelo. Ototake também contou com muita sorte, encontrou as pessoas certas no momento certo e soube aproveitar ao máximo as oportunidades que lhe foram oferecidas. Não é uma leitura muito intimista, ele fala de suas dificuldades e de suas conquistas, mas pouco além disso. A ideia é transmitir um sentimento positivo, tratar de um assunto delicado de forma bem humorada e leve.

Hoje o autor é jornalista esportivo (!) e professor. Realmente um exemplo. Fiquei pensando se uma pessoa com a sua deficiência chegaria onde ele chegou aqui no Brasil. Gostaria de acreditar que sim.

O título é uma brincadeira com uma expressão japonesa que significa "corpo saudável/capaz" à qual foi acrescentado um ideograma de negação. O livro fez muito sucesso na época em que foi publicado (1998) e foi traduzido para inglês como "No one's perfect".

17.10.11

Dentro da farmácia

Isso foi em Buenos Aires. Tive que ir até uma farmácia comprar uma pomada porque o consorte levou um par de tênis com o qual não estava acostumado e teve de tudo: de alergia a bolhas em toda a superfície possível dos pés, algo inacreditável. (Suspeito que isso tenha algum fundo emocional, pois o ser em questão detesta ficar longe de casa).

Lá estava eu procurando um vocabulário para explicar do que precisava, "algo para la picazón en los pies", quando um rapaz que também aguardava se vira e pergunta se eu sou japonesa ou chinesa, respondo que sou filha de japoneses e ele desembesta a falar em espanhol. De tudo o que ouvi, entendi que ele elogiava o povo japonês, a tecnologia, a organização, etc., de vez em quando ele perguntava "no es verdad?" e eu concordava. (Se alguém cisma em falar com você, a primeira coisa a fazer é dar uma desculpa, ir até a esquina e esperar que o sujeito desapareça, se isso não for possível, o jeito é concordar com tudo, mas sem demonstrar muito interesse).

Encontrar um cara meio "excêntrico" dentro de uma farmácia em BsAs era algo com que não contava. Por sorte, sua vez chegou e passou rápido, ele queria algum desconto ou coisa do gênero, e lá fui perguntar se eles tinham algo para "la picazón...".

16.10.11

Arroz de bacalhau com brócolis



Bacalhau é sempre bem-vindo aqui em casa. Nunca tinha feito arroz de bacalhau e gostei muito. Fiz metade da receita, usei arroz integral, só o pimentão vermelho e não adicionei leite de coco no cozimento do arroz, fica para a próxima. (Foto tirada antes de levar ao forno para gratinar)




Arroz de bacalhau com brócolis

Para o bacalhau:
500 kg de bacalhau desfiado e dessalgado (usei aquelas lascas vendidas em bandejas)
3 cebolas cortadas finamente
5 dentes de alho amassado
1 pimentão vermelho
1 pimentão verde
1 pimentão amarelo
1 porção de azeitona verde sem caroço
1 porção de azeitona preta sem caroço 

Depois do bacalhau dessalgado dê uma leve fervida.
Refogue as cebolas com bastante azeite, acrescente o alho e os pimentões, junte então o bacalhau e misture bem para tomar o gosto dos temperos. Ao desligar o fogo acrescente as azeitonas. O segredo é usar bastante azeite para ele ficar bem úmido. Reserve

Para o arroz:
2 xícaras de arroz
3 xícaras de água fervente
1 vidro de leite de coco
3 dentes de alho
um fio de azeito
sal quanto baste 

Lave e escorra o arroz. Refogue no alho e acrescente a água e o leite de coco e deixe cozinhar. Reserve.

Para o brócolis:
Flores de um pé de brócolis
3 dentes de alho
azeite
sal

Cozinhe levemente os brócolis no vapor. Corte em pequenos pedaços e passe levemente no azeite e no alho.
Reserve.


Montagem:
Em uma travessa coloque o arroz, junte o bacalhau e o brócolis. Misture bem e acrescente mais azeite se preferir. Prove de sal e coloque mais se achar necessário. Em um pirex besuntado com azeite, coloque o arroz e salpique bastante queijo ralado. Leve ao forno para gratinar. Ao retirar decore com ovos cozidos.


15.10.11

Im Western nichts Neues - Erich Maria Remarque

Im Western nichts Neues (ou Nada de Novo no Front, em português) é um romance do escritor alemão Erich Maria Remarque publicado em 1929. É um livro sobre a primeira guerra, na qual o próprio autor tomou parte e, provavelmente, a melhor obra sobre o assunto que já li, superando, inclusive, os filmes de guerra que já assisti, muito bem escrito, muito realista, muito humano. Não esperava nada quando comecei a lê-lo, mas fui fisgada. (É verdade que o li no meu ritmo de lesma semianalfabeta em alemão).

O narrador é Paul Bäumer, um jovem que vai para a guerra aos 18 anos junto com alguns colegas de escola de sua cidade. Combatendo, vendo companheiros morrerem das mais diversas formas, ele perde sua inocência, seus sonhos e sua juventude, mas é entre as trincheiras, na vida em comum e na tentativa de sobreviver, que se forjam elos e cresce o sentimento de companheirismo entre os soldados, as únicas coisas positivas em meio à tragédia que se desenrola ao redor. 

Em um dos capítulos, Paul volta para casa para um breve período de férias e constata que a guerra o transformou, sua cidade, sua casa, seu quarto, a vida de alguns anos atrás não tem mais relação com a pessoa que ele se tornou após passar pelo campo de batalha e, de certa forma, ele prefere voltar para junto de seus companheiros, aqueles com os quais compartilhou bons e maus momentos e conseguem compreendê-lo.

O livro virou filme, ganhou o Oscar e foi queimado pelos nazistas que devem ter entendido o quanto ele poderia ser subversivo. Acho que o tema continua atual mesmo hoje, eu entregaria um exemplar de Nada de Novo no Front para cada soldado.



Essa é uma reflexão feita por Paul quase no final do livro e quase no final da guerra que seu país,  a Alemanha, irá perder:

"Se tivéssemos retornado em 1916, teríamos desencadeado uma tempestade com a dor e a intensidade de nossas experiências. Mas se voltarmos agora, estaremos cansados, destruídos, esgotados, desenraízados e sem esperanças. Não saberemos o que fazer. Também não seremos compreendidos - pois, antes de nós, há uma geração que mesmo tendo convivido conosco, possui um lar e um trabalho e agora retorna a suas antigas posições, nas quais a guerra será esquecida -, e, depois de nós, há uma geração, parecida com a nossa no passado, que nos será estranha e nos deixará de lado. Somos supérfluos para nós mesmos, iremos envelhecer, alguns irão se adaptar, outros irão se ajustar e muitos ficarão perdidos, os anos passarão e, finalmente, pereceremos."






14.10.11

Bolo de aveia



Bolo simples e reconfortante, meio esfarelante, mas gostoso. Se quiser, cubra com uma ganache, dá para fazer de conta que é um "pão de mel".

Vi várias receitas parecidas, inclusive uma no blog da Judy que leva mais especiarias e é feita com muito mais cuidado do que a minha, incluindo uma etapa de cozimento da aveia e até claras em neve. Minha versão, convenhamos, é bem esculachada, aproveitei até a água quente para derreter a manteiga e misturei tudo de uma vez só.





Bolo de aveia


1 x de farelo de aveia (ou aveia em flocos mais finos)
1 1/4 x de água fervente
1/2 x de manteiga
1 x de açúcar mascavo
1/2 x de açúcar
2 ovos
1 1/2 x de farinha integral
1 c chá de bicarbonato de sódio
1 c chá de canela em pó

Derrame a água fervente sobre o farelo de aveia colocado em um recipiente com a manteiga (assim ela irá derreter). Espere amornar. Depois disso, adicione os ovos, misture e junte os demais ingredientes até obter uma massa homogênea e espessa. Coloque em uma forma untada e enfarinhado e asse em forno preaquecido até dourar, faça o teste do palito.

12.10.11

Lombo assado com mostarda


Estava com espírito de cozinheiro do exército antes da viagem. Fiz vários pratos em porções grandes para congelar e esvaziar a geladeira. Este foi um deles, mais uma receita de lombo. Ficou bem gostoso, já fiz duas vezes. Se não tiver o vinho branco para diluir o molho, use um pouco de água, fiz isso na última vez e ficou bom.

Costumo usar menos mostarda. Salgue moderadamente para que o molho final não fique salgado demais, lembre-se de que a mostarda já contém sal.




Lombo assado com mostarda

1 lombo de cerca de 1 ½ kg
sal e pimenta a gosto
3 colheres de sopa de alecrim fresco (usei bem menos)
6 colheres de mostarda tipo dijon (usei 3 c sopa bem generosas)
3 dentes de alho picados
1 ½ xícara de suco de laranja
1 x de vinho branco
1 c sopa de manteiga
1 c sopa de farinha


Em um recipiente, coloque o lombo, tempere com o sal, a pimenta, a mostarda, o alecrim e o alho. Feche com filme plástico e deixe marinar na geladeira por 2 horas.

Coloque em uma assadeira, despeje o suco de laranja, cubra com papel alumínio e asse por 1 hora. Depois desse período, retire o papel alumínio e asse por mais 40 minutos ou até dourar e ficar macio. Banhe a carne com colheradas do molho caso necessário.

Retire a carne da assadeira, coloque a assadeira/panela sobre o fogão em fogo baixo e adicione o vinho branco. Com uma colher de pau "limpe" o fundo, raspando para soltar todos os restos de tempero e carne que estejam grudados. Quando reduzir para uma terça parte do volume,  (ou nem tanto, caso deseje mais molho), adicione uma mistura feita com a manteiga e a farinha de trigo (derreta a manteiga e adicione a farinha previamente em uma frigideira ou panela pequena), abaixe o fogo e continue mexendo até engrossar e ficar brilhante. Passe por uma peneira (não fiz isso) e sirva quente em uma molheira à parte ou sobre o lombo.


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