15.3.11

Haruki Murakami - 1Q84 (3 de 3, fim)



Terminei o úlitmo volume de 1Q84. Não posso dizer que gostei, achei a história arrastada, mas talvez seja devido ao meu ritmo de leitura e por ter lido em japonês, enfim, por razões externas ao livro. Mesmo assim, achei que o negócio não evoluía, que havia muitas páginas para poucos acontecimentos. (Já escrevi sobre o volume 1 e o volume 2).

A solidão e a perda, características dos livros do Murakami, estão bem presentes e acho que é isso que atrai muitos de seus leitores, afinal, quem não se identifica com personagens vivendo relacionamentos superficiais,  com passados tristes e que não sabem o que fazer com suas vidas?

Em 1Q84, o autor transporta os personagens principais, Tengo e Aomame, para um universo paralelo. O encontro dos dois só é possível nesse lugar onde coisas misteriosas acontecem. Eles se conheceram na infância e nunca conseguiram se esquecer um do outro, mas as circunstâncias fazem com que um reencontro só ocorra "naquele lugar que não é bem o mundo que conheciam", onde há duas luas no céu e no qual seres estranhos, chamados de little people, são capazes de afetar a vida das pessoas.

Há um quê de Alice no país das maravilhas no texto, com vários personagens que aparecem e somem e, como a lagarta e o gato de Cheshire, dizem frases enigmáticas e com supostos sentidos profundos do tipo: "as coisas não são o que parecem ser" ou "precisamos buscar a sabedoria da coruja que habita as profundezas da floresta".

O recurso do universo paralelo permite que muitos acontecimentos absurdos sejam possíveis, fiquei com a impressão de que isso facilitou muito o desenrolar da trama. Em Minha querida Sputnik, Caçando carneiros ou mesmo Kafka à beira mar, o uso de acontecimentos inexplicáveis e realidades paralelas dava uma aura de mistério e uma certa profundidade às histórias, mas aqui eu achei que esse recurso foi meio over e serviu de solução mágica para tudo.

No mais, apesar de alguns aspectos sombrios e até violentos, acho que esta é a primeira história de amor com final feliz do Murakami. (Pronto, acabei contando o final!)

Até onde eu saiba, a tradução para o inglês sai em novembro. Para o português, deve levar mais tempo, especialmente porque a tradução, na maioria das vezes, é feita em cima da versão em inglês.
 

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(Torço para que o problema com a usina nuclear no Japão seja resolvido sem tardar para que o país possa se concentrar em reconstruir as áreas afetadas pelo terremoto e pelo tsunami.)



6 comentários:

Dulce disse...

O único livro que li dele foi o Kafka à beira mar... gostei muito, mas confesso que no final me 'perdi' um bocadinho (e isso nunca me tinha acontecido). Acho que foi por isso que nunca mais voltei a ler este autor... :(

Karen disse...

Dulce, procurar "lógica" nos enredos do Murakami não funciona, ou você aceita o que está escrito ou não... rs

Anônimo disse...

karen,
nunca li nada do murakami, passou batido não sei por que. fiquei curiosa e apaixonada pelos livros dele através de seus posts, obrigada por isso, em dividir conosco.
nunca pensou em ser tradutora?
abraço
ps. ontem por volta das 22:00 teve novos tremores, fiquei com medo e logo após furação, e a radiação estão tentando controlar.
madoka
madoka

Karen disse...

Madoka, eu vi que houve um terremoto em Shizuoka, mas não vi notícias de danos, ainda bem. Tenho acompanhado a NHK, as notícias lá são menos alarmantes do que nas tvs estrangeiras. Espero que consigam controlar a situação logo.

Leia Murakami um dia, recomendo! :)

Gostaria de traduzir, seria algo prazeroso, mas é difícil entrar no mercado sem formação apropriada ou contatos...

Fique bem por aí, Madoka!

aline naomi disse...

Ahhhh! Quero ler pra saber como terminou esse. É verdade, os finais do Murakami não são felizes...

E concordo com a madoka, você devia traduzir!

Quando se sentir segura, recomendo que você mande currículo e o link do seu blog pra editora Estação Liberdade para traduzir literatura japonesa, entre outros livros lá.

:-*

Karen disse...

Aline, obrigada pelo incentivo! No futuro, quem sabe? :)