Receita de bota fora. Estava com meia abóbora japonesa na geladeira e resolvi fazer um nhoque bem simples. Ficou gostoso, como não queria esconder o sabor adocidado da massa, apenas passei o nhoque pela manteiga com um pouco de sálvia seca e finalizei com parmesão. Servi como acompanhamento para uma carne.
A massa não ficou firme o suficiente para enrolar e, como não queria adicionar mais farinha, usei uma técnica que vi em um programa japonês. Você pega uma porção de massa com uma colher e a "raspa" com outra, isso é repetido até que ela seja mais ou menos moldada em algo ligeiramente comprido e uniforme e colocada diretamente da colher para a água quente. (Para minha defesa, foi a primeira vez que fiz isso).
O programa japonês em questão se chama "Chikara no Tabi" ("Empowering Journeys" em inglês), é um tipo de documentário e, em cada episódio, uma pessoa conhecida no Japão passa alguns dias em um país diferente para fazer algo que possa ajudá-la ou enriquecê-la de alguma forma. O episódio em que vi os tais nhoques serem feitos era com a Harumi Kurihara, uma escritora de culinária cujos livros são best sellers e já foram até traduzidos para outras línguas. Ela passou alguns dias participando da rotina da cozinha de um restaurante em Londres. Deixaram que ela descascasse alguns legumes e arrumasse saladas, mas não foi muito além disso. A Harumi tem 64 anos e, apesar de estar super em forma, o pique de uma cozinha de restaurante é bem puxado.
Aliás, um dos últimos episódios do programa foi com um artista de rakugo que veio para São Paulo. Ele passeou pela Liberdade, pelo Mercado Municipal, deu um pulo na USP e depois foi visitar uma família nipo-brasileira no interior do estado. Ele veio para conhecer "japoneses antigos", pessoas que ainda conservam algo do passado do Japão. Engraçado isso, não é mesmo? Meu pai veio para cá já adulto em uma das últimas levas de imigrantes e também dizia que os japoneses e descendentes daqui eram diferentes porque, sem contato com o Japão, eles conservaram hábitos e referências de quando deixaram o país.
Mas onde é que eu estava mesmo? Ah, os nhoques ficaram muito bons, leves e saborosos. Se tiver paciência de pegar porçõezinhas de massa, passá-la de uma colher para outra e moldar os nhoques um de cada vez, garanto que o resultado é bastante bom. Também é uma forma de salvar aquelas massas que nunca ficam no ponto para enrolar pelo método tradicional.
Nhoque de abóbora com manteiga e sálvia
500g de abóbora kabocha (pesei já cozida)
1 x de farinha
1 ovo
1 c sopa da manteiga
sal a gosto
para finalizar:
2 c sopa de manteiga
1 c chá de sálvia seca
parmesão para polvilhar
Descasque a abóbora, pique e cozinhe no vapor. Amasse e adicione os demais ingredientes. Misture bem. Se não for possível moldar nhoques da forma tradicional. (Espalhando farinha em uma superfície, formando cordões com porções da massa e cortando). Aqueça água em uma panela grande, espere ferver e vá derrubando pequenas porções da massa com o uso de duas colheres (veja instruções acima). Espere que os nhoques subam, retire com uma escumadeira e coloque-os em algum recipiente.
Ao terminar o processo, aqueça a manteiga em uma frigideira grande e antiaderente, adicione a sálvie e refogue rapidamente o nhoque. Misture delicadamente ou faça movimentos com a frigideira para que a manteiga envolva a massa. Tempere com sal caso necessário. Sirva polvilhado com parmesão ralado.
16 comentários:
Karen tenho uma abóbora aqui que comprei no turco e vou experimentar, depois te digo.
Já fiquei pensando como vc conseguiu a proeza dos travesseirinhos, rs.
Boa dica. Faco assim qdo faco bolinhos de bacalhau porque nao tenho paciencia de ficar fazendo as bolinhas.
Já te falei que adoro tuas dicas, rs.
Bjao
Georgia, não sei se chamaria de "travesseirinhos", ficaram mais com cara de spatzle. rs
hum... fiquei aguada.
vou tentar fazer um dia desses. :)
Me lembrei da prima de uma amiga, ambas descendentes de japoneses. Essa prima aprendeu a falar japonês com os avós, que vieram para o Brasil ainda no pré-guerra, e quando criança ela foi visitar o Japão e lá se impressionaram porque ela falava um idioma mais antigo (você com certeza sabe melhor das mudanças do idioma), e nenhuma criança japonesa falava daquela maneira.
Agora que descobri que abóbora é boa, vou tentar este nhoque. Pela sua explicação de raspar a colher, deve ser do jeito que minha mãe faz bolinho de arroz.
Apesar de parecer uma receita bem simples, nunca fiz nhoque por receio que a massa não saia como deveria :)
Karen,
Que ideia ótima!!! Nunca pensei em utilizar abóbora para fazer nhoque...
Gostei muito da sugestão...
Me deixou com fome...
Beijos, Irene
Quéroul, vale a pena!
Tatiane, isso ocorre mesmo. As expressões mudam e a região de onde a pessoa veio também influencia a forma de falar.
Abóbora é uma coisa tão boa! rs
Ameixinha, com batatas eu aprendi a acertar, mas ainda tenho que melhorar.
Irene, dá para fazer nhoque com praticamente qualquer coisa! rs
Karen, boa idéia de fazê-los como Spätzle. Tenho um tábua com buraquinhos onde faco os Spätzle. Depois te falo.
Bom fim de semana
Abracos
Esse programa parece bem interessante! Fiquei muito triste com o fim do Ururun que era quase no mesmo estilo, japoneses que viajavam a outros países para conhecer outras culturas.
Nhoque de abóbora é muito gostoso mesmo! Depois que ganhei uma nhoqueira não sei mais o que é sujeira para modelar nhoque! Recomendo!
Bjss e bom final de semana!
Ahh, eu sempre acabo esquecendo de perguntar sobre o bolo que vc "encomendou"! Só de ler já me doeu os dentes mas pedido de cliente é uma ordem! Aqui só de mencionar doce de leite ou chocolate os clientes já se arrepiam! rss
Quer o bolo para quando??? rsss
Akemi, esse programa que você mencionou eu não conheço, mas sabe que há vários nesse mesmo estilo na NHK? O "Chikara no Tabi" é assim, esses dias descobri outro chamado "Asian food", muito bom, mas ainda não sei se é um especial ou se é fixo.
Também não sou fã de bolos muito doces ou de massa à base de chocolate, mas chantilly não me faz bem. Agora a combinação banana+caramelo no recheio eu queria muito provar! rs
Akemi, eu bem que preciso de uma nhoqueira... rs
Karen menionei vc lá na Saia...
Bjao
Já tentei fazer com a abóbora, mas não fui em sucedida,rs. Sempre estou dando foleada nos livros/revista da Harumi Kurihara, são ótimos mesmo. Realmente há vários documentários parecidos com o'Chikara'. Gosto de um deles em que vão visitar japoneses que vivem em outros países, o programa é muito bom e bem produzido.
A gde maioria dos descendentes dos japoneses: netos e bisnetos já não conservam os hábitos, salvo os nisseis.
Quem sabe, eu tente fazer novamente este nhoque,rs.
madoka
Madoka, eu ia fazer como faço com as batatas, mas acho que a abóbora é mais úmida e não consegui o ponto, no final, ficou assim. rs
Adoro os documentários da NHK, tem uns três que gravo sempre!
Apesar de meu pai ser japonês, em casa acho que os costumes japoneses estão bem diluídos. Até tento conservar alguns, mas não é fácil.
Está na minha pauta fazer raviólis de abóbora com manteiga de sálvia, mas não saiu da lista ainda.
Esse nhoque também deve ter ficado divino.
Bjs.
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