18.5.08

A moveable feast - Ernest Hemingway

Graças à recomendação feita no post sobre um livro de Scott Fitzgerald, não só descobri que os livros de Ernest Hemingway da biblioteca de casa estavam sendo consumidos pelas traças, mas também li um texto gostoso.

Tinha lido pouca coisa do Hemingway, apenas
O Velho e o mar e O jardim do Éden, ambos quando estava no ginásio, há muito tempo atrás.

A moveable Feast (o título parece ter sido traduzido como Paris é uma festa em português) é uma obra póstuma (como O jardim do Éden) e contém as memórias de Hemingway no começo de sua carreira como escritor em Paris. Nelas, ele conta sua vida com Hadley, sua primeira esposa, e seus encontros com figuras famosas no cenário literário da época, entre elas: Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound e Scott Fitzgerald. Um dos primeiros encontros com este último, aliás, por pouco não foi o único, pois quando Fitzgerald bebia, parecia ficar insuportável.

Hemingway fala sobre a sua pobreza naquele período com nostalgia: o quarto alugado em um bairro pobre de Paris não tinha banheiro ou sala de banho e às vezes ele pulava uma refeição para economizar. Mas não era bem a idéia de pobreza que conhecemos, pois os Hemingway não abriam mão de ter uma empregada para cuidar do filho e sempre que economizavam algo, passavam férias em algum lugar na Europa.


Devia ser bom ser um escritor promissor em Paris no começo do século passado, entrar em cafés onde havia sempre um conhecido disposto a pagar um bebida, escutar os garçons perguntarem se o trabalho tinha sido bom naquele dia, observar os pescadores ao longo dos rios, acreditar no próprio talento e, mesmo que ele ainda não fosse reconhecido, sentir que a vida ainda era boa...


Eis o começo de um dos capítulos:


“Quando a primavera chegava, mesmo a falsa primavera, não havia problemas exceto o de onde ser mais feliz. A única coisa que poderia estragar um dia eram as pessoas, e se você pudesse evitar compromissos, cada dia era ilimitado. As pessoas eram sempre as limitadoras da felicidade, com exceção daquelas poucas que eram tão boas quanto a própria primavera.”


10 comentários:

Anônimo disse...

Que delícia de texto, karen! Vou ter que ler este livro assim que possível!

Parabéns, seu texto é uma delícia! Adoro!

Chris

Karen disse...

Obrigada, Chris!

Anônimo disse...

coloquei uma página desse livro na imagem no cabeçalho do meu blog de traduções ;-)

http://contostraduzidos.wordpress.com/

risonha disse...

querida Kafka, acabei de publicar uma receita tua.
espero que gostes.
beijos

Karen disse...

Daniel, que legal! :)

sonia disse...

gosto muito de passear por seu site. Descubro um pouco de cada coisa que gosto: boa literatura e boa culinária!
É verdade que Hemingway era machista? Não sei onde li isso. Fiquei com um pé atrás, mas tento ser objetiva e reconhecer seu grande talento como escritor.
bjs

inBluesY disse...

:)

fiquei assim a sorrir, aqui deste lado do planeta. :)

Karen disse...

Sonia, acho que já ouvi rumores sobre isso, mas nunca li nada mais concreto a respeito. Bem, o Hemingway teve várias mulheres, lutava boxe, gostava de caçar, pescar, dá pano pra manga...

Inbluesy, obrigada pela indicação do livro! :)

Valentina disse...

Quando estava na universidade tive uma fase em que queria escrever um livro sobre o Hemingway. foi uma febre, terrivel obsessao.

Karen disse...

Val, achei essa sua "febre" divertida! Deveria ter escrito o livro! ;)