27.12.12

Far From the Tree: Parents, Children and the Search for Identity - Andrew Solomon


Este provavelmente é o último livro que leio em 2012 (ou não). Mil páginas de leitura muito instrutiva. Ele se divide em temas como nanismo, surdez, síndrome de down, autismo, esquizofrenia, prodígios, estupro, crime, transexualismo, enfim, condições e situações com as quais vários pais se deparam quando têm filhos. O autor entrevistou centenas de famílias e cada capítulo traz os relatos de suas experiências pessoais. É comovente ler sobre as dificuldades e transformações que ocorrem nas vidas de pais que têm filhos deficientes, que se comportam de formas consideradas diferentes ou inadequadas, quando as circunstâncias nas quais foram concebidos são terríveis ou quando eles parecem ir contra todos os valores que receberam na infância. 

Há famílias que se desintegram diante dos esforços e do estresse de criar um filho com dificuldades de desenvolvimento físico ou mental, ou "diferentes" de alguma forma; outras, no entanto, unem-se ainda mais. Algumas são explícitas em sua aceitação; outras, sentem vergonha. Algumas são incondicionais em seu amor; outras, reforçam ainda mais o sentimento de inadequação dos filhos.

O autor escreve sobre situações em que um elemento imprevisto é adicionado na relação entre pais e filhos e como a identidade de uns e outros é afetada no processo de busca pelo equilíbrio. Como reagir ao ser apontado como a mãe ou o pai que supostamente decidiu ter um filho incapaz de ter uma vida digna? Como conviver com as acusações e a culpa? Quais as reações e escolhas adequadas diante de filhos "diferentes"? É preciso aceitá-los ou tentar mudá-los? Como uma mãe pode amar um filho concebido após um estupro? Ou que comete crimes? Essas são algumas questões levantadas no livro. O autor deixa que os pais que entrevistou descrevam suas escolhas, digam o que pensam, permite que os filhos deem suas próprias opiniões e também fornece o ponto de vista médico e as estatísticas em cada caso.

Existem exemplos inspiradores e histórias tristes, mas é fácil perceber que, na maioria das vezes, o inferno realmente são os outros. Pais de filhos transexuais, encontram muita hostilidade. Pais com altas chances de conceber filhos com alterações genéticas - nanismo, surdez, problemas mentais ou motores - são condenados quando decidem ter um bebê. 

O livro também trata das crianças prodígio que, apesar da conotação positiva, também representam um desafio para os pais. Já no caso dos pais de crianças autistas e esquizofrênicas, as dificuldades são enormes, pois eles são excluídos do universo de seus próprios filhos e isso cria um grande sentimento de frustração e impotência.

Andrew Solomon, o autor, é homossexual e também escreve sobre seu processo de autodescoberta e aceitação. No último capítulo, ele descreve como se tornou pai e afirma que aquilo que ouviu durante suas pesquisas o ajudou a tomar essa decisão.

Recomendo a leitura para qualquer pessoa. Ele reforça as ideias de que tolerância é algo muito importante e de que ignorância e incompreensão provocam feridas difíceis de curar. O que escrevi aqui é curto e fragmentado, mas espero que tenha passado uma ideia de seu conteúdo.

(Far From the Tree ficou entre os dez melhores livros de não ficção na lista do New York Times deste ano, provavelmente demore um pouco para que seja traduzido para o português).


18.12.12

2666, Roberto Bolaño


Acabei lendo 2666 do Roberto Bolaño antes do final deste ano. E gostei muito. Bom terminar o ano com um livro ótimo, mas desconfio que este será apenas o primeiro de alguns outros, pois já tenho outras leituras engatilhadas, desta vez, livros de não ficção que me parecem muito interessantes. 

2666 é uma obra póstuma, Bolaño a escreveu antes de morrer, enquanto lutava contra um câncer, o editor escreve que o texto não seria muito diferente se Bolaño tivesse tido mais tempo para trabalhá-lo. O desejo do autor era que ele fosse publicado em cinco livros, mas acabou saindo em apenas um volume por decisão do editor e da esposa de Bolaño. Há quem concorde e quem discorde dessa decisão. Eu concordo. Apesar de as partes focarem personagens diferentes, elas se complementam, o elemento de união é uma cidade mexicana chamada Santa Teresa, onde ocorre uma série de assassinatos de mulheres, uma versão da real Ciudad Juárez. Todos os personagens acabam indo para lá em algum momento. 

Gostei muito da parte sobre os críticos, da parte sobre os assassinatos e do final, sobre Archimboldi. Os críticos são quatro pesquisadores europeus que se dedicam ao estudo de um escritor misterioso chamado Benno von Archimboldi. A parte sobre os assassinatos se concentra em Santa Teresa e descreve vários crimes cometidos nos anos 90. Gostaria que Bolaño tivesse desenvolvido mais essa parte, alguns dos personagens são muito interessantes, o jovem policial Lalo Cura e o romance entre o investigador Juan de Díos e a psiquiatra Elvira Campos dariam outros livros. 

Também há a parte sobre Amalfitano, um professor espanhol de filosofia que vive em Santa Teresa, e a parte sobre Fate, um jornalista negro que vai para a cidade cobrir uma luta de boxe. 

2666 e Os Detetives Selvagens são livros monumentais. Neles, Bolaño escreve sobre pessoas como se escrevesse sobre bolhas de sabão, coisas belas e efêmeras. E há uma sucessão delas, elas surgem e se tocam brevemente antes de desaparecem no ar.

2666 pode não ser um livro perfeito, mas é um grande livro e o próprio Bolaño, por meio de Amalfitano, reflete sobre as grandes obras literárias e sua imperfeição quando seu personagem encontra um jovem farmacêutico que prefere as obras menores dos grandes escritores:

"Ele escolheu A metamofose ao invés de O processo, Bartleby ao invés de Moby Dick, Um coração simples ao invés de Bouvard e Pécuchet e Um conto de Natal ao invés de Um conto de duas cidades ou As aventuras do senhor Pickwick. Um triste paradoxo, pensou Amalfitano. Agora, até mesmo os farmacêuticos amantes de literatura têm medo de pegar as obras grandes, imperfeitas e torrenciais, livros que abrem caminhos para o desconhecido. Eles escolhem os exercícios perfeitos dos grandes mestres. Ou o que dá no mesmo: eles querem ver os grandes mestres se pouparem, mas não têm interesse no combate real, quando os grandes mestres lutam contra algo, algo que apavora a todos, algo que nos intimida e estimula, em meio a sangue, feridas mortais e fedor."

Li em inglês, pois era a versão que tinha à disposição.



11.12.12

Biscottis com frutas secas


Gosto de preparar receitas de biscottis nesta época do ano. Elas geralmente rendem bem e são fáceis de fazer. Desta vez, experimentei a receita da BBC Food, achei que os biscottis ficaram mais duros do que os das versões que já publiquei aqui no blog antes, mas biscottis são biscoitos bem durinhos mesmo, feitos para durar muito. Talvez diminuir o segundo tempo de forno melhore esse quesito, mas ficaram bons. Usei os cranberries secos que encontrei no super no lugar das cerejas secas e apenas amêndoas, sem pistaches.



Biscottis com frutas secas

350g de farinha, mais um pouco para polvilhar
2 c chá de fermento em pó
2 c chá de mixed spices (usei um mistura de canela, cravo e noz moscada)
250g de açúcar (usei o orgânico)
3 ovos batidos
raspas da casca de 1 laranja
85g passas
85g cerejas secas (substituí por cranberries)
50g amêndoas inteiras
50g pistaches sem a casca


Preaqueça o forno à 180C. Forre duas formas com papel manteiga ou alumínio. 

Coloque a farinha, o fermento, o mixed spices e o açúcar em um recipiente grande. Adicione os ovos e as raspas de laranja, mexa até que a mistura comece a formar grumos, continue mexendo com as mãos até formar uma massa coesa, ela parece seca no começo, mas continue a trabalhá-la até que não haja mais farinha visível. Adicione as frutas secas e misture um pouco mais para distribui-las.

Coloque a massa sobre uma superfície ligeiramente enfarinhada e divida em 4 partes. Forme "troncos" com cerca 30 cm cada. Coloque dois deles sobre cada forma deixando um espaço entre eles. Asse por cerca de 25-30 min, até que a massa cresça e esteja firme ao toque, ainda sem tomar cor. Retire do forno e deixe esfriar por alguns minutos até atingir uma temperatura que permita o manuseio. Abaixe a temperatura do forno para 140C.

Com uma faca, corte cada um dos "troncos" em fatias com cerca de 1 cm de espessura na diagonal. Distribua os biscottis com o corte voltado para baixo sobre as formas. Asse por mais 15 minutos, vire e asse mais 15 minutos para secarem e dourarem. Deixe esfriar e conserve em um recipiente fechado por até um mês. 


28.11.12

Resoluções literárias para 2013



Limpeza. Começando pelos pingos de tinta aqui e ali. Poeira das lâmpadas do lado de fora, gavetas, armários e estantes de livro. Sempre acabo separando alguns livros para ler quando tiro o pó das estantes. Os livros e as estantes são sempre os mesmos, mas minhas escolhas geralmente mudam muito, o que me faz ter a ilusão de que, de certa forma, eu possa ter mudado. Pretendo ler ao menos um livro do Philip Roth em 2013, nunca li nada dele, também penso em começar 2666 do Roberto Bolaño, porque Detetives Selvagens foi praticamente o último livro que li com pena de saber que acabaria. Nenhum livro me marcou este ano, não houve nenhum que me agarrasse, arrastasse pelo chão e me fizesse chorar. Recomecei o primeiro volume da trilogia Tu Rostro Mañana do célebre Javier Marías pela segunda vez e parei no mesmo lugar, talvez devesse começar com algo mais modesto. Li muita coisa prática do estilo "aprenda a..." ou "como fazer...", alguns textos em japonês, não deu para ler em alemão. Tomei muitas decisões baseadas em meu amor pelos livros ao longo da vida, de vez em quando fico com um medinho de que ele acabe e ter que me perguntar: "E agora, José?".



21.11.12

Salada de batatas para aperitivo


Faço assim: cozinho batatas bolinhas inteiras em água e sal até que fiquem macias, tempero ainda quentes com vinagre, cebola picada, salsinha picada, pimenta vermelha picada, azeite, sal e pimenta do reino. Deixo tomar gosto por algum tempo e pronto.

* Gosto que  o vinagrete fique bem ácido e picante, mas depende da preferência de cada um.




20.11.12

Em salas de espera


Quando éramos crianças, meu pai trabalhava como autônomo e plano de saúde era um luxo, o que nos levava a recorrer sempre ao serviço público. Na verdade, só procurávamos um médico em emergências, nessas ocasiões, íamos direto para um pronto-socorro, geralmente em horários de plantão, pois era quando meu pai estava em casa e podia nos levar. Lembro do monte de gente na frente da recepção esperando seu nome ser chamado para ir para outra sala onde havia mais espera, ou seja, havia uma antessala da sala de espera. Uma perna quebrada e um resfriado mais resistente eram resolvidos assim.  Por sorte, eu e meus irmãos nunca tivemos nada mais complicado na infância.

Já um pouco mais velha, passei por um período psicologicamente complicado e isso teve alguns efeitos físicos que me levaram a procurar um gastrologista. Um episódio verdaderiramente kafkaniano. Para conseguir ver o médico, era necessário ir bem cedo ao SUS da cidade vizinha para pegar uma senha. O número de senhas distribuídas por dia era limitado e quem não conseguisse o papelzinho tinha que voltar no dia seguinte. Com senha em mãos, ainda era preciso seguir até a recepção, esperar sua vez e marcar o horário com a especialista desejado. Coisa de mês ou mais. 

Enfim, chegou o dia. A sala de espera estava lotada e não havia um horário definido. Todo mundo chegava e ficava esperando ser chamado. Os mais sortudos seriam chamados primeiro. Tratamento de gado. Estava sentada lá e uma senhora, gente simples, se sentou ao meu lado acompanhada da neta e começou a puxar assunto. 

Olhando ao redor, "Nossa, só tem homem!". Voltando-se para mim, "Você sabe que os homens vêm aqui porque têm problema lá no c*, né? Eles fazem 'aquilo' com outros homens. São todos vi***s!". Lembrando que o nome da especialidade é gastroenterologia). Nem lembro se disse algo, acho que ignorei. Era uma senhora de idade, com preconceitos bem arraigados. Aquela conversa, mais o ambiente geral, mais a espera, deixaram-me deprimida.

A vida é cruel.

***

Realizei uma cirurgia com o Dr. X há trocentos anos atrás para remover um nódulo de uma das mamas e agora sou obrigada a visitá-lo sempre para acompanhar os nódulos que sobraram, tenho um par deles, são todos benignos e vivem sendo fotografados, já se tornaram íntimos. 

Quando conheci o Dr. X, ele era um médico promissor em início de carreira que atendia em um consultório lotado e minúsculo. Dez anos depois, entro em uma clínica espaçosa, com uma sala de espera com televisão de várias polegadas, revista Caras, wifi e máquina de café espresso. Uma mudança e tanto. O que não mudou foi o tempo de espera de várias horas. A mulherada que aparece lá sabe que tomará um chá de cadeira, mas todas estão resignadas, afinal, Dr X virou um bam-bam-bam da área. De quebra, ele é simpático. Sua sala é grande, cheia de livros médicos, um Aurélio, próteses de silicone sobre a mesa, um pequeno altar e bíblia na estante. 

Na última vez, uma senhora de uns setenta anos entrou na sala de espera e, apesar das inúmeras poltronas vazias, decidiu se sentar entre mim e outra paciente. Dava para ver que ela queria ter com quem conversar. Chegou fazendo perguntas sobre o tempo de espera para a vizinha da direita, esta notou as intenções da senhora e saiu sob o pretexto de beber água. Eu era a outra alternativa e ela perguntou qual era meu horário e começou a comentar que já vinha preparada para esperar. "Eu venho quando não tenho mais nenhuma preocupação, porque sei que vou ficar aqui o dia inteiro!", pausa, "Minha única preocupação é o meu marido, ele tem aquela doença que faz a pessoa fugir... Fico com medo de que ele saia de casa e suma, depois eu tenho que ir procurar. Ele tem parkinson!", batendo na testa, "Não é aquela outra, como se chama? Alzeheimer! Isso! Ele foge e eu tenho que procurar!" Balanço a cabeça sem saber o que dizer, mas não quero prolongar a conversa que não sei onde pode chegar. Felizmente, sou chamada.

A vida é triste.


17.11.12

Costelinha de porco ao molho barbecue e biscuits de batata-doce


Pintor emendou o feriado enquanto meu médico querido e atrasildo atendeu ontem, resolvi ir, achei que o feriado diminuiria a disposição das pacientes de aparecer e a espera seria menor do que três horas, e foi. Cheguei às 8h e fui atendida às 9h30 (a consulta era as 9h).

Depois da espera, encontrei o O. para fazer as compras da semana. Geralmente evito as costelinhas de porco porque as acho muito gordurosas, mas vi algumas com muito boa aparência no supermercado e resolvir comprar. Sempre que comemos em restaurantes de pratos "americanos", o O. pede costela com molho barbecue, então, resolvi testar uma receita em casa.

Usei a versão da Irene com adaptações. Dei um toque oriental adicionando gengibre ao tempero da carne. Gostei da ideia de assar as costelas pré-temperadas cobertas com papel alumínio e descartar o líquido fora, basicamente gordura, e depois cobrir com molho barbecue e levar ao forno novamente para finalizar.

Como acompanhamento, fiz um coleslaw simples: coloco repolho picado, cenoura ralada e cebola fatiada em uma tigela grande, junto um pouco de sal e misturo. Deixo descansar um pouco, depois dou algumas espremidas com as mãos para retirar o excesso de líquido e para reduzir o volume. Tempero com maionese, mostarda tipo dijon, vinagre, pimenta do reino e mel, quando há necessidade, um pouco de sal.

O outro acompanhamento foi um biscuit feito com batata-doce e alecrim. Ficou bastante bom. Crocante e quebradiço, acho que foi a primeira vez em que um biscuit feito por mim ficou decente. Vi a receita no A Sweet Spoonful, fiz adaptações, reduzi a quantidade de manteiga e substituí o leite por creme de leite, pois tinha quase uma caixinha inteira aberta na geladeira.




Costelinha de porco ao molho barbecue (adaptada daqui)

1 costelinha de porco, aproximadamente um quilo a um quilo e meio (usei a costelinha já em pedaços e removi os pedaços maiores de gordura)
sal a gosto
3 dentes de alho picados
1 c sopa de gengibre ralado

Molho Barbecue Caseiro

 2 copos de ketchup (eu usei da marca Heinz)
1/4 de copo (americano) de vinagre
1/4 de copo (americano) de molho inglês
1/4 de copo (americano) de açucar mascavo
2 colheres (sopa) de melaço 
2 colheres (sopa) de mostarda dijon
1 colher (sopa) de molho de pimenta Tabasco
1/2 colher (chá) de pimenta do reino


Misturar todos os ingredientes do molho barbecue caseiro em uma panela e levar ao fogo médio até o molho engrossar. Deixar esfriar e reservar.

Temperar a costelinha de porco com sal, alho e gengibre e  deixar descansar por no mínimo 30 minutos. Colocar a costelinha de porco em uma assadeira pequena forrada com papel alumínio. Cobrir os dois lados da costelinha de porco com a metade do molho barbecue caseiro que estava reservado. Embrulhar a costelinha de porco no papel alumínio duas vezes (um papel alumínio sobre o outro) para não vazar o molho. Deixar a costelinha de porco embrulhada dentro da assadeira na geladeira de um dia para o outro.

Tirar da geladeira a assadeira com a costelinha de porco embrulhada e levar para assar em forno baixo (mínimo) por aproximadamente 1 e 1/2 hora (no mínimo uma hora).

Tirar o alumínio e jogar fora todo o líquido que acumulou durante o cozimento.

Forrar outra assadeira pequena com o papel alumínio. Besuntar bem os dois lados da costelinha de porco com o restante do molho barbecue caseiro.

Levar novamente para assar em fogo médio para dourar por aproximadamente 45 minutos.







Biscuit de batata-doce e alecrim (adaptada daqui)

3/4 x de batata-doce amassada (cerca de 1 grande, a minha rendeu cerca de 1 1/2x e usei tudo)
3/4 x de farinha integral
3/4 x de farinha
3 1/2 c chá de fermento em pó
3/4 c chá de sal
1 c sopa de alecrim seco bem picado
4 c sopa de manteiga fria cortada em cubinhos
1/2 x de creme de leite

Comece preparando as batatas: pré-aqueça o forno à 200 C. Pique a batata com um garfo várias vezes e coloque sobre uma das grades do forno. Asse por cerca de 1 hora ou até que fique macia. Retire do forno e deixe esfriar completamente. Descasque e amasse com um garfo. (Como não queria usar o forno só para assar a batata, eu a piquei em pedaços grandes, coloquei em um refratário, cobri com filme plástico e levei ao micro-ondas. Deixei alguns minutos em potência alta e ia picando para ver se estava no ponto ideal. Descasquei e usei).

Aumente a temperatura do forno para 220C. Unte uma forma com manteiga ou forre com papel manteiga.

Misture as farinhas, o fermento, o alecrim e o sal em uma tigela grande. Junte a manteiga e, com as pontas dos dedos, incorpore-a aos ingredientes secos até obter uma espécie de farofa. Adicione o creme de leite e a batata-doce e misture apenas o suficiente para formar uma massa mais coesa. (Adicione leite caso fique muito farinhento, a massa tem aparência bem rústica).

Derrube 2-3 colheradas dessa mistura para formar um biscuit (ou faça menores com uma colherada grande como eu) sobre a assadeira. Asse por cerca de 16-20 minutos, ou até que eles cresçam e a parte superior fique firme e comece a dourar. São melhores logo após serem feitos, mas podem ser conservados à temperatura ambiente e aquecidos antes de serem servidos. 

Na receita original, a autora os serve com Honey Butter: 3/4 de manteiga à temperatura ambiente com 3 c sopa de mel.



13.11.12

Salada de trigo, cenouras e nozes


Grãos de trigo cozidos, cenouras raladas, pedaços de nozes. Tempero de vinagre balsâmico, molho de soja, azeite e mel.



7.11.12

Nuggets de frango



Rápidas:

Pintura em casa, mais alguns reparos (eles parecem não ter fim!) e outros afazeres têm me mantido longe do blog.

Quando acordei no domingo, o filhote de passarinho não estava mais no ninho. Acho que virou refeição de alguma coruja, gato ou gambá. Ficamos chateados, uma pena.

***

Receita do Pecado da Gula, mas acabei preparando segundo a versão da Tatiane. Fiz só com o tempero básico: sal e pimenta, mas ficaram gostosos. Assei ao invés de fritar e servi com um molho feito com mostarda tipo dijon, maionese e mel.



Nuggets de frango


2 peitos de frango, médios cortados em pedaços
1 cebola
1 dente de alho
2 a 3 colheres (sopa) maionese
temperos a gosto (sal, pimentas, ervas, etc.)

para empanar:
farinha de trigo (usei amido de milho)
ovo
pão ralado



No processador, coloque a cebola e o alho para deixar tudo picadinho (se preferir, pique tudo na faca), coloque a carne de frango, temperos e maionese. Processe até ficar bem moído.

Com o auxílio de 2 colheres, molde os nuggest, fazendo bolinhos achatados, passe pela farinha de trigo (fica uma massa bem pegajosa, só depois de passada na farinha é que será possível moldar direito com as mãos).

Passe pelo ovo batido e por último pelo pão ralado. Coloque em assadeiras untadas com óleo, vire uma vez para que os dois lados fiquem besuntados e leve ao forno. Deixe dourar de um lado e depois vire e doure do outro.

Eles também podem ser congelados, a Tatiane os coloca em uma assadeira baixa, mantendo distância entre eles e depois guarda em sacos plásticos. Podem ser assados sem descongelar em forno pré-aquecido por uns 25-30min, virando na metade do tempo.


24.10.12

Biscoitos com frutas secas e gergelim


Juntei alguns ingredientes da despensa e improvisei um biscoito para matar a vontade de comer algo doce. Usei restos de frutas secas (tâmaras e damascos) e completei com um pouco da gordura com tahine. Como já estava no tema, adicionei um pouco de gergelim à massa. O sabor do tahine sumiu, mas o gergelim foi uma adição boa. Os bicoitos ficaram bem gostosinhos.



Biscoitos com frutas secas e gergelim

1 x farinha de trigo
1/2 x de farinha integral
50g de manteiga à temperatura ambiente
2 c sopa cheias de tahine
2/3 x de açúcar mascavo
1 ovo
1 c chá de bicarbonato de sódio
2 c sopa de gergelim
1/3 x de frutas secas picadas (podem sem damascos, tâmaras, figos ou passas, usei tâmaras e damascos)

Misture a manteiga e o tahine com o açúcar, adicione o ovo, as farinhas e o bicarbonato. A massa deve ser macia e fácil de manusear. Adicione o gergelim e as frutas secas. Faça bolinhas, achate ligeiramente e coloque-as sobre uma assadeira ou refratário (não precisei untar). Asse até que que os biscoitos dourem. 



22.10.12

Salada de beterraba e abacate


Salada que combina sabores e texturas de que gosto bastante. Beterrabas assadas e cubos cremosos de abacate. Como tempero, fiz um molho usando shoyu para o salgado, vinagre balsâmico para um pouco de acidez, mel para realçar o adocidado da beterraba e azeite para dar uma untosidade a tudo.


20.10.12

Esfiha


Achei uma receita muito boa de esfiha, a massa é fácil de trabalhar, fica leve depois de assada e nem precisei polvilhar farinha na hora de abri-la com o rolo. Algumas das esfilhas "vazaram", mas acho que meu problema é querer usar recheio demais e massa de menos. Fiz 1/3 da receita.



Esfiha

Massa
1 kg de farinha de trigo
10 g de fermento biológico seco instantâneo
1 copo (americano) pela linha de óleo (150 ml)
2 copos de leite (300 ml)
3 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de sal
3 ovos

Recheio
1/2 kg de carne moída crua
2 cebolas picadinhas
2 tomates picadinhos sem sementes
sal a gosto
pimenta-do-reino a gosto
suco de limão a gosto
hortelã picada a gosto


Modo de Preparo

Para a massa, coloque em uma vasilha o fermento e o leite morno. Mexa até o fermento dissolver. Depois, acrescente o óleo, o açúcar, o sal e as claras (reserve as gemas). Misture bem. Acrescente aos poucos a farinha de trigo até a massa desgrudar dos dedos. Sove bastante em uma superfície levemente enfarinhada. 

Em seguida, faça bolinhas do tamanho da mão em concha. Coloque-as numa superfície polvilhada com farinha de trigo e deixe descansar por 30 minutos.

Depois que as bolinhas dobrarem de volume, abra com rolo como se fosse fazer pastéis (o formato deve ficar redondo). Misture os ingredientes do recheio e coloque no centro dos discos de massa. Feche formando um triângulo. Coloque as esfihas em uma assadeira e pincele com as gemas. Deixe descansar por mais 5 minutos e leve ao forno, pré-aquecido, até dourar.

19.10.12

Osamu Dazai - Justiça e sorriso


E continuo lendo Osamu Dazai.

Minha tradução do título original ficou horrível, mas foi a primeira coisa que me ocorreu. Seigi to Bishou é o diário de um jovem de dezesseis anos que procura encontrar seu caminho. Ele escreve sobre suas frustrações com a idiotice dos outros e a falta de sentido das coisas. Quem já foi adolescente, ou continua vivendo uma longa adolescência, entende do que se trata.

Sua mãe tem uma doença que parece ter um fundo mais histérico do que real, seu pai faleceu há alguns anos, a irmã se casou e mora em outro bairro de Tóquio. Seu irmão mais velho é um aspirante a romancista e passa as noites escrevendo, o relacionamento entre os dois é muito bom.

Dinheiro não parece fazer falta à família, pois os rapazes podem se dar ao luxo de fazer o que tiverem vontade. O autor do diário entra em uma faculdade, mas não gosta do ambiente. No fundo, sua ideia é tornar-se um ator. Ele presta exames para fazer parte de um grupo de teatro kabuki, é bem sucedido, deixa a faculdade e dedica-se ao teatro, mas não fica satisfeito. Há sempre uma nuvem escura em algum canto, logo depois que ele consegue aquilo que deseja, seu entusiasmo se desvanece e isso o deprime.

À medida que avançamos na leitura, vemos o garoto arrogante de dezesseis anos tornar-se um adulto. Qual a expectativa em relação ao futuro se não importa o que faça, tudo sempre acabará dando no mesmo? Continuar da melhor forma possível, conclui ele.

Parece a versão masculina de A estudante que li há algum tempo atrás. Gosto quando Dazai dá voz a adolescentes. Ele retrata bem os seus rompantes de alegria e tristeza, a forma como eles julgam o mundo em preto e branco,  ainda sem tons de cinza. Ele também não se esquece de descrever a profunda solidão desse período da vida. 



18.10.12

Um tipo de burrito recheado com feijão fradinho, abacate e carne de porco



Fiz uma porção de tortillas de trigo usando a receita de sempre. Uma salada de feijão fradinho cozido, abacate, tomate, cebola e coentro temperada com suco de limão e sal. Tiras de lombo grelhado (temperei com sal, limão e pimenta, cominho seria interessante, mas não tinha). É só juntar tudo, enrolar e comer. 


 A carne pode ser qualquer uma mesmo, aves ou peixes, a sobra do bife, um assado, etc. Os vegetarianos podem comer só com a salada de feijão e ainda complementar com alface picada, queijo, creme azedo, etc.


Se quiser economizar tempo, use um daqueles pacotes de wraps vendidos nos supermercados. Eu não gosto deles, tenho a impressão de que pegaram a massa do pão de forma e puseram-na sobre uma chapa, mas admito que quebram o galho de vez em quando.



16.10.12

Bacalhau gratinado com legumes


Ou será que são legumes gratinados com bacalhau? Acho que depende da proporção dos ingredientes. Desculpem, mas ando sem paciência para anotar quantidades e medidas exatas. O que fiz foi levar abobrinhas, pimentão vermelho e cebolas fatiados e temperados com sal, pimenta e azeite para assar até que ficassem macios. Retirei do forno e juntei algumas batatas cozidas inteiras em água e sal, descascadas e cortadas em fatias meio grossas. Adicionei o bacalhau em pedaços já demolhado (deixado de molho, aferventados, sem pele ou espinhas, o de sempre), misturei tudo com cuidado e corrigi o tempero juntando uma pouco mais de azeite. Coloquei a mistura em um refratário e cobri um um molho branco (manteiga, farinha, leite, noz moscada, sal) ao qual havia juntado meio copo de requeijão. Polvilhei parmesão ralado e levei ao forno para gratinar. 

Legumes podem ser variados, proporções podem ser variadas, mais requeijão e mais queijo podem ser adicionados. Costumo usar um molho branco com uma consistência não muito firme para que o resultado final após o forno seja mais cremoso. 

Ficou gostoso, mas mudaria algumas coisas: ao invés de levar a cebola para assar junto com os outros legumes, eu a teria refogado em azeite com um pouco de alho picado e o bacalhau, temperando tudo com sal e pimenta antes de juntar aos legumes assados. Também teria assado as batatas cortadas em cubos temperadas com sal, pimenta e azeite, ao invés de cozinhá-las, achei que ficaram meio sem graça cozidas.



15.10.12

Outro pão integral com aveia


Pão simples, sem segredos. Quase sempre moldo pães menores para congelar e aquecer no micro-ondas, 30-40 segundos e tenho um pão quentinho. O. prefere pão de forma integral industrializado para colocar na torradeira.

Já não vivo sem pão caseiro. Sinto muita falta, muita. O pão caseiro resseca mais rápido, mas o sabor é tão bom!




Outro pão integral com aveia

1/2 chá de fermento biológico instantâneo seco
1 x de água morna
1/3 x de açúcar mascavo
1 c chá rasa de sal (mais ou menos de acordo com sua preferência)
1/3 x de azeite de oliva
1 x de farinha de trigo integral
1 x de flocos de aveia
entre 1 1/2 - 2 x de  farinha

Misture o fermento, a água e o açúcar mascavo em um recipiente grande e espere o fermento subir e espumar. Isso leva uns 10-15 minutos. Junte os demais ingredientes adicionando a farinha aos poucos enquanto mexe com uma colher de pau até obter uma massa fácil de manusear e sovar com as mãos. Sove durante alguns minutos. (Para ser honesta não sovo muito, apenas o suficiente para que os ingredientes fiquem bem incorporados). Molde uma bola com a massa, cubra o recipiente com um pano de prato e deixe crescer até dobrar de volume. Geralmente deixo umas 4 horas. Molde a massa no formato desejado, coloque sobre uma forma levemente enfarinhada e deixe crescer novamente. Asse até dourar.





13.10.12

Pêssegos assados


Essa é a forma como preparo quase todas as frutas que consumo mornas. Misturei mel e azeite (um pouco mais de mel do que azeite), alecrim seco (pode ser fresco) e uma pitada de sal. Coloquei colheradas dessa mistura sobre algumas metades de pêssego e levei ao forno para assar.

Os pêssegos podem ser comidos assim mesmo, gosto de adicionar um pouco mais de mel quando eles são mais ácidos, servidos com iogurte, sorvete, granola ou mesmo como complemento de uma salada de rúcula com nozes, queijo de cabra e um molho para dar um toque ácido.

O alecrim pode ser substituído por tomilho ou anis.

12.10.12

Das garrafas


Se há algo que não consigo fazer com muita facilidade, é jogar garrafas, latas e vidros usados fora. Moro longe dos centros de coleta para reciclagem e mesmo que fosse juntando os vidros para levá-los até lá, o O. provavelmente não gostaria da ideia de encher o carro com "lixo". Mas meu apego por garrafas e potinhos nem sempre está relacionado a valores ecológicos, muitas vezes, ele é puramente estético. Acho algumas garrafas e latas bonitas e acabo conservando algumas para usá-las como vasos ou simplesmente deixá-las em uma estante. Como seu número foi crescendo e temi que o O. acabasse jogando tudo fora para abrir espaço para suas novas aquisições, botei tudo dentro de uma caixa na esperança de um dia ter espaço para elas. 

Para minha alegria, tenho visto muitos sites e blogs de DIY ("do it yourself", "faça você mesma") americanos em que vidros de conserva são usados como copos para servir coquetéis e sobremesas, ou como vasos de centro de mesa, e me senti vingada, afinal, sempre usei os copos de requeijão e nunca entendi a razão de jogar bons vidros  e latas fora quando tanto trabalho e material foi empregado na sua elaboração. E, convenhamos, quando você compra um produto, não paga apenas pelo conteúdo, mas também pela embalagem. 

Além do aumento da consciência ecológica, os americanos estão em uma situação que não permite desperdícios e exige criatividade para driblar gastos supérfluos, por isso, atualmente é "trendy" reciclar, usar caixas de frutas como mesinhas, botar um laço no vidro de geleia e enchê-lo de flores quando há festas, acho essas soluções muito racionais, além disso, algumas ideias são encantadoras. Não sei se isso funcionaria por aqui, pois ainda estamos na fase em que consumir é essencial e tudo deve ser novo e vistoso, mas tenho minhas esperanças.

Infelizmente, ainda jogo muita coisa fora por questões de espaço, mas quero melhorar.


22.9.12

Blood, Bones and Butter - Gabrielle Hamilton

 
Acabei de ler Blood, Bones and Butter, a autobiografia da chef Gabrielle Hamilton, proprietária de um restaurante badalado em New York, o Prune. Ela começa descrevendo as festas nas quais seu pai assava carneiros inteiros sobre brasas durante longas horas e os pratos que sua mãe, de origem francesa, preparava em sua infância. Mas o livro não é exatamente sobre comida, é sobre sua formação, sobre os caminhos que percorreu e forjaram seu caráter. 

Seus pais se separam quando ela tem treze anos, cada um vai para um lado e ela e um dos irmãos mais novos se veem sozinhos. Ela passa por um período de deliquência, comete pequenos furtos, fuma, bebe e cheira carreiras de cocaína enquanto trabalha em vários restaurantes para se manter, faz de tudo um pouco: de garçonete à ajudante de cozinha.

O livro é meio lacônico em alguns pontos e Gabrielle escreve apenas sobre os momentos que considera relevantes sem dar explicações sobre porquês ou comos, sabemos que depois de uma adolescência difícil e um longo período de busca pessoal com direito a uma mochilagem quase sem dinheiro pela Europa e Ásia, ela passa uns dez anos trabalhando como freelancer em bufês que fornecem comida para festas e eventos até que se cansa dessa vida e decide fazer um curso de escrita criativa em uma universidade. Após ser admitida, ela logo percebe que a vida de "intelectual" não a satisfaz e que se identifica mais com o trabalho concreto, metódico e duro em uma cozinha. 

Ela decide abrir um restaurante depois que um conhecido lhe mostra um imóvel para alugar, assim, em um gesto impulsivo, imaginando os pratos que desejaria servir e que refletiriam suas experiências gustativas. "Prune" acaba sendo um sucesso. 

O livro segue ainda um pouco além da abertura do restaurante, Gabrielle descreve seu casamento sem amor e pouco gratificante com um médico italiano com quem tem dois filhos. Suas viagens anuais para ver a família do marido na Itália são os pontos altos do relacionamento que já está em frangalhos quando o livro termina.

Gabrielle não esconde seus ressentimentos, suas frustrações e seu temperamento difícil, mas ela é uma pessoa objetiva, direta e competente. Alguns leitores comentaram que, após o livro, respeitavam a Chef, mas não conseguiam respeitar a mulher que o escreveu, acho esse tipo de comentário injusto. Ela pode soar presunçosa, mas não doura nenhuma pílula ou tenta parecer adorável.

Eu me identifiquei com o fato de ela sentir aversão por frescuras culinárias. Concordo que mais do que falar sobre comida, devemos nos sentar e comê-la sem a necessidade de erguer alguma bandeira ou usá-la como uma forma de autoafirmação, basta que seja bem feita e os ingredientes, de boa qualidade.

O livro virou um best seller. Li em inglês, mas há tradução para o português.

20.9.12

Batatas e berinjelas

Um resto de arroz integral congelado requentado no micro-ondas, feijão fradinho cozido com cenouras, tomates, cebolas, alho e louro e, como acompanhamentos, batatas ao murro e berinjelas com um molho agridoce. Se tivesse que descrever a comida que ando preparando nos últimos dias, diria que ela é bem "roots". 



Batatas ao murro: cozidas inteiras, amassadas com as palmas das mãos sobre um refratário e temperadas com o que tiver vontade. Usei sal, pimenta e azeite. Misturei com as mãos e levei ao forno, deixei dourar de um lado e depois virei. 


As berinjelas surgiram do cruzamento da invencionice com a preguiça. Fiz um molho misturando vinagre balsâmico, açúcar demerara, shoyu, mirin, missô e óleo. Usei pouco missô, pois ele é que dá o salgado, ficou bem agridoce mesmo. Envolvi algumas fatias de berinjela com essa mistura e levei ao forno, retirei quando ficaram macias. Achei ok, um acompanhamento simples.


O volume diminuiu bastante após o forno.


Pela manhã, sovei uma massa semi-integral e deixei crescendo para uma pizza noturna. A comida em casa está acabando e pizza é um recurso para usar tudo o que tiver disponível para preparar uma refeição.


13.9.12

Pão da semana

A receita é sempre uma variação da minha favorita, geralmente diminuo as quantidades, adiciono grãos, castanhas, substituo alguma farinha por aquela que tiver sobrando (ou vencendo). Desta vez, acabei com um potinho de gergelim. 

Tenho feito pães a mão e estou feliz com o resultado. Sempre começo misturando o açúcar com a água morna e o fermento, que emprego em uma quantidade bem pequena, espero o fermento espumar e junto os demais ingredientes, depois deixo a massa crescer com calma, pelo menos durante metade do dia.




26.8.12

Bolo de creme azedo e geleia



Receita do Technicolor Kitchen que passou por várias cozinhas e que vi no Simples Assim. É um bolo realmente gostoso e versátil. Usei geleia de figos no lugar da geleia de cassis da receita original e por isso a cor não se destacou muito. Reduzi a manteiga à metade e achei que a massa continuou úmida e gostosa. Também tinha apenas metade da quantidade de creme de leite para preparar o creme azedo (*), completei o que faltou com leite, digamos que virou uma versão "light" do bolo.




Bolo de creme azedo e geleia


- xícara medidora de 240ml

Ingredientes:
2 xícaras (280g) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
½ colher (chá) de sal
1 xícara (226g) de manteiga sem sal, amolecida (usei metade)
1 ½ xícaras (300g) de açúcar cristal
2 ovos grandes, temperatura ambiente
1 xícara de creme azedo (sour cream)*
1 colher (sopa) de extrato de baunilha
3/4 xícara de geleia de sua preferência ( usei de figo)
açúcar de confeiteiro, para polvilhar (não tinha)



Pré-aqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga e enfarinhe uma forma de furo central canelada (do tipo Bundt) de 25cm de diâmetro. (Usei uma forma para bolo inglês).

Em uma tigela média, misture a farinha, o fermento e o sal com um batedor de arame. Reserve.
Na tigela grande da batedeira, bata a manteiga até ficar cremosa.

Junte o açúcar e bata até obter um creme claro e fofo. Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição e raspando as laterais da tigela com uma espátula. Acrescente o creme azedo e a baunilha. Em velocidade baixa, junte os ingredientes secos e bata apenas até incorporar – a massa é bem espessa.

Separe ½ xícara de massa e espalhe o restante na forma. Com as costas de uma colher, faça uma espécie de calha no centro da massa, por toda sua extensão. Misture a geleia à 1/2 xícara de massa reservada e coloque a mistura dentro da “calha”.

Asse o bolo por cerca de 1 hora ou até que cresça e doure e as laterais se soltem da forma (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma,sobre uma gradinha, por 15 minutos, e então inverta sobre a gradinha e deixe esfriar completamente.

Polvilhe com açúcar de confeiteiro e sirva.



Patrícia ensina a fazer o creme azedo:

(*) creme azedo (sour cream) caseiro: para preparar 1 xícara de creme azedo, misture 1 xícara (240ml) de creme de leite fresco com 2-3 colheres (chá) de suco de limão ou limão siciliano em uma tigela. Vá mexendo até que comece a engrossar. Cubra com filme plástico e deixe em temperatura ambiente por 1 hora ou até que engrosse um pouco mais.

15.8.12

Frango assado com mostarda e mel


Receita da Elise, muito boa. Ela escreve que é melhor assar o frango com a pele para que a carne não resseque, isso é verdadeiro, mas achei que havia muita gordura no molho ao final, não estou mais acostumada a assar frango com pele.

Como acompanhamento, refoguei um pouco de couscous com cenoura ralada, alho e shimeji picado.



Frango assado com mostarda e mel


1/4 a 1/3 x de mostarada tipo Dijon
1/4 a 1/3 x de mel
1  c sopa de azeite de oliva
cerca de 1,3 kg de coxas ou sobrecoxas
sal a gosto
2 galhos de alecrim fresco (ou uma pitada generosa de folhas secas)
pimenta do reino moída na hora

Preaqueça o forno a 180C. Misture a mostarda com o azeite em um recipiente. Tempere com um pouco de sal e prove, corrija até que esteja a seu gosto.

Tempere o frango com um pouco de sal e coloque os pedaços com a pele para cima em um refratário. Distribua a mistura de mel e mostarda sobre eles e coloque os ramos de alecrim. 

Asse por cerca de 45 minutos ou até que ao picar a carne com um garfo, o caldo saia claro. Retire do forno e tire o excesso de gordura com uma colher. (Asse com a pele para evitar que a carne resseque e fique mais suculenta).

Polvilhe com pimenta moída na hora antes de servir. 

13.8.12

Pão semi-integral com linhaça


Bem, há pão mesmo sem panificadora afinal de contas. Tenho me virado sem ela (para quem não se lembra, minha panificadora pifou). Usei esta receita, achei bem simples e prática. Substituí uma xícara de farinha normal por integral e adicionei um pouco de sementes de linhaça.



Pão semi-integral com linhaça

3 x de farinha (substituí uma xícara por farinha integral)
1/2 x de leite
1/2 ou 1/3 x de água quente (o suficiente para obter uma massa fácil de manusear, usei 1/2 x)
4 c sopa de manteiga derretida (50 g), ou margarina ou óleo (usei azeite)
2 c sopa de açúcar
1 1/4 c chá de sal (usei menos)
2 c chá de fermento biológico instantâneo seco

Misture o leite frio com a água quente para obter uma mistura morna.
Coloque todos os ingredientes em um recipiente grande e misture até que a massa comece a se desprender dos lados do recipiente. (Eu misturei primeiro o fermento na mistura líquida morna junto com o açúcar e deixei descansar uns 5 minutos antes de adicionar os demais ingredientes). Transfira para uma superfície ligeiramente untada com óleo, unte também as mãos e sove a massa por cerca de 6-8 minutos, ou até que ela fique macia e elástica. Coloque a massa em um recipiente levemente untado com óleo, cubra com um pano de prato e deixe crescer por cerca de 1-2 horas dependendo da temperatura ambiente. 

Molde o pão sobre uma superfície untada com óleo, coloque-o em uma forma para bolo inglês. Cubra a forma com filme plástico (não é necessário firmá-lo) levemente untado com óleo e deixe crescer por cerca de 1 hora, ou até que a massa suba um pouco acima da borda da forma. (Eu cobri apenas com um pano de prato).

Asse por 30-35 minutos, ou até dourar.  



6.7.12

A estudante e Good bye de Osamu Dazai


Continuo fascinada pelos textos de Osamu Dazai, ele tem um japonês até simples, mas com uma fluência narrativa e descrições muito comoventes. Li Haruki Murakami em japonês e achei que os tradutores dele para o inglês são muito fiéis ao seu estilo "cool" de escrever, o que é natural, pois uma vez li que ele tem uma relação muito próxima com seus editores nessa língua. No entanto, tenho um pouco de medo de ler as traduções dos livros de Dazai, li duas em inglês antes de começar a me dedicar aos textos originais, mas foi depois do japonês que realmente fui fisgada por seu estilo. (Mas devo confessar que os tradutores para o inglês costumam ser excelentes).

"A estudante" (女生徒) e "Good Bye" ( グッド バイ) podem ser chamados de contos longos ou romances curtos. No primeiro texto, acompanhamos um dia na vida de uma adolescente. Ficamos sabendo que seu pai morreu recentemente e que ela sente sua falta, que sua irmã mais velha se casou e foi morar em uma província afastada e também que ela se acha estranha, esquisita, mal-comportada e acredita que desaponta a sua mãe por isso. Como ocorre com qualquer adolescente, seus sentimentos vão de um extremo a outro em questão de minutos. Uma hora ela está contente e logo depois fica com vontade de chorar e ferir alguém. Texto ágil, simples e bonito sobre a adolescência.

Brinquei de traduzir o começo:

"Manhã. A sensação que tenho ao abrir os olhos é curiosa. Como quando brinco de esconde-esconde e fico agachada em completo silêncio dentro do guarda-roupa escuro, de repente, Deko abre totalmente a divisória, os raios de sol entram abruptamente e ela grita "Achei!". A luminosidade, um mal-estar momentâneo, a palpitação no peito, ajeito a frente do quimono e saio do guarda-roupa um pouco embaraçada, de repente, fico irritada, nervosa. É essa sensação. Não, não é essa sensação, é mais intolerável. Como quando se abre uma caixa e há uma outra caixa menor em seu interior e quando esta é aberta, ainda há outra caixa menor ali dentro, essa caixa então é aberta e descobre-se mais uma caixa, e outra, e outra, e mais outra. Então, após abrir sete, oito caixas, finalmente há uma caixa do tamanho de um dado e quando ela é cuidadosamente aberta, não há nada ali dentro, vazia. É essa sensação, ou algo bem próximo. Abrir os olhos e estar completamente desperta, isso é mentira. Turvo, o amido lentamente desce e se deposita no fundo, aos poucos ocorre a decantação e meus olhos cansados se abrem. A manhã é, de certa forma, falsa. Muitas, muitas coisas tristes pairam em meu peito, é insuportável. Odeio isso. Odeio isso. Sou horrorosa de manhã. Minhas pernas estão exaustas e já não sinto vontade de fazer mais nada. Pode ser porque não durmo direito. Dizer que a manhã é saudável, isso é mentira. A manhã é cinza. Sempre, sempre a mesma. A parte do dia mais vazia. Sempre sou pessimista de manhã enquanto estou debaixo das cobertas. É detestável. Vários arrependimentos horríveis se amontoam de uma só vez, apertam meu peito e acabo me contorcendo".

"Good bye" é uma obra incompleta, infelizmente, pois começa de forma muito interessante. Um homem na casa dos trinta anos decide mudar de vida, chamar esposa e filha para viverem com ele em Tóquio, parar de trabalhar com contrabando e ser uma pessoa correta, mas, para isso, primeiro deve dar um jeito de terminar o relacionamento que mantém com várias mulheres. Um conhecido sugere que ele encontre uma mulher estonteamente bonita e desfile com ela diante de suas amantes para que elas cheguem à conclusão de que não têm nenhuma chance com ele. Seu grande problema é encontrar a mulher ideal para desempenhar esse papel. Ele a procura em todos os lugares possíveis sem sucesso, está quase desistindo quando ouve alguém com uma voz de corvo gritar seu nome. É uma mulher que também trabalha no mercado negro. Ele sempre a achou extremamente vulgar e mal-vestida. No entanto, naquela noite ela usava roupas ocidentais e estava belíssima. Era a mulher que procurava. Ele explica sua situação e diz que está disposto a pagar para que ela o acompanhe em suas visitas às amantes. Ela aceita a proposta. Ele estabelece duas condições: que ela se mantenha calada nessas ocasiões e não coma nada, pois sua voz e seus modos à mesa são terríveis. Seu plano é um sucesso, mas sua "beldade" sempre dá um jeito de gastar seu dinheiro e de irritá-lo, ele a acha tão insuportável que passa a nutrir um grande rancor por ela. Sua ideia é dar-lhe uma lição, humilhá-la. O texto acaba aí com a morte de Dazai.

5.7.12

Salada de batata, rabanete e pepino


Receita inspirada nesta aqui. Gostei da combinação das batatas com o crocante do rabanete e dos pepinos. 

Cozinhe algumas batatas inteiras em água e sal até que fiquem macias. Escorra, descasque ainda quentes, corte em fatias.

Faça um molho refogando um pouco de cebola picada em um pouco de óleo, retire do fogo, adicione mostarda (usei em grãos), um pouco de açúcar, vinagre, sal, pimenta e azeite, tudo a gosto (eu prefiro algo mais agridoce). Derrame esse molho sobre as batatas quentes. Deixe descansar por cerca de uma hora. Pouco antes de servir, adicione pepinos (previamente fatiados, temperados com sal, deixados para escorrer sobre uma peneira e espremidos para retirar o excesso de líquido), rabanetes fatiados e cebolinha picada. Corrija o tempero caso necessário e sirva.

28.6.12

Pão de iogurte, cenoura e aveia


O. gosta de um pão industrializado com esses mesmos ingredientes e resolvi fazer a minha própria versão. Achei que ela ficou muito boa, amassei na máquina de pão, mas acho que é possível prepará-la à mão com algumas adaptações na hora de misturar os ingredientes. Se quiser um repeteco agora, terei mesmo que usar o muque, pois a minha panificadora pifou. Ela já andava estranha, deixava programada para amassar e ela não fazia a pausa. Ontem, tudo começou bem, mas depois de algum tempo o motor parou de girar. Foi-se a panificadora, ficou o pão. Depois verei se vale a pena consertá-la. 



Pão de iogurte, cenoura e aveia

1 ovo
1 cenoura média em pedaços (cerca de 130g)
50 ml de óleo
1 copo de iogurte natural (190 ml)
1/2 x de aveia em flocos
1 c sopa de açúcar
1 c chá de sal
1x de farinha integral
2 1/2 x de farinha
5 g de fermento biológico instantâneo seco

Bater o ovo, a cenoura, o óleo e o iogurte no liquidificador. Colocar essa mistura na cuba da panificadora e juntar os demais ingredientes na ordem em que estão listados. Colocar no ciclo "amassar". Ao final, moldar o pão no formato desejado, colocar sobre uma forma enfarinhada e deixar dobrar de volume antes de assar.

Rende um pão grande.

27.6.12

Osamu Dazai - O sol poente



Terminei de ler este livro de Osamu Dazai recentemente, o título, em japonês, traz os ideogramas de "inclinação, declínio" e de "sol" (斜陽). Ele narra o fim de uma família aristocrática em um período de transição no Japão após a segunda guerra. O texto é praticamente o diário de Kazuko, uma mulher divorciada de vinte e nove anos que conta como ela e sua mãe são obrigadas a venderem a casa que possuíam em Tóquio após a morte de seu pai e a se mudarem para uma casa menor em um vilarejo isolado. A vida inicialmente idílica se torna cada vez mais sufocante, sem perspectivas, ela passa o tempo todo cuidando da casa e de sua mãe, cuja saúde se deteriora após a mudança. 

Seu irmão se junta às duas após retornar da guerra. Ele é um intelectual com pretensões de se tornar um escritor, mas se limita a gastar o resto do dinheiro da família em Tóquio, onde passa os dias bebendo e fumando ópio na companhia de boêmios e mulheres em uma tentativa de esquecer sua incapacidade de se conformar com o tipo de vida que a sociedade lhe impõe. 

Kazuko quer algo mais para si, em suas palavras, pretende ser uma "revolucionária" e travar sua própria batalha com o mundo. Ela escreve cartas para um escritor mais velho com quem seu irmão costuma beber e revela que deseja ter um filho dele, os dois passam uma única noite juntos e, em sua última carta, ela escreve que está grávida e feliz com a perspectiva de criar aquela criança sozinha. Nesse momento, ela é o único membro restante de sua família, pois sua mãe morreu de tuberculose e seu irmão cometeu suicídio na noite em que ela foi para Tóquio encontrar seu escritor.

Cada capítulo abre uma porta para o seguinte e se fecha. Gostei muito do livro, há poesia e também crítica ao período de crise de valores pelo qual passa a sociedade japonesa. 

Dazai é um escritor de imagens belas e também cruéis. No instante em que Kazuko reencontra o escritor que não via há seis anos, ela percebe os efeitos do tempo em sua aparência e fica chocada. Há bolsas sob seus olhos, menos dentes e ela o compara a um velho macaco.

Minha tradução do japonês:

"Aquele era o seu arco-íris? Aquela pessoa era seu M.C., sua razão de viver? Seis anos. Os cabelos desgrenhados eram os mesmos, mas estavam tristemente avermelhados e desbotados, o rosto estava amarelo e inchado, as bordas dos olhos ficaram caídas e vermelhas. Ele perdera os dentes da frente e movia os maxilares sem parar. Um velho macaco parecia estar sentado no canto da sala com as costas curvadas."

Também há um outro trecho de que gostei muito, Kazuko está tricotanto uma blusa e usa a lã de um antigo cachecol feito para ela por sua mãe e de cuja cor rosa pálida ela nunca gostara. De repente, ela olha para a lã e para o céu nublado e percebe que aquela cor é perfeita para dias cinzentos e se dá conta de que sua mãe a tinha escolhido de propósito. Aquela pequena atenção a comove e ela lamenta não ter usado aquele cachecol no passado.

Enfim, muito boa literatura.


23.6.12

Bolo de banana madeirense


Vi a receita deste bolo de banana aqui e achei tão curiosa a combinação de banana e erva-doce que tive que experimentar. E ela foi aprovada! Gostei muito. Não apreciava o sabor da erva-doce no passado, mas, felizmente, as pessoas mudam. Fiz pouco mais de metade da receita e rendeu uma forma pequena.



Bolo de banana madeirense

6 bananas
300 g de farinha
300 g de açúcar
250 g de manteiga
5 ovos
1 colher de sobremesa de erva doce
1 colher de chá de bicabornato de sódio
1 colher de chá de fermento em pó
1 pitada de sal fino


 Com a ajuda de um garfo, esmague bem as bananas, estas deverão estar bem maduras.

 Numa tigela à parte bata o açúcar com os ovos até obter um preparado branco e fofo.

De seguida, adicione a manteiga derretida, o sal, a erva doce, a farinha peneirada com o fermento, o bicabornato de sódio e por último a banana esmagada.

 Envolva tudo muito bem e verta para uma forma previamente untada com manteiga e polvilhada com farinha. Leve a cozer em forno pré-aquecido nos 180ºC, aproximadamente 40/45 minutos ou até que o bolo fique cozido! Certifique-se com a ajuda de um palito!

10.6.12

Osamu Dazai - Fábulas



Osamu Dazai é um dos grandes escritores japoneses do século passado, como mencionei antes, ele morreu cedo, após algumas tentativas frustradas de suicídio. Li Blue Bamboo, uma coletânea de contos traduzidos para o inglês, há algum tempo e Otogizoshi (Fábulas) vem completar a série. Neste volume, o autor reescreve, à sua maneira, alguns dos mais tradicionais contos japoneses, como "O velho com o caroço no rosto" (não encontrei tradução melhor para o título em japonês), "Urashimataro", "A montanha Kachi-kachi" e "O Pardal com a língua cortada". 

Sei que nem todos são familiares com os enredos dessas fábulas, então, faço um breve resumo:

"O velho com o caroço no rosto" é sobre um homem que sobe uma montanha, bebe um pouco mais do que devia, adormece e acorda apenas após o anoitecer. Ele vê um grupo de demônios se divertindo e bebendo e, como ele mesmo ainda não está completamente sóbrio, decide participar da festa. Os demônios acham aquele velho tão divertido que decidem que ele deve voltar na noite seguinte, para garantir que isso ocorra, os demônios tomam um caroço incômodo que ele tem em uma das bochechas como refém e dizem que eles só irão devolvê-lo caso o velho volte para entretê-los, o que naturalmente ele não faz. (Note que os demônios japoneses geralmente tem um único chifre no meio da testa, daí o mal-entendido).

"Urashimataro" conta as aventuras do personagem de mesmo nome que salva uma tartaruga das mãos de algumas crianças. (Ninguém aí se lembra da propaganda da Varig nos anos 80?). Como agradecimento, a tartaruga o leva até um reino fantástico no fundo do mar. Lá, todos os seus desejos são satisfeitos e ninguém o contraria, mas a saudade de sua terra e de sua família um dia aperta e ele decide voltar. O fim é triste, pois os poucos dias no fundo do mar correspondem a centenas de anos no continente.

Em "A montanha kachi-kachi", vemos um coelho (ou coelha, isso é controverso, o autor acha que apenas um ser do sexo feminino seria capaz das crueldades descritas na fábula) fazer de tudo para afastar um guaxinim meio bobão e aproveitador que o/a incomoda todo o tempo. O guaxinim é chato, mas o/a coelho/a é bem malvado/a...

"O pardal com a língua cortada" é sobre um homem casado com uma mulher muito mesquinha, um dia ela arranca a língua de um pardal que o marido encontra ferido e pelo qual ele demonstra muita afeição.

Todas os fábulas são bem conhecidas, mas Osamu Dazai dá seu toque pessoal a cada uma delas, criticando as incongruências e mesmo a falta de lógica de alguns pontos. Alguns diálogos entre os personagens são bem cômicos, como os que ocorrem entre o guaxinim e o/a coelho/a, outros, são mais cansativos.