20.9.13

O sapo

O céu desta tarde me lembrou do céu de um outro dia. Tinha dezoito anos. Acabara de me matricular no curso de filosofia e não estava certa sobre o que fazer da vida. Algo que não mudou muito, infelizmente. Filosofia era uma ideia sedutora, sem futuro algum, mas eu me recusava a prestar vestibular para um curso que pudesse me dar algum status social ou garantir um emprego "respeitável". (A gente sempre enfia o pé na jaca por vontade própria).
Naquele dia, estava sentada à beira da piscina de um hotel fazenda vazio no meio do Pantanal mato-grossense com um exemplar de "Tristes Trópicos" no colo. Parecia ser o livro adequado para ler naquele lugar e eu tinha lá as minhas veleidades intelectuais. A piscina estava suja e um sapo morto boiava em sua superfície. 
Ganhara a viagem como prêmio de um concurso cultural promovido por um jornal e acompanhava o trabalho de campo de uma bióloga que protegia as araras azuis. Passávamos o dia percorrendo os arredores para checar ninhos, medir e pesar aves. Achava o trabalho daquela mulher apaixonante.
Conforto zero, a vastidão dos campos, o ruído dos bichos à noite, o isolamento total, queria aquilo para mim. Foi algo mágico e lamentei voltar. No entanto, quando penso em tudo o que vi e senti naqueles poucos dias, a imagem que logo me vem à mente é a daquele sapo morto na piscina suja iluminada pelo sol do final de tarde.

17.9.13

O sonho da primeira noite - Natsume Sôseki

Ontem foi o primeiro dia de aula do curso deste semestre. Professor made in Japan. Ele chegou de viagem no domingo e deu aula na segunda com jetlag e tudo. Não fala português, a aula foi toda em japonês. Estava preocupada, perguntando-me se não ficaria perdida, mas até que entendi bem, ele escolhe palavras simples, fala devagar e de forma clara. Fiquei contente. O problema é do meu lado. Para ler e escrever há os dicionários, mas falar exige uma resposta imediata e, enquanto fico procurando pelas palavras apropriadas, sinto que elas fogem como borboletas. Para me comunicar melhor, tenho que falar mais, nem que esteja errado, não é mesmo? Darei o rosto a bater e sei que vai doer.

Nós nos apresentamos e discutimos um texto de Natsume Soseki do livro "Dez noites de sonhos". Lemos o primeiro sonho, um dos mais bonitos e românticos. Acho que já há tradução para o português, mas decidi fazer minha versão. Traduções nem sempre são acessíveis e achei que algumas pessoas poderiam se interessar. Se gostarem, posso tentar traduzir mais textos curtos de autores pouco conhecidos por aqui no futuro, é um bom exercício para mim. E se houver erros ou correções a fazer, por favor, digam.



O sonho da primeira noite

Tive este sonho.
Sentava-me com os braços cruzados à cabeceira de uma mulher que estava deitada com o rosto voltado para cima. Ela disse que iria morrer com uma voz calma. Seus longos cabelos espalhavam-se sobre o travesseiro emoldurando os contornos de sua delicada face oval. A cor de seu sangue era visível sob as bochechas brancas, seus lábios eram vermelhos. Ela não parecia prestes a morrer. Mas a mulher, com voz calma, disse claramente que iria morrer. Eu também achava que ela iria morrer. “Ah, então você vai morrer?”, perguntei espiando-a. “Vou morrer”, respondeu ela abrindo os olhos. Olhos grandes e úmidos, uma superfície negra circundada por longos cílios. Meu reflexo flutuava vividamente no interior de suas pupilas.
Perguntava-me se ela realmente iria morrer observando o brilho daqueles olhos negros cuja transparência permitia que mergulhasse até seu interior. “Você não vai morrer, não é mesmo? Está tudo bem, não está?”, perguntei outra vez aproximando os lábios de sua cabeceira. “Mas sim, vou morrer, não há o que fazer”, respondeu ela com os olhos sonolentos.
“Você consegue ver meu rosto?”, perguntei com emoção. “Se o vejo? Ora, não estou refletida em seus olhos?”, respondeu rindo. Afastei o rosto sem dizer nada. Perguntava-me se ela realmente iria morrer enquanto cruzava os braços. Após algum tempo, ouvi-a dizer:
“Depois que eu morrer, enterre-me. Cave um buraco com uma concha de madrepérola. Marque meu túmulo com os pedaços das estrelas que caíram do céu. Então fique ao seu lado e espere, pois irei reencontrá-lo”.
“Quando você retornará?”, perguntei.
“O sol nasce, não é mesmo? Depois ele se põe, não é mesmo? Então nasce e se põe outra vez, não é mesmo? Você pode esperar enquanto o sol rubro vai do leste para o oeste, do leste e cai no oeste?”
Balancei a cabeça sem dizer nada. Ela aumentou ligeiramente a entonação de sua voz calma:
“Espere cem anos”, disse de forma decidida, “sente-se ao lado de meu túmulo e espere cem anos. Virei ao seu encontro com certeza”.
Respondi apenas que a esperaria. Então o reflexo de meu rosto, que podia observar vividamente no interior de suas pupilas negras, começou a se desmanchar. Era como se as águas começassem a se movimentar e perturbar o reflexo de uma sombra, quando achei que elas iriam transbordar, os olhos se fecharam. Lágrimas surgiram entre seus longos cílios e escorreram sobre as suas bochechas. Ela morrera.
Fui ao jardim e cavei um buraco com uma concha de madrepérola. Ela era grande, com bordas regulares e afiadas. Cada vez que retirava a terra, a lua se refletia na sua parte externa. Sentia o cheiro da terra úmida. Terminei de cavar o buraco após algum tempo. Depositei a mulher em seu interior e comecei a cobri-la com a terra macia. Cada vez que fazia isso, a lua era refletida pela concha.
Depois, recolhi os pedaços de estrelas e coloquei-os sobre a terra. Eles eram arredondados, deviam ter perdido as arestas enquanto vieram caindo do céu por um longo tempo e ficaram assim. Enquanto os pegava e colocava sobre a terra, meu peito e mãos aqueceram-se um pouco.
Sentei-me sobre o musgo. Ia ficar ali esperando por cem anos, pensava, observando as pedras das estrelas. Logo, como dissera a mulher, o sol nasceu no leste. Era um sol grande e vermelho. Logo, também como dissera a mulher, ele se pôs no oeste e desapareceu de repente ainda vermelho. “Um dia”, contei.
Após algum tempo, um sol rubro se levantou e então se pôs em silêncio. “Dois dias”, contei outra vez.
Enquanto contava os dias dessa forma, não tinha mais ideia de quantas vezes vira o sol. Não importava quanto contasse, um inesgotável sol vermelho passava sobre minha cabeça. E, ainda assim, os cem anos nunca chegavam. Por fim, comecei a achar que fora enganado pela mulher enquanto observava o musgo que crescera sobre as pedras arredondadas.
Logo após ter esse pensamento, um caule verde surgiu por baixo das pedras inclinando-se em minha direção. Ele foi crescendo e parou perto de meu peito. Na ponta do caule delgado e trêmulo, ligeiramente inclinada, uma flor em botão abriu suas pétalas. Era um lírio branco cujo perfume penetrava meu nariz e ia até os ossos. Ele foi coberto pelo orvalho vindo de algum ponto acima e balançou de um lado para o outro devido ao próprio peso. Inclinei o pescoço e depositei um beijo nas pétalas brancas molhadas pelo orvalho frio. Quando afastava o rosto do lírio, olhei para o céu distante ao acaso e vi uma única estrela brilhando na madrugada.
“Então já se passaram cem anos!”, só então me dei conta daquilo.
 

27.8.13

Gilles Lipovetsky na revista francesa L'Express

De uma entrevista com o sociólogo Gilles Lipovetsky na revista francesa L'Express:


"Vivemos em um tempo superestetizado que, no entanto, não se traduz em um embelezamento do mundo."

"Estamos longe da imagem do artista profeta ou do artista maldito. Desde que Warhol reivindicou o status de artista comercial, a imagem romântica do artista deu lugar àquela do empreendedor, cujo objetivo é menos a glória eterna do que a celebridade e o dinheiro. O artista se põe de bom grado a serviço das grandes marcas: Murakami trabalhou para a Vuitton, Keith Haring para a Swatch. O artista é tratado como uma estrela: Damien Hirst fez uma capa para a Time, os grandes arquitetos são icones mundiais. E, em sentido inverso, todos os setores são declarados artísticos: os grandes chefs, os criadores de moda (que são expostos em museus), até os homens de negócios (Steve Jobs, o "artista visionário")... A arte era a inimiga do mundo do dinheiro, inaceitavelmente, ela acabou vítima da lógica do business. O tempo da oposição entre arte e economia faz parte do passado."

"As mídias de massa permitem um acesso às obras inédito na história: são milhões de indivíduos que, hoje, ouvem música, assistem a filmes e contemplam as mais belas obras arquiteturais do mundo. Da mesma forma, as mídias contribuem para a formação de um neoconsumidor esteta em busca constante de emoções ligadas a textos, sons e paisagens. O capitalismo estético proletarizou menos o consumidor do que o estetizou. Agora, os indivíduos, em massa, desejam ver as belezas do mundo e escutar música; eles decoram suas casas e se vestem de acordo com a moda. E o desenvolvimento dos meios midiáticos, da internet em particular, engendrou o desejo de criação pessoal em massa: como prova, os blogs, os clipes, as fotos. Entretanto, evidentemente, isso não é sinônimo de qualidade artistica. Da mesma forma, a democratização dos gostos estéticos não significa um enriquecimento da experiência estética: o visitante contemporâneo que permanece dez seguntos diante de uma tela de Ticiano, o que ele apreende? O que compreende daquilo que é a própria substância da beleza?"

"Desejamos saborear a qualidade do presente, mas a empreitada exige uma performance crescente com seu lote de estresse, frustrações e baixa autoestima. As tensões se multiplicam entre consumismo e ecologia, hedonismo e medicação da sociedade, qualidade de vida e aceleração dos ritmos (ansiedade, depressão, vícios), conflitos intersubjetivos (divórcios, separações, incompreensões...) estão em alta. O capitalismo estético globalizado e a individualização de nossa relação com o mundo são acompanhados pelo sentimento de passar ao largo da "bela" vida. A sociedade superestetizada não conduz a uma humanidade mais feliz."




14.4.13

Cookies macios de aveia, coco e banana


Variação da receita de cookies com três ingredientes. Acho que falta aperfeiçoar um pouco, não coloquei açúcar desta vez, mas colocaria na próxima. Tenho procurado opções de quitutes para beliscar enquanto passo duas horas e meia dentro de um ônibus. Ficaram muito bons. 



Cookies macios de aveia, coco e banana

3 bananas nanicas maduras médias amassadas com um garfo
1 1/2 x de aveia prensada
1 1/3 x flocos de coco sem açúcar
1/4 x de óleo
1/3 x de farinha integral (pode ser substituída por farinha de amêndoa caso prefira uma versão sem glúten)
1/4 x de açúcar mascavo (se adiconar passas, pedaços de chocolate ou se o coco for adoçado, talvez nem seja necessário, não usei desta vez, mas achei que só a banana não adoçou o suficiente)

Misture todos os ingredientes e distribua a mistura sobre uma assadeira untada usando duas colheres. Asse até dourar. 

9.4.13

Bacalhau divino


Bacalhau da Páscoa. Nem sei quantas receitas com esse ingrediente já testei. Até tento fugir da combinação purê, bacalhau e creme de leite, mas é difícil. Esta leva leite de coco e achei muito boa. Fiz metade.

Daqui.  




Bacalhau divino

1 kg de bacalhau
1 pimentão vermelho picado
1 pimentão verde picado
1 cebola
3 tomates picados maduros (não precisa tirar pele nem semente)
2 dentes de alho
1 xícara de azeitona preta sem caroço picada
Orégano a gosto

Purê de batatas:
1 kg de batatas cozidas e espremidas
2 colheres de sopa de manteiga
1/2 xícara de leite
Sal a gosto

Creme:
1 xícara de catupiry
1 lata de creme de leite sem soro
1 vidro de leite de coco de 200 ml 


Primeiro faça o purê de batatas. Esprema as batatas, acrescente a manteiga e o leite com as batatas ainda bem quentes, é só mexer bem e acrescentar sal a gosto. Coloque esse purê num refratário alto e arrrume como se fosse a massa de uma torta.

Faça o refogado com o bacalhau já dessalgado (deixar de molho na véspera e trocar no mínimo 5 vezes a água). Coloque para dar uma breve fervura, 5 minutos em água já fervente. (Sobre o processo de cozimento do bacalhau, leia as observações nos comentários abaixo, eu não o deixo ferver, apenas coloco as postas em água fervente, desligo e deixo tampado por algum tempo). Depois desfie o bacalhau em lascas. Coloque bastante azeite numa panela e frite a cebola e o alho. Junte os pimentões, o tomate e deixe apurar por uns 10 minutos.Adicione as azeitonas e o bacalhau e cozinhe 10 minutos sem deixar secar muito, (caso seque, coloque um pouquinho de água quente). Tempere com orégano e sal caso necessário.

Distribua esse refogado de bacalhau sobre o purê de batatas.

Creme:
Bata todos os ingredientes no liquidificador e despeje sobre o bacalhau. Leve ao forno previamente aquecido (bem quente) e deixe gratinar. Sirva com arroz branco e uma salada de folhas.

6.4.13

Empanadas


Adoro empanadas e queria testar esta receita da Neide Rigo já há algum tempo. Elas ficaram boas, mas não tão parecidas com as que comi na Argentina, a massa ficou mais crocante e firme, o recheio deu uma secada, não adicionei o caldo à carne, deixei que o recheio cozinhasse até que ficasse "enxuto" para evitar vazamentos, mas talvez devesse ter deixado um pouco de líquido perto do final e adicionado um tiquinho de farinha para engrossar, assim talvez ele ficasse mais suculento.


Fiz 1/3 da receita. Não ficaram bonitas, mas ainda aprendo a fazer as bordas trançadas...



Empanadas de Carne 
(35 empanadas aproximadamente)

massa
1 kg de farinha de trigo
1 colher de sopa de sal (adicionei menos)
200 gramas de manteiga sem sal
água morna o quanto baste

recheio
1 kg de carne limpa, sem muita gordura (contra filé, alcatra, patinho) cortada em cubinhos
1 kg de cebola cortada em cubinhos
100 gramas de manteiga
1 concha de caldo de carne (não adicionei)
1/2 maço de cebolinha picada
pimenta calabresaa gosto
sal e pimenta do reino moída a gosto
cominho a gosto
páprica a gosto
8 ovos cozidos duros, picados
35 azeitonas verdes, inteiras, sem caroço (para a finalização)
70 uvas passas sem sementes (para a finalização)


Preparo da massa
Misture a farinha ao sal e coloque-a em coroa sobre a mesa, desfaça a manteiga no meio. Misture bem com as mãos e vá incorporando água morna aos poucos até obter uma massa flexível. Trabalhe a massa com as mãos e divida-a em bolas. Estique as bolas com um rolo, na espessura de aproximadamente 2 milímetros. Corte discos de 10 centímetros de diâmetro e reserve.

Preparo do recheio
Doure a cebola na manteiga e junte a carne, misture e acrescente o caldo, a cebolinha, e os demais temperos. Cozinhe, deixe esfriar e leve à geladeira, depois de gelado, junte os ovos cozidos e misture bem.

Finalização
Coloque uma colher de sopa de recheio no centro do disco e junte uma azeitona e duas uvas passas, umedeça as bordas do disco e feche a massa fazendo pressão com o dedo, para as bordas ficarem entrelaçadas. Asse as empanadas em forno quente, aproximadamente 200 C, até dourarem.

2.4.13

Cookie com três ingredientes


Páscoa passou sem novidades. Teve maratona de The Walking Dead e Girls. Aliás, achei esta temporada das duas séries muito fraca. Pena, mas agora Game of Thrones está de volta e, em sequência, True Blood deve voltar. 

Sobre a receita, ando com uma obsessão por aveia... Estes cookies são ótimos para crianças. Bastam duas bananas amassadas, 1 xícara de aveia e um punhado de passas e você tem alguns cookies. Eles são macios, não ficam crocantes. Usei aveia prensada, mas o ideal seria preparar com aveia em flocos, ficariam mais compactos e exigiriram menos mastigação (também seriam mais fáceis para uma criança comer). Achei a doçura ideal, até um tanto doce, pois exagerei nas passas. Se quiser, elas podem ser substituídas por chocolate picado e um tiquinho de canela não seria de todo mau. Unte muito bem a forma, pois os cookies grudam. 

Dobrei a receita. Como os cookies são mais úmidos, talvez seja melhor conservá-los na geladeira caso não sejam consumidos logo.

Daqui.






Cookie com três ingredientes


2 bananas nanicas médias bem maduras
1 xícara de aveia em flocos (usei aveia prensada porque era o que tinha, mas faça com aveia em flocos)
um punhado de passas (ou outra fruta seca, ou chocolate picado, ou nozes)


Pré-aqueça o forno à 170 C. Forre uma assadeira com papel manetiega/alumínio ou unte-a muito bem.

Descasque e amasse as bananas. Adicione a aveia e as passas. Misture e vá colocando colheradas pequenas da mistura sobre a assadeira. Rende cerca de 16 cookies.

Asse por cerca de 15-20 minutos, até dourar. 



26.3.13

Aveia assada com peras



Nada do outro mundo, mas é gostosa para quem aprecia aveia. Pode ser servida com mel, iogurte e feita sem as peras ou com outras frutas, boa para o café da manhã. Receita daqui.



Aveia assada com peras

2 x de aveia em flocos
2/3 x de açúcar mascavo (menos se usar açúcar normal ou demerara ou caso prefira consumir com um pouco de mel depois de pronto, prove o leite com açúcar até ficar a seu gosto)
1 c chá de fermento em pó
1 1/2 c chá de canela em pó
1/4 c chá de noz moscada em pó
1/2 c chá de alecrim picado (usei seco)
1 pitada de sal
2 x de leite
1 ovo
2 c sopa de manteiga derretida
3 peras cortadas ao meio sem as sementes

cobertura
1/2 x de nozes picadas (ou outro tipo de no)
1 c sopa de manteiga picada
1 pitada de sal
1 c sopa de açúcar mascavo


Pré-aqueça o forno à 180C. Unte um refratário com cerca de 20x25cm.

Misture a aveia, o fermento, a canela, a noz moscada, o alecrim e o sal e espalhe no refratário untado. Bata o leite, o açúcar, a manteiga e o ovo em outro recipiente. Derrame essa mistura sobre o refratário com a aveia. Distribua as peras.

Misture os ingredientes da cobertura e polvilhe sobre tudo.

Asse por cerca de 40-45 min, até que o centro fique cozido e a superfície doure. Deixe esfriar um pouco antes de servir.



 
 
 

Minhas orquídeas este ano.


20.3.13

Batatinhas ao vinho

Que esfriada, hein? Frio e chuva, o calor da última semana parece mentira. Tive que ir a SP na segunda e fiquei congelando ao vento enquanto esperava o ônibus. O outono chegou de vez.

Vi esta receita no Gororoba com Cardamomo e resolvi preparar. Batatas, cebolas pequenas (chalotas) e dentes de alho cozidos em vinho com azeite, o vinho evapora, o azeite dá uma "fritada" geral ao fim e pronto, as batatas cozinham sem ficar molengas, continuam firmes até o final, mais ou menos o princípio do adobo (que leva vinagre). Elas ficam meio ácidas, como nas conservas/saladas tradicionais, mas gostei mesmo das cebolas e do alho.

Um pouco de alho, cebola, o azeite do cozimento e uma fatia de pão... Olha, dá samba!


A receita e as explicações estão no blog. Tentei seguir as proporções, mas não usei medidas exatas. É botar batatas bolinhas limpas e cortadas ao meio junto com dentes de alho e mini-cebolas descascadas em uma panela grande, adicionar vinho branco suficiente para cobrir tudo (serve o mais barato), temperar com sal grosso e ramos de alecrim e juntar azeite suficiente para formar uma película em toda a superfície do líquido. Levar ao fogo alto, deixar tudo cozinhar, esperar o vinho evaporar, então o azeite começará a fritar tudo, dar umas chacoalhadas para não queimar e tirar do fogo quando achar que está bem dourado.

Forma diferente de preparar batatas em conserva. Aprovada!
Nova borboleta, logo mais a estação muda e elas darão uma sumida.

16.3.13

Bolo de leite de Uauá


Receita trazida na bagagem da Neide Rigo, é uma versão mais simples do mole mole, boa para o dia a dia, lembra um pudim mais durinho e sem calda. Fiz em uma forma retangular porque era muita massa. Comfort food.




Bolo de leite de Uauá


1 litro de leite
3 ovos
2 colheres (sopa) de manteiga (eu derreti)
1 copo de açúcar
2 copos de farinha de trigo
1 pitada de sal

Misture tudo na mão mesmo até incorporar bem. Coloque em forma de buraco no meio grande, untada, e deixe assar em forno bem quente até dourar e a massa ficar firme - teste com uma faca.

Rende para um batalhão.




As mexeriqueiras de casa estão começando a dar frutos, eles não são grandes nem doces, então, costumo apanhar os maduros e aqueles que caíram no chão para fazer suco. 



11.3.13

Frango à caçadora


Inspirada na receita do blog da Elise. Prato rústico, suculento, muito bom. Usei sobrecoxas sem pele, mas você pode usar um frango inteiro em pedaços.



Frango à caçadora

Um frango de cerca de 2 kg cortado em pedaços e livre de excessos de gordura
sal a gosto
2 c sopa de azeite
1 cebola média fatiada
1 pimentão vermelho ou verde em fatias (não usei)
80g de cogumelos fatiados/picados (usei shimeji)
2 dentes de alho fatiados
1/3 x de vinho branco, tinto ou rosé
2 1/2 a 3 x de tomates sem pele picados
pimenta do reino a gosto
1 c chá de tomilho seco (ou ervas finas/de provence)
1 c chá de orégano


Seque os pedaços de frango com papel toalha, tempere com sal. Aqueça o azeite em uma panela à temperatura média e coloque os pedaços de frango com a pele voltada para baixo, deixe dourar, vire e doure do outro lado. Retire e repita o procedimento até terminar com todos os pedaços. Reserve.

Descarte o excesso de gordura da panela conservando cerca de 2 c sopa, caso não haja gordura suficiente, adicione um pouco de azeite. Adicione a cebola, o pimentão e o cogumelo à panela. Aumente a temperatura e refogue tudo, mexendo, até que a cebola fique translúcida. Junte o alho e refogue um pouco mais. Adicione o vinho e esfregue o fundo da panela com a espátula para remover os pedaços de frango que eventualmente tenham ficado grudados. Cozinhe até que o vinho se reduza à metade e adicione os tomates. Tempere com pimenta, tomilho, orégano e sal. Prove e corrija caso necessário. Adicione os pedaços de frango com a pele voltada para cima. Baixe a temperatura, tampe e deixe cozinhar até que a carne fique macia, cerca de 30-40 minutos. Mexa de vez em quando e adicione um pouco de água caso necessário.



9.3.13

Banana da terra cozida


 O. diz que voltei do ES com "hábitos", o que ele quis dizer foi que agora dei para servir banana da terra cozida como acompanhamento nas refeições. Mas adotar ideias gostosas e saudáveis é algo bom, não é mesmo? Especialmente quando é tão simples: bananas da terra maduras em pedaços cozidas no vapor por alguns minutos. Se não puder preparar no vapor, corte as extremidades e coloque em uma panela com água, deixe cozinhar até que a casca comece a rachar e sirva cortada em pedaços. Fica muito boa com cozidos de carne, picadinho e pratos com peixe.


Última visitante fotografada

17.2.13

Granola com azeite e mel


Inspirada em inúmeros exemplos da blogosfera culinária, resolvi me aventurar no fabuloso mundo da granola caseira. Eu me baseei na receita da Marge, mas todas aquelas que você encontrar na internet devem funcionar, o importante é respeitar as proporções. O bacana de se fazer granola em casa é que simplesmente podemos "criar" uma receita que se adapte a nosso gosto, colocar um pouco mais de nozes, menos passas e controlar a quantidade de açúcar. Também é bom saber qual a procedência e a qualidade de cada ingrediente.

O preparo é muito simples, basta misturar tudo (com exceção das frutas, que entram no final), espalhar na forma e ficar mexendo de vez em quanto para tudo dourar por igual e não queimar (essa é a parte mais chatinha, especialmente com o calor dos últimos dias). Usei só mel para adoçar. Não gosto de granola muito doce e, como geralmente ela é consumida pura (boto um punhado na mão e levo à boca na hora em que dá vontade), achei ideal.

O resultado final ficou muito bom, uma granola bem honesta e crocante. Ela tem uma tendência a grudar, mas basta dar uma mexida com uma colher ou desfazer os pedaços com as mãos na hora de guardar ou consumir.

Você pode substituir as frutas secas, o tipo de óleo e usar melado ou maple syrup no lugar do mel. 
 


Granola com azeite e mel


3 x de aveia integral prensada
1 x de castanha de caju (sem sal), nozes, pecãs ou castanha-do-Pará picada (ou uma combinação)
3/4 x de amêndoas picadas ou em lascas
1/2 x de sementes de girassol ou abóbora (não usei)
1/2 x de coco ralado em flocos (adoçado ou não, de acordo com sua preferência)
1/4 x de sementes de gergelim
3/4 x de passas (ou as frutas secas que desejar)
3/4 x de mel (ou melado, ou maple como na receita original)
1/2 x de azeite
1/4 x de açúcar mascavo ou demerara fino (não usei)
1 c. chá rasa de sal
1/2 c chá de canela em pó
cravo em pó a gosto ou outra especiaria de que goste


Pré-aqueça o forno à 150 C. 

Misture todos os ingredientes com exceção das passas e espalhe sobre uma assadeira grande. Leve ao forno por cerca de 35-45 minutos, dependendo do forno, mexendo a cada dez minutos para que a granola não queime e grude nos cantos, ela deve ficar dourada por igual e tostada.

Retire do forno e adicione as passas. Misture e deixe esfriar completamente. 

Coloquei minha granola na geladeira em potes fechados e irei consumí-la aos poucos, ainda não tenho uma boa ideia de por quanto tempo ela se conserva, mas imagino seja bastante.


Ingredientes na tigela
Depois de tudo misturado, pronta para ir ao forno

8.2.13

3 Irmãs - Anton Chekhov

As peças de Chekhov deviam ser consideradas bem "cabeça" na época em que foram representadas pela primeira vez, os temas continuam atuais:

Andrey: Oh, para onde foi a minha vida? - a época em que era jovem, alegre e inteligente, quando tinha belos sonhos e grandes ideias e o presente e o futuro eram cheios de esperança? Por que nos tornamos tão sem graça, comuns e desinteressantes pouco antes de começarmos a viver? Por que ficamos preguiçosos, indiferentes, inúteis, infelizes?... Esta cidade existe há duzentos anos, cem mil pessoas vivem nela, mas não há uma única pessoa diferente das outras! Nunca houve um estudioso, artista ou santo neste lugar, nem um único homem excepcional o suficiente para fazer com que tivéssemos um grande desejo de imitá-lo. As pessoas aqui não fazem nada além de comer, beber e dormir... Então elas morrem e outras tomam seu lugar, e elas comem, bebem e dormem também - e só para introduzir um pouco de variedade em suas vidas e evitar que se tornem completamente estúpidas devido ao tédio, elas se entregam à sua repugnante fofoca, à vodka, aos jogos e às ações judiciais. As esposas traem os maridos e os maridos mentem para suas esposas, fazem de conta que não veem e ouvem nada... E toda essa opressiva vulgaridade e mesquinharia esmaga as crianças e apaga qualquer chama que possam ter, assim, elas também se tornam miseráveis, criaturas semimortas, como todas as outras, como seus pais...


20.1.13

Chuchu assado


Outra receita que vi no blog da Lylia, muito simples e saborosa. Aqui só eu como chuchu, para que o O. coma, tenho que disfarçar, misturar com outros legumes ou deixar irreconhecível. Esta receita é só para mim, já fiz duas vezes! 

Minha forma preferida de comer chuchu é à milanesa, mas dá trabalho, é fritura, enfim, nunca mais comi depois que casei. Mas esse chuchu assado não deixa nada a desejar, fica muito bom! 

Descasquei na primeira vez e achei que ficou melhor, a casca é fina, mas deixa uma leve "resistência" na hora de mastigar, nada que atrapalhe, claro. É só uma observação.


Chuchu assado

1 chuchu grande com casca cortado em pedaços grosseiros (sem a parte branca do miolo)
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de farinha de rosca de boa qualidade (não industrializado) ou pão ralado
1 pitada de sal
1 colher de café de alecrim seco ou fresco 


Em uma assadeira untada com um fio de azeite (espalhe), coloque os pedaços de chuchu e regue com as duas colheres de azeite, remexendo com uma colher ou com as mãos para todos os pedaços ficarem envolvidos pelo azeite. Salpique a farinha de rosca por cima do chuchu e chacoalhe a assadeira, para envolver minimamente os pedaços. Salpique o sal e o alecrim e leve a forno médio. Após cerca de 15 minutos, vire os pedaços de chuchu (não precisa ser um a um, dê uma revirada com uma espátula), aumente a temperatura do forno para média-alta e deixe mais uns 10 minutos, até ficar bem assado.





14.1.13

Bombocado


A chuva resolveu baixar agora. Fez frio, esquentou, choveu, abafou, continua nublado. Verão realmente atípico, choveu pouco no ano passado, ainda não tivemos nenhum momento aflitivo com as águas do rio, espero que continue assim. 

Fiz bombocados no final de semana, peguei a receita que me pareceu ser a mais simples na internet. Coloquei a mistura em formas de muffins antiaderentes, ela grudou no fundo horrores apesar de ter passado um pouco de óleo, desconfio que o fato de desenformar quente não ajudou, lembrar de untar com óleo E farinha da próxima vez. 

Ficaram bons, nada excepcional, mas gostosinhos. Ligo cada vez menos para doces.



Bombocado

1 pacote (100g) de coco ralado (usei flocado sem açúcar)
1 lata de leite condensado
4 ovos 
1 c sopa rasa de fermento

Bata o leite condensado e os ovos no liquificador, junte o coco ralado e o fermento e misture com uma colher. Coloque a mistura em forminha individuais untadas e enfarinhadas ou em uma forma maior e asse até dourar. 



 

4.1.13

Salada de grãos com molho de iogurte


Foi inspirada em uma receita que vi de relance em uma revista de consultório médico. Ela era mais elaborada, mas não me lembrava de todos os detalhes.

Cozinhei grãos de trigo (previamente deixados de molho na noite anterior) e lentilhas em panelas separadas, pois o tempo de cozimento é diferente. Juntei os dois em uma tigela, adicionei cebolas picadas (gosto de passá-las pela água e escorrer antes de usá-la em saladas), salsinha, manjericão e hortelã picados e temperei com um pouquinho de sal. Misturei tudo e servi com um molho à parte feito com iogurte, suco de limão, azeite, alho picado e sal. Dica: deixe o iogurte escorrer um pouco sobre uma peneira forrada com um pano de prato para que não solte tanto líquido quando for colocado sobre a salada.

Você pode adicionar outros ingredientes como cevada, legumes ou frango grelhados, alface, etc.

Um avião passava na hora em que abri a porta pela manhã. Sempre paro para observar os rastros que eles deixam no céu.