30.4.07

L'art du roman (A arte do romance) - Milan Kundera

A arte do Romance é um dos primeiros livros de ensaios e reflexões de Kundera, o seguinte é Testamentos Traídos, A Cortina é o último. Agora posso dizer que li todos. Gosto do Kundera como escritor, li vários de seus romances e me lembro de tê-los achado bons, mas se me perguntarem o enredo de qualquer um deles, não conseguiria contar nada! Que coisa feia, não é mesmo?

O Kundera ensaísta não se cansa de comentar os autores e obras de que gosta e fazem parte sua formação como escritor: Kafka, Rabelais, Cervantes, Flaubert, Tolstoi, Gombrowics, Hermann Broch... Ele sempre os usa como exemplos do que seria uma grande criação literária. Ele fala das traduções, que se revelam quase sempre filhos infiéis, pois os tradutores gostam de criar expressões e de mudar palavras de acordo com o que julgam soar melhor, fala de seu próprio processo criativo, de como seus romances podem ser comparados a composições musicais, aliás, Kundera estudou música durante muito tempo antes de se tornar escritor e seu pai também era músico. Crítica literária de peso, boa crítica de época e de gostos.


29.4.07

Pão de queijo Bicho do Mato

Vocês se lembram de que comi o melhor pão de queijo da vida na Pousada Bicho do Mato quando fui a Gonçalves (MG) no mês passado? E de que ganhei a receita? Pois eu a preparei! A Neusa (ou Nilza? Esse negócio de ter vergonha de pedir para uma pessoa repetir o nome quando não ouviu direito é terrível!) avisou que muita gente não tinha conseguido obter um pão de queijo igual em casa mesmo seguindo a receita e me aconselhou a comprar o polvilho usado na pousada (foto abaixo) que, segundo ela, é mais grosso do que aqueles vendidos nos grandes supermercados, então segui o seu conselho.

Ela disse que podia ser doce ou azedo, comprei o azedo porque foi o primeiro que encontrei em um mercadinho da cidade. Também comprei um queijo mineiro da gema antes de voltar para casa. Com o polvilho e o queijo na mão, lá fui eu fazer a receita. Fiz inteira para não ter erro.


Deu tudo certo, enrolei e assei uma fornada no mesmo dia, mas achei que não ficaram iguais aos que tinha comido. Decepção. Congelei o resto e no dia em que retirei alguns do congelador para assar, resolvi testar uma teoria: a de que talvez o segredo fosse assar os pães até que eles ficassem bem corados, como na pousada, onde os seus "fundilhos" ficavam bem escuros. Dito e feito! Assando por mais tempo, sem deixá-los branquelos como na primeira vez, obtive um pão de queijo crocante por fora e com uma textura cremosa por dentro! Ficaram tão bons! Só fiquei em dúvida sobre se tê-los congelado poderia ter contribuído para este resultado, mas se quiser saber, tenho que refazer a receita e assá-los antes de congelá-los. Quando repetir a dose (algo que certamente irá acontecer), farei um teste.


Pão de Queijo Bicho do Mato

4 x de polvilho (doce ou azedo, usei o azedo)
4 ovos
4 x de queijo mineiro ralado (você pode adicionar uma xícara extra de queijo!)
1 1/2 x de água
1 1/2 x de leite
1/2 x de óleo
sal a gosto

Ferver o leite, óleo, água e sal e escaldar o polvilho. Mexer com uma colher de pau até o líquido ser absorvido pelo polvilho. Quando esfriar o suficiente, coloque os ovos e o queijo, amassar bem com as mãos e enrolar. (Se a massa ficar dura, adicionar um pouco de água).
Os pães podem ser congelados e assados depois.



26.4.07

Bolinhas de frango com molho teriyaki

Como essa receita é boa! Encontrei no Blog Cuisine Métisse e sua autora, por sua vez, a adaptou do blog Rasa Malaysia. Um jeito diferente de empregar o molho teriyaki.

Bolinhas de frango com molho teriyaki

No processador de alimentos, bater:

1 peito de frango inteiro, desossado, cortado em pedaços
1/2 cebola picada
1 c sopa de farinha
1 c sopa de maisena
1 ovo
3 c sopa de miolo de pão seco ralado ou em pedaços
1/2 c chá de sal

Formar bolinhas dessa mistura com as mãos úmidas (ou elas irão grudar).
Colocar uma porção de cada vez para cozinhar em um panela com água fervente com 2 cm de gengibre fresco ralado. Retirar à medida que elas subirem à superfície (como no preparo do nhoque) e espetá-las em palitos (ou deixá-las como estão para serem servidas como aperitivo).

Prepare o molho: em uma pequena panela, ferva 5 c sopa de molho de soja (shoyu), 4 c sopa de sakê, 1 c sopa de mirin (tipo de sakê adocicado utilizado na culinária japonesa), 1 c sopa de açúcar. Adicione 1 c sopa de maisena dissolvida em um pouco de água, misture, retire do fogo quando engrossar.

Grelhe os espetos pincelando-os de quando em quando com o molho. (Eu coloquei no forno e fui pincelando enquanto eles assavam, mas você pode empregar o método que preferir: grill, frigideira, etc.)

23.4.07

Massa podre básica e algumas variações

A última edição da revista Cuisine et Vins de France que recebi traz várias receitas de tortas salgadas e doces que parecem deliciosas. Fiz uma delas e achei ótima! Mas antes de passar sua receita, achei interessante passar a receita básica da massa podre dada pela revista, bem como algumas dicas e sugestões, pois elas são muito boas e podem servir de base para as criações de cada um de vocês!


Massa podre básica

Para uma torta de 26 cm de diâmetro

200g de farinha
100g de manteiga
1 pitada de sal
água

Coloque a farinha, o sal e a manteiga fria cortada em pedaços em uma tigela. Desfaça a manteiga e misture-a com a farinha usando a ponta dos dedos. Adicione água, em fio, pouco a pouco, enquanto continua trabalhando a massa até que ela fique homogênea e se solte das bordas do recipiente. Envolva-a com uma folha de filme plástico e deixe-a na geladeira por no mínimo 30 min.


Após esse tempo, abra a massa com um rolo em uma superfície enfarinhada e enrole-a ao redor do rolo para transportá-la até a forma.

Dicas: 

 
Trabalhe a massa rapidamente sem mexer demais.
Retire a massa da geladeira com alguma antecedência para facilitar na hora de usar o rolo.
Você pode empregar um processador para fazer a massa, verifique o seu manual de instruções.


Para variar você tem várias opções:


Massa podre com tomate: transforme 50g de tomates secos bem escorridos em uma pasta e adicione à massa no final.

Massa podre com manjericão ou ervas finas: pique muito bem um punhado de folhas de manjericão (ou de salsinha, estragão ou mistura de cebolinha e salsinha) e incorpore à massa no final de seu preparo.

Massa podre com parmesão: Adicione 50g de parmesão ralado à farinha quando começar a fazer a massa, mas não use sal.

Massa com vinagre balsâmico: substitua a metade da água por vinagre balsâmico e suprima o sal. Essa massa é muito boa para as tortas salgadas e quiches, mas também é boa para tortas de morango.

Massa podre com azeitonas: substitua 40g da manteiga por uma tapenada de azeitonas verdes e não use sal.

Essa é minha: às vezes substituo parte da manteiga por azeite, a massa não fica tão quebradiça como aquela feita só com manteiga, mas é boa.


22.4.07

Bolo de banana e amêndoas

Achei esta receita enquanto procurava algo para usas as bananas que estavam começando a ficar "passadas" e resolvi experimentar. Gostei, a massa cresceu bastante e é bem gostosa. A cobertura poderia ser mais generosa com o chocolate, mas você pode adicionar mais, ela começa a ressecar depois de algum tempo.

Bolo de banana e amêndoas

3 bananas bem maduras descascadas
1 1/2 x de açúcar
1/2 x de manteiga (ou margarina) amolecida
3 ovos
3 c sopa de licor de amaretto (usei Frangelico que também é um licor de amêndoas) OU 1 c chá de essência de amêndoas
1 c chá de essência de baunilha
1 1/3 x de farinha
1/3 x de cacau em pó
1 c chá de bicarbonado de sódio
1/2 c chá de sal
1/2 x de amêndoas moídas

Para a cobertura
1 banana bem madura pequena
30g de chocolate meio amargo derretido

Amasse as bananas. Bata a manteiga e o açúcar até que a mistura fique leve e fofa. Adicione os ovos, licor e baunilha. Misture os ingredientes secos e a amêndoa.
Adicione as bananas amassadas aos poucos enquanto bate. Coloque em uma forma untada e enfarinhada e asse à 180C por 45-50 minutos ou até que um palito inserido no meio saía quase limpo e o bolo se solte dos lados da forma. Deixe esfriar por 10 minutos. Retire o bolo da forma e deixe esfriar completamente sobre uma grade. Espalhe a cobertura sobre ele.


Cobertura: Bata a banana transformada em purê com o chocolate derretido usando um batedor de ovos.


19.4.07

Chutney de maçã e gengibre


Receita que encontrei no site da Food Network. Ando meio devagar na cozinha e demorei para preparar algo para o Colher de Tacho, geralmente uso bastante gengibre quando cozinho, faço muito curry e gosto de temperar carnes com ele, mas, para dar uma variada, fiz um chutney de maçã. Ele ficou muito bom e vou usá-lo como acompanhamento para assados de carne de porco.

(Também tenho uma receita de chutney de manga aqui)






Chuney de maçã e gengibre

 
4 maçãs grandes descascadas, sem sementes, picadas
2 x de cebola picadinha
1 1/2 x de vinagre de cidra ou vinho branco
1 1/2 x bem cheias de açúcar mascavo
1 x de passas claras (usei escuras)
1/4 x de gengibre descascado picadinho
1 pimentão vermelho picado (não coloquei por esquecimento)

3/4 c chá de sementes de mostarda

3/4 c chá de sal

1/2 c chá de pimenta calabresa


Coloque todos os ingredientes em uma panela grande e deixe a mistura ferver, cozinhe em fogo médio, mexendo de vez em quando, por 40 minutos, ou até que engrosse e o líquido evapore bastante. Coloque o chutney em recipientes limpos e bem fechados. Ele dura 2 semanas na geladeira.

12.4.07

Bolo de ameixas

Compramos ameixas muito azedas outro dia e precisava comê-las de alguma forma. Achei esta receita de bolo na internet e resolvi prepará-la, ela leva bem poucos ingredientes e é bem fácil de fazer. Ficou boa, mas as ameixas não ajudaram muito, continuaram azedas... rs
A quantidade de massa parece bem pequena, mas ela cresce bem enquanto assa, eu usei uma forma de 20cm de diâmetro, as ameixas deveriam ser cortadas apenas ao meio, mas além de azedas, elas eram grandes e achei melhor fatiá-las, acho que esteticamente ficou bem melhor! Se não quiser usar ameixas, use maçãs ou pêras, deve ficar ótimo!


Bolo Húngaro de ameixas

1/2 x de manteiga à temperatura ambiente
1/2 x de açúcar
2 ovos
1/2 c chá de fermento em pó
1/2 c chá de extrato de amêndoas
10 ameixas (usei só 4 enormes)
1 x de farinha
1/4 c chá de sal
1 c chá de canela para polvilhar
1/2 x de açúcar para polvilhar

Bata a manteiga, adicione o açúcar e 1 ovo. Bata bem. Adicione o outro ovo e bata. Adicione a farinha, fermento e sal. Misture e adicione a essência de amêndoa. Espalhe a massa em uma forma untada.
Corte as ameixas ao meio e remova os caroços, não descasque. Arrume as metades das ameixas sobre a massa com o corte para cima, pressione levemente. Polvilhe com o açúcar e a canela.
Asse por 30-40 min até dourar.


11.4.07

Blind Willow, Sleeping Woman - Haruki Murakami

Um dos meus últimos Murakamis... Esse livro de contos foi traduzido e publicado nos EUA no ano passado. São 24 contos nos quais o autor se diverte com o leitor, histórias bem ao seu estilo, com direito a mistérios sem solução e uma certa melancolia. Antes de ler o livro, já tinha passado os olhos em uma crítica do Times Literary Supplement no qual o comentador dizia que Murakami, ao contrário de seu hábito, deixava o lado fantasioso de lado nas histórias desse livro. Creio que há alguma verdade nisso. As histórias são mais "pé no chão", muitas vezes mais parecidas com crônicas. A grande maioria trata de pessoas e relacionamentos. E já existe bastante material aí. Mas talvez seja exagero dizer que não há nada "peculiar" nelas.

Gostei muito de "A folklore for my generation: A pre-history of Late-Stage Capitalism", no qual um antigo colega de classe do narrador conta seu relacionamento com a namorada de adolescência. Já tinha lido a história na New Yorker, ela é muito bonita, doce e terna.

"Dabchick", começa com o narrador percorrendo galerias do esgoto em busca de um lugar onde seria entrevistado para um suposto emprego, não somos informados sobre o gênero de trabalho, mas, como o narrador diz, o pagamento é bom. Após andar por vários minutos em busca de uma porta, ele encontra o homem encarregado de levá-lo até seu chefe, mas antes, ele precisa falar qual é a senha do dia... O diálogo entre os dois é muito divertido e me vi rindo enquanto lia.

Leitura gostosa, mas, como sempre, prefiro seus romances.

Murakami, quando sai seu próximo livro, por favor!! I'm a book junkie!

9.4.07

Pão estilo "Outback" da Cinara

"É para vender?"

Esta foi a pergunta que O. fez ao ver a assadeira repleta de pães. Claro que não! Serão congelados e saboreados nos cafés da manhã das próximas semanas!


Como sempre, fiz pães pequenos, eles cresceram muito e ficaram macios. Como a Cinara, usei a máquina de pão para amassar. A massa estava meio grudenta, mas fui untando as mãos com óleo e fazendo bolinhas na hora de moldar. Como sempre, nada muito artístico. A receita é muito boa, não usei corante, mas o pão fica escurinho por causa do cacau, aliás, talvez da próxima vez adicione menos cacau, acho que fui generosa demais e eles ficaram meio "chocolatey". Também não passei a massa no fubá, só o espalhei na assadeira para não grudar e omiti o glúten, pois como usei farinha própria para pão, achei desnecessário. Dêem uma olhada no post da Cinara e nas dicas que ela dá!

Pão Australiano (tipo Aussie Bread do Outback)

1 1/4 xícara de água morna
Corante alimentício marrom (opcional)
2 colheres (sopa) de margarina
1/2 xícara de melado
1 1/2 xícara de farinha de trigo
1 xícara de farinha de trigo integral
1 xícara de farinha de centeio
2 colheres (sopa) de chocolate em pó

3 colheres (sopa) de açúcar mascavo
1 colher (chá) de sal
1 colher (sopa) de glúten
1 1/2 colher (chá) de fermento biológico seco
Fubá para polvilhar

Na máquina de pão, misture 60 gotas de corante marrom à água morna, e em seguida acrescente todos os demais ingredientes (menos o fubá), na ordem acima. Ligue no ciclo "amassar". Quando o ciclo terminar, remova a massa e separe-a em 6 partes iguais.
Modele 6 pãezinhos de cerca de 12cm de comprimento e 5cm de largura. Polvilhe uma superfície com fubá. Umedeça as mãos, passe-as levemente sobre os pãezinhos e passe-os no fubá. Coloque-os em uma assadeira, cubra com um pano e deixe crescer até dobrar de tamanho (cerca de uma hora).
Pré-aqueça o forno a 180 graus centígrados. Leve os pãezinhos crescidos ao forno e asse por 35 a 40 minutos, ou até dourar. Tire do forno e deixe-os esfriar por 15 minutos.